Ponto de vista

29 Agosto de 2022

Análise sintética e objetiva do primeiro debate televisivo dos candidatos a Presidente do Brasil.

 

Breve análise do primeiro debate televisivo dos candidatos à Presidência da República do Brasil realizada nesta noite de 28 de agosto de 2022. Para fazer tal análise adoto a postura do recém entrado no assunto a quem os candidatos terão, antes de mais nada, de convencer a entrar na briga pela vaga para um dos presidenciáveis presentes.

Para participar do pleito fizeram-se presentes, começando pelas senhoras, as Senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (UB), respectivamente; um ex-presidente da nação; um ex-ministro do Brasil; um empresário do Agronegócio; o atual presidente do país, candidato à reeleição. Estes foram os protagonistas que se apresentaram aos holofotes para mostrarem seus planos de governo. Reunido para fazer a cobertura jornalística do assunto um pool de emissoras de rádio, Tv e páginas da Internet, assim como representante dos diversos partidos concorrentes à vaga envolvidos na área de jornalismo/informação.

Omo já expliquei, assumi uma postura alheia ao assunto para tentar ser o mais parcial possível. O clima estava tenso e o ambiente poderia, com facilidade, ser cortada a golpes de peixeira mal amolada. Paira no ar um quê tensão elétrica que ameaça a qualquer instante estourar no meio do palanque. É visível o incômodo que alguns candidatos apresentavam em relação aos demais, nenhum estava, verdadeiramente, à vontade na pele que o vestia. E num momento subsequente o mal estar se instalou quando o atual presidente, do alto de sua ignorância e métodos pouco ortodoxos destrata e humilha uma jornalista que estava ali para cumprir sua função; formou-se, de imediato, um corpus de combate ao insano, disposto a esganá-lo logo ali. Foi visível o constrangimento que um tipo despreparado pode causar num cidadão, numa cidadã.

Os ânimos se acirraram e nas galerias, a assistência convidada para dali assistir ao debate acusou a postura do candidato. Noutro momento, mais adiante, o mesmo insano incorre em novo agravo a um de seus oponentes ao referir-se ao seu concorrente como e você “ex presidiário”, numa clara demonstração de incapacidade total de se controlar para exercer o cargo que infelizmente ocupa à frente da nação. Deu para perceber como nervos se chisparam por essa ocasião. Começara da pior maneira possível o programa que tentava fazer luzes sobre as possibilidades que precisavam ser escolhidas. Os assuntos tratados por essa aberração passaram o não informar mais que mentiras grotescas, já naquele instante ele mesmo deve ter reconhecido o seu vil papel e a condição de derrotado.

Os demais candidatos tentaram, cada um a seu modo convencer a plateia que ele era a melhor opção para o país. Era principalmente uma questão de auto promoção. Tínhamos ainda, por falar, a experiência de uns, a sensatez mais clarividente de outros, mas desse, ainda se sobressaiu para o lado negativo a proposta de um sr. Capitalista que e toda vez que era concedida a palavra só falava de librar o produtor, pois só ele tem a capacidade de tirar o país do buraco em que encontra mergulhado. Uma postura incapaz de ter o senso do ridículo a que ele esta se expondo e arrastando o povo brasileiro para o atoleiro do liberalismo mais incongruente, a tal ponto de afirmar (como se ninguém ali entendesse o seu desejo de entregar a produção que o país possa oferecer aos srs. representantes da classe social mais obscena que possa existir sobre a terra mãe. Esse foi mais um fiel tradutor do velho ditado: “Os cachorros latem e a caravana passa”. Só ele parece não perceber isso.

Não vou esmiuçar as afirmações mais estapafúrdias que alguns fizeram, prefiro reservar-me o direito de só exteriorizar a minha intensão de voto quando o pouquinho de bom senso que ainda deve existir em cada candidato se mostrar mais perto da possibilidade de acertarmos num candidato minimamente qualificado e no controle de seu sistema nervoso nos possa ofertar uma proposta que esteja no nível de fazer essa administração convincente. Não é fácil, eu sei... mas sempre podem fazer um pequeno esforço em prol das melhorias de vida da população do país

É o meu pensar... não caminhe comigo, mostre sua opinião.  

 

@16 AGOSTO 2022

FOI DADA A LARGADA PARA A LUTA CONTRA A FOME

Tinha prometido a mim mesmo que não iria dar “pitaco” neste processo eletivo que se aproxima, mas a coceira na língua não permite que fique calado por mais tempo.

De qualquer modo, a colocação que tentarei fazer não tem maiores pretensões que aquela de buscar compreender as razões que levam certas pessoas a assumirem posições que não cabem no jogo que há séculos vem sendo jogado e cujo resultado, raramente, é diferente. Vejamos o exemplo do Brasil que irá comemorar este ano o seu Bicentenário da Independência. Na minha posição de forasteiro adotado há quase 50 anos sem jamais me naturalizar, não tenho direito a voto, mas assumo o papel de formador de opiniões e busco, através de monólogos (sim, monólogos, pois não tenho retorno que permita o diálogo) mostrar aquele que julgo ser o caminho mais fácil para a construção de uma nação livre, independente e, sobretudo, cidadã/democrata.

Nesta terça-feira, 16 de agosto de 2022, damos partida na campanha eleitoral oficial, este também, um dos motivos de só agora me pronunciar. De qualquer forma, o quer que eu diga deverá ser considerado pelo leitor como um ponto de vista que só deve ser considerado como tal e nada mais.

Em primeiro lugar nós, os eleitores, precisamos ter consciência do que é melhor para nós. Sim, devemos exigir o melhor para nós e não para o corpo putrefato dos políticos que vende a alma a quem pagar mais, num verdadeiro jogo do “tudo por dinheiro” para os bolsos deles, esquecendo que somos nós quem paga o salário altíssimo que eles recebem sem nos darem, em contrapartida, o merecido retorno em benefícios para a sociedade, de um modo geral. Do meu ponto de vista, o político deveria pagar para ter a honra de trabalhar pelo seu país, mas infelizmente, o campo da política há muito, diria mais certo, desde o começo, se deixou contaminar com o pensamento único, expressão cunhada pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que procurava definir o tipo de pensamento que se auto sustenta, num português menos lírico diria que é um pensamento voltado para o umbigo do próprio pensador. Em política também há quem lhe chame de ideologia neoliberal. De outro ângulo de observação, o das ideias, percebemos que nas últimas décadas se vem exacerbando a capacidade da busca da hegemonia em todos os setores da atividade humana. Unificar o lucro nas mãos de poucos.

Voltando ao meu local de fala – o Brasil – essa exacerbação beira o recuo a séculos passados, nos quais um grupo se apoderou do comando/poder decisório em nome de um Deus que precisamos olhar com um olhar crítico, que não significa necessariamente cair no negacionismo, mas questionar se esse Deus de bondade deseja a morte de seus semelhantes por quem Ele deu sua vida, segundo informam os religiosos. Tomando esse pressuposto de que quem está com Ele, e só esses estão do lado da razão, uma cáfila procura manter o povo na ignorância para dele se aproveitar de todas as maneiras possíveis e imaginárias, dentre elas a extorsão, a prática de trabalho escravo e, quiçá, sexual (não afirmo, pois tenho somente convicções e não provas cabais que estão espalhadas por todos os países onde a cáfila é admitida).

Todo este arrazoado para pedir aos meus compatriotas (percebam que me considero brasileiro apenas por afeição) que pensem duas vezes numa simples pergunta que aqui vou deixar e que vem sendo repetida ao logo dos últimos vinte anos: “Qual foi o político que colocou mais comida na sua mesa de 2.000 a esta data”?

Não estou fazendo convite direto para que votem em “A” ou em “B”, nem apresento perguntas difíceis que o nosso povo não possa entender por menos instruído que seja. Temos o que comparar: o antes, o durante e o depois. Não sejamos, pois, coniventes com a continuação do estado de sítio em que o atual governo – candidato a se eternizar no poder – nos colocou, a nossa inscrição vergonhosa no mapa da fome deve nos afrontar tão simplesmente por sermos o chamado celeiro do mundo que mata seu povo de fome. Sim, este é o país de 250 milhões de pessoas (por arredondamento) das quais a metade, ou 125 milhões estão alocadas abaixo da linha da pobreza extrema e da fome que mata.

Por isso, a prática do populismo barato (também chamada de compra de votos) não deve ser tomada em linha de conta. A minha sugestão é que recebam tudo que lhes oferecerem, mas pensem um pouco, esse nada que agora pode até lhes parecer muito só dura até acabar, depois é novamente o horror da fome. Se considerar que terá menos fome com esse auxílio que logo acaba, pense que tem nas suas mãos a possibilidade de virar esse jogo a seu favor por pelo menos quatro anos e depois teremos oportunidade de mudar novamente se tal for necessário. Não se deixe comover pelas lindas palavras e pelos gestos horrorosos de quem vai se lambuzar de café com pão e graxa e debocha de quem, segundo eles, troca o voto por pão e mortadela. O seu vizinho, por mais amigo que seja, não calça os seus sapatos, nem caminha o seu caminho. Olhe para si, para a sua família e vote em quem melhores condições de vida lhe pode oferecer, lembre-se, quem anda pela cabeça dos outros é piolho.

Um último lembrete: Você não deve nada a político nenhum, NÃO PRECISA SE VENDER. Eles é que devem a você tudo que ganham e roubam, deixando para você apenas as migalhas que nem os cachorros comem. Vamos acabar com a fila do osso e da pele de galinha, também temos direito a uma picanha ou uma maminha.

Feliz voto!

 

22 MAIO 2022

HOMESCOOLING

Olá amigxs

Uma explicação, ligeira, antes de começar.

Não gostaria de tornar este espaço num muro de lamentações, mas não há outro modo de me escusar de vos ter deixado sem alguma palavra minha por mais de um mês: foram questões de saúde que, finalmente, se encaminham para a resolução.

 

Isto dito, retomo um dos meus “cavalos de batalha”, ou seja, o que vem acontecendo na Educação no nosso país. Recentemente tivemos a aprovação do homescooling, fato que assanhou um bocado os ânimos, como era previsível. Digamos que a população se dividiu em três partes: os prós, os contra e os que não sabem nem o que fazer, nem do que se fala.

Há uma forte defesa em favor da continuidade da escola pública, com a qual não discordo, em absoluto, pois ela trabalhará a sociabilidade das crianças. Há nesta defesa um hiato, porém. Não se fala, primeiramente, em melhorar sensivelmente a qualidade dessa escola e no estado em que ela está atualmente faz medo a qualquer cidadão minimamente civilizado. Muita tinta tem corrido por esse rio da escola pública e é visível a olho nu que a mesma só serve para encosto de uma das maiores verbas orçamentárias que, contudo, são vergonhosamente desviadas para outras pastas (podemos ler bolsos) que não os dos agentes educacionais que sofrem a penúria de salários vergonhosos. Sem esquecer os projetos de colocar a informática em “escolas” feitas de pau a pique onde jamais se soube o que era eletricidade ou uma parede de alvenaria. Por outro lado, há que deixar bastante claras as intenções do atual governo (o mesmo que aprovou o homescooling) dentre as quais a primeira é acabar com a educação pública em todos os níveis. Com essa aprovação, o governo joga a responsabilidade da educação das novas gerações nos braços da sociedade, quem tiver saber que ensine pessoalmente seus filhos, quem tiver dinheiro que pague uma escola particular, quem não tiver nada disso é favor deixar as crianças analfabetas, pois logo mais vão ser úteis para ir votar no cabresto, o capital agradece de qualquer forma. Dentre os problemas pelos quais me vejo compelido a apoiar o homescooling destaco a enorme falta de segurança: hoje se mata professor ou colegas com a mesma facilidade com que se abate uma rês para prover à alimentação da família. Qualquer garoto e até mesmo garota exibe sem pudor ou receio uma arma de fogo (o responsável é o mandante da nação que é apologista do uso indiscriminado desse tipo de artefato), as notícias nos jornais nos prestam contas dos resultados. As drogas reinam livremente e facilitam as ações sexuais violentas contra as menores desprotegidas, “mas temos que garantir a sociabilidade das crianças”, dizem os defensores da escola na briga contra o homescooling, pois além disso temos ainda a violência doméstica que elevará seus índices se a criança permanecer em casa. Há, por fim, quem se pergunte sobre o que pais analfabetos vão ensinar às crianças depois de implantado o homescooling. Uma norma que precisa ser aprovada antes de tal implantação: esse modelo de escolarização não é obrigatório e só deverá ser praticado por quem provar ter competências para desenvolver tal atividade ou possuir capacidade financeira para assegurar a educação particular da criança.

Este meu pensar está, de alguma forma, em acordo com o que nos diz a pedagoga sueca Enkvist, Inger quando ela afirma que “A nova pedagogia é um erro. Parece que não se vai à escola para estudar”[1]. O ponto de vista de Enkvist “contraria os postulados dessa nova pedagogia, mas também se distancia daqueles que acreditam que a escola é uma fábrica de alunos em série e que deve centrar seus esforços em competir com outros colégios para subir nos rankings mundiais”. A leitura completa do artigo é altamente recomendável, pois nos apresenta um panorama analítico da educação nos países que, normalmente são apontados como os mais desenvolvidos educacionalmente.

Por meu lado, neste momento a que posso chamar de inicio de discussão de um problema altamente complexo, deixo para reflexão as primeiras perguntas que que sempre me fiz e para as quais tenho encontrado respostas que não agradam a toda a sociedade e têm gerado discórdia de pensares entre aqueles profissionais encarregados de formar novos professores. Se é verdade, como diz a pensadora sueca, que a nova pedagogia é um erro, questiono:   

O que está errado, a família ou a escola?

Qual é, na verdade, a função social da escola no contexto atual?

O tema é profundo demais. Por isso eu escrevo este texto que não dá todas as respostas, pois não as tenho, mas deixa no ar centenas de questões que sempre me inquietaram enquanto professor/pai. Embora compreenda que são necessárias ações concretas que visem modificar o sistema educacional hoje praticado não posso deixar de compreender a necessidade de se discutirem essas alterações que, certamente, não agradarão todo mundo. No entanto, impõe-se uma urgência em tomar decisões e acredito que a forma progressiva de ir implantando modificações dará bons resultados se compreendermos que o próprio saber não é estanque a tal ponto que se justifique a utilização de métodos escolares vindos do século XIX para tentar ensinar crianças do século XXI.

Não tenho propostas mais aprofundadas a fazer fora de um ambiente apropriado para tal efeito. Neste caso, quero deixar este meu ponto de vista que pretendo desenvolver e rogar aos meus pares assim como à sociedade em geral que pensem, por alguns minutos que seja nesta problemática e se esforcem em colaborar com a escola para que mais e melhor possamos, em conjunto, encontrar uma solução para este problema que há muito vem prejudicando as gerações mais novas.

[1] Originalmente publicado no jornal El País Brasil.

 

24 ABRIL 2022

AFASIA

Nos últimos dias, ausentei-me de mim e aproveitei esse tempo de afastamento para ir juntando os cacos que se foram desprendendo da minha velha carcaça e ficaram a uma distância não tão longa, mas que impossibilita às vezes a sua recuperação, nem facilitam o planejar do dia seguinte. Tarefa assaz difícil por diversos motivos: o primeiro, a falta de ânimo que caracteriza a depressão que, aos poucos, tenta se apoderar de mim, malgrado a minha resistência; o segundo é o mais puro resultado do processo de envelhecimento ao qual todos estamos permanentemente expostos, mesmo que se de tal fato não nos apercebamos por um longo período que não vivemos a não ser olhando os lírios nos campos verdes da aldeia onde nascemos, escutando o cantos do mais diversos elementos componentes da natureza que, eles sim, vivem e festejam o dia a dia; o terceiro está relacionado com a fragilidade de que somos portadores e com a qual não sabemos conviver: a velhice.

Entre os cacos, um me surpreendeu tendo em vista jamais pensei em descobrir tal novidade ali disfarçada. Dirão que estou a apropriar-me do chamado modernismo em questão de doença. Juro que esta não é a minha intenção e jamais imaginei que poderia atingir tal estágio a partir do desenvolvimento de muitas práticas propícias à manutenção do bom desempenho da área cerebral. Mas fui atingido, acredito que pelas sequelas que a dengue deixa naqueles que ela atinge com força de média a forte.

Uma dessas sequelas atingiu-me de modo substancial o sistema central nervoso, fato que compromete de modo significativo a minha capacidade de fala de leitura e de escrita. Eu, leitor compulsivo que já fui, hoje canso após a leitura de dois ou três parágrafos. De modo similar acontece com a escrita, talvez você não acredite, mas para chegar aqui levei mais de três dias. Por último, a minha fala está comprometida pelo simples fato de não encontrar mais, na minha memória, as palavras que gostaria de utilizar, é como se um branco se formasse na minha mente de tal forma que chego a perder o controle do assunto que discutíamos e passar a vergonha de ter que perguntar: ”Sim... mas de que falávamos, mesmo”?

O pior, em meio a esta situação, é saber que fomos retirados abruptamente de uma das atividades que mais nos dava prazer, depois de entrarmos na condição de afastados para a aposentadoria. No meu caso, exemplifico, a minha última atividade intelectual foi realizada no dia primeiro de abril. Sei que pode até parecer brincadeira de “mentira”, mas infelizmente não é. Entendendo, principalmente, o meu caso e em segundo lugar buscando compreender os motivos que levaram o mundo à beira de uma terceira guerra mundial (que ainda não está totalmente descartada) eu teria embasamento para escrever bastante em vinte e três dias de alto nível de excitação para quem, de algum modo, se preocupa com os rumos que o planeta terra está prestes a alcançar. De minha parte, não hoje, não entrarei em detalhes nem exposição de opiniões a esse sujeito. Não me sinto ainda capaz para fazer uma análise mais embasada que aquela que vocês talvez tenham notado ate este momento, neste texto. Relembro a minha possível condição de afasia. É bem possível que encontrem desconexões, sem sensos, mas espero que tenham a gentileza de me perdoar por isso.

Prometo que tentarei vir aqui mais frequentemente, dar-vos notícias pessoais daquela e doutras doenças que venho desenvolvendo, umas das piores (ou outra delas) é a tal da depressão que posso demonstrar com a voz de Alceu Valença, nos versos: “Tu vens, tu vens, Eu já escuto os teus sinais...”.

Agradeço a todos que manifestaram sua preocupação com o meu estado, pois é por e para vocês que eu faço este esforço.

Gratidão.

20 JANEIRO 2022

O caldo entornado

Ora bem, nem sempre o conselheiro é o melhor exemplo. Cometi um pequeno erro ao digitar no celular e lá veio a crítica: "Vixe Maria e é professor da universidade". Acontece. Pelo meu lado, esforço-me por escrever da melhor maneira possível, dentro das regras gramaticais, mas é aí que surge, para mim, o maior de todos os problemas: quais regras gramaticais?

 

Esta minha questão tem uma justificativa que julgo lógica, acompanhem-me: português, criado e escolarizado até ao nível médio em Portugal com um bom e velho professor que usava e abusava da palmatória. Deixemos para lá!

 

Em seguida fui “estagiar nas colônias africanas. Tanto mal quanto bem, aprendi um pouco de “Maconde” dialeto que se falava na região em que permaneci por 28 meses, isto é, dois anos e quatro meses.

 

Não satisfeito, saí quase diretamente da África direto para a França (afinal no ensino médio nos ensinavam Francês e Inglês (com estes últimos não queria nem passar perto). Pensei saber Francês, mas rápido percebi que de nada sabia além de pequenas noções e o conhecimento de algumas palavras. Mas uma língua não se resume a isso, foi necessário todo um aprendizado, desta feita com novas regras: começou a “mistureba”.

 

Aí, chegou o fim da picada com a vinda para o Brasil que diz falar português, não fosse suficiente as novas gerações falando o seu linguajar cibernético e outras novidades mais. Com tanta diferença ando meio perdido na hora de escrever e até mesmo de falar, “tendeste mano”?

 

Por isso arrumei aqui umas regras que colei na parede perto do computador. Veja aí e, se quiserem, podem segui-las. Ganham uns pontinhos a mais na sociedade.

 

               19 DICAS PARA ESCREVER BEM:

 

  1. Evite repetir a mesma palavra, porque essa palavra vai se tornar uma palavra repetitiva e, assim, a repetição da palavra fará com que a palavra repetida diminua o valor do texto em que a palavra se encontre repetida!

 

  1. Fuja ao máx. da utiliz. de abrev., pq elas tb empobrecem qquer. txt ou mensag. que vc. escrev.

 

  1. Remember: Estrangeirismos never! Eles estão out! Já a palavra da língua portuguesa é very nice! Ok?

 

  1. Você nunca deve estar usando o gerúndio! Porque, assim, vai estar deixando o texto desagradável para quem vai estar lendo o que você vai estar escrevendo. Por isso, deve estar prestando atenção, pois, caso contrário, quem vai estar recebendo a mensagem vai estar comentando que esse seu jeito de estar redigindo vai estar irritando todas as pessoas que vão estar lendo!

 

  1. Não apele pra gíria, mano, ainda que pareça tipo assim, legal, coisado da hora, sacou? Então joia. Valeu!

 

  1. Abstraia-se, peremptoriamente, de grafar terminologias vernaculares classicizantes, pinçadas em alfarrábios de priscas eras e eivadas de preciosismos anacrônicos e esdrúxulos, inconciliáveis com o escopo colimado por qualquer escriba ou amanuense. 

 

  1. Jamais abuse de citações. Como alguém já disse: “Quem anda pela cabeça dos outros é piolho”. E “Todo aquele que cita os outros não tem ideias próprias”!

 

  1. Lembre-se: o uso de parêntese (ainda que pareça ser necessário) prejudica a compreensão do texto (acaba truncando seu sentido) e (quase sempre) alonga desnecessariamente a frase. Tática própria de nossos acadêmicos que precisa entregar quinze páginas no seu artigo científico.

 

  1. Frases lacônicas, com apenas uma palavra? NUNCA! Uma boa leitura ajuda a construir um bom vocabulário.

 

  1. Não use redundâncias, ou pleonasmos ou tautologias na redação. Isso significa que sua redação não precisa dizer a mesmíssima coisa de formas diferentes, ou seja, não deve repetir o mesmo argumento mais de uma vez. Isso que quer dizer, em outras palavras, que não se deve repetir a ideia que já foi transmitida anteriormente por palavras iguais, semelhantes ou equivalentes.

 

  1. A hortografia meresse muinta atensão! Preciza ser corrijida ezatamente para não firir a lingúa portuguêza! Se pressizarem de tempo, nóis num vai no sinema oje.

 

  1. Não abuse das exclamações! Nunca!!! Jamais!!! Seu texto ficará intragável!!! Não se esqueça!!!

 

  1. Evitar-se-á sempre a mesóclise. Daqui para frente, pôr-se-á cada dia mais na memória: “Mesóclise: evitá-la-ei”! Exclui-la-ei! Abominá-la-ei!”. Uma pequena pesca:

                           

 

  1. Muita atenção para evitar a repetição de terminação que dê a sensação de poetização! Rima na prosa não se entrosa: é coisa desastrosa, além de horrorosa!

 

  1. Fuja de todas e quaisquer generalizações. Na totalidade dos casos, todas as pessoas que generalizam, sem absolutamente qualquer exceção, criam situações de confusão total e geral.

 

  1. A voz passiva deve ser evitada, para que a frase não seja passada de maneira não destacada junto ao público para o qual ela vai ser transmitida.

 

  1. Seja específico: deixe o assunto mais ou menos definido, quase sem dúvida e até onde for possível, com umas poucas oscilações de posicionamento.

 

  1. Como já repeti um milhão de vezes: evite o exagero. Ele prejudica a compreensão de todo o mundo!

 

  1. Por fim, Lembre-se sempre: nunca deixe frases incompletas. Elas sempre dão margem a

 

23 NOVEMBRO 2021

VERGONHA ALHEIA

Hoje fiquei indignado. Tenho mil e um motivos a mais que os racistas para ser pior que eles, mas a minha indignação é, justamente o contrário.

Primeira prova que não sou racista – Português, branco, casei com uma negra com quem tive três filhos. Completamos 40 anos de casados. Detalhe: não obedeci a nenhuma “cota” para escolher a esposa.

Segunda prova: durante vinte e oito (28) meses combati na África (em defesa da própria pele, pois ligeiro percebi que estava ali para satisfazer o desejo de grandeza e enriquecimento de terceiros, mas era a minha pele que estava em jogo naquele tempo). Nem por isso tenho o menor ódio aos habitantes locais que na ocasião defendiam sua terra natal e a sua independência. Em 14 anos de guerrilhas, morreram mais de 10 mil jovens portugueses e outros tantos, ou talvez mais, tenham ficado estropiados para o resto de suas vidas (sem uma perna, um braço, um olho ou até (para cúmulo do azar) sem um testículo. Quantos (não sei!) ficaram com a síndrome do pânico e vivem até hoje num plano astral que está a milhões de anos luz desta nossa galáxia. Mas mesmo depois de tudo isso, eu não consigo ver o negro como um ser inferior ao branco. Jamais, em tempo algum!

Mas eu comecei dizendo que hoje eu fiquei indignado e tenho cá os meus motivos. Estamos no mês da Consciência Negra (acabamos de passar o dia especialmente dedicado a isso), deveríamos, portanto, manter um certo respeito – não só no dia, no mês ou no ano – mas eternamente. Contudo eis que um dos locais ao qual atribuo uma enorme parte do desenvolvimento do pensar social, “a academia”, vem através de um e-mail me convidar para escrever um artigo (passo a citar) “para o dossiê ‘Saúde da população negra em tempos de pandemia’”.

Não sei ao certo se sou eu que estou vendo pelo em ovo, se há, nesta proposta um “quantum” de racismo verdadeiramente declarado. Como assim, saúde da população negra? Acaso será essa população tratada diferentemente da população branca? Não vejo nada mais que racismo nessa proposta separatista de raças humanas do planeta terra. Embora a minha consciência ética não me permita identificar a autoria do pedido, pretendo, contudo, manifestar meu duplo descontentamento pois trata-se de uma “entidade” dita de esquerda, logo, dita defensora das classes minoritárias.

Tive imensa vontade de responder diretamente à mensagem, porém refleti e percebi que simplesmente iria passar pelo desconsolo de saber que que “eles” iam ler e jogar fora. Optei então pela escrita deste desabafo pois sei que atrairei mais a atenção de um grupo maior e certamente mais sensível que “eles”.

Prometo que trarei para vocês o resultado deste “dossiê”, assim ele seja publicado. Acredito que os bolsonaristas e os racistas de um modo geral (há muito mais racistas que bolsonaristas) vão fazer a festa. Não sei, juro-lhes, como controlar o ódio que sinto por esse tipo de ser. Não encontro no meu pobre domínio léxico, os adjetivos qualificativos para tal raça. Quero apenas deixar registrado o meu manifesto de indignação contra atos tais.

Muito mais eu teria para dizer, mas corria o risco de dar pistas sobre a origem dos idealizadores da proposta, por isso limito-me a ficar por aqui e sugerir algo que sei que jamais será atendido por dois motivos: 1 – ninguém envolvido com o processo vai ler este meu desabafo; 2 – já estou velho e com problemas demais para ir agora criar uma briga com uma entidade federada de ensino superior. Quero apenas que os meus amigos, inimigos e indiferentes saibam que estou complemente contra a tão vergonhosa proposta (digo vergonhosa, pois essa é a minha análise e espero que, pelo menos, seja respeitada, por mais que discordem dela).  

 

07 NOVEMBRO 2021

O FIM DO CAPITALISMO?

As minhas desconfianças sempre se mostraram assertivas. Bem, deixem que eu seja mais modesto e diga que apenas algumas se mostraram de tal forma, as demais passavam perto do acerto, mas não deixavam de ser um alerta contundente para o perigo que nos esperava.

Atualmente venho persentindo que o fim do capital está deixando o planeta falido. Claro que as demonstrações são mais acentuadas em algumas partes do mundo do eu noutras. Talvez eu acerte mais se disser que o liberalismo capitalista está em franca queda no mundo. Confesso-me otimista e reconheço sinais de que o grande vilão da sociedade capitalista – o dinheiro – está dando seus últimos suspiros.

Perguntar-me-ão: o que te leva a fazer tal afirmação? Respondo de uma forma um tanto abstrata, pois desejo que vós penseis um pouco, que coloqueis a massa cinzenta para funcionar e corroborar ou não o meu pensamento. Comecemos pela verdadeira caça ao dinheiro: jamais, antes, na história, houve registro de tanta procura por dinheiro como na atual sociedade que vivemos. De bancos virtuais (o que eu penso ser uma tremenda fria – é a minha opinião) às tais de cripto moedas, passando pela indústria dos remédios milagrosos que tudo curam se vendidos por “Doutores” especialistas em pesquisas médicas, mas sem garantia alguma dos órgãos reguladores da faminta indústria farmacêutica que te vende ao preço que ela muito bem julga conveniente, com aumentos regulares de preços – o que de todo não é garantia de te devolver uma saúde necessária, ao contrário, se te curam de uma chaga, te abrem uma dor maior noutro local, para te manterem cativo e DEPENDENTE da obrigação de todo mês estares na porta da farmácia para pegar tua dose homeopática de veneno, que pagas a duras penas.

A população mundial não é, absolutamente nada, empática com os demais habitantes que lhe rodeiam. A maior prova disso podemos colhê-la aqui mesmo no nosso quintal: somos chamados “o celeiro do mundo”, mas, concomitantemente, nos tornamos um dos países onde mais se morre de fome, considerando as devidas proporções. Basta dizer que morre mais gente de fome, hoje no Brasil, que em alguns dos países da África que já beiraram o desaparecimento do mapa por conta da falência da população que não conseguia vencer a fome e a sede.

Vivemos, na atualidade, um mundo controverso: enquanto magnatas gastam milhões para fazer uma viagem espacial, para irem olhar de bem longe a lua, que todos temos a possibilidade de ver todos os dias em que ela está visível no nosso quadrante, outra parcela significativa (cerca dos 20%) da nossa população não tem como se locomover em busca dos escassos postos de trabalho “escravo” que são oferecidos a quem tiver “vontade empreendedora” e o, aqui execrado, capital para poder empreender.

No Brasil de hoje, empreender tem cheiro de morte: o pobre que tem uma bicicleta e um velho celular, adquirido nos tempos dos governos que hoje são condenados em meio à promiscuidade de compra e venda de favores políticos para conseguir implantar um sistema que mantenha fora da cadeia os bandidos, gatunos de mão cheia que ousam admitir que vivem de rendimentos nas offshores que obtêm com o desvio de dinheiro público (seu, meu e do resto da população). Dizia eu que a quem tem essas “benesses” o governo lhe oferece a possibilidade de se tornar um empreendedor da sua mais rápida morte: trabalha sem a menor das garantias trabalhistas, labuta com esforço para tentar levar para casa o pão nosso de cada dia, expõe-se à morte que vem montada em carrões dos barões que nem sequer lhe prestam socorro, são vítimas de balas encontradas em pleno exercício do seu empreendimento, para que o atirador possa até mesmo se apoderar do seu “negócio”, ou ser vitima de uma entidade que tem por função proteger a vida do cidadão, mas, abusivamente, inverte o seu papel e se torna o algoz da parte mais sofrida da população.

Se me perguntarem se tenho alguma ideia do que possa vir a aparecer para substituir o dinheiro, só tenho uma resposta: só sei que nada sei, mas o meu palpite a cada dia toma mais força dentro de mim e terei que me dedicar ao estudo das possibilidades que poderão surgir.

Aceito ser chamado de doido, Mas como diz Suassuna, se não fosse doido andaria a carregar carrinhos cheios de pedra! 

 

12 OUTUBRO 2021

  • DIA CONSAGRADO ÀS CRIANÇAS
  • Texto: Para que me servem as gaiolas?

Os dias passam céleres e a agitação cotidiana fazem com que acabemos esquecendo de atualizar nossos escritos. Muitas vezes não sega a ser esquecimento, pode ser mesmo o desenvolver dos acontecimentos diários que nos vão impedindo de colocar na tela as mossas emoções, as mágoas (que também existem), as conquistas e as felicidades vivenciadas. Estes últimos dias vivi uma miscelânia de tudo isso, mas no fim sobraram boas recordações, que não sei se vou conseguir partilhar com vocês. Tentarei!

 

A saúde, em si, vai pelo melhor, considerando as constantes e permanentes visitas à clínica para realizar a hemodiálise. Para muitos “o fim do mundo”, para mim uma prática de sentar numa cadeira (bem mais confortável, diga-se de passagem) e passar quatro (04) horas jogando sueca ou qualquer outro jogo de carteado, admitindo-se o dominó ou o xadrez – isto três vezes na semana. Passado esse “divertimento” considero-me uma pessoa normal, como outra qualquer, com meus erros e acertos. Mas deixemos isso para lá!

 

Numa postagem, ou texto se assim lhe quisermos chamar, falava-vos da natureza que passei a usufruir com mais vontade que nos últimos 50 anos. É certo que jamais a esqueci ou maltratei, apenas não lhe dedicava o tempo necessário para o cuidado e a admiração. Nestes últimos dias voltei a aceita-la como minha deusa, a quem reverencio e dedico todos os dias que posso.

 

O fim de semana que passou (8 a 10 de outubro) senti o gozo que há muito não sentia – ver meus novos amigos virem perto de mim e se saciarem de água e comida – falo dos passarinhos de variadas espécies que deram o prazer de me empolgar e fazer um vídeo que gostaria de partilhar com vocês, mas não sei se o provedor do site permite, pois na verdade são 560MB de peso. Prometo a que me contactar via e-mail enviar uma cópia.

 

Como não tenho a certeza de poder veicular todo o vídeo, passo a contar, resumidamente a minha alegria, que queria compartilhar com todos vocês. Sexta feira (8/10) cheguei no meu sítio já noite escura, mas ainda tive tempo de distribuir umas quantas embalagens de carregar quentinhas cheias de água por vários locais do terreno. De sobra, espalhei junto às embalagens contendo a água, os restos de comida que um casal de agapornis/agaponis e um outro casal de calopsitas (ambos “biqueiros”, isto é só comem o que lhe apetece, rejeitando o restante do que se lhe oferece) e fui dormir. Sábado pela manhã já escutei (apesar de estar com a audição bastante comprometida, a chilreada da passarada.

 

Depois de um bom café da manhã, fui para as tarefas: regar plantas, observar o desenvolvimento de outras e observar as condições de um plantio futuro de legumes, na época das chuvas, além do milho e do feijão.

 

Enquanto carregava um balde água e vinha para pegar outro, deixei sem querer a torneira aberta o que fez com que a água escorrida fosse fazer um pequeno lago a uns 6ou 8 metros distantes. Qual não foi a minha surpresa quando comecei a ver uma grande variedade de passarinhos virem beber água que ali escorria e se banharem tranquilamente. Minha alma foi salva nesse momento de encantamento. Consegui um filme no celular e perdi mais uns quantos em duas máquinas fotográficas que possuo. Creio que foi a emoção!

 

Se o site não permitir a totalidade do filme de seis minutos, passarei pelo menos dez ou vinte segundos do mesmo, apenas para exemplificar.

 

É aí que surge o título deste texto: Para que gaiolas, se os posso ver em liberdade e felizes? Um detalhe, contudo, me deixou triste: a quantidade que vi este fim de semana representa uma pequena parte que via na época em comprei o sítio (2007) e o motivo é a exploração do solo e da floresta pela especulação imobiliária. Mas eu tudo farei para mantê-los como amigos através do trato que lhes darei. Na noite de sábado para domingo quase não dormi de felicidade... a adrenalina estava a mil com a felicidade que tive ao ver aquelas cenas que a natureza, mãe, me ofertou.

 

O domingo, repeti a dose, mas tirei um tempo para a leitura de assuntos dedicados à educação. Motivo: a retirada de 85% das verbas destinadas à pesquisa que o patife que diz nos governar, tirou da pesquisa educacional. Sem pesquisa, de que vale o ensino do saber cabresto que nos querem impor? Onde chegará a atual geração – e por que não as seguintes – até que voltemos a ter o que possamos chamar de uma educação cidadã?

 

O povo semianalfabeto é mais fácil de manobrar para que práticas de “locupletação” possam ser postas em andamento com tranquilidade. Povo ordeiro e submisso ao liberalismo nazifascista tudo permite em nome do senhor (assim em letras minúsculas, em referência ao deu$ capital), vira cego, abobalhado, incapaz de pensar algo pequeno que seja com a própria cabeça: precisa de um guia que os aliene cada vez mais para que acreditem que aquela mentira é a mais pura das verdades.

 

Não sei quanto tempo mais o meu relógio biológico vai funcionar com um mínimo de condições de fazer estas ínfimas reflexões que por hoje quero concluir com uma frase de John Dewey (1916)

“Dê ao aluno algo que fazer, não algo para aprender, o fazer tem tal potência que exige pensar e refletir”. Ou (não querendo me comparar) como eu costumo dizer: vamos fazer com que nossos estudantes escrevam a sua própria história, pensada com a sua própria cabeça.  

Nota final: não consegui pegar o filme e passar do celular para o computador. além disso o site parece só oferecer 40MB de capacidade por vez, e o filminho tem 560MB. Creio que terei problemas. Vou tentar extrair algumas fotos do vídeo e já, já, as coloco aqui! 

Eis a foto que consegui retirar do vídeo. A qualidade está péssima (a original tem mais de 3MB, o que tb não é permitido pelo site) mas dá para ver dois Campina comendo da ração que lhes dei, depois que tomaram banho na saida de um tubo de água que sai da pia de lavar roupa e que eu deixei aberta propositalmente. Uma felicidade só!

05 OUTUBRO 2021

RECUPERANDO PARTE DO TEMPO PERDIDO

Olá, boa noite!

Dou a mão à palmatória, pois confesso meu pecado: andei uns dias afastado daqui. Não, não pensem em férias, pensemos antes em retiro cognitivo.

Não adianta me dizerem que “burro velho” não aprende línguas, um ditado muito antigo que aprendi na minha vivência colhendo aprendizados pelo mundo. A situação de crise na saúde nos remete aos tempos escolares. Está aqui uma boa dica para um tema como este que desejo desenvolver hoje - ”A necessidade de conectar aprendizagens”.

  No meu livro “A existência é uma escola”, publicado em 2020 – até hoje por lançar, considerando o estado de pandemia que tem assolado o mundo – eu trago uma reflexão sobre o meu jeito de aprender, do meu jeito de querer cada dia saber mais que aquilo que a escola me ensinava. Fui crescendo buscando trazer para a concretude do meu viver uma parte significativa daquilo que os professores me ensinaram num processo de abstração, ou, para fazer referência a alguém que só quase meio século vim a conhecer, ao mesmo tempo que aprendia a ler a palavra escrita, aprendi a ler o mundo e a leitura do mundo não foi sempre um sonho de valsa, um conto de fadas; quantas vezes não foi um galo na cabeça, a ponta de um dedo do pé rasgada e inchada, uma palavra desagradável de quem esperava compreensão e amizade, mas gostaria de me ater a uma especificidade do meu gosto pessoal o que me remete de braços, cabeça e alma aberta para o convívio com a natureza. Com a aprendizagem que fui acumulando, com os valores e os conceitos que aprendi no percorrer da vida, um dia me vi professor.

Mas para chegar a esta profissão passei por muitas outras. Todas essas experiências eu conto no meu livro. Os países por onde andei, o que por lá fiz, vi, ouvi e senti e, posso acrescentar que a convivência com os nativos me ensinou que outras maneiras de ser e estar no mundo. De viver com o que a natureza nos fornece graciosamente, exigindo de nós, apenas o trabalho de bem a cuidar.

Este fim de semana que passou, entre os dias primeiro e 3 de outubro, resolvi retomar o meu convívio com a natureza. Foi assim que, com pé no chão, na terra mesmo, onde, por falta de hábito sofri com os espinhos que, sem piedade me dilaceravam as carnes dos pés. Vou tentar explicar!

No ano de 2007 comprei um pequeno terreno, de duas tarefas como dizem os sertanejos da região, no alto da Chapada do Araripe, já fez, portanto, 14 anos. Um detalhe, no entanto, é preciso registrar, desses 14 anos a maioria foi de abandono, ou quando muito, passava lá um dia e descia à cidade. O mato crescia invadindo tudo. Durante este período de 14 anos, porém, aconteceu de perder a funcionalidade dos dois rins e hoje vejo-me vivenciando uma aposentadoria da qual não aproveito que a metade, parcelada em dias alternativos, já três vezes na semana passo pelo sistema de hemodiálise – fato que me obriga a estar na cidade três dias na semana.

No começo pensei que o meu maior sofrimento seria a sujeição às furadas, dia sim, dia não, conforme receituário do médico. Quisera ter a possibilidade de viver o meu xodó, lá na Chapada do Araripe. Foi preciso todo um planejamento para que as peças começassem a se encaixar. Deu certo. Neste mês comecei a subir a Chapada na sexta feira, depois da hemodiálise e só desço na segunda feira pelo fim da manhã. Ou se preferirmos, depois do almoço. A minha cabeça tem arejado como se, metaforicamente, tivesse passado por um moinho de vento.

Ar puro, a visão de diversas espécies de passarinhos que alimento e sacio, a noção de frio – coisa que há quarenta e uns poucos anos eu não recordava mais uma vez que nascido na serra mais alta de Portugal, onde na última vez que lá estive fui agraciado com uma temperatura negativa na ordem dos 25º -Isso mesmo, você entendeu bem (-25º) no cume, também conhecido como Torre. Diante da necessidade que percebi de uma poda em algumas árvores calcei minhas luvas e lá fui eu botar a mão na massa. Dei um tratamento especial às frutíferas: cajueiros, mangueiras, limoeiros e os meus três pés de pequi. Limpamos o solo e começamos o preparo para um futuro plantio – relembrei o tempo que passei em França, onde, entre outras coisas plantei e colhi milho, semeei e colhi batatas ingleses, colhi uvas e aproveitei o melhor dos néctares que elas nos oferecem. Esse movimento cerebral de idas e vindas a tempos passados, vividos e agora refletidos com maior profundidade me rejuvenesceram pelo menos uns 20 anos.

Em plena tarde de domingo o resultado do abandono de alguns anos se fez sentir: acabou a água justo no momento em que após um repouso na tarde resolvemos, minha esposa e eu fazer um pouco de caminhada pelas laterais do terreno que perfazem, em seu perímetro, 304 metros. Fala da vida e dos maus e bons tempos. Decidimos que todas as semanas faremos esse percurso. Pois bem, suados e empoeirados fomos ao banheiro para tomar aquele banho refrescante... mas, onde havia água?

Foi hora de ficar só de calções e abrir uma caixa de água que contem cerca de três mil litros, quando completa, e verificar o inevitável – estava seca. O motivo? O aferidor do consumo mensal ao descobrir que ninguém frequentava a casa, fechou o registro, levando a que a caixa fosse ficando vazia com o consumo. Retirei a tampa da caixa de água que está enterrada no quintal e verifiquei que ainda poderia retirar alguns baldes de água, uma vez que a bomba não encosta no chão. Assim procedi. Enchi dois baldes de 100 litros (para tomar banho e as primeiras necessidades, uma vez que a água só chegaria na manhã de segunda feira. Trabalho braçal que exige alguma força e paciência para secar completamente a caixa e retirar alguns resíduos de areia que por ali ficaram. Trabalho cansativo, porém, compensador.

A nota de beleza, que infelizmente não consegui registrar em foto, foi o surgimento de um coelho branco tachado de grandes manchas pretas, entenda-se a relatividade dos advérbios utilizados em função do tamanho do animal que, certamente, escapara de alguma casa das vizinhanças e viera prospectar no meu terreno para saber quem eram estes intrusos que ele desconhecia. Pedi a minha esposa que buscasse a máquina fotográfica, mas a sua movimentação acabou fazendo com que o bichinho se afastasse de retorno ao seu ninho, certamente. Acabei perdendo o flagrante.

Não posso esquecer de falar dos nascer e por do sol. De sábado para domingo o sol nasceu resplendoroso e magnificente entre os galhos dos pequizeiros, mas ao entardecer uma camada de nuvens carregadas se levantou pelo lado do poente que fez o dia encurtar e anoitecer mais cedo. Prometia e eu aguardava uma chuvarada daquelas. Mas como meteorologista sem equipamentos não me apercebi com facilidade que os ventos em altitude estavam dando outro rumo às nuvens e nós terminamos ficando no seco.

A proposta para o próximo fim de semana: plantar várias mudas de frutíferas que já adquiri e continuar a alimentação das minhas aves. Nos intervalos dedico-me (sempre que surge uma oportunidade) à foto e aos vídeos.

Hoje vou tentar escolher algumas imagens que fiz indiscriminadamente para lhes mostrar o meu retiro. Se notarem bem é possível que vejam em alguma parte, todo o estresse que joguei fora e toda a vida que ganhei em troca.

 

   

   

11 SETEMBRO 2021

SETEMBRO NEGRO

Hoje é um dia que o mundo deve evitar perder de vista: 11 de setembro. Peçamos claridade para hoje, pois este dia tem sido obscuro, capas de alterar nossas faculdades mentais.

Apenas para dar uma amostra, quero apenas dar uma sobrevoada na história:

1973/11/09 – Salvador Allende é assassinado num golpe militar dado pelos americanos. Uma tragédia anunciada que daria início a um período de trevas em toda a América Latina. Consolidava-se o “signo das ditaduras”.

2001/11/09 – Num simulacro de ataque aéreo do Afeganistão, perpetrado com aviões supostamente roubados, os americanos não tiveram um pingo de sentimento de culpa de matarem cerca de três mil pessoas ao derrubarem o WTC, com o pretexto de criarem uma guerra que ajudaria a indústria armamentista a sais da crise econômica que já se anunciava. Mais vidas perdidas a troco da ganância e da desumanidade de um povo que se diz o protetor dos fracos e oprimidos, mas que não consegue esconder a miséria interna aos olhos do mundo.

1992/11/09 – O furacão Iniki devasta duas ilhas havaianas, Kauai e Oahu.

2005/11/09 – O Estado de Israel declara, de modo unilateral se desligamento das operações militares na Faixa de Gaza.

Limitando minha exposição de fatos a apenas estes, já suficientemente aterradores, já é possível concluir que o mês de setembro é aterrador quando a gente olha o histórico dos acontecimentos ao longo dos anos.

No Brasil também temos nossos “problemas com o “setembro negro”. Poderia começar com a ameaça bolsonarista em 11/09/21, a mais próxima de nós que, se não causou outros males procurou justificar a fome, o desemprego, o desalento da população do país, com a ameaça de um golpe de Estado. Em 11/09/1836 – Proclamada a República Rio-Grandense pelos rebeldes que derrotaram as tropas imperiais.

Esperando o dia passar, permaneço em alerta geral, de cor vermelha, justificando a cor do alerta por vários motivos: um dos quais pode ser traduzido pela situação que o PT enfrenta e que não é nada fácil de vencer. O ódio implantado na população menos estudada é enorme e pode sempre causar prejuízos eleitorais de forma não justificada que pela inculcação dos pregadores do terror comunista que jamais existiu na superfície da terra. É um pouco como a criancinha que tem medo do lobo mau sem nunca ter visto um.

Que o 11/09 passe rápido e em tranquilidade. O resto do mês tentaremos controlar do jeito que vier e na medida de nossas possibilidades.

 

09 SETEMBRO 2021

NEM SEMPRE AS CONTAS BATEM CERTO

Consegui segurar a vontade de gritar CAGÃO por dois dias que foi o espaço de tempo que durou a presepada travestida de atos solenes celebrativos de uma independência que, a bem da verdade, nunca existiu neste chão sofrido da pátria amada, Brasil.

Os arroubos manifestados, de modo menos contundente que a arrogância anunciava, já deixavam antever que mais uma vez, que se ressalte esta constância, viria um passo de volta a trás.

Não vou dizer, acompanho nisso a análise de muitos companheiros, que a manifestação não chegou a ser um desastre, mas ficou muito aquém do sucesso esperado pelo mentor de um bom número de arruaças e outras situações conflitantes que surgiram aqui e ali durante o dia 7/9. Diante dessa situação, tentando manter pressão e ganhar um tiquinho mais de forças, o nosso arruaceiro de plantão deixou com um bando de empresários rodoviários o empenho de travar o Brasil. Durou um dia.

Zé não consegui sequer aglomerar nuvens capazes de provocar uma chuva (tão ansiosamente esperada e desejada) quanto mais provocar um Trovão. Deve ter sentido alguma dor de barriga e foi tentar curá-la com tequila, lá no México, onde os homens bonzinhos da farda preta o pegaram sentado no trono que imaginava haver conseguido. Para ele, o sol de amanhã nascerá quadrado.

O desmilinguído, a quem colocaram um chapéu de viking (fato bem comentado em toda a imprensa) temendo alguma diarreia mais forte valeu-se do apoio de outro desqualificado para apresentar um simulacro de pedido de desculpas ao Ministro Alexandre de Moraes, para não aparecer tão mal na fita já borrada. Allan dos Santos, seu parça, deu o tom do toque final “Game over”.

Se já tínhamos um presidente pequeno, agora ficou diminuto. O STF deu recado direto, não usou de portadores para mandar o recado. O STE seguiu numa mesma linha, mas a meu aviso, em material mais duro, mais seco, mais curtido: “Dia Primeiro de Janeiro tomará posse o Presidente que for democraticamente eleito”.

Golpistas não passarão.

Agora começa uma nova guerra que será protagonizada em diversas batalhas: a caça aos votos dentro de um novo regimento eleitoral que desde já se anuncia como uma guerra campal. A minha preocupação maior está no comportamento do povo brasileiro que não passa, infelizmente, de um bando de vendidos, mesmo sabendo que depois vão voltar para as ruas e passar fome de criar pelos longos. É triste perceber que este povo é tão passivo que chega ser ruim ao ponto de atirar nos seus dois pés para não poder andar, em obediência a um seu semelhante que expert em ludibriar inocentes. Respeito a fé de cada um, mas não um charlatanismo e naqueles que o praticam pensando estar praticando um bem para si mesmo.

Olhando o dia de amanhã continuo a ver um rebanho correndo atrás do pastor, seguindo-o até ao momento em que ele gritará: Atirai-vos ao mar pois ele é o vosso paraíso... e os bestas não pensarão duas vezes e catrapus, mas antes fizeram um testamento deixando todos os seus pertences para a igreja, inclusive os cartões com senhas e loguin's nas contas bancárias.

É um futuro incerto que nos espera. Não tenhamos pressa de conhecer o resultado, mas trotemos para tirar o inimigo do comando das tropas que nos afrontam.

 

 

05 SETEMBRO 2021

Questão de coerência

Eu tinha prometido a mim mesmo não escrever nenhuma manifestação específica e alusiva ao 7 de Setembro mais conturbado que certamente irei viver ao longo dos quase 50 anos que já vivo neste “país das maravilhas” que restará depois que sejam excluídos todos os animais que têm desejos próprios, individualistas e enrustidos: resumindo, que se joguem às traças todas as doentias mentes, próprias ou implantadas no solo fértil da ignorância dos analfabetos políticos que compõem uma grande parte da população desta tão próspera nação.

Lamentável constatar o sentimento de vira latas predominante na população que se vê explorada, martirizada, assassinada por quem tem o sagrado dever de lutar pela melhor condição de vida desse povo, mas que infelizmente não passa de um dos cavardes mais sem vergonha que conheci na superfície deste velho planeta terra. E se ousa trata-lo deste modo nada mais faço que traduzir as suas palavras evacuadas em momentos diversos quando diz que quer o melhor para o povo brasileiro. Esse falso profeta, de nome messias (não lhe preste sequer a hora de escrever seu nome com letra maiúscula, pois não é merecedor de tal horaria quem jura falso, sobre a bíblia (logo ele que se diz cristão) e logo em seguida começa a matança de seus supostos adversários.

Creio (não sou crente, mas creio, no sentido de acreditar) que a terça feira 7 setembro vai ser sangrenta. Do meu lado espero, sinceramente, que a doença que domina a mente desse que se diz nosso “mentor político” não passe de um plagiador e queira seguir as ações de um povo que ele parece admirar e deflagrar uma “guerra santa” em terras tupiniquins. A carnificina vai ser grande e duradoura. Tudo em troca da honra de um palhaço que se diz honesto, mas que as evidências que vão surgindo provam que se trata da pessoa menos respeitosa e honrada com o dinheiro público, dinheiro do povo, que ele quer açambarcar apenas para ele e sua raça de gangsters. O caseiro falou. A ex esposa falou. As compras milionárias que os salários recebidos desde que há 30 anos recebe para não fazer absolutamente nada, não conseguem cobrir, falam. Já vendeu parte significante do Brasil, mas continua dizendo que o país está quebrado; seu larápio, que destino deu ao dinheiro que consegui com o estouro da Petrobras, da Indústria naval, das águas brasileiras, das companhias elétricas? Não vá me dizer que gastou tudo para “comprar” a sua base política, pois se assim foi, mostra que tem sido mais torpe que aquilo que sua cara de sem vergonha mostra, pois tem levado direitinho nela. Aí o desespero bate e quer, porque quer, se reeleger para dilapidar ainda mais o erário nacional. Merece, merece sim a deportação para uma ilha deserta (se é que ainda existe alguma) ou em sua substituição, pode ser um dos píncaros do mais alto iceberg que ainda exista na Antártida e lá seja abandonado para apodrecimento desassistido. Vermes não merecem melhor destino.

Durante todo o tempo que dura o seu desgoverno não podemos apontar uma única ação que beneficie alguém fora da horda que o segue, ao contrário, fez de tudo e não fez mais porque outros poderes se condoeram do povo que ele que simplesmente eliminar e não permitiram que ele levasse a cabo a sua loucura total, para a qual já poucos remédios existem capazes de, pelo menos, minimizar os efeitos malignos herdados de seu grande parceiro o diabo. Nem as cruzes espalhadas aos milhares por estar terra afora têm tido a capacidade de afugentar o demônio que se apoderou do Brasil. Será preciso uma excomunhão muito forte para que o país volte à tranquilidade (aparente) que se vivia antes. Este período de provação serviu para colocar a nu, em plena praça pública, o tipo de gente que habita este país. O mais lamentável é a falta de esclarecimento de quem vendo que o reizinho vai nu, para que possa tomar as decisões necessárias à execração de tal figura. Por isso ele segue impune envergonhando todo o mundo que já pede a sua cabeça, mas que não pode vir aqui retirá-la. Será necessário matar a serpente e depois lhe queimar o corpo separado da cabeça, para que se possa provar que o mal foi erradicado. O próprio mundo, de um modo geral, sofre por conta das ações descabidas deste ser tão ignóbil.  

A minha lamúria está mais justificada nesta foto:

Fonte da foto: Brasileirão: confira os jogos neste domingo (05) (msn.com)

O desporto nos tem dado bons exemplos de pessoas do bem, que buscam contribuir com o desenvolvimento da nação, mas esses quatro analfabetos aí da foto, que um dia aprenderam a dar uns chutes numa bola e se transformaram, sem sequer saber disso, em formadores de opinião, não têm noção da gravidade de tal ato aí praticado. Eu, na qualidade de presidente do clube demitia-os imediatamente, ainda dentro do vestiário.  Mas falta coragem a muito covarde aproveitador. E os outros... Bem, os outros que se explodam pois são farinha de um saco só onde convive o pó e o caroço.

 

Que ninguém se engane, antes e depois do tal 7/9 o nossa vida continuará em queda livre até ao momento em a população, por não importa qual meio, dê um chute na bunda desse asno metido a político e dirigente de um dos países mais promissores do mundo

 

21 AGOSTO 2021

Novidades no site

Sem querer, querendo, cansei do visual da capa do meu site e como nestes dias não há que fazer quando se é aposentado por invalidez e termos de ceder três dias da semana à doença, sem contar com as restrições impostas pela tal de Covid 19, resolvi inovar um pouquinho, para torna-lo um pouco mais atrativo.

Pois bem. Olhei de um lado, olhei do outro, sempre com aquele meu olhar mais ou menos crítico e percebi que não tenho grandes alternativa (o provedor – nem sei se esse o nome que se dá ao detentor da plataforma que sustenta o site – não oferece grandes condições, principalmente para alguém como eu que é um semianalfabeto nestes negócios de novas “tekinologias”!

Passando sem querer por um arquivo de fotos que guardo na minha máquina achei uma que me pareceu interessante, não só pelo retratado, mas também pelo momento e a relação que posso fazer com o transcurso de minha vida. A dita foto retrata uma sala de aula onde transcorre uma prova que eu também realizei ao terminar a quarta classe o equivalente ao nosso atual ensino infantil, isto é, no período da nossa alfabetização. Fazíamos essa prova retratada na foto e se conseguíssemos passar essa primeira barreira caminhávamos para o famoso Exame de Admissão ao equivalente ao nosso ensino fundamental dois que tinha a duração de dois anos. Com o sucesso alcançávamos o equivalente ao nosso ensino fundamental II (mais três anos). Todos estes anos – até aqui nove – eram propedêuticos. Podíamos, agora, escolher o rumo de nossas vidas: ou seguíamos o ensino propedêutico mais avançado (equivalente ao nosso médio) e ficávamos aptos a entrar numa universidade, ou escolhíamos a via do bacharelado que nos conduzia às mais diversas profissões.

Toda esta história se depreende desta foto sem, contudo, entrar no mérito da questão rigor X conhecimento. De realçar a presença de diversos professores que nada mais objetivava a minimização das possibilidades de “pesca”, malgrado estarmos sentados em carteiras duplas (algumas salas tinham carteiras triplas) fato que por si só convida a desviar o olhar para ver o que o colega do lado está fazendo. Uma afirmação que posso fazer sem medo de errar (a foto me desmentirá, caso eu erre) é que esta escola é uma escola que atendia filhos de gente da classe média e alta, basta, para tanto saber, olhar atentamente para a vestimenta dos alunos. Uma outra escola existia, a dos pobres. As cenas eram bastante parecidas, porém os atores eram bastante diferenciados.

Poderei, outro dia vir a esta história da educação em Portugal que, no fim das contas não é tão diferente da nossa atual, deixando claro que é preciso não esquecer o espaço temporal que separa as duas realidades.

A segunda foto representa para mim, e talvez só eu me veja a mim mesmo desse jeito, parece-me um espelho da minha realidade. Vivo, atualmente, aposentado e inválido (além de ter os rins parados, o braço direito tem que ser tratado como uma criancinha, pois é nele que tenho a fístula que me permite fazer o processo de hemodiálise), por isso pareço esse velho sisudo da segunda foto – que na verdade é um desenho apócrifo encontrado algures na infinitude da internet. Leio bastante, até me cansar, repouso um pouco, olho minhas redes sociais e o próprio site.

Quando alguém me pede ajuda, eu ofereço aquela que eu posso dar, mas há partes em que eu cobro uma modesta contribuição que as pessoas não têm reclamado, para orientar projetos de trabalhos acadêmicos que podem ir do simples artigo a qualquer projeto para pós (entenda-se: especialização, Mestrado e até doutorado). Pensei em me tornar escritor, tenho um livro editado e guardado, pois saiu no rebentar da crise da covid 19, logo, ainda não tive uma oportunidade de fazer o lançamento. Um dia chegará. Tenho, nas entranhas desta máquina, mais três livros compostos, arrumados e praticamente prontos para imprimir, mas tenho considerado algumas premissas que são basilares: 1 – O brasileiro não lê. 2 - Publicar é caríssimo. 3 – a primeira experiência foi desastrosa, pelo menos até este momento, pois não estou nem perto de chegar na décima parte do que gastei para publicar. 4 e última – A situação que vivenciamos não está propícia a que se enterre dinheiro em chão despreparado para a sementeira. Não se pode desperdiçar dinheiro.

Por isso estou tentando dar uma nova cara a dois velhos projetos: primeiro, ter um site na internet para chamar de meu e, em segundo e por último, a mim mesmo através da imaginação de quem não me conhece pessoalmente.

Bom fim de semana!

 

16 AGOSTO 2021

ARREPENDIMENTO TARDIO

Você já ouviu falar no pensamento único? Pois é, precisamos evita-lo a qualquer custo, mesmo que este nos seja imposto através da aprendizagem. Tenho, com certeza, o apoio da maioria dos docentes e mesmo dos discentes nesse sentido, pois, com certeza, eles perceberão que esse pensamento único é sinônimo de olharmos para o mesmo objeto através de uma luneta fixa que não permite outros olhares, visões distintas, percepções desencontradas, realidades divergentes, mas aceitam, entretanto, aquilo a que chamamos de “política educacional” oriunda de uma única cabeça (MEC), aplicável a seres diferentes, em diferentes realidades nacionais, compostas por viventes e seres diferentes da sua maneira de ser/ver e estar no mundo.

Pautar a formação docente sobre uma qualquer política formativa é o mesmo que fazer todo mundo olhar pela nossa luneta fixa. Contribuímos, por essa metodologia, para uma degradação social que apenas interessa a um setor social – o capitalista – que busca cada vez mais lucros com a humilhação da população menos instruída, aquela que não consegue olhar além do sentido único que lhe é imposto e pode levar quem seja exposto ao opróbrio a atitudes drásticas, tais como o suicídio ou o ingresso no mundo do crime, no qual tudo parece (friso bem este verbo: parecer) mais ao alcance que a vida subjugada que a sociedade lhe impõe para atender aos interesses maiores dos senhores do capital.

Néscio, o povo é facilmente transformado em ser manobrável (gado que se desloca ao som do berrante) e atende toda e qualquer aberração que o ser dominante lhe impõe, já que mais não seja pela ignorância do medo. Falar em medo, em seres dominados (sem vontade própria) e falar em “educação escolar) é quase a mesma coisa. Digo quase, pois não posso provar e tenho a certeza que muitos docentes agem de forma diferenciada. Mas todo o ano saem as diretrizes curriculares para os diversos níveis de ensino. Apontam, infelizmente, para um mesmo objetivo ao longo de décadas: o preparo do homem (genérico de ser social) para dar lucro cada vez mais elevado ao dono dos meios de produção. Hoje, porém, temos um “patrão” mais poderoso e mais cioso de dinheiro: os bancos que, desavergonhadamente anunciam lucros da ordem dos bilhões de reais no trimestre, enquanto o pobre cidadão se mata de trabalhar e morre de fome encostado numa qualquer calçada das cidades que os não veem em sua precariedade. Nestes casos o pensamento único está concentrado em meia dúzia de seres ditos senhores e donos do planeta que todos habitamos, mas que nem todos podemos usufruir. A um ponto tal que, imagine-se, um brasileiro não possa passar livremente em terras brasileiras dominadas por americanos. Como eu costumava dizer na minha passagem pela África: “é o fim da picada”, o fim do controle daquilo que nos pertence, por estar sob domínio (concedido) de outros. Nesse caso, os covardes, os agiotas, o perdulário do que não lhe pertence se diz o maior patriota, pois ocupa o posto mais elevado na hierarquia nacional, mas não passa de um trouxa, de um descerebrado, de um sem noção do seu cargo. Esse, além de usufruir do pensamento único (o seu) ainda sofre de um mal mais grave que é caracterizado por uma demência progressiva com viés assassino, xenofóbico, misógino, homofóbico, nazifascista, negacionista, falso cristão, mentiroso e miliciano.

O nosso falso moralista e efetivo forno de cremação dos dinheiros públicos nega a corrupção, mas não consegue desmentir a existência de um orçamento paralelo secreto para comprar o apoio dos demais insanos que o acompanham apenas por motivos gananciosos. Enquanto ele age dessa maneira, o povo, sofrido e abandonado morre nas filas dos hospitais por falta de uma vacina que o negacionista maior se nega a comprar, a menos que seja feita alguma trambicagem que lhe renda algum “extra” nas contas que detém (certamente em paraísos fiscais, não afirmo por falta de provas, mas as suspeições são grandes). Já atingimos números de mortos por ação do vírus covid 19 que envergonham qualquer país no mundo e a tendência, pelas projeções feitas será que breve poderemos atingir um milhão de mortos enquanto o responsável pela aquisição das vacinas que podem minimizar esse flagelo se alia a outro louco negacionista que mais parece uma calopsita assustada para juntos faturarem com remédios que não servem que para matar lombrigas e piolhos.

Os números deveriam falar mais alto, deveriam servir qual farol em noite de tempestade no mar para direcionar as ações a seguir, mas o genocida prefere passar uma cortina espeça de nevoeiro e deixar o barco à deriva para que se esbagace de encontro aos rochedos da costa e depois atribuir a fatalidade à natureza. É para isso que ele prega o que chamo de pensamento único (não crítico) nas nossas escolas que estão apenas começando a retomar as atividades em precaríssimas condições sobre todos os pontos de vista e dentre os quais se sobressai o das condições sanitárias. O povo continua pagando a pesadíssima conta que ele embolsa para, entre outras coisas, “comer gente” na sua sabujice.

Fui um dia tentado pela perspectiva de vir viver num país de futuro, num país de capacidade produtiva onde o povo tivesse vez e voz e hoje, quarenta e três anos após, só desisto de ir embora, pois minha idade e condições de saúde não permitem muitas mais andanças. Mas não tenho o menor pejo em afirmar minha vergonha em dizer que resido aqui e que aqui fiz minha vida com o suor do meu rosto, com o sangue das minhas veias, numa luta para formar pessoas pensantes capazes de reverter a atual situação e outras que já foram vivenciadas anteriormente. Fui parcialmente vencido em meu intento, pois a luta não era apenas contra a ignorância das pessoas, era muito maior contra as imposições do sistema instaurado que me cerceavam as ações. Era, pois, uma luta muito desigual, muito desiquilibrada. Perdi várias batalhas, mas confio que ainda verei a vitória final da guerra. Hoje limito-me a escrever e a conversar com algumas poucas pessoas (não somente por causa do contágio) e a levar uma visão distinta, um pensamento plural, uma perspectiva libertária das correntes simbólicas que temos amarradas em nossos tornozelos. O Brasil precisa de um rumo, de uma força que o libere, mas só encontrará essa força libertárias se souber cuidar da sua juventude, só com ela em plena consciência é que um outro mundo é possível, o Brasil terá chances de se transformar num local de abrigo para todos aqueles que desejarem uma vida diferente da morte que hoje lhe é oferecida.

Falta no Brasil algo muito necessário à pluralidade de pensares e agires: o respeito pela opinião alheia. Não é preciso concordar com ela, não, basta respeitá-la!

 

03 AGOSTO 2021

É muita falta de honestidade.

 

A pessoa que se tem mostrado ser a mais inepta, mas não tanto a ponto de comer dejetos, pelo menos não em público, a mais sagaz ave de rapina e dilapidadora dos bens públicos, descobriu uma fórmula mágica de permanecer impune diante de tantos crimes cometidos, seja contra o patrimônio, contra o ser humano, contra a história: o sigilo de 100 anos.

Só os mascarados, os sem vergonha na cara e sem honradez nos atos praticados se esconde de maneira tal sórdida, para que possam continuar sua miserável vidinha de incompetentes e falsários e não se poderem procurar provas e apresenta-las para sofram o castigo que impõem aos seus iguais. Sam de uma proteção miliciana que vive enquanto é necessária para que outro crime seja cometido e em seguida eliminada.

Dom Corleone, se de fato tivesse existido, sentiria vergonha por ter comandado um grupo de amadores perto dos “especialistas” de Dom Mito, não passaria de um principiante de amador na arte de criminalizar. O nosso “padrinho” supera, entre outros, Sedat Peker, aquele mafioso turco que faz acusações graves contra pessoas como os ministros dos outros poderes.

Dom Mito promete melhorar a vida do cidadão através do discurso obsceno que produz por falta de postura para ocupar até o cargo de onde foi expulso, por insanidade mental, mas tem nas mãos a arma e o chicote com que açoita quem ousa fazer-lhe oposição. E tudo sob sigilo! Não é pessoa de caráter, sóbria. digna de respeito e apoio. Infelizmente, entre a Bíblia (que não lê)e a prática de sacrilégios que comete tem apoio de um setor que deveria ser o responsável por manter a ordem democrática no país, e um conjunto de seguidores de tendência neonazista fascistóide (creio que sequer sabem o que isso significa) para praticar os maiores crimes contra a humanidade. Já vi outros ser condenados à severas penas no Tribunal Internacional de Haia por bem menos.

Há quem aposte que Dom Mito tem parte com o lúcifer. Não sou, pessoalmente, muito de crenças religiosas ou diabólicas, mas horas há em que me pego a pensar se essa não será uma possibilidade para justificar todas as atrocidades praticadas em nome de um deus que eles criaram e ao qual amam mais que a si próprio: o dinheiro.

O mundo, de um modo geral, precisa pensar uma outra medida de avaliar valores terrestres que não seja o maldito dinheiro que corrompe tanto as mentes mais civilizadas, quanto as nulidades intelectuais. E precisa ser um processo urgente, pois o planeta não está mais suportando tantas pressões negativas em seu bojo. Há quem dê quarenta anos para a Terra virar um frangalho, mas há os mais pessimistas que, a meu modo de ver, estão mais próximos da razão.

      

 

22 JULHO 2021

E AGORA: FASCISMO OU BONAPARTISMO?

Hoje paro para fazer ume reflexão que se faz necessária após a reforma ministerial do mais temerário presidente que um dia o Brasil já teve. Para refletir sobre tal reforma, que pretendia projetar um destino para as novas eleições de 22, trago uma provocação de Osvaldo COGGIOLA[1] no artigo intitulado “Entre fascismo e bonapartismo”.

Segundo o autor, a política brasileira, ao final do imperialismo deu um salto muito longo dentro do espectro político mundial, atingindo assim, desse único salto passar para uma república que, de mal elaborada, entre republicanos e comunistas permitiu a implantação forte e lutadora dos anarquistas “graças a Deus”!

No título do seu texto, COGGIOLA já nos chama a atenção para o que poderemos encontrar ao abrir das urnas no fim da votação. Ele não aponta uma certeza, mas nos deixa entre anarquismo ou bonapartismo.

Naquela primeira experiência a indústria estava pouco desenvolvida, restrita a poucas grandes fábricas e a muitas pequenas oficinas. Na atualidade, tudo que de bom tínhamos foi vendido, quase doado e/ou maldosamente destruído afirmando-se a não necessidade de tais investimentos. Um dos mais terríveis, contudo, está relacionado à quebra dos instrumentos de pesquisa e instituições de ensino e pesquisa. Caímos mais de 20 posições no ranking mundial das nações, onde chegamos a ocupar a sexta posição.

Ao aproximar-se a nova eleição, com a desilusão estampada no rosto dos restantes adeptos do mentecapto que nos governa semeiam a anarquia pelo país espalhando a morte e a desordem pelos sete cantos, com a coordenação de quem, em plena campanha passada prometeu armar toda a população e vivia fazendo arminha com as mãos, inclusive de crianças de colo. Mas esse “comandante não é louco de rebolar pedra na lua”, nem de comer cocô (embora cada vez que abre a boca a fedentina seja enorme), o que fez com que, para se segurar na posição que lamentavelmente ocupa, se cercou de militares da ativa e da reserva (generais, brigadeiros e outras “estrelas” das nossas Forças Armadas, se aproximando bastante da posição ocupada nos idos por Napoleão. Têm até alguma semelhança: lembro dos bancos da escola onde vi pela primeira vez a imagem de Napoleão, de quem admirei a postura da mão direita dentro do colete, como se segurasse algo, já que mais não fosse uma dor. O nosso Messias também tem problemas nessa região onde ele vive afirmando que levou uma “fakada”, durante a campanha das eleições anteriores. Comoveu a população, atraiu votos com seu sofrimento e está aí dando ordens a tudo que é milico muito mais galardoados que ele que foi promovido a capitão para ser despejado do exército com atestado de louco.

E é com esse currículo, acrescido do negacionismos da ciência e das vacinas contra a Covid 19 e com o negocionisno para a compra de vacinas que ele promete do alto da sua arrogância que “Ou as eleições serão feitas a seu modo (para se manter no poder), ou não haverá eleições!) Aquele velho louco já citado, que desconhece o que seja uma Constituição e que imagina que pode fazer o que ele quer, como ele quer e onde ele quer. Infelizmente parte das nossas Forças Armadas estão conluiados com o louco, pois percebem que têm ali um elo muito forte com a chave do Tesouro Nacional. Tristemente, a nossa população, com grau elevadíssimo de analfabetismo (letrado e político) se deixa comandar por essa elite podre e forma rebanhos dentro de igrejas de ladrões que vendem a promessa de cura, mas continuam a morrer de covid19 (sem serem capazes de se salvarem – estranho, né? prometem a cura dos outros, mas são incapazes de curar uma gripe neles mesmos), mas atraem multidões que se despojam de tudo que têm diante da promessa de um terreno no céu e formam uma massa ainda significativa de votos que precisam ser conquistados a qualquer custo.

Esta é a posição, de cócoras, em que se encontra o Brasil. Como reverter essa situação até atingirmos novamente uma posição de destaque como aquela que já tivemos com o protagonismo dos governos de esquerda (Lula e Dilma). Estamos de novo no Mapa da Fome, o desemprego está lá na estratosfera, a criminalidade aumentando em percentuais absurdos e incríveis e o que mais me choca, com esse desgoverno voltamos ao tempo do trabalho escravo. Uma tristeza só na terra da alegria, do sol e do samba. Temos aí pouco mais de um ano para tentar um volte face e sair desse abismo do qual ainda não vimos o fundo. Dizem que a esperança é a última que morre, só temo que ela morra e tenha a morte escondida como tiveram tantos brasileiros falecidos e não notificados para tentar vender um remédio (ou um veneno?) que não servia para nada a não ser sustentar o escritório do crime onde se escondem as famigeradas milícias, das quais dizem que o louco e seus filhinhos queridos são o comando.

O tempo passa, sempre passará e nos trará noticias de tempos que se nos mostram sombrios.

 

[1] Ver em aterraeredonda.com.br

 

04 JULHO 2021

O HOMEM DESCARTÁVEL

Impressiona-me, porém não me surpreende que em breve comecemos e notar nas ruas de nossas cidades, depósitos específicos para descartar (jogar no lixo) as “peças defeituosas que forem surgindo no corpo do homem (ainda ser dito humano).

Não estão longe os dias em que os “humanóides” passarão a ser fabricados por robôs treinados em tal “métier”. Mas antes que tal aconteça eu gostaria de ter um desejo satisfeito. Sei que é difícil de alcançar esse desejo, mas não tenho a certeza que seja impossível de realizar tal proeza: queria que alguém tivesse o poder de parrar o mundo para que eu e mais alguns, certamente, pudessem saltar.

À prosa com um companheiro, amigo, mano, nesta tarde de domingo chegamos a ter que admitira aquilo que mais negamos: a possibilidade da extinção da arte de ser professor. Há muito que grande parte deles, dos que ainda resistem, não são mais que marionetes nas mãos já experientes robôs que dominam a caixinha chamada de MEC. Mas o mais curioso é que mesmo negando a possibilidade de serem substituídos por máquinas, lá estão eles a treinar para “dar uma melhor aula” com a ajuda das máquinas que anteriormente, segundos atrás, defenestravam.

A chamada Inteligência Artificial (IA)qualquer um destes dias se organiza, cria um Sindicato e vão vir reivindicar os seus direitos: acredito que a primeira das reivindicações será a possibilidade de usarem uma coleira – não para elas, não, mas para os seus humanos de estimação.

Felizmente aposentei-me no momento certo, pois acredito que apesar do saber que ainda possuo e de uma ou outra teoria que ainda consigo contestar, acredito não serei mais avaliado com servil no novo sistema de governação que será implantado dentro de poucas luas. Tenho, portanto, e mesmo assim grandes temores por algumas gerações no futuro (futuro que já é hoje) em virtude das ambições humanas e das desavenças que elas podem provocar. O homem sempre as provocou, mas teve inteligência própria para lhes por um fim, melhor ou pior. Como será uma guerra no domínio da IA? Quem se irá importar com os possíveis desastres irreparáveis ao velho planeta azul? Será por isso que estão tão obcecados para irem a Marte? E a Lua?

Creio que Joelma, sabe, aquela cantora da Banda Calipso, talvez ela tenha razão e a Lua tenha traído todo mundo. Não estou ansioso para saber o fim da novela... o bom mesmo é ir acompanhando cada capítulo até chegar o final. E que ele seja feliz para todos. Quando esse tempo chegar não haverá mais espaço para mocinhos e bandidos, apenas para escravos acéfalos. Homens primatas e capitalistas selvagens.

 

 

03 JULHO 2021

Pode acontecer-lhe após os 40

 

In: Revista Raizes 

A todos que já passaram dos 40 anos, um abraço. E quem não passou, tente não rir e tenha esperança, pois um dia vai chegar lá! Para quem já passou dos 40 vai estar com os mesmos sintomas. Acabaram de descobrir o diagnóstico desta síndrome. Explico melhor:

  1. Outro dia decidi lavar o carro: peguei nas chaves e fui em direção a garagem, quando notei que tinha correspondência em cima da mesa.
  2. Ok, vou lavar o carro, mas antes vou dar uma olhadinha, pois pode ser alguma coisa urgente.
  3. Ponho as chaves do carro na escrivaninha ao lado e, olhando o correio vejo que tem algumas contas para pagar e muita propaganda inútil, pelo que decido jogá-la fora, mas vejo que o cesto do lixo está cheio.
  4. Então lá vou eu esvaziá-lo. Coloco as contas sobre a escrivaninha, mas lembro-me que há um banco eletrônico perto de casa e vou primeiro pagar as contas.
  5. Coloco o cesto de lixo no chão, pego as contas e vou em direção a porta.
  6. Onde está o cartão do banco? No bolso do casaco que vesti ontem.
  7. Ao passar pela mesa do jantar, olho para uma cerveja que estava bebendo. Vou buscar o cartão, mas antes vou guardar a cerveja na geladeira.
  8. Vou em direção à cozinha quando noto que a planta no vaso parece murcha, é melhor por água antes.
  9. Coloco a cerveja na mesa da cozinha quando… Ah! Achei meus óculos! Estava à procura deles há horas! É melhor guardá-los já!
  10. Pego um jarro, encho-o de água e vou em direção ao vaso.

11.No caminho para o vaso encontro o controle remoto da televisão em cima da pia! À noite quando quiser ligar a tv não vou lembrar de procurar na cozinha. É melhor levá-lo já para a sala. Mas…

  1. Ponho os óculos sobre a mesa e pego no controle remoto.
  2. Coloco água na planta, mas caiu um pouco no chão. Deixo o controle remoto no sofá e vou buscar um pano.
  3. Vou andando pelo corredor e penso que precisava trocar a moldura de um quadro.
  4. Estou andando e já não sei o que ia fazer!
  5. Ah! Os óculos… Depois! Primeiro o pano. Pego nele.
  6. Vou em direção ao vaso, mas vejo o cesto do lixo cheio.
  7. Final do dia: o carro continua por lavar, as contas não foram pagas, a cerveja lá está, quentinha, a planta levou só metade da água, não sei do cartão do banco, nem onde estão a chaves do carro!
  8. Quando tento entender porque é que não fiz nada hoje, fico atônito, pois estive ocupado o dia inteiro!
  9. Percebo que isto é uma coisa muito séria e que tenho que ir ao médico, mas antes, acho que vou ver o resto do correio…

E agora? sinceramente não sei!

P.S.: Divulguei esta mensagem para todos os meus conhecidos, mas como eu não me lembro para quem enviei, resolvi postar aqui no site e vou pedir para eles lerem!!! Mas estou preocupado: Será que não vou postar essa mensagem de novo na semana que vem?

 

23 JUNHO 2021

VIVA SÃO JOÃO!

O som, Pulse, nada apropriado, é de Pynk Floyd (sempre a preferida que não cansa o ouvido habituado a boa música) e sem aquela palermice degradante das bombinhas, estalinhos e rojões tão infelizmente característicos da época junina que atravessamos quase sem nos apercebermos.

Ainda bem, para suplício mental já nos chega a infeliz pandemia que é cria de estimação de pessoas deste que um dia já foi o país do futuro e que mais crescia com o passar dos tempos. Hoje o passar do tempo só nos traz mais más notícias sobre o número de pessoas que vão deixando este plano rumo ao desconhecido, mas que deve, 100% seguro, ser melhor que a realidade que vivenciamos.

Embora já haja quem arrisque covardemente quebrar o isolamento social, os dias nos parecem por momentos mais curtos, outros extremamente mais longos e a incerteza de um amanhã minimamente previsível são fatores que influem direta e fortemente no comportamento psicossocial de cada um de nós e, tenhamos a certeza que ao final de tudo isto, se o resultado não for uma catástrofe tremenda, sequelas irrecuperáveis permanecerão em nós para todo sempre. Um triste exemplo: nunca no Brasil se matou tanta gente impunemente e por motivos tão insignificantes que o pensamento voa a tempos históricos idos há séculos, que parecem retornar como num ciclo vicioso. Aliado a tudo isso existem os interesses escusos de uma parcela significativa da população e de um louco desvairado, sanguinário, que quer armar o maior número de pessoas para mais seres humanos tenham suas vidas ceifadas diante da hipocrisia de que pede, falsamente, que seja preservada a integridade física do Lázaro, serial killer em quem a polícia não consegue colocar nem os olhos em cima. A propósito, acredito que ele, Lázaro, tenha feito um muito bom curso de “escapista”, uma vez que quase toda força policial, a pé, montada, com todos os apetrechos tecnológicos e meios aéreos, em quatorze dias ainda não consegui vislumbrá-lo. Como já disse, não vou dizer que a nossa polícia seja ruim.... não, ele que é bom fugitivo e creio que sabe coordenar as ações para que não deixe pistas, ou “plante” pistas falsas.

Mas é véspera de São João, quem sabe não se misturem, para se disfarçar, os tiros dos rifles com os rebentares das bombinhas em torno de uma mesa farta de milho assado (para os ricos) e de lamentos para os pobres a quem querem destinar apenas os restos dos ricos. Não sei se foi sonho, se é uma destas preconizações que às vezes me faço, mas passei a noite amolando a guilhotina a mando de Maria Antonieta. Também não consegui ver qual ou quais serão as cabeças que irão rolar em breve. Concluo, entretanto, que muitas delas vão rolar calçada abaixo.

E o povo, anestesiado vai aplaudir este espetáculo macabro do qual pode ser o próximo ator principal. O mundo e em especial o Brasil está entrando num caminho que considero sem volta. É claro que é uma opinião muito minha e que não tem a menor base científica e nem sequer pretende atemorizar ninguém. É apenas um pedido de alerta para que ninguém seja surpreendido com o destino que nos espera com o Novo Normal que se avizinha a passos gigantescos. Não há ainda grandes contornos traçados do que seja esse grande novo normal, pois a atual geração não passa de uma cobaia de um novo modo de dominação por parte de um grupo de imbecis que julgam que vão eternizar-se. O que assusta são os métodos utilizados para atingir os fins. Ando assustado, não por mim, uma carcaça velha, mas por aqueles que estão por vir que, a seguir este ritmo já devem nascer com correntes amarrando os pés e a IA dominando suas pobres cabecinhas tal como nos desenhos psicodélicos que ilustram Led Zeppelin.

Quem resistir verá! Há quem diga que teremos uma outra forma de viver, pessoalmente especulo sobre novas formas de julgar as mesmas formas de viver e isso nos obrigará a enfrentar outros modos de comportamento que nos oportunizarão formas completamente diferentes de ser e estar neste mundo velho pleno de Normal novo.

Por enquanto, os únicos felizes e tranquilos são os animais que não sofrem com o estourar das bombas imbecis dos imbecis civilizados.

 

 

19 JUNHO 2021

        ÂNGUSTIA

O que parecia impossível no país do futuro ao qual chamavam de BRASIL, atingiu hoje a marca horrenda de 500 mil mortos como consequências da inação de um sujeito que se diz ser o presidente de todos. É sim, está mais que provado que ele é o comandante em chefe das milícias, que ele é o juiz supremo do tribunal do mal, que ele é o representante máximo do nazismo no país, que ele é o guru de todos os acéfalos que habitam esta terra que “em se plantando tudo dá” até mentes perversas como as deste personagem não grata que entrará na nossa história para ir direto para o lixo mais podre e fedido que nela possa existir.

Ali será seu lugar de destaque. O meu grande questionamento é saber onde foi parar a celeridade com que condenaram quem não lhes interessava ter por perto, sem a menor das provas plausíveis, e hoje joga de esconde-esconde com as centenas de provas existentes contra tanta gente que integra a corriola que chafurda na imundice indicada acima.

Onde está esse “povo que braço forte” deveria comandar todo e qualquer processo de mudança no país? Certamente escondido para ver se evita receber as sobras dos ricos e o que vai apodrecendo nos supermercados onde não pode mais entrar, tal a carestia de vida e a sua ínfima capacidade de aquisição. Onde anda aquela juventude que um dia pintou as caras para ir para a rua a ditadura militar, um sistema bem pior, mas próximo, deste que enfrentamos? Será que com a liberdade que conseguiram com o grito forte se transformaram e hoje não reconhecem mais as lutas sociais que é preciso travar para manter a dignidade de um povo trabalhador escravizado?

Brasil, te enganaram! Sim! Os filhos teus fogem à luta sim e preferem as mordomias que lhe prometem a troco do seu suor, mordomias que jamais terão, pois são inalcançáveis, coisas como: um lote no céu, um banquinho junto de algum santo, ou tão simplesmente a cura de algum mal terrestre que nem nele próprios conseguem escapar enquanto viajam de avião próprio para mais perto d ciência que aqui negam.

500 mil pessoas, que só fazem falta aos seus que continuam a ser enganados a olhos abertos, mas não conseguem refletir sobre a origem dessa chama que lhe chega do fundo do quinto dos infernos pelas mãos dos ditos pastores e bispos, seres inescrupulosos em relação aos seus iguais. 500 mil pessoas que colocam, involuntariamente o Brasil na condição de escória, de pária mundial e um imbecil debiloide se imaginando uma grande autoridade: só se for entre ratos e baratas. Tenho fé que a fatura não demore a ser cobrada. O povo merece que essa cobrança seja feita com urgência para impedirmos que mais 500 mil se sigam.

#FORABOLONARO

 

05 JUNHO 2021

ATENÇÃO PROFESSORES INOVADORES!!!

COMO VOCÊ PROFESSOR SERÁ IMPACTADO PELA EDUCAÇÃO 4.0???

 

 

Postei faz poucos minutos um texto no Face que reflete muito bem a expectativas que se estão formando sobre a educação do futuro que tem o título apontado acima.

Quero aqui deixar a minha impressão e modesta opinião a respeito do que ali se tenta vender barato para alcançar o que chamam uma educação de qualidade. Notei algumas ausências entre tudo que foi dito (o autor está ao final da página lá no Face) e por isso fiz a leitura crítica do texto apresentado.

Quando falo em leitura crítica, não imponho a condição de ser esta minha visão a mais acertada, e sequer digo que não concordo com as mudanças que necessariamente terão que chegar, mais tarde ou mais cedo. Não concebo, contudo, que a mudança seja radical e imposta de uma só vez.

A propósito do sentido dessa educação, diz o autor que:

“Educação 4.0” é a minha visão para o futuro da educação, que - responde às necessidades da “indústria 4.0” ou da quarta revolução industrial, onde homem e máquina se alinham para possibilitar novas possibilidades;

Daqui já se depreende que a Educação 4.0 (o quer que ela seja) continua cada vez mais atrelada ao mundo da produção, pois fica clara a sua dependência. No entanto, não nos deixam outra alternativa que acompanhar a evolução das novas tecnologias.

A minha surpresa maior está no fato de, apesar de falar tanto no novo homem para atingir os objetivos que se propõem, jamais se fala no aspecto humanista que a educação deve ter. Resumindo vamos virar robôs.

Segundo o autor a educação de crianças em idade escolar a executivo de negócios - há 4 tendências que se destacam: Sobre a chamada “aprendizagem personalizada”, daqui do meu lugar de fala, apenas visualizo um verdadeiro “jogo do milhão”. Nem todos terão a oportunidade de tentar a sorte e nem todos terão o mesmo nível de conhecimento, ver a bota bem engraxada para chutar certo a resposta que lhe possibilitará a ascensão profissional. Vamos para a pura prática da meritocracia.

O aprendiz terá tantas chances quantas forem precisas para atingir o conhecimento desejado, mas não garantem que esse aprendiz seja remunerado pelo trabalho desenvolvido durante a aprendizagem. Se nunca atingir o “nível de excelência” jamais terá um emprego digno. Vamos aprofundar ainda mais o fosso social

Esta primeira tendência é, curiosamente, contraditória – no meu ponto de vista – pois acima é dito que o aluno aprenderá no chão da fábrica. A pergunta que fica: o professor vai virar operário fabril?

Ainda se pode perguntar: quem vai formar o formador?

A segunda tendência há muito vem sendo utilizada, sua utilização já faz parte de um passado distante – desde a invenção da máquina de calcular – que os nossos alunos não aprendem mais a simples tabuada.

O nosso autor, não me parece estar muito lúcido ao elaborar seus pensamentos, pois nos traz, de imediato mais uma tremenda contradição: primeiro, os computadores farão todo o trabalho, depois a interpretação humana se tornará algo muito importante. Se ele tem razão quando diz que inovar é preciso, perde essa razão ao fazer conjecturas nem que seja na base do achismo e com pressupostos contraditórios.

Mais uma aberração, nesta terceira tendência: Sem as bases cognitivas capazes de permitir aos alunos distinguir entre dois fatores simples do dia-a-dia, como poderão eles escolher entre as ferramentas que necessitam para a complexidade de tarefas que terão que desempenhar? Estaremos caminhando para a implantação de chips em nossas cabeças?

Uma das principais características dessa aprendizagem 4.0 está diretamente imbricada com dependência linguística e isso aqui é demonstrado cabal e inequivocamente ao trazer neste texto, aparentemente despretensioso, a expressão Blended learning no lugar do equivalente na nossa língua pátria Alfabetizado Íbrido.

Mas essa dependência mostra-se ainda mais claramente quando o autor (ou o tradutor) usa a sigla (BYOD)- “bring your own device” - em vez de pedir ao aluno, simplesmente: traga seu próprio material. Este pedido, alias traz para o aluno uma carga financeira negativa, pois precisa, pelo pedido, ter o seu próprio material e as condições de utilização utilizando seus próprios meios. Quem os não tiver, certamente ficara à mercê da péssima vontade governamental/patronal.

Na quarta tendência nova dominação linguística com uma tal Mentoring no lugar da nossa Mentoria. E ainda afirmam que o aluno irá adquirir independência. Uma independência linguística, certamente que não é! Se o nosso aluno já tem enormes dificuldades de entender a sua língua pátria, o que ele vai aprender falando “gringo” e linguagem de máquina? É uma utopia, se analisado do ponto de vista da colocação. Não falo em impossibilidades, mas em limitações, principalmente em números, quantiqualitativos, de utentes das máquinas que exigem o conhecimento de novas linguagens.

O autor versa sobre a aquisição e/ou acesso a essas ferramentas necessárias à evolução que estão desejando e sobre a formação desse novo homem. É vez de eu voltar a perguntar: Quem foi o imbecil que disse que os nossos professores estarão preparados para assumir a responsabilidade formativa desse novo homem, considerando que a maioria deles só viu um PC na montra (vitrine)do Mercantil da cidade Grande?

Precisa saber como e qual vai ser o acesso desse cidadão a essas ferramentas. É por isso que eu digo que é muito utópica esta proposta educacional que, certamente, será jogada de cima para baixo e seja lá um “salve-se quem puder”. A caminho dos oitenta anos ainda não vi tudo.

 E o autor termina como uma horrível citação para o efeito que se deseja, melhorar a educação: “a educação não é apenas encher um balde, mas acender um fogo”.

 

PARA UMA MELHOR COMPREENSÃO DO TEXTO, POR FAVOR LER ARTIGO ORIGINAL E AQUI ANALISADO EM Manuel Pina | Facebook.

 

01 JUNHO 2021

COMO EU LAMENTO

 

Adentramos um dos meses do ano que eu considero dos mais alegres e festeiros, já que mais não seja pelas famosas festas juninas. Pelo écran da memória passam ranchos e marchinhas, fogueiras e namoricos, uma alegra quase sem parar que, por vezes (muitas) se prolongava pelas férias de julho.

 

O mundo, com sua porralouquice não dá voltas, dá cambalhotas e nos coloca numa situação de iminente perigo, trazendo o oposto do que estamos habituados: reclusão, distanciamento, tristeza e até o famoso Pau da bandeira de Barbalha deve, para bem da humanidade, permanecer no campo. Campina Grande e o Maior São João do Mundo terá que se contentar com as recordações de sucessos estrondosos de anos anteriores. Nem Alceu Valença virá cantar da sacada de sua varanda.

 

Vou sentir saudades dos meus tempos de menino, aquele em que se soltavam traques ao longo do caminhar, principalmente ao cruzar com outras pessoas nas ruas. Ninguém mais “vai morrer” nos duelos de espadas de fogo, mas os animais, principalmente os cachorros vão ter um ano de paz, sem o incômodo dos fogos de artifício, a menos que outros cachorros irresponsáveis insistam em perturbar a tranquilidade assustadora que se abate sobre uma população comumente agitada nestas épocas. Existem muitos desses últimos.

 

Preocupo-me mais, não tanto pela falta da alegria dos festejos, mas muito mais pela ausência de reflexão e de respeito pela 460 mil (já passadas) vidas que se foram e não geram, nesta oportunidade. Um momento de aprofundamento do estudo das ações que têm mergulhado a humanidade, não só o Brasil, neste profundo fosso, que quando se pensa que terá chegado ao fundo, se aprofunda cada vez mais. Chega a dar a impressão que estamos naturalizando esse horror que se abateu sobre nós.

 

Muitas pessoas, que parece ignorarem o perigo que as ronda, continuam a pactuar com genocidas que se negam a comprar as vacinas que podem ajudar a minimizar o sofrimento de tantas famílias. Não acredito, do mesmo jeito que não acredito em ignorância total que as leve a não acreditar que podem morrer, pelo menos diante de uma realidade tão clara e evidente. Acredito na pior das conduções de pessoas – feitas gado – através de um discurso disseminador do ódio contra as castas em que estão inclusas as cabeças manipuladas que pedem vingança contra si mesmo. Morrem à fome, no meio da rua ou são fatalmente atingidas por uma bala que infelizmente já tinha o seu nome gravado. Essa população é vítima, principalmente da própria sociedade que dela deveria cuidar. Tal situação me faz lembrar e compreender, cada dia melhor o poema de Berthold Brecht – “O analfabeto político”, já que “... ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões política...”, mas caminha lado a lado, cegamente, quem produz as políticas de extermínio das raças inferiores, nas quais a maioria deles se insere. São verdadeiros leõezinhos que seguem a cadeira e o chicote que lhes rasga a carne, em nome de um fanatismo do qual desconhecem o primado do surgimento e a utopia do desenvolvimento.

 

Como dizia... Era para ser um mês de alegria.

Disse bem, era...

 

27 MAIO 2021

Auto Retrato

Hoje pela manhã, enquanto cumpria as “minhas obrigações domésticas matinais”, às quais se segue uma pequena sessão de exercícios físicos para me manter minimamente em forma, naqueles momentos em que a nossa cabeça parece se esvaziar um pouco, o sol (já quente) das 7 da matina me fez atentar para algo que, intimamente, me surpreendeu.

 

Mais uma vez a mãe natureza me deslumbra, aliás, ela não cessa de me deslumbrar. Desta vez me retratou num pé de planta do quintal aqui de casa. Mais uma das doidices deste velho gagá, pensareis! Que seja!

 

Tal como nós viemos ao mundo, rosados, “frondosos”, parecendo uma bolinha de lã, assim essa árvore aqui chegou. Ela é do tipo que nós conhecemos nesta região por “brinco de ouro”, muito embora eu particularmente preferisse chamar-lhe de “Pérola Dourada”. Bem, seja brinco seja pérola, é uma frutescência amarelinha. redonda feito uma “bila”. Daí a minha tendência para chamar-lhe de pérola. Para ter uma visão dela enquanto nova procure no Google por “Buxinho”. Dava gosto aparar esta ou aquela ponta de ramo que se sobressaía mis, qual ponta de fio em novelo de lã, para manter aquela aparência jovial. Está conosco já deve passar dos 15 anos.

 

                     

Quinze anos fazem “estragos” até nas pessoas que, “soidisants” sabem se cuidar, imaginem numa planta. O tronco foi engrossando e se dividindo, novas ramificações foram surgindo e crescendo de um modo que não dava mais para manter-lhe o aspecto de bola, digamos que a planta se liberou. E, como tudo na vida, foi envelhecendo e eu junto com ela.

         

Na verdade, olhando atentamente e repassando mentalmente o meu percurso, lembro da minha juventude, nos chamados anos dourados quando olho a primeira foto, mas depois de um já longo palmilhar de caminhos os mais diversos, parei diante desta segunda foto e lá estou eu retratado. O vigor, a astúcia, o viço, o destemor, enfim, tudo que um homem pode ter até lá por volta dos 50 ou um pouquinho mais, vai aos poucos se esvaindo. Por último, resta apenas um corpo velho, do qual sobressaem os últimos espasmos de vida, após a missão cumprida de termos educado os filhos, de termos caducado com os netos, que são as novas forma de vida que restam no vaso que um dia nos conteve na plenitude do nosso ser.

              

Tal como a árvore, sempre nos resta um pouco de esperança e um resto de forças para ir mais além, mas tudo tem seus limites. Eu já estou vendo a linha de chegada. Não sei quanto tempo demorarei para chegar lá, pois, de repente, pode aparecer alguma réstea de luz que prolongue a resistência dos galhos novos que garantem por enquanto a sobrevivência.

 

Não! Não estou pensando em morrer agora, apenas estou projetando um devir que é incerto, pois não sabemos quando a rajada de ar vem apagar nossa vela. Feito o balanço, percebo que já estou no vermelho. Tenho apenas quatro anos nesta minha segunda chance. A primeira terminou “com a garantia”, quando meus dois rins pararam. Cheguei a sentir o ar gelado, mas felizmente era apenas o clima da sala de cirurgia onde me foi implantada uma fístula que viria a ser o acesso às minhas veias através de duas agulhas que se transformaram, no início, no meu maior pavor. Sempre tive problemas com objetos perfurocortantes. Para minha “sorte” tenho que passar por esse sistema três vezes na semana, quatro horas ao dia, mas graças a esse processo já lá vão quase quatro anos (faltam dois meses), Hoje, já como agulhas na hora do café, e como salada nas duas refeições mais reforçadas do dia. A tudo a gente se habitua, com algum sofrimento, serenidade e conformação!

 

Espero poder continuar a cuidar da minha plantinha e a ver-me retratado nela, pelo menos por mais uns aninhos.

 

22 MAIO 2021

Condenados

O texto que trago hoje é uma crítica severa ao sistema de informaçã0 divulgado pela internet, principalmente quem não vai muito além do português. Aliás, já o apresentei de forma bastante simples no facebook. Digamos que ali eu ofereço um tira-gosto meio amargo do que está por vir. Digo eu:

A capacidade laboral parece ter derretido na bosta do gado bolsominion. Vejam só: hoje em dia não se encontram mais notícias completas em quase nenhum site; passaram a adotar o sistema das "rachadinhas"! Um pedaço numa página – que por vezes é repetido outras vezes - (o resto é só propaganda) e para leres uma lorota tens que percorrer, assim, trinta a quarenta páginas para ler uma notícia que, em muito dos casos, nada tem a ver com o anunciado. A INTERNET BRASILEIRA ESTÁ UMA MERDA! Parece que estão colocando os estagiários de jornalista para trabalhar.

Também pode ser diagnosticado um "caso de incapacidade intelectual" para gerar conteúdos, já que a maioria das "notícias" são traduções feita pelo google tradutor e não se dão ao trabalho de corrigir, então sai cada bomba que um japonês sentiria vergonha de ouvir um brasileiro/português falar do jeito que está escrito. VERGONHA! Tenho uma proposta:

Só visitar as páginas estritamente necessárias durante uma semana. Creio que eles vão sentir o baque e dar conta do recado. Alguém topa diminuir o fluxo de acessos às besteiras que eles nos tentam vender?

 

Isto posto, trago uma nova proposta (não sei qual será a aceitação de ambas, mas vou arriscar): usemos a internet o menos possível, principalmente para replicar muito besteirol, do qual muito dele é proposital para desviar a nossa atenção de outras coisas mais importantes, por exemplo: a Internet deveria ser um maio de comunicação com regras e punições aos infratores, mas JAMAIS um ente político que e coloca a serviço deste ou daquele outro candidato. Pregoa-se a tão libertária expressão individual, porém, não é a primeira vez que pessoas (muitas) são punidas por exteriorizarem seus pensamentos a respeito de A ou de B. Isso não passa de uma atitude fascista de quem comanda estas tranqueiras de “redes Sociais” que a única coisa que querem é te “tirar o couro” a não importa qual custo.

 

O algoritmo que te ROUBA teus dados foi desenvolvido para que teus passos sejam seguidos, mesmo quando tu não estás conectado. Têm-nos manietados: não podes ter a liberdade ou a curiosidade de ver uma imagem, um produto, por simples gesto de apreciar “de mais perto” que imediatamente a Internet te sufoca com anúncios nos locais mais indesejados, afirmando, desavergonhadamente, que é para facilitar a minha vida. Num bom português questiono: “Porra, nem mais o que eu quero ver me é permitido, sem ter o FDP do espião sobre mim”? Como nos diziam os TITÃS: HOMEM PRIMATA, CAPITALISMO SELVAGEM - 1985 .

 

Por outro lado a hipocrisia impera no reino da Internet, vejam só, anunciam o “controle familiar”, muito legal, mas... é só abrir a internet e o que aparece em primeiro lugar “para chamar a atenção” são cenas no mínimo, pouco adequadas para adultos. Você não precisa ir em busca de site “proibidos”, eles estão ali logo na sua cara com um vidro de óleo de peroba. E a população consome esse merda de modo ávido, enquanto, por trás, a boiada vai fazendo a farra e dizimando aquilo que nós construímos com nossos impostos.

 

Será com muito custo que virarei robô. Mais uma vez trago para exemplificar a música Pink Floyd: (pink floyd - another brick in the wall - YouTube). Não pactuarei, por mais que seja sumariamente expurgado da sociedade, com a exploração de um ser vivente por outro que, regra geral, se pensa mais inteligente que os outros.

A vida não está fácil, principalmente para quem der mole!

Tenhamos consciência!

 

 

15 MAIO 2021

Geração Baby Boomer

Como sou curioso e tenho tempo para não fazer muita coisa, enquanto fazia um passatempo de palavras cruzadas – que adoro – encontrei a palavra “geração” que me despertou o interesse de responder pra mim mesmo uma afirmação que fazemos frequentemente: “Afinal de qual geração eu sou”?

Vocês sabem muito bem que “por dá cá aquela palha” estamos nós a afirmar: “Não se fazem mais homens como na minha geração”. E Isso me preocupou sobremaneira. Parti para a busca e depois de tentar duas ou três formas de colocar a pergunta certa na nossa bengala – o Google – acabei por descobrir, finalmente a que geração pertenço. Hoje se alguém me questionar já tenho elementos concretos para oferecer e orientar o questionador.

A classificação das gerações foi sendo aplicada com o passar dos anos, como é lógico, mas diversos fatores se evidenciaram para o estabelecimento do nome de cada uma dessas gerações. No meu caso, por ter nascido no imediato pós Segunda Grande Guerra, faço parte da Geração Baby Boomer. Mas o que isto significa e qual a justificativa para tal classificação. Vou tentar, em poucas palavras, explicar essa relação tempo/acontecimento/nome.

Sabemos que a humanidade sofreu duas Grandes Guerras, a primeira de 1914 a 1918 e a segunda de 1939 a 1945. Ao final da segunda, o mundo precisou ser praticamente reconstruído. No embalo do desenvolvimento, da reconstrução e da grande oferta de trabalho, a natalidade atingiu patamares até então nunca alcançados, fato a que os americanos deram o nome de Baby Boom – explosão de nascimentos – numa tradução livre, que abrange as pessoas nascidas entre 1946 (o espaço de tempo entre o parto e o fim da guerra) e o ano de 1964.

Nasci em 1949, sou, portanto, um Baby Boomer, e com que orgulho faço parte dessa geração, aquela que curtiu plenamente os Beatles e os Rolling Stones, o Festival Hippie – “If you’re going to San Francisco, be sure to wear some Flowers in your hair ”, de Scott McKenzie. Eita saudades! “There,s a whole generation”!

A “Geração X” já teve momentos mais avançados da musica “nascida” em Frisco com todas as bandas e cantores(as) individuais. Esta é uma geração que coloca em destaque as pessoas nascidas entre 1965 e os anos iniciais da década de 1980. O mundo começava a dar cambalhotas. As coisas e as pessoas dificilmente se mantinham nos mesmos locais. Um povo que nasceu em plena crise financeira mundial e que hoje deve ter algo entre os 26 e os 40 anos. É uma geração definida como um grupo mais diversificado e socialmente liberal do que os nascidos nas gerações anteriores. No plano musical podemos destacar a “Minha eguinha procotó”. Por fim temos a geração Centennials, que é formada pelos jovens que nasceram depois dos anos finais da década de 90, pessoas que terão entre zero (0) e 25 anos. Infelizmente o bom gosto musical foi se perdendo e hoje a musica fala mais em “vou comer sua bundinha”, que em flores, amores, natureza, pureza, como faziam as canções mais antigas. A atualidade implica em receber como resposta à pergunta: “Você sabe quem foi Freddie Mercury”? – Foi algum astronauta? Um rapper? Desconheço!

Claro que jamais podemos generalizar, mas são tempos que não dão liga, não se juntam no mesmo bar para passar um pouco de tempo curtindo a companhia ou a solidão do momento.

E você, está curtindo a sua geração?     

 

11 MAIO 2021

PROFESSORES PELO IMPEACHMENT

 

Minha reflexão de hoje não traz mais que uma solicitação de ajuda mútua que deve partir de todo(a) cidadão(ã)para que o movimento cresça, se torne um verdadeiro tsunami que consiga derrubar quem está no lugar errado, prodigalizando os erros mais crassos da história do Brasil.

Seria interessante que antes de continuar esta leitura acompanhassem esta “live” que, sinceramente, mexeu com os meus sentimentos: https://peticaopublica.com.br/psigned.aspx?pi=BR119061

Ok, podemos perceber que diante do caos sanitário que vivenciamos não podemos, simplesmente, cair na rua e soltar nosso grito que vem ficando entalado na nossa garganta e nos faz sentir incapazes de rasgar umas páginas negras dessa história e reescrever uma menos mortífera que esta que nos está sendo imposta. Seria interessante que as classes sociais representativas de setores importantes na formação de opinião fizessem suas “lives”, recolhessem assinaturas para juntar a estas que lhe trago junto com o meu texto.

Exemplifico: nós os professores, tão sofridos e agora sob a imposição de ministrar aulas sem a devida garantia protecionista da vacinação geral, temos o poder de juntar um grupo significativo não só de profissionais, como de pais de crianças e/ou jovens que nos são dadas para que delas cuidemos e as façamos pessoas boas. Por que não agendamos uma grande “live” e ajudamos a fazer crescer esse número de pessoas insatisfeitas com a atual situação política que o país atravessa e nós, de forma geral, sofremos?

Na minha terra tem um ditado que diz: “quanto mais cabras, mais cabritos”. Não fiquemos na espera que os poderes constituídos chutem o traseiro desse ser intragável, pois eles não o farão, são cobras do mesmo ninho, ressalvadas as boas exceções. É preciso que ele seja de lá sacudido como o foi o Collor. Será preciso empurrá-lo ladeira abaixo. Se em dois anos já matou quase 500 mil irmãos e irmãs, não podemos aguardar até 2022. É urgente tirar da cesta de maçãs sadias, aquela podre que contaminará todas as outras se nela permanecer. Não temos mais tempo. O nosso futuro é hoje e aquilo que deste dia fizermos.

Suplico, em vosso nome/saúde/vida que ajudem a divulgar a PETIÇÃO PÚBLICA para que possamos ter força de executar a ação necessária de tirar esse genocida do poder de um dos países mais lindos do mundo.

Estarei divulgando no Face uma live para professores(as) de qualquer nível de ensino que queiram juntar-se a nós. Precisarei do apoio de alguém com mais conhecimento informático para filtrar as inscrições das pessoas que vão pronunciar-se, com o fim de evitar atritos e indisposições desnecessárias e ao vivo. Vejam um pouco o modelo utilizado pelos artistas.

Eu ainda acredito na possibilidade de um país melhor para nossos filhos e netos. A limitação espacial, neste momento, nos obriga a utilizar este instrumento que pode nos ser muito útil e unir em prol de um bem comum, basta querer e ter coragem de ir à luta. Prefiro morrer lutando que viver o resto da minha vida de joelhos diante de um ser desalmado que impede o acesso do povo ao medicamento que lhe poderá salvar a vida. Lembremos novamente que já estamos perto dos 500.000 (meio milhão) de mortos por incapacidade total tanto de gerenciamento, quanto de empatia de um ser que ri, sarcasticamente, do número de vítimas que já contamos por conta da sua incapacidade.

A luta tem que ser vencida, mas só unidos, juntos, teremos a força capaz de alterar a ordem aqui imposta. Não desejo que essa Petição Pública tenha outro cariz que o de colocar no olho da rua um incompetente. Não quero saber se quem vai assinar é deste ou daquele partido, o partido que temos de apoiar é aquele que salvará nossas vidas, sem cobranças outras que a sua força para podermos derrubar um mandatário sanguinário como fizeram com Sadan Hussein, por exemplo. A divulgação é necessária e a alma do negócio.

Lembrem-se: UNIDOS, SOMOS MAIS!

 

08 MAIO 2021

ARRUMA MAL A TUA CAMA E TERÁS UM SONO NADA TRANQUILO

O povo brasileiro anda às voltas com a problemática que está sendo criada no (des)governo que presentemente nos desassiste. Tramita na Câmara Federal e tem previsão para ser apreciada e votada no dia 14/05/21 a infelicidade em forma de proposta de emenda constitucional número 32 que promete nos conduzir a uma nova monarquia.

O grande alvo desta bomba a efeito retardado são os funcionários públicos (de qualquer um dos três níveis: municipal, estadual e federal). A proposta da PEC32 incluí: acabar com as promoções de qualquer gênero que ainda possam existir; destruir o plano de cargos e carreiras do funcionalismo; terceirizar os postos de trabalho (via concursos temporários) para todas as atividades fins; a precarização do trabalho e implantação de meritocracia, metodologias que têm como fim único dourar a pílula do capital que já está preparado para dar o bote em toda e qualquer repartição que possa gerar lucro. Nesse bote, o (des)governo vai pegar carona e dizer que criou tantos milhões de empregos, mas nenhum dele terá a carteira assinada. A finalidade é criar fatos fantasiosos que deixam o povaréu boquiaberto tal qual como diante de um malabarista ou um ilusionista daqueles de circo de rua, no qual tem sempre um palhaço que faz o tropel desviar sua atenção para os perigos que o ameaçam diuturnamente, bem na cara de pau.

Que mais se pode esperar dessa maldita PEC32?

Compreendamos, primeiramente, que esta ação política é a continuação de outras bombas já aprovadas, como a Reforma da Previdência, a do Teto dos Gastos, a do fim das aposentadorias e das contratações com base na extinta CLT. Podemos apelida-la do Xeque-mate na classe trabalhadora que passará a ser, como propõe o desgovenante deste país azul e amarelo, um empreendedor se quiser garantir um pedaço de pão sobre a mesa na hora da refeição. Usando uma linguagem ainda mais coloquial diria que o desastre vai ser maior que a batida de frente entre dois TGV (Trem de Grande Velocidade). Os primeiros resultados não demoraram a aparecer e já quase todos nós temos conhecimento de alguma pessoa que se suicidou por não conseguir por muito tempo garantir um mínimo capaz de sustentar a família. Infelizmente essa vai ser a tendência no futuro mais imediato que ainda não foi atingido, pois essa realidade nós já a vivenciamos, desde o golpe vil e indecoroso que aplicara na ex Presidenta Dilma.

Alerto aos incautos, que me peitam dizendo: “E aí, quem foi que disse que não ia ter mais concurso”? Concurso para temporário não é concurso, é seleção e, tal como o nome mostra até aos cegos, não passa de uma temporalidade que interessa ao capital, depois levam um chute na bunda sem direito a sequer olhar para trás e ver quem o chutou, pois poderá ter que engolir coisa pior. É um pouco como na natureza: a chuva só dura uma estação, depois outro sol brilhará e quando necessário outras chuvas virão. Mas cuidado com as enchentes, pois podem arrastar as pequenas empresas e junto com elas as possibilidades dessa temporalidade laboral. Muita gente já grita que estamos voltando aos séculos já distantes e eu, com o meu pessimismo, acredito que se não cuidarmos, logo estaremos de volta ao primitivismo.

Bem, mas tudo está perdido? Claro que não! A situação que vos exponho só acontecerá se o povão continuar acomodado como vem até este momento e rindo do palhaço Biroliro, lá no circo da pracinha. Nesta situação devemos pressionar das formas mais diretas e efetivas possíveis os nossos representantes para que eles não aprovem a PEC32. O povo nas ruas (de forma ordenada e mantendo o distanciamento social) carregando cartazes, faixas, bandeiras, - principalmente lá onde possam atingir um político é uma forma de pressão. Por outro lado, você pode enviar um e-mail para o seu deputado (não importa o partido) solicitando que ele não aprove a PEC 32 ou não votará mais nele. Vale acrescentar nesse e-mail, no campo CC (Com Conhecimento), o e-mail de outros políticos de direita para que eles sejam pressionados também. Vamos usar a hashtag #NÃOAPEC32.

É na condição de trabalhador aposentado, preocupado com o mundo que mais dia menos dia deixarei para as novas gerações e preocupado com o futuro que lhes estão reservando que faço este desabafo, que sugiro estas ações que criam um mar calmo e que só cresce para baixo, enquanto lá no meio da calmaria uma ilha de prosperidade atenderá aos donos do capital.

Faça a sua parte! Eu estou fazendo a minha!

#NÃOAPEC32   

 

06 MAIO 2021

QUE VENTOS SÃO ESSES QUE SOPRAM NOS EUA?

Desde os tempos em comecei a entender alguma coisa de política, pouca coisa, por sinal, sempre tive a mesma visão e sempre aguardei por um dia especial, falando a verdade, ainda aguardo. No entanto, sinais começam a aparecer no horizonte que me dizem que talvez brevemente o meu sonho se torne realidade e eu veja os EUA perderem a pose de donos do liberalismo. 

Podem mandar-me apear do cavalo, aceito o conselho, respeito-o, mas mantenho minha esperança. A eleição e as ações até agora praticadas pelo loiro velho (Biden) trazem-nos a esperança de ver enterrado o Estado Mínimo e os EUA começarem a viver menos da exploração alheia, passando para a produção nacional. Os investimentos realizados até agora, na educação, na saúde, principalmente e na postura a favor da quebra de patentes de vacinas são sinais que não podem ser ignorados. Um outro sinal que pode ser deixado de lado é o fato de que, nas últimas décadas, o livro mais lido é aquele do barbudo que eles tanto diziam odiar, o velho Marx, com o seu “O Capital”. Qualquer pesquisa no velho “polvo” nos dá essa informação.

Os plano projetados por Biden em relação à infraestrutura, estima-se, atinjam os 4 trilhões de dólares e essa ação não pode ser classificada como “Estado Mínimo”. Segundo Ioris, Rafael (2021)[1]

Após aprovar um pacote de recuperação da crise da covid-19 de quase US$ 2 trilhões, Biden anunciou na semana passada seu novo plano de investir, ao longo dos próximos dez anos, cerca de 2 novos trilhões em diferentes setores que poderiam ser definidos como de infraestrutura, incluindo, além de estradas e portos, a renovação de escolas, cabeamento de Internet em casas e fazendas, além da promoção de veículos elétricos e maior acesso à energia solar em residências. Como principal forma de custeio de tais medidas, a proposta pretende retornar o percentual de taxação corporativa, reduzida no governo Trump, de 21% para 28%, e impedir a evasão fiscal de empresas offshore.

Logicamente que o empresariado já começou a espernear ante a ameaça de verem sua galinha dos ovos de ouro começar a por menos ovos. Biden não terá uma vida fácil, pois mexer na tributação dos mais ricos não é trabalho fácil nem para os EUA.

Os governos anteriores, podemos falar em Reagan e Bush, como também Clinton criaram um dogma a passaram a chamar de “agenda neoliberal”. Obama, com o seu “Obamacare” e a "calopsita" Trump prometeram reverter os rumos sociais que se vinham instaurando, mas foi Biden que assumiu as modificações necessárias à mudança do sistema governamental,

assim como no que se refere à proteção de setores econômicos internos, com as novas medidas protecionistas implementadas pelo primeiro. Mas é com Biden que há, de fato, a possibilidade de uma efetiva eliminação do mantra neoliberal da lógica governamental norte-americana. 

A questão que eu me coloco, neste momento é esta: qual será o novo modelo de governação que o tio Biden adotará para o seu país? Adivinhações há muitas, mas prefiro ver a carruagem em movimento para saber quem vai nela. De uma coisa eu tenho a certeza, no compasso que vai, a música não vai agradar a muita gente, ou talvez agrade a mais gente do que o que eu estou imaginando. Apenas uma certeza, novos ventos sopram sobre a América. Repito-me: é preciso ver a carroça em movimento. De uma coisa podemos quase ter a certeza, a Bolsonaro ele não vai procurar agradar e isso para os brasileiros é bom, desde que ele, Biden, se limite a dar um chute no traseiro do genocida, mas que se contenha e se contente por aí.

 

[1] IÓRIS, Rafael (2021). Os Estados Unidos podem vir a se tornar o túmulo do neoliberalismo. In: Mudanças de rumos na terra do tio Sam - A TERRA É REDONDA (aterraeredonda.com.br)

 

28 ABRIL 2021

VEGETARIANO

As pessoas vão, aos poucos, fazendo descobertas, algumas verdadeiras pesquisas científicas, sem mesmo saberem o que isso é. No meu caso, só após 28 anos dedicado à pesquisa, obtive o resultado que estava eminente na minha vida e eu não atentei para esse pequeno detalhe que hoje faz toda a diferença.

Comecei, recentemente, a acreditar que os famosos cientistas passam mais tempo a vasculhar a vida alheia que a sua própria: sou o exemplo maior dessa assertiva. Estudei escolas, métodos educacionais, a formação do professor, a história da educação, práticas e teorias da educação (práxis), processos de elaboração de trabalhos científicos e uma carrada mais de assuntos diversos, porém, nunca procurei nada a meu respeito

Durante todo este mês de abril passei a me pesquisar e a me conhecer melhor. Coloquei sobre a mesa de trabalho, as neuras, os maus hábitos, os que sinto de bom em mim mesmo, os progressos e os recuos na vida já longa de 72 anos e, principalmente, o modo de comportamento durante este período final da vida em que dizemos estar na situação de aposentadoria. Comecei os trabalhos a partir de um cronograma que a sanidade mental ainda me permite guardar na cabeça sem ter necessidade de recorrer a um projeto de pesquisa.

Revi, novamente, a história da minha vida, isto é, todo o percurso palmilhado - coisa que já fiz ligeiramente no livro que publiquei (e que pouquíssimas pessoas adquiriram - mal elas sabem o tanto de aprendizagem que ali está contida-). Percebi que muitos retalhos, importantes, deixei ficar para trás, suficientes para escrever outro livro versando sobre a mesma temática, isto é, uma autobiografia.

Como dizia, fiu descobrindo coisas a meu respeito que estavam no limbo, até então. Vejam esta curiosidade: assim, de uma hora para a outra, confirmo que sou VEGETARIANO. Vocês não imaginam a surpresa que senti ao fazer tal descoberta. Isso vai fazer com que pense em concorrer a algum prêmio de literatura científica, quiçá de gastronomia, já que, pelo menos, me considero "um bom garfo"!

O processo de descoberta foi longo e até certo ponto doloroso. Imagine uma pessoa que descobre que daquele tempo em diante passa a vegetar, principalmente obrigado por uma endemia que já vai matando mais de 400 mil brasileiros. Após um longo estudo da personalidade, as conclusões levam à confirmação da tese que me aponta como vegetariano.

As provas estão evidentes: Nascido a 27 de março, sobre o signo de Áries passei de hiperativo a algo parecido com um vegetal que nasce, cresce e morre aprisionado ao mesmo solo. Agora descubro que esse vegetal nasceu sob o signo de Áries. quando você analisa o resultado para extrair da síntese em contraposição da antítese fica fácil perceber que você está em frente a uma tese bastante objetiva: você só pode ser um  VEGETARIANO.

NB: Na falta de algo mais objetivo neste escasso momento entre o almoço e a ida para o tratamento hemodialético, que escreva, pelo menos, uma besteira.

 

15 ABRIL 2021

Tempos pandêmicos

Sobra tempo, falta paciência reflete-se muito, mas esse muito se mistura, confunde, embaralha e as cartas dadas são sempre as mesmas. Tenho visto números de mágica nos quais alguém escolhe uma carta de um baralho, previamente mostrado demonstrando a sua regularidade, e essa carta volta a ser incluída ao acaso no mesmo baralho. Como uma cascata, o baralho é revirado de um só gesto pelo mágico e eis a surpresa: todas as cartas assumiram o valor daquela que a pessoa havia escolhido ao acaso. Recentemente tenho me sentido um pouco esse baralho.

Paro. Penso. Creio ter encontrado algo a que me apegue e me faça aliviar a tensão de já me encontrar em “anentena”. Um suplício! Ainda mesmo antes de iniciar a colocar em prática o pensado, aquilo que ainda não saiu do plano da abstração, uma outra realidade (por mais que temporária) me faz esquecer e postergar o inicialmente pensado. Resta o quê? A velha rotina agravada de mais uma neura, ressentida de mais xeque que a endemia nos impõe e a sensatez nos obriga ao resguardo a fim de não nos tornarmos mais um número, componente da mórbida notícia diariamente anunciada no Jornal Nacional.

Já afundei o piso da minha casa de ´pelo menos um metro. Não há nela lugar algum em que eu não tenha, pelo menos, plantado bananeira. Até o mundo inteiro que nos entra casa a dentro, via internet, está um lixo só: não abra o computador sem antes se desconectar ainda mais do “lá fora”, pois se você abrir a porta a sua casa, a sua mente, a sua tela todo o ser e não ser é invadido de publicidade querendo lhe vender até aquilo que ninguém precisa, mas o vendedor entra, se instala em seus ambientes e se você quiser ver-se livre dele, não o fará sem antes visitar outros coleguinhas dele, mais chatos que o próprio. A endemia apoderou-se, entre outras coisas, da sua vontade. EUREKA!

Descobri o que fazer para dominar essa vontade de sair por esse mundo afora e ir asilar-me numa ilha deserta – vou dormir, talvez o sono me reanime um pouco e eu possa finalmente sentir-me um pouco mais vivo do que o que me tenho sentido nestes últimos 12 meses e picos. Não é boa solução! O volume da TV do vizinho (sofrendo do mesmo mal que eu) está nas alturas! Quando não é a tv é a Radiola que ele desenterrou do sótão da casa e que, engasgada não cessa, não cansa de gritar: “Conceiçãããão”.

Pensei em tornar-me a própria rede Globo, da qual tenho ódio, mas temo alienar-me ainda mais, pois ela, aparenta estar pior que nós: a programação inclui apenas filmes que já quebram durante a apresentação (lembram dos antigos cinemas, nos quais, vez por outra, quase todas as sessões, o filme quebrava e ficava a sala escura e tela branca dando sinais que a lente do projetor estava imunda)... isto para não falar do “Vale a pena ver...” pela enésima vez.

Queria poder voltar no tempo e ficar como que hipnotizado e alheio ao que que circundasse em pleno meio do Estádio de Wembley para escutar tão somente Roger Waters; Syd Barrett; Nick Mason; Richard Wright e insuperável David Gilmour. Reviver aqueles tempos, sabendo o que sei hoje... sei, é pedir muito, mas o planeta terra está clamando para que alguém pise no freio e se dê o tempo de viver e não continuar nesta correria desenfreada em que todos juntos nos perdemos, batendo a cabeça no mesmo muro e sendo incapazes de desviar alguns centímetros e reparar que ali ao lado o espaço está aberto à criação e à liberdade de existência. Que ainda há possível, a quem pensa, usufruir da sensação de ser ele mesmo e não apenas mais “outro tijolo no muro”.

Queria esquecer as teclas deste teclado que não para de bailar diante dos meus olhos já cansados de escrever para não-leitores e poder retornar a uma sala de aula repleta de seres ditos pensantes, mas pensantes naquilo que vão fazer quando saírem dali, mas nem isso posso fazer mais, atingi o ponto em que por mais que você se esforce sempre terá um de cinco dedos apontando para si e lhe gritando silenciosamente: ala a boca, velho babaca”.

Vou fechar a escrita ao som de “SORROW”. É o que me tem restado nestes muitos últimos dias.

 

04 ABRIL 2021

Diferença entre Religião e Espiritualidade
Tenho-o afirmado e, de alguma maneira, vou tentar provar que sou agnóstico. O texto, a seguir, mostra um pouco da minha forma de perceber dois conceitos que se têm debatido ao longo dos séculos e na maioria das vezes são confundidos um com outro ao ponto de tomar um pelo outro e vice-versa, quando não como sendo a mesma coisa. Procuremos encontrar a diferença entre eles e que cada um siga seu destino, com o conceito que adotar.
A religião alimenta a mente; a espiritualidade, a alma!!
As Diferenças entre Religião e Espiritualidade
A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.
A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.
A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: “aprenda com o erro”.
A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.
A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.
A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.
A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.
A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.
A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.
A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.
A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.
A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.
A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

19 MARÇO 2021

A FALTA QUE FAZ UMA REVOLUÇÃO!

De há muito que venho pelejando para que tenhamos, no Brasil, a nossa revolução. Este meu desejo extrapola no tempo o período do governo Lula ver mesmo o do FHC e anteriores.

Armas sempre as tivemos, até com uma certa abundância, malgrado fossem estas antiquadas e sem manutenção. Soldados nós temos, ainda hoje sobrando, e já com uma melhor preparação para a guerra, contudo, falta a esses soldados a coragem de empunhar diariamente a sua “arma”, por mais que seja apenas por uma hora, para procurar novas táticas de ataque. Isto significa, ao meu olhar um pouco mais crítico, que os nossos soldados são preguiçosos ou, no mínimo, acomodados, a tal ponto que, se em meio à batalha lhes faltar munição são incapazes de olhar para o lado e pedir emprestadas meia dúzia de balas ao companheiro que está a seu lado.

Tomando em linha de conta a situação acima exposta é possível dizer que o inimigo toma abundantes doses de whisky 12 anos enquanto nós continuamos a nos contentar com as migalhas que caiem ao chão do fausto banquete que eles realizam.  Mas façamos uma análise, ligeira, dos componentes mais severos desta condição que sofremos.

A educação – aqui compreendida como familiar e escolar – não nos tem oferecido a possibilidade de desenvolvermos o senso crítico necessário ao desenvolvimento intelectivo de qualquer ser humano, pelo contrário, tem-nos domesticado a comer o que eles nos derem e a agradecermos por tão benevolente ação dos senhores do pedaço. Subjugados, espezinhados, tiranizados, torturados, aprisionados e até mesmo mortos “para que sirva de exemplo aos demais”, mas continuamos, como nosso sangue frio, tal como as baratas, só esperamos e somos agradecidos que o tacão da bota do policial/soldado demore um pouquinho mais a nos esmagar feito aquelas baratas que insistem em escapar até ao final sem oferecer resistência.

Povo inculto é um povo dominado. Salve, nesse quesito, o nosso Mestre Paulo Freire que foi, até hoje e por isso está sendo enlameado, o único que tentou fazer com que nossos soldados soubessem o que fazer nessa guerra. Depois dele, muitos estrategistas têm falado de táticas de guerra, mas fazem isso de dentro de seus gabinetes refrigerados, com um(a) ordenança sempre obsequioso(a), pronto a trocar o copo de água gelada e oferecer mais um cafezinho.

Estranhei, desde o momento que por estas terras andei pela primeira vez, a passividade que se registrava nos movimentos estudantis – embora tenha a louvar a ação de alguns estudantes que tiveram coragem de enfrentar o inimigo, tendo inclusive registrado a morte de um dele -, assim como o posicionamento de tendência à diminuição dos prejuízos em vez de luta por melhorias, que os sindicatos manifestavam. O brasileiro sofre da abstinência de teorias e práticas revolucionárias em prol de seu próprio modelo de vida. Se olharmos para a história recente teremos a visão clara da realidade vivenciada. Subjugados durante mais de 500 anos, acomodaram-se sob a incapacidade de um partido de esquerda que, aliás, fez os melhores momentos da existência do país enquanto (in)dependente, em preparar a base sólida que permitirias que duas ou mais gerações aprendessem o que é liberdade, o que são direitos e, principalmente, o que são deveres de verdadeiros cidadãos.

Já na minha Dissertação de Mestrado eu defendia a tese que os Grêmios Estudantis deveriam ser o alicerce da construção a real democracia, pois dali poderiam sair os futuros partícipes e/ou dirigentes dos Sindicatos como legítimos representantes da classe trabalhadora, mas para isso era preciso que que os segundos soubessem encaminhar os primeiros no rumo certo das discussões sociopolíticas que vigiam no país naquele momento como resultado da passividade anterior que se registrava. Mas isso não foi feito, A situação estava tão boa, pois saímos do mapa da fome, o desemprego caiu ao patamar de 4,5%, algo jamais visto, mas a consciência não foi trabalhada. O povo não reconheceu esses resultados como o lucro de uma batalha entre capital e trabalhadores. Agora eles estavam melhor que antes e isso lhes era suficiente. Na primeira oportunidade quebraram (para não dizer um nome bem mais feio) o prato em que comeram.

Então, podemos dizer que de parte a parte ouve uma acomodação que foi maléfica ao país como um todo que hoje está na condição de escravo das grandes potências, depois de ter atingido o 6º lugar na escala mundial. Vale aqui reprisar uma frase que é uma das mais honestas que conheço: “O povo tem o governante que merece”.

Eu deixo aqui uma conclamação a pegar nas nossas armas e irmos para o confronto, pois o saber sempre venceu a ignorância: VAMOS ESTUDAR, VAMOS APRENDER E PRINCIPALMENTE PRATICAR A EXIGÊNCIA DE NOSSOS DIREITOS, NÃO ESQUECENDO NOSSAS OBRIGAÇÕES.

Sei bem que o momento sanitário que está sendo posto ao mundo não permite muitos movimentos de rua, mas no aconchego de sua casa você pode mais tranquilamente empunhar um livro, ver um filme ou comentário e para de ser alienado pelas novelas e pelas fake-news, aprenda (não é difícil) que é a sua cabeça quem deve comandar seu corpo e não a cabeça do seu vizinho que prefere lhe ver morto que maltratado.

Não é à toa que se diz que quem sabe pode.

VAMOS FAZER A NOSSA REVOLUÇÃO!

 

13 MARÇO 2021

Bom dia.

Sábado, 13/03/2021, são 08 horas de uma manhã chuvosa no nosso amado Cariri.

Depois de um anoitecer de hemodiálise, a noite foi bem reconfortante e acordei cedo, estranhando a falta de claridade natural e normal para o horário. Esta situação me fez antecipar o tempo de chuva que deveria estar lá fora. Pela janela percebi que acertara. Caía uma chuva não muito intensa, mas suficiente para animar os agricultores, tenho plena certeza.

Depois de um pequeno almoço ligeiro, resolvi ver as novidades que já se anunciam pela manhã.  Primeira delas, uma live do Dep. Fed. Paulo Pimenta com sua/nossa Rede de Resistência que como sempre nos traz notícias animadoras que nos levam a acreditar cada vez mais na possibilidade de Lula ser candidato e vitorioso lá em 22.

Segui um pouco mais adiante no desenrolar das notícias e fui parar sobre um vídeo veiculado pelo proclamado Presidente da República, José de Abreu, e devo confessar que fiquei assustado.

Não é para menos, logo após o comentário trarei o vídeo em questão. Embora não seja mais uma novidade a afirmação que as milícias estão em franca expansão, preocupa-me a sensação ruim de ver gente que supõe que ganhará o Reino dos Céus ao participar em lavagens cerebrais tão intensas quanto esta que é vista no vídeo em questão. Se olharmos um pouco para o discurso do ódio do nosso ocupante da presidência da república perceberemos facilmente o intensão por trás da sua vontade de armar “a população”: acredito, logo afirmo, que iremos muito em breve enfrentar uma comoção nacional que se tornará uma guerra civil. Não, não é pessimismo, é muito mais um pouco de experiência já vivenciada, da qual não tenho saudades sob o ponto de vista bélico, embora elas existam do lado do conhecimento adquirido, no diferente percebido, do convívio com outros povos, com outras civilizações, costumes, muito embora o preço tenha sido muito alto.

Senti-me, sobremaneira, impotente e indefeso, pois não tenho nem uma fisga para poder fazer frente a esses fanáticos que seguramente vão se abater sobre a gente com instintos homicidas e nós pouco poderemos fazer. Não aprovo o armamento da população geral, pois isso será potencializar a possibilidade de guerra à enésima potência. Viraremos muito mais que uma Venezuela, como diz o acéfalo-mor, e chegaremos perto ou até ultrapassemos o Haiti. Estamos já muito perto, falta apenas um pequeno sopro para que a vela da tranquilidade se apague de vez. O preço, como já revelei é muito caro, mas precisa ser pago e se uma guerra civil for instalada (o estopim já está aceso, pode ainda ser apagado por uma bota ou por um facão, acreditem que as sequelas já estão em nós e demorarão décadas para desaparecerem ou ficarem em patamares minimamente aceitáveis. Veja-se, por exemplo, o que tem acontecido nas ex colônias portuguesas: quarenta e sete anos de fim dos confrontos com o colonizador, mas um mar de sangue, uma crise de pobreza, e uma avalanche de roubalheiras descaradas, às quais não se pode chamar de corrupção, como fazem aqui no Brasil. Lá é roubo mesmo na mão grande.

Temo, para finalizar, que passemos por um estado semelhante ao islâmico, no qual quem tem as armas tudo pode e muito mais. Se eu fosse católico praticante diria “Que só Deus na causa”, mas como sou agnóstico digo: “Só a sabedoria, o conhecimento e as ciências poderão ajudar a resolver este imbróglio que se está armando no Brasil.

Sugiro que sigam o link, analisem o vídeo e que tomem vossas decisões com calma e sabedoria.

"Não vai ser fácil sair do atoleiro que os milicianos evanjegues enfiaram o Brazil...

https://t.co/MNNVw9M2ZO"/Twitter

 

06 MARÇO 2021

O MUNDO ESTÁ LOUCO?

Como costumeiramente, abro a internet e faço minha ronda pelos jornais do mundo para me inteirar do vai aí a fora. Hoje, contudo, percebi uma curiosidade que me deixou fora do prumo. Estamos a 6 de março e sobre o “Le Parisien” vejo esta apelação:

Imagem

 

 

Saí da página correndo com medo das consequências que os loucos estão trazendo para quem, como eu, é pacifista e amigo da liberdade individual e coletiva. O porte de arma é uma restrição para qualquer cidadão que se digne portar esse título. Quem porta armas é bandido (deixando claro que este meu conceito não é uma generalização), inimigo de alguém ou de todo mundo. Estamos perdidos.

Estou convencido que ainda desconhecemos muito da história e desenvolvimento do planeta terra: passo a acreditar que, por eras, a terra se autodestruirá para depois renascer das cinzas, feita a Fênix. Não nos falta mais nada que voltarmos ao velho oeste americano do passado século XIX e nos confrontarmos em duelos, ao meio dia, no centro da rua principal do lugar, onde um dos dois precisa morrer. Isto até que chegue o tempo da escuridão, da vida nas cavernas, até atingirmos a vida unicelular e recomeçarmos tudo de novo.

Para que tal aconteça não falta muito. Indiretamente estamos propondo e aceitando o extermínio geral e para tanto não basta a endemia, “eu” quero matar meu desafeto, pois por meu julgamento ele não merece viver: “Pum”... já era.

Nessa mesma França onde estão aparecendo esses anúncios, tem um vegetal chamado “alho porro”. Na própria Europa, chamar alguém de alho porro é a mesma coisa que chama-lo de demente, de cabeça oca, doido e, principalmente, incapaz de fazer qualquer coisa de útil a si mesmo ou à humanidade. O mundo está ficando cheio desses tipos de criaturas. Logo esse mundo, apodrecerá como acontece com o vegetal. Lamentemos, enquanto podemos e temos tempo, que a humanidade tenha chegado a este ponto, mas repito-me, creio que estamos começando o fim de um ciclo e contra isso nada podemos fazer que ir nos matando uns aos outros, com ou sem armas.

 

09 FEVEREIRO 2021

O TEMPO QUE O TEMPO QUER

Jamais voltarei a usar a expressão no “meu tempo”. Não, não é ser radical, extremista ou algo parecido, é perceber a realidade circundante que só agora, em plena pandemia, deu para encontrar esse fator determinante em nossas vidas a0 qual chamamos tempo.

O tempo não, o tempo não está, o tempo, simplesmente passa. Nessa nova visão do fator fundamental em que se desenvolve a vida do ser humano, o tempo só pode ser dividido, para efeitos didáticos, uma vez que o tempo é algo abstrato e subjetivo em duas partes completamente distintas sob qualquer aspecto que se queiram analisar: passado e futuro.

Nas nossas gerações aprendemos que o tempo de dividia em três partes: passado, presente e futuro – nesse tempo não se pensava à velocidade que se pensa hoje e muito menos se aprendia com tantra informação como o existente no nossos dias. Esta é uma experiência que acabo de ter no meu passado mais próximo, ou seja, agora mesmo. Imediatamente deixei esse pensamento no passado e o futuro me mostra que estou bem perto de atingir a velocidade necessária para acompanhar a carruagem que, como professor, pensava dirigir. Hoje sinto que enquanto dirijo sou dirigido e que me resta pouco tempo para pensar no passado, tal a pressa do futuro.

Faço meu ato de contrição e ao olhar para o meu passado percebo que, a bem da verdade, eu fui muito egoísta tentando durante muito tempo tentando fazer os outros à minha imagem, quantas vezes sem levar em consideração a posição do outro. Mas não quero, mais uma vez sozinho a culpa por esse pecado, pois na verdade, todos trilhamos o mesmo caminho que tinha como base a auto afirmação e a ilusão da sapiência ante a ignorância dos outros.

Mesmo me culpando de tantos erros cometidos não posso deixar de me reconhecer como uno e diferente de quase todos os outros mais que comigo dividiam a tarefa de “ensinar os outros”. Por que desse “quase todos os outros”? Alguns acreditaram que eu tinha uma visão distinta do ato de “ensinagem” da maioria do grupo encarregado dessa tarefa. Percebo, hoje, que quando eu apontava para uma escola que caminha para o futuro andando de costas, não estava muito da realidade que hoje está consumada graças a um mal terrível que se abateu sobre a humanidade. Como diz um antiquíssimo ditado “Há males que vêm para o bem”. A nós só falta agora aprender as lições que o mal nos está mostrando e retirar delas as respectivas conclusões que já em seguida serão passado. Por isso a frase “O futuro é agora” nunca esteve tão condizente com a verdade vivenciada.

Precisamos aprender a captar as informações necessárias naquele momento e não nos preocuparmos tanto com o que virá a acontecer, no próximo passado, com essas mesmas informações.

Creio que por agora posso parar por aqui esta análise com a seguinte informação: “Saber não é tão importante. Fazer é necessário”, pois acredito que o futuro será feito de momentos perecíveis.

“Um dia o homem aprendeu a fazer a roda, no outro dia a máquina produzia milhares de rodas para o homem, logo seu saber não tinha mais tanto valor”. MF

 

02 FEVEREIRO 2021

Uma crônica que diz muito de mim mesmo em relação aos outros, principalmente. 

Escutem este poeta e sintam, comigo, a emoção que ele nos transmite.

https://www.youtube.com/watch?v=qqWK_9UJv4I

 

28 JANEIRO 2021

ALGUÉM ME TRAGA UM CALMANTE!

Não sou monge, sequer tenho sangue de barata, mas me acredito dotado de certa dose de paciência para analisar alguns casos mais raros, além disso tenho um pavio curto pronto para explodir de imediato até quase perder estas mãos e a mente que acendem o pavio. Acredito que a ocasião faz o mau cidadão, não esquecendo que a inversa é tão verdadeira quanto. Por fim, sou defensor do politicamente incorreto.

Não esqueçamos, creio que estamos longe de esquecer, os mais de 220 mil mortos por um vírus que podia ser medianamente controlado, até se encontrar a fórmula definitiva de domínio dessa fera agressiva à saúde e vida humana.

Os dados estatísticos medidos através da contagem real de corpos caídos no campo dos mártires da pandemia SARS COV 2 e enterrados a golpes de escavadeira mecânica não me permitem permanecer mais em silêncio  quando o assunto toca frontalmente a minha área de atuação profissional, ao mesmo tempo que se aproxima perigosamente de elementos da minha família. Apesar de ser idoso, na fase chamada de alta vulnerabilidade, sou responsável por uma jovem neta que do alto dos seus 15 anos pode muito bem se transformar no carrasco involuntário que porá fim a nossas vidas de avós, caso a escola insista em abrir suas portas e iniciar o ano letivo nas atuais condições pandêmicas, com aulas presenciais. Essa preocupação me levou a agir.

Em conversa com a diretora[1] da escola, aquela que minha neta frequenta, coloquei, como se diz na gíria, o dedo na venta da diretora e desfiei o meu rosário de perguntas e dúvidas em busca de respostas para a situação que vão criar ao dar início ao período letivo. Entre as questões destaquei a situação do ano letivo de 2020 que, a meu entender não atendeu a 20% do conteúdo e da aprendizagem devida que os estudantes deviam adquirir. Causou-me estranheza a afirmação de um “intensivão”, a toque de caixa, para recuperar o tempo que foi perdido – já que nossos professores trabalharam as matérias pelo método remoto. Quase desmaio! Vi ali a justificativa para o pagamento a que fomos submetidos, mesmo com os estudantes em casa – ou na rua, o que é bem pior – recebendo “o saber” de forma monocromática, sem poder questionar ou tirar suas dúvidas a respeito de algum assunto não completamente entendido – faltando aquele “olho no olho” entre os partícipes do processo de aprendizagem.

Quando perguntei quais as medidas de proteção estavam sendo tomadas pela escola para garantir a minimização da possibilidade de contágio recebi como resposta que estava sendo executada a proposta governamental. Se eu fosse um kamikaze e estivesse armadilhado, teria explodido tudo naquela hora. Felizmente não estava.

A experiência recente do fracasso estrondoso do ENEM parece não ter ensinado nada aos farejadores do capital alheio. A educação remota ficou ali comprovado, é um fracasso. A abstenção de 55,4% dos inscritos não foi fazer a prova. Isto deve provocar uma profunda análise dos encarregados (não os reconheço como ministro, secretário ou outros cargos mais) do MEC, caso eles tivessem competência para tanto, mas é ser muito exigente formular tal postulado.

O governo do Estado ainda não se manifestou a respeito da sua posição em favor da reabertura das escolas agora em Fevereiro. O governador parece ter-se alienado e está desmontando peça por peça a boa construção que vinha fazendo no posto que ocupa. Estou pensando em entrar com uma medida cautelar para proteger a minha família contra o risco de ser prejudicado pela doença que possa ser transmitida pela nossa neta (de forma involuntária), por frequentar as aulas presencias e, por não concordar com a abertura das escolas numa das piores crises da covid 19. O governo tem o direito de tentar me proteger e não me enviar direto para o buraco de sete palmos.

Por fim, quero aqui deixar registrado o meu maior desgosto de pertencer a uma classe social tão alienada e subjugada como esta que segue o berrante e é tocada como gado. Torço, contra minha vontade, para que o capim acabe rápido, pois talvez sem ele, a turba caia na real.

 

[1] Deixo de citar a escola e a diretora por questões éticas  e não ter em mim o espirito vingativo da difamação.

 

25 JANEIRO 2021

A cada doido, seu manicômio.

Não faço questão que me chamem do que quiserem desde que consigam abrir os olhos e vejam a realidade que enfrentamos. Terminou hoje (25/01/21) a prova do ENEM com uma abstenção de 55,3%. Ah! A pandemia! Não é justificativa suficiente. Queria eu que o presidente do INEP tivesse “aquilo roxo”, como já falou um de nossos presidenes, para divulgar os resultados obtidos pelos que fizeram a prova, isto é, 44,7% dos inscritos.

Sou obrigado a reconhecer que este tipo de dirigente que insiste em fazer uma prova em plena chegada da segunda onda da Covid 19 e depois de os candidatos terem apenas 30 dias de aula, ou algo parecido, no ano de 2020, dizia que sou obrigado a quem faz uma proposta dessas é teimoso feito maus cabeçudo dos muares. Vale salientar que este reconhecimento não se dá apenas pelo passado, mas, e principalmente, pela proposta de INSISTIR em refazer a prova apenas um mês depois desta demonstração que o povo ama mais a vida que o ensino remoto, híbrido e/ou apenas a distância.  É preciso não ter nada mais que vento dentro da caixa craniana, para ter esse posicionamento e ir além, querendo recomeçar as aulas presenciais sem que estejam estabelecidas condições de segurança máxima contra a enorme possibilidade de infecção pela pandemia instalada no mundo.

São tão testas duras que não conseguem ver além do próprio umbigo e não reconhecerem que não podem cometer os erros que outros países (França, Itália e Inglaterra) que teimaram em reabrir as escolas antes dessa garantia que eu desejo que se alcance e que já foram obrigados a fechá-las novamente. Recordo que discussão temática com companheiros de labuta, fui disfarçadamente chamado de incrédulo e de cabeça dura por afirmar que a meu entender não se devem recomeçar as aulas presenciais, tão rápido assim. Enfim, fiz a minha defesa de uma educação inclusiva e de alta qualidade – coisa que não interessa a muita gente, começando pelos políticos e terminando em quantidade generosa de professores. Adaptando um velhinho ditado direi a quem quiser ouvir: “É melhor perder um ano (ou mais) na vida, do que perder a vida em um ano ou pouco menos”.

Não tenho mais filhos em idade escolar, mas tenho netos e dentre eles sou responsável pela educação um. Fiz a matrícula, para não perder a vaga, mas avisei que o estudante não frequentaria aulas presenciais enquanto se mantivesse este estado sanitário e que estou disposto a recorrer à justiça para ter meus direitos reconhecidos. Sei que vou enfrentar moinhos de vento, feito o Dom Quixote, mas não abandonarei a luta pela segurança e a saúde dos que me são queridos e de seus coleguinhas.

Deixo um recado expresso, claro e bem objetivo para o nosso governador – Camilo Santana – que insiste em reabrir as escolas: “Sr. Governador, com todo respeito que nos merece, devo declarar-me um forte opositor à sua caminhada política se o Sr. insistir nessa loucura”. Não sou ninguém de importante, nem tenho outra arma que a minha cabeça, velha de 72 anos e uma formação acadêmica que me permitem pensar e refletir nos meus e nos erros dos outros. Depois disso tenho a força da minha voz para proclamar onde for e de que forma for o crime que o Sr. perpetrará se abrir as escolas sem todas as melhores condições.

Deixo aos meus amigos e minhas amigas o desafio de enfrentarmos essa chacina que querem praticar. Unamos nossas vozes e, da melhor forma que pudermos façamos entender a quem de direito qual é A NOSSA VONTADE.

 

12 dezembro 2020

Tem gente de olho em mim.

Bem sei que muita gente já deve ter imaginado o quão agoniante deve ser a morte e não há razões para menos. Quem nunca teve aproximações com ela sequer imagina o cruel diálogo que se estabelece entre os dois “contendores” – o que quer levar e aquele que resiste em ficar.

Ontem, 11/12/20 tive uma experiência das mais tenebrosas que já oportunizei. Primeiro, ou em “brincadeiras anteriores”, várias vezes cheguei a sentir o seu sopro através das balas e morteiros (nome bem condizente, afinal) que passavam raspando meu corpo, durante a guerra dos 14 anos, nas províncias portuguesas de Angola, na Guiné e de Moçambique.

Depois, em diversos acidentes automobilísticos ou de trabalho. Tive a visão da Dama de preto se aproximando ou enquanto parecia voar para ela a bordo de velhos tecos-tecos. Uma experiência marcante foi a sua visão golpeando as águas do Rio Sena, na distante Soissons – Norte da França - tentando me atingir, mas ontem... ah! Ontem até o sabor lhe senti.

Dormitava um pouco antes do almoço – não se trata de malandrice, mas tão simplesmente pela falta do que fazer durante a pandemia que estamos sofrendo, procurarmos um encosto e o sono vem provocado pela moleza que se abate sobre o ser habituado a estar sempre “bulindo” e de repente o que de mais prazeroso encontra é a famosa espreguiçadeira onde, preguiçosamente, se deita e acaba sendo vencido pelo balançado provocado pela aragem.

Fui acordado pelas palavras de minhas filhas que estavam chegando para me ver. Posso garantir que acordei feliz e fiquei sentado na rede mesmo, pois elas sabem que a minha saúde, embora não inspire cuidados de maior – mesmo sendo grandes – não me permite grandes esforços. Mas foi preciso levantar para mostrar uma ideia que acabara de ter (construir uma pequena piscina para nos refrescarmos durante este eterno verão que vivemos aqui na nossa região, onde as temperaturas são, invariavelmente, altas independentemente do mês/estação do ano).

Foi nessa hora que eu tive a sensação que alguém me cortava a respiração. Puxei o ar com as forças que podia e tinha. Em retorno tive uma tosse que parecia querer arrancar os meus pulmões. A cada minuto que passava ficavam menos espaçados os movimentos respiratórios em busca de ar que se tornavam cada vez menos escassos. Um dos meus genros, que é médico e estava no portão conversando com o vizinho, acorreu, procurou saber o que eu estava sentido e eu só consegui articular “falta de ar”. Minha filha, enfermeira, pediu-me que relaxasse o máximo e tentasse manter a calma. Enquanto isso telefonou para clínica em que faço tratamento e pediram para que fosse socorrido imediatamente. Assim aconteceu.

De minha casa até a clínica não dá um quilômetro e meio, mas o movimento é aquele do centro de uma cidade, numa sexta-feira, em pleno fim de manhã. E o ar continuava a faltar com maior intensidade. Finalmente chegamos. Enquanto o médico atravessava o hospital de uma ponta a outra, lá estava eu vendo aquelas mãos preta de unhas compridas se aproximarem de mim. Pela necessidade do uso da máscara, em virtude do alto risco de contágio pelo vírus da covid-19 (o hospital é, na cidade, referência no tratamento) lá estava eu a antepor mais uma barreira ao ar que já chegava pouco. Essa necessidade, para mim, era quase como ser obrigado a colocar o pé por sobre a cabeça da pessoa que se afoga. Cada vez tinha mais dificuldade em respirar. A angústia só aumentava até que por fim escutei o médico me dizer: “Não é nada! Passa em cinco minutos”! Enquanto eu apontava para o cilindro de oxigênio, pensava: “Eu não vou durar isso tudo”! Ligaram-me um ar condicionado na cara, pois eu já transpirava feito a tampa de uma chaleira, inquieto, ansioso e desesperado, pois via as coisas acontecerem em ritmo calmo e moderado e eu não tinha mais nem capacidade de refletir que é preciso um certo empo para efetivar o trabalho do conjunto de “instrumentos” que realiza a hemodiálise.

As “meninas” queriam ajudar, balançavam o que encontrassem à mão para me facilitar a chegada forçada do ar. A essa hora a máscara já tinha tomado o destino da calcinha em noite de núpcias.

O médico me disse em tom bonachão: “Calma ‘seu Manel’, isso é só água no pulmão”. Pensei para comigo “sou um assassino, querendo afogar alguém dentro de mim”. A essa altura, quando tentava falar só saía tosse. Apontei para o cilindro de oxigênio e o doutor repetiu: “Não é preciso! E não é por economia, é que assim que fores ligado à máquina o teu desespero acaba, por que a melhora é imediata, verás”! Nisto já estava sentado na cadeira e nem dei conta das agulhas entrando no meu braço, Só sentia, cada vez maior, a falta do ar. O técnico, Cristiano, me disse: “Flamenguista (ele também é) quando eu terminar de falar que já estás melhorando, sentirás que tudo começa a vir ao normal. Não acreditas num torcedor do teu clube”? De fato, quando ele se calou eu senti o ar começando a entrar livremente no meu peito e embora ainda não fosse o paraíso, senti que estava chegando ao fim do túnel que me levava para as planícies encravadas nos Alpes Suíços. Sentia a frescura do ar puro montanhoso. 

Foram quatro horas de tratamento, nas quais me sentia a cada minuto que passava atingir uma melhor condição. Foi um tempo em que percebi claramente a “cavernosa” bater em retirada, cabeça baixa e as roupas começando a arder ao se aproximar do fogo do inferno.

Quando cheguei na clínica passei, obrigatoriamente, pela balança e percebi que estava com um quilo e cem gramas acima do que, para efeito de tratamento, chamam de peso seco, lembrando que nessa tarde de quarta feira iria para as agulhas – como nós nos referimos à hemodiálise. Para ser considerado um bom paciente, você precisa seguir algumas regras, até em seu benefício próprio. Uma dessas regras indica que entre duas sessões de diálise não é recomendável aumentar o peso seco em mais de um quilo a um quilo e meio. Pois eu estava, naquele momento com 71,1kg.

A surpresa, no entanto, veio no final do procedimento e voltei à balança para aferir o peso, 68,5kg. Foi quase como sair dos Pesos Pesados, para os pesos Médios em poucas horas, parecia que iria voar. Claro que depois veio a rebordosa por parte do médico. Mas que me importava se estava de volta ao mundo dos aparentemente saudáveis. Escutei, agradeci e voltei à vida. Sei que em seguida, pela retirada brusca do peso, vão chegar as dores terríveis das câimbras, o que não é nada agradável, mas a vida continua.

Finalizo dizendo que não é nada bom a pessoa se sentir morrer, assim num instante, mesmo quando você se considera em boa forma. Confirmo que ela é negra e que o fio da sua gadanha parece ter o brilho do raio laser.

Cuidem-se! Apesar de tudo ainda vale a pena viver!

 

 

 

21 novembro 2020

Refletindo sobre um ser superior

Temos tido tempo suficiente para pensar e refletir sobre tudo e, principalmente, sobre a existência de que usufruímos.  

 

Entre os nossos pensares não estão, entretanto, alguns dos causadores das maiores divergências no mundo e têm ficado à margem do debate mais sério no seio desta nossa sociedade. Vez por outra surpreendo-me a pensar no que seria este mundo se as religiões, todas em absoluto, não existissem e que apenas tivéssemos a possibilidade de cada qual crer naquilo que julgasse ser o melhor para si, como, por exemplo, o decidir a quantidade de água que vai beber durante o dia. O que seria deste mundo?

 

Um primeiro ganho, a nível mundial, seria a diminuição da hipocrisia. Evitavam-se muitas guerras, lutas tribais e até assassinatos individuais por conta das “diferenças nas formas de querer ser mais que o outro”. Se pararmos para contar os “ismos” que existem e podem ser incluídos no tema Religião acabamos nos perdendo, ficamos sem acreditar em nenhum deles, pois embora cada um queira ser mais “salvador” que o outro ainda nenhum deles deu conta aos demais membros do que acontece a quem parte deste plano e ruma ao desconhecido, ao qual chamam ora de céu, ora de inferno – e ainda consta na relação de endereços de destino final o tal do purgatório, para onde vão aqueles que não fizeram mal a ninguém, mas não se comportaram devidamente, segundo as regras de sua religião. Traduzindo, as seitas não conseguem sair do paganismo endeusado.

 

Pior que as diferenças que se relem, tais dois polos iguais do imã, são as técnicas desenvolvidas (quase cientificamente) para extrair do próximo aquilo que ele tem e se torna objeto de desejo de todos os “hábeis” pastores no direcionamento do seu rebanho, e é mola propulsora no modelo de gerenciamento do mundo a quem damos o codinome de capitalismo.

 

A chamada besta fera assume, para grande maioria dos religiosos, a forma de um homem com rabo e chifres, portando um tridente com o qual vai pegando aqueles que fazem por ir para o inferno. Não desejo privar quem quer que seja de pensar da forma que julgar mais conveniente para si, mas para mim, que escrevo estas palavras meio loucas, aos olhos de alguns (muitos), o grande inimigo de todos os homens, crentes ou descrentes, de uma ou de todas as religiões possíveis e imaginárias, só pode ter uma forma muito, mas muito distinta dessas que aparecem em ilustrações ilusórias que tentam nos convencer a fazer o que os outros querem; e essa forma é bem menos complicada, menos colorida, não porta nenhuma ferramenta para nos pegar, aliás, somos nós quem a desejamos a qualquer custo e por ela tiramos a vida do nosso semelhante, se necessário for, essa forma é bem simples de representar e todo mundo, do analfabeto ao mais letrado, do mais ao menos religioso, a entende e respeita, basta você saber o que significa este símbolo ($). Esse símbolo é a besta fera que, por incrível que pareça, cria todas as religiões, comanda todas as tropas, dirige todos os países e nos manobra a seu belo prazer com a nossa maior aprovação.

 

Vivemos na expectativa de que dias melhores possam surgir. Já escuto isso desde que comecei a entender as palavras ditas e escritas, mas a cada vez que penso nisso repito para mim mesmo que nesse tempo é que era bom, que éramos felizes e não sabíamos. Hoje, quando já faço parte do clube dos selecionados para uma derradeira viagem, paro para pensar em tamanhas idiotices que se cometem em nome da tal religião e não consigo sossegar meu íntimo, pois atento para o quanto fui egoísta, para quão “religioso” fui, ao ponto de relaxar o meu próprio ser, sendo agora obrigado a pagar aqui no inferno, o preço dessa minha postura. A condição em que me encontro corrobora o meu pensar.

 

O homo sapiens, na verdade, não passa de um homo jegues que não consegue ir além da construção da própria destruição. Em todas as religiões nas quais os homo jegues encontram seus mais variados deuses, até por conveniência própria, ainda não descobriram que o único ser superior que temos se chama Mãe Terra, aquela que nos fez, viu nascer e um dia nos recolherá de volta ao seu seio para terminarmos nosso ciclo nesta dimensão.

 

Ciente que vou criar algumas polêmicas (não pela minha importância neste plano) vou arriscar sugerir às novas gerações que abominem todas as demais religiões e apenas respeitem as emanações da Mãe Terra. Escutem-na, da mesma forma que atentam para as palavras do pastor. Ela vos fornecerá todas as pistas para que sejais seres de luz própria e brilho cintilante, sem necessidade de explorarem uns aos outros na menor das oportunidades. Deixareis de ser egoístas e tereis um paraíso azul para vos proporcionar a tranquilidade necessária ao transcurso de uma passagem de alegria e felicidade por este plano.

 

Dois terços da minha vida eu passei sem seguir nenhuma religião outra que aquela que os sinais da Mãe Terra me enviava. Sosseguei minha alma, aprendi a fazer o bem e a reconhecer o erro. Aprendi muito analisando as brigas das religiões e hoje deixo aqui este depoimento que espero possa servir de reflexão para muita gente. Não carece que concordem com minhas ideias, ninguém conseguirá fazer a unanimidade, basta que reflitam e deixem de se assassinar uns aos outros por motivos fúteis e que cada um possa ter a liberdade de ser o que ele quiser.

 

17 NOVEMBRO 2020

Revendo meus conceitos na sociedade atual

"SINTO MUITO" 

A nossa palavrinha mágica de hoje é, na verdade, uma expressão que num primeiro olhar parece bem comportada merecedora de toda a nossa atenção: “Sinto muito”! Pergunto já de caras, quem nunca “sentiu muito” por algo que tenha acontecido: um simples encontrão (na rua ao dobrar uma esquina, por exemplo); “sentiu muito” por ter derramado um pouco de café no vestido mais caro da dama que está ao seu lado; “sentiu muito” porque alguém da família do seu interlocutor faleceu (por mais que você não conhecesse nem um nem o outro).

Numa primeira abordagem do assunto, a expressão parece muito comportada e tradutora de um sentimento real de que somos tomados diante de algumas circunstâncias, porém, lá vem o danado do porém, se prestarmos bem atenção perceberemos que nem sempre isso é verdade, pois traduz muito mais uma hipocrisia que um real sentimento de pesar, de agonia ou mesmo de arrependimento.

Uma curiosidade: conheço três expressões, em línguas diferentes que vão me ajudar a entender melhor o significado do nosso tema. Por exemplo: na Inglaterra um seco “sorry” resolve muitas paradas quando lhe atribuem o significado de “estou triste pelo que aconteceu”, vejam como eles são econômicos nas palavras. Meus amigos franceses, por sua vez, também são econômicos na expressão “desólé” que pode ser traduzida desde uma simples desculpe, ou uma expressão mais completa: “desculpe-me se lhe prejudiquei” e a nossa “sentimos muito”.  Repare que muitas vezes não sentimos nada, mas afirmamos sentir muito.

Essas diferenças de significado e de interpretação dependem muito da base social em que ela é utilizada. Se a sociedade tem a respeitar as igualdades, a expressão assume um caráter de igualdade entre quem “sente” e o “sentido”. No entanto, numa sociedade que não dá valor à igualdades, como esta em que nós vivemos a expressão esconde um algo mais profundo, não na questão dos sentimentos, mas no exercício do poder de uma classe sobre outra menos favorecida. Assim um “sinto muito” na nossa sociedade esconde um, “(mas não posso fazer nada, te vira, dá teus pinotes, não tenho nada a ver com o peixe)”.

Precisamos, contudo, entender que nas outras línguas as versões do nosso “sinto muito” encerram um fim em si mesmas, enquanto nós ficamos de ambos os lados na expectativa de ver qual dos dois oponentes vai sair como mais poderoso, quem é o mais forte e irá vencer essa briga de foice no escuro. Se eu trato meu vizinho como quero que ele me trate, tenho que entender que há uma igualdade que nos submete ao mesmo sentimento, mas quando o meu ego é prepotente, se alguém esbarra em mim e me diz “sinto muito” normalmente a minha má educação exige que eu retruque com um, pelo menos, “preste atenção por onde anda”, para não passar por mal educado, sendo que na verdade estou sendo mais grosso que uma porta.

Ora, esse posicionamento não contribui para a elevação da qualidade das relações sociais, nos torna cada vez mais individualistas e pode até mesmo nos colocar na mira de um 3oitão. O incrível é nos apercebermos que mesmo querendo ser educadinhos, respeitos, nos colocar em pé de igualdade temos menos êxito que aquele que, grosseirão, comete a falta e ainda reclama: “Porra, não vê por onde anda, parece que está no mundo da lua!”.

Pode parecer mentira, mas a reflexão sobre estas expressões (ainda não terminei!) vai, aos poucos, nos fazendo mudar certas atitudes que podem evitar maiores males.

Esperemos uma próxima!

 

12 NOVEMBRO 2020

FAZ FAVOR

Hoje vou prosseguir como a minha revisão de conceitos, aqueles específicos que se escondem sob a capa de “palavrinhas mágicas”, que demonstram uma boa educação familiar, ou não. A bola da vez éo famoso “Faz Favor”. No entanto, antes de continuara com a minha análise, creio ser de bom agrado tentar mostrar que essas expressões nem sempre representam a sua face verdadeira face que, muitas vezes, se escondem sob uma capa de inofensivas e tradutoras desse esmero educacional que nós mesmos, os professores, estamos sempre a recomendar a nossos alunos. Assim, o grau de penetração social de algumas dessas construções semânticas pode apresentar-se como pífio, insignificante, Na realidade, se bem observadas, essas nossas palavrinhas mágicas esconde um autoritarismo disfarçado em boa educação, ou de um sentido vazio de maior profundidade.

 

O nosso “conceito” de hoje, o “faz favor”, deve nos representar tal qual um cartão de vistas, como uma pessoa bem educada, gentil e respeitosa, porém, sob essa falsa “educação esmerada” pode estar escondido o seu oposto, isto é, um autoritarismo disfarçado, algo como: “estou lhe obrigando a fazer algo, pelo qual fico obrigado a lhe retribuir, um dia, de qualquer forma, para pagar esse favor”. Acontece que em boa parte das vezes quem recebe o favor esquece muito ligeiro que um dia foi servido. Diria, pois, que o “faz favor” trata-se de um conceito esvaziado do sentido que normalmente se lhe empresta.

 

Além de tudo o já dito, o “faz favor” pode ser interpretado em sua significação como um aviso ao próximo, até mesmo como uma ameaça. Um exemplo pode perceber-se na frase: “por favor, faça isto (uma qualquer ação ou serviço) ou poderá vir a ter problemas”. Mesmo sabendo que essa expressão representa na maioria das vezes um benefício para quem recebe o tal “favor há, ainda, a entonação vocal como a frase é pronunciada: um tom suave e quase implorante (aquele que normalmente nos toca mais profundamente e nos induz a praticar uma ação em favor de outra pessoa; aquele que faz as outras pessoas acreditarem na nossa necessidade, carência da prestação de um serviço); um tom arrogante, quase humilhante, que lhe mostra a “força de seu oponente”, uma imposição para a prática de algo que você não desejaria fazer, mas contingencialmente fará para não enfrentar a fúria do oponente (pode ser um chefe, um patrão, um ignorante ou alguém que se imagina superior a você).

 

Podemos então concluir, mais uma vez, que nem sempre as palavras utilizadas e que pressupõem um determinado significado, assumem esse significado que a generalidade lhe empresta gratuitamente. Tenho por hábito dizer que sou muito apegado às palavras, pois na condição de português que um dia teve a oportunidade de estudar um pouquinho mais que o normal (isto é, um pouco mais que a maioria dos brasileiros que se dizem utentes da Língua Portuguesa), sei perfeitamente que uma palavra, dependendo do contexto, pode ter várias significações. O mesmo acontece com as expressões orais.

 

Aproveito para esclarecer que além do “faz favor” há forma orais muito semelhantes, mas que representam melhor as especificidades que fui apresentando. Assim, é possível, escutar as expressões: “é favor”, “se faz favor”, ou simplesmente, “favor”. Para esta última, mais curta, podemos dar como exemplo: “favor não encostar no vidro”.

 

Bem, vamos aprendendo e seguindo.

 

A próxima expressão é a nossa conhecida “sinto muito”.

 

09 NOVEMBRO 2020

Revendo meus conceitos na sociedade atual - 2

Continuando com uma pequena série de analises (por mais superficiais que sejam, muita gente não atenta para o seu significado e implicações, como foi o caso do “desculpa”).

Não tenho retorno algum que não seja a quantidade de acessos que a página tem, após a publicação de mais um texto, seja ele de que espécie for. Neste caso, a julgar pelos números (225 visitas em três dias) acredito que tenha despertado a curiosidade de boa gente. Seguindo a mesma regra e continuando a ter por base o texto de Gabriel COHN, vou tentar construir, desconstruindo e reconstruindo o conceito de grande uso que afirma que “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, mesmo tendo plena consciência que esse ditado que assumiu uma identidade própria é registrado como Manda quem pode, quem não pode obedece”. Temos uma aparente igualdade de sentidos, mas as palavras, sempre elas, nos ajudam a, por vezes, reverter sentidos mais objetivos..

 

Iniciemos pela fórmula de Cohn. Não se trata de nenhum postulado filosófico, mas tem mais poder socialmente impregnado nas pessoas que muitos desses tais postulados. Essa sentença foi elaborada pela própria sociedade face aos desmandos observados ao longo do passar dos tempos e das reações próprias de quem se imagina superior aos outros e usa dessa superioridade para atirar na lama da vida quem ousar se intrometer entre eles e o sucesso que querem a qualquer custo. Sentindo o peso d pimba de boi, o pobre construiu esse frase para avisar aos desavisados que o “negócio” é obedecer para livrar seu couro. Portanto esse ditado, ou bordão foi socialmente gerado nas relações entre os poderosos e os mais empobrecido (ver mesmo escravos) e acabou por ser socialmente aceite e transmitido de geração em geração, legitimando o poder de quem tem mais posses sobre quem tem menos.

 

Uma sentença, aparentemente vazia, dita de forma zombeteira, mas que traz no seu bojo uma triste realidade para a sociedade atual segredos ocultos que detêm eficácia social, por mais informal que possa parecer, acabou assumindo o papel de regra social aceitável por todo o mundo. Afinal, já se dizia que “quem pode, pode, quem não pode se sacode”!

 

A próxima frase a ser trabalhada é o “Faz favor”.

Até lá!

06 NOVEMBRO 2020

Revendo meus conceitos na sociedade atual

 

Recordo bem meus dias de preparador (passo a recusar ter sido “formador” de professores) de pessoas para o desempenho da profissão de professor que, infelizmente, hoje está em desuso e em fase de extinção. Temos, portanto a primeira mudança de conceito de formador (rejeito formalmente a ideia de um parceiro com quem tenho uma troca de ideias aberta e respeitosa, que quer chamar a esse processo de “formatação”), pois formar ou formatar são tempos e modos diferentes do mesmo processo.

 

Mas dizia eu que vou começar a rever meus conceitos e esse anterior não é meu, como não são meus os que a seguir apresentarei. São muitos e por isso creio que terei que escrever um pequeno texto para justificar cada uma das mudanças de conceito. Mas comecemos por mais um esclarecimento: sempre reclamei que a atual juventude não aprendeu as “palavrinhas mágicas” e exigia que meus educandos as utilizassem e fizessem com que seus alunos as usassem de igual modo, numa tentativa de “humanizar” os relacionamentos interpessoais que se travam no dia-a-dia.

 

Desconhecia, por minha culpa face à falta de reflexão, as relações que se podem estabelecer entre essas “palavrinhas” e o significado que elas podem assumir na atual sociedade. Digamos que na minha geração elas eram “de bom gosto” e sinônimo de “educação familiar”. Esqueci que entre esses dois pontos espaço temporais houve uma evolução social e o léxico passou a ter nova significância. Foi preciso ler o excelente texto do Prof. COHN, Gabriel. Difícil República. (CHON é professor emérito da FFLCH da USP) – publicado no site www.aterraéredonda.com para começar a refletir nos conceitos que vinha mantendo como imutáveis e sinônimos de pertencimento a uma categoria que acreditava em extinção.

 

Para que tenhamos uma percepção do significado que hoje se atribui a cada uma dessas palavrinhas mágicas e podermos reformar completamente os nossos conceitos, sigamos a pista que Cohn nos aponta para uma delas: “desculpa”. No tempo em que construí esse conceito sentia-me aliviado perante a pessoa a quem pedia desculpas por algo errado que tivesse dito ou feito (por mais involuntário que o ato tivesse sido praticado, ou a palavra proferida). Pedir desculpas era, naquele tempo, uma demonstração de arrependimento por parte de quem as pedias e, normalmente a aceitação de quem as recebia significava que o possível problema estava sanado e que não restavam mágoas a esse respeito. Assunto encerrado. Há que ressaltar, entretanto, que por aqueles tempos, reinava um sistema de igualdade social, pelo menos entre as classes mais baixas, nas quais “o termo desculpa, à primeira vista parece a coisa mais inofensiva...”, mas na atual conjuntura esse termo “é na verdade uma bomba verbal de efeito retardado” (GOHN, 2020). Onde podemos atrelar a diferença do termo ao longo dos tempos e nas diferentes sociedades? Vou tentar criar uma parábola para mostrar a diferença (desculpem o atrevimento, mas vou compara o termo/palavra desculpa com a pedra de David utilizada contra Golias) a pedra depois de atirada, não tem retorno, a palavra dita não pode recolhê-la, voltar atrás. Com a pedra, David matou Golias com a palavra “desculpa” o mais elevado representante da nação tentou reverter a ideia passada que os maranhenses são todos gays. A desculpa serve e presta-se à impunidade, à ofensa aceita, ao crime perdoado. Quem não se lembra do ministro que Lorenzotti foi acusado de cometer crime de caixa dois, mas segundo a aceitação do então ministro da justiça “o rato de Maringá” mais conhecido como Sérgio Mouro, sempre “tão justo e severo em seus julgamentos” aceitou as “desculpas” do já nomeado ministro e tudo ficou entre amigos.

 

Qual vai ser no meu entendimento, a mudança de conceito: a assunção do dito/escrito e responder em todas as instâncias pelo ato praticado ou fala proferida sem jamais pedir desculpas, pois, em última análise, você corre até risco de vida ao formular tal pedido. Assim corre a nossa Nova Normalidade Social.

 

Podemos afirmar, com Cohn, que numa sociedade tipificada pelo padrão e prática da desculpa, a responsabilidade e a honestidade passam ao largo do desejável para a garantia da democracia. Volto a recomendar a leitura completa do artigo de Cohn, cuja localização é indicada neste meu texto.

 

No próximo ponto e vista analisarei outro conceito muito usado entre nós.

 

27 OUTUBRO 2020

Hoje, um dia normal como outro qualquer, parei. Sentei no ponto mais alto que encontrei e olhei ao redor. Tudo está igual a ontem, a anteontem, ao ano passado, aos séculos revolvidos. Estranheza.

 

Com a cabeça entre as mãos e os cotovelos apoiados nos joelhos permaneci estático por um tempo que não sei quantificar. Duas gotas de água caíram sobre mim me atingindo em pleno na cabeça. Ainda há pouco o sol raiava por entre algumas nuvens e agora a chuva que começa a cair. Ou o tempo mudou muito rapidamente, ou eu passei muito tempo ali sem me dar conta disso. Mas retirando a chuva que chegava de longe, tudo permanecia igual. Tentei para de pensar simplesmente e passar a filosofar.

 

Escuto as pessoas e entendo entre as formas diversas de dizer que o mundo está mudado; penso para mim mesmo que precisaria questionar essa afirmação. Por isso subi o morro para ver. A visão foi bisonha. Depois do susto inicial a sensação que algo nesta história estava errado, muito embora houvesse, sim, mudanças a registrar, a mudança estava mais em mim que no mundo. Sou eu, somos nós quem muda o mudo, sem a nossa presença, o mundo seria outro. Alguém já afirmou que se retirassem o ser humano do planeta terra, em cinqüenta anos ele estaria recuperado e teria assumido a forma inicial e natural que lhe é própria, muito embora esta minha afirmação contrarie o artigo do eminente Frank Fenner (2010), “O fim da humanidade é inevitável” – que você poderá acessar no link https://www.bbc.com/portuguese/geral-53722883 - no qual ele afirma que a terra levaria milhares de anos para se recuperar das feridas causadas pelo ser humano.

 

Basta que lá do alto do morro você se questione: acolá onde antes florescia uma mata deslumbrante, hoje tenho um conjunto arquitetônico de cimento armado que muito mais me lembra uma prisão que uma residência de pessoas ditas livres.

 

Por entre os telhados, coisa que mais vejo, pois estou num plano mais elevado, percebo o serpentear do esqueleto, descarnado daquilo outrora foi um rio de águas cristalinas nascidas nas fontes da serra, que hoje, infelizmente, estão em via de extinção.

 

De toda essa beleza ficou um pífio canal que sofre, ele, os castigos que o rio, vez por outra quer aplicar aos humanóides que se imaginaram poder contê-lo entre duas paredes mal construídas de pedra e cimento.

 

Cadê o mercado que existia ali logo na descida do bairro mais alto da cidade, por esse tempo? Por onde anda nosso homem do campo? Será que não há mais homens, ou não há mais campo?

 

Olho mais além e sinto em mim crescer uma raiva interior pela ganância infame dos homens políticos que criaram uma estátua que não tem muito a ver com o lugar onde foi implantada depois que as motosserras, os tratores e a “patrol” fizeram a limpeza de uma mata nativa para ali erguerem um bloco de cimento que faz a alegria de poucos e a ira de muitos, nem tanto pela representatividade, mas pelo aquecimento que trouxe para a região, a invasão de turistas mal educados que sujam nosso restinho de mata com os dejetos que poderiam guardar para jogar no local certo.

 

Chego rápido a uma conclusão: o mundo não está mudando – nós estamos mudados. Quem como eu viveu os anos 50, e até antes, sabe que as novas gerações que foram surgindo tinham comportamentos completamente diferenciados do nosso. Não eram melhores nem piores, eram somente diferentes. Essa diferença fez as mudanças que hoje sentimos com muita pena e neste ritmo, razão tem Fenner: o mundo vai acabar, só não podemos dizer quando.

 

E eu aqui à toa!

 

15 OUTUBRO 2020

 

  

 

Hoje é um dia que gostaria de celebrar, ter à minha volta muitos amigos, poder dançar e cantar dar salvas ao sistema governativo que tão bem deveria dirigir nossa nação e seu sistema educativo, pois afinal é ele quem comanda e desmanda os destinos da educação.

Dia Do Professor. Há muito que essa “tradição” se vem perdendo na poeira das rusgas políticas que mais levantam pó que ideias capazes de elevar o nível da nação. Ainda em pleno exercício, lembro-me agora, o dia do professor era marcado por um singelo: “Feliz Dia do professor” que um ou outro colega de trabalho nos dirigia nesse dia, mas a pergunta persiste até hoje: o que há para festejar, mesmo?

Não falo da pandemia que atrevidamente nos obriga a ficar prisioneiros de nós mesmos. Embora não seja agradável a situação, sempre pode ser agravada por notícias que são divulgadas a conta gotas, notícias que consolidam e outras que são desmentidas ou retificadas dias depois, gerando em cada qual uma angústia sobre o porvir. São bastantes claras as palavras do mandatário mor: “um dos males que assolam a nação, são os professores”. Conversa mais descabida não conhecia, principalmente quando nos acusam de marajás e sabemos do sofrimento que todos nós temos ao fim do dinheiro e o fim do mês ainda não se avista ao virar da noite, de muitas noites.

Quantos de nós não temos que dobrar e até mesmo triplicar o trabalho para tentar alcançar uma vida um pouquinho mais digna? Nós sofríamos, mas mesmo assim, conseguíamos um pontinha de felicidade que ora nos arrebatam na maior desfaçatez e cara de pau: - “O professor vai trabalhar menos, de dentro de sua casa e no aconchego dos seus, sem riscos nos deslocamentos, nem ter que carregar o peso dos livros didáticos e os trabalhos (quantas vezes uma ruma de cadernos de alunos para corrigir trabalhos) passando as noites tranquilamente no ambiente familiar”.

Lindas palavras que nos deixam cada dia mais angustiados, pois a tal da Educação Remota, ou Híbrida como também lhes querem chamar, será, na verdade, mais uma alegação justificativa para nos diminuírem o salário ou para que não tenhamos aumento da verba que precisamos para fazer frente à mentirosa inflação declarada por esse grupo de ladrões que se juntaram em quadrilha para arrasar com o país em benefício próprio.

E quem foi que disse que a educação remota, à distância ou semipresencial dá menos trabalho que a presencial?! Até hoje (uns dias atrás) o professor(a) não tinha tempo para dedicar aos seus de uma forma mais efetiva a não ser no curto espaço de tempo que lhe é concedido a título de férias – mesmo assim arrumam uns tais de encontros pedagógicos para que os professores não possam pensar na sua real situação. Com a tal da educação remota o professor não só terá mais trabalho pois precisará preparar suas aulas através de máquinas loucas que nos deixam alienados e isso durante as férias,

Depois, não faltará quem apareça para criticar os conteúdos que o professor preparar e a forma como ele faz a exposição dos mesmos. Bem que há tempos se fala que a profissão de Professor está em rápidas vias de extinção, ainda mais com a tal da teoria “doutrinação”, pela qual o professor deverá apenas ensinar aos alunos aquilo que o ministério indicar. Perdemos a autonomia de ministrar os conteúdos de forma crítica, levando os alunos a questionar não só o sistema em si, mas tudo em sua vida. Essa nossa postura incomoda que deseja que o povo seja apena adestrado para servir cegamente seu “Senhor e os devidos Capitães do Mato, de chibata nas mãos para açoitar aquele(s) que ousar desafiar o sistema implantado. Regredimos para o século XVI. Basta você olhar por perto e já notará as Casas Grandes e os escravos na labuta.

O brasileiro é mal formado socialmente desde a sua colonização, mas a culpa não é só dos colonizadores, melhor diria que a culpa é maior dos colonizados que dos colonizadores que há mais de 500 anos se foram. Os colonizados, se reclamam tanto da colonização, por que não fazem diferente? Apenas por serem sem vergonha e não terem coragem de tonarem as rédeas de suas vidas nas mãos e traçar um caminho diferente. São, infelizmente, péssimos imitadores. Pagam o preço de sua tacanhez com o assalto aos bolsos daqueles que, com honestidade e suor trabalham para lhes encher os bornais que carregam nos lombos de seus irmãos.

Todos os países foram tomados por um povo que se assenhoreou e desenvolveu, não esqueçamos que no início dos tempos os homens eram nômades e que séculos depois se foram tornando sedentários. Todos progrediram, cada um a sua maneira. O Brasil, infelizmente, enquanto nação, nasceu com a cara voltada para as costas, só sabe andar para trás.

Digam-me agora, amigos meus, se depois de quinhentos anos de “liberdade” retrocedemos no mínimo outros tantos, o que temos para festejar? A existência escravagista que nos querem impor? A focinheira e a albarda que nos querem colocar? O deus que nos rouba cada centavo que temos e até nossos cartões de crédito e vive em um monte de “igrejas” que só tende a crescer?

Salve o dia do Professor!

Faça da tristeza sua alegria!

Assuma a sua pobreza, mas não venda sua honra traduzida pelo seu Título de Eleitor.

Você que crê, respeite seu Deus que nada mais lhe pede que fidelidade.

 

11 OUTUBRO 2020

Para que você entenda.

Muitos de nós nos queixamos (e com razão!) de estarmos na idade do Com Dor. É sofrência que não tem fim e só faz aumentar. Pensando nisso, trago-lhes hoje um breve estudo comparativo entre o nosso corpo e um caminhão da Mercedes-Benz. Digamos que é uma forma jocosa de comparar “nosso chassi” (o nosso esqueleto) com aquele do velho caminhão que já range por todos os lados.

Então, inicialmente quero que se sinta bem à vontade e confortavelmente instalado a bordo de um Mercedes (neste caso um carro top de linha e de fabricação deste ano). Está bom aí, não é verdade? Passemos de ambiente e vou coloca-lo dentro de um caminhão, da mesma marca, nas idênticas condições de ano de fabricação. Reconheçamos que não é exatamente a mesma coisa, mas temos que levar em consideração os fins a que se destinam os dois “monstros”. Finalmente, vou convida-los a fazer uma curta viagem de 30km num velho Mercedes L-1319 modelo exportação (para os isteites) fabricado nos anos 1990.

O que você vai sentir nesta viagem pode ser classificado como desconforto. A carroceria parece que a qualquer momento vai soltar-se do chassi e ficar pelo caminho. As molas (ou que delas ainda resta inteiro) mais parece um inicio de ensaio dos tambores do grupo Olodum, naquele momento em que que vão se organizando e apertado e testando o som dos instrumentos, que outro som mais agradável. A pampa do compartimento do motor só falta abrir-se e vir bater com força desproporcional no para-brisas. As rodas dianteiras já “olham” uma para cada lado, dando assim maior prejuízo ao dono que não suporta mais ter que comprar tanto pneu. Dos amortecedores nem adianta falar, pois só resta mesmo “o endereço” onde um dia eles estiveram em plena forma. Os vidros batem mais dentro das calhas que o coração dentro do peito de um bandido fugindo da polícia. A caixa de câmbio só funciona na porrada e depois de diversas tentativas de desembrear o brutamontes. A alavanca das marchas, antes justinha, dava gosto manobrar, hoje você joga ela para um lado e para o outro, para frente e para trás e a única coisa que escuta é aquele “ reeeeeeque” das engrenagens da caixa de marcha comendo mais um pouco os dentes uma da outra. A poeira dentro da cabine torna a visibilidade menor o pior dia de nevoeiro no inverno. Seus pulmões sofrem e o calor quase lhe sufoca.

Nada agradável! Não é mesmo?!

Agora me diga quantas vezes já ficou surpreso com a flexibilidade corporal de algumas crianças e jovens seres humanos que nos dão a sensação de seres eles feitos de pura borracha flexível. Você já parou para pensar como seria bom se todos tivéssemos essa capacidade elástica de ser? No entanto, o que acontece na maioria das vezes é que comecemos – com o passar dos anos, e por vezes não são precisos muitos – a nos aproximarmos da realidade do Mercedes L1319. Nós chamamos, normalmente, a essa situação, o enfrentamento da idade do “Com Dor”, numa alusão, suponho comparativa a outros animais mais fortes, potentes e agueis do tipo leão, raposa, tigre, cavalo etc., até nos comparamos ao Condor. Dizemos vulgarmente que estamos com dor aqui, com dor ali... vocês conhecem a história, pois como é mais velha que a do judas fazendo suas necessidades no deserto.

Pois bem, o nosso monobloco também ele sofre com o tempo e com o trato que lhe damos. Se não podemos dizer que todos os L1319 estão em péssimo estado, também é verdade que entre nós há que se mantenha “novinho” até bastante tarde na idade. Mas, sempre existe um mas... a maioria sofre graves desgastes e sofre por defeitos de mau uso. A carcaça pode até nem estar tão mal tratada, normalmente o que mais sofre é a infraestrutura. Assim, de repente um dos pneus fica mais travado que o outro e os nossos pés nos causam problemas ao caminhar. As dobradiças ou endurecem ou perdem a sua função principal e lá ficamos nós com problemas nos joelhos que podem nos levar a ter que usar um equipamento auxiliar chamado cadeira de rodas. O motor, coitado, tem horas que não sabe mais qual ritmo manter – se acelerado, se baixa rotação – até que um dia corre o risco de apagar, seja por falta de combustível, ou porque os pistons enferrujaram pela presença de tanta água (ardente) misturada ao óleo lubrificante (sangue). Nossos faróis, muitas vezes, mesmo perante a constante mudança de lentes, já não conseguem iluminar, nem ao perto nem ao longe – algumas vezes escurecem para sempre. Nossos sensores, de tanto rock pauleira terem escutado no mais alto volume, começam a dar sinal de cansaço e, por vezes, até mesmo de falência total. A peça que mais nos diferencia do Mercedes L1319 podemos chama-la de computador de piolho. Maquina sensível ao tratamento e à manutenção que lhe é dispensada. Por vezes algum vírus mais terrível apaga o setor zero do disco rígido e lá se foi a nossa memória. Outras vezes, uma queda, uma pancada certeira de um taco de beisebol ou algo semelhante pode danificar as molas de sustentação da placa mãe e lá ficamos nós mais perdidos que doidos fora do manicômio.

Em verdade somos uma máquina mais complexa que um simples ou até o mais sofisticado equipamento que possamos usar no nosso dia a dia. Para que você entenda o que nos suporta e dá condições de manter a lataria com aspecto de conservação, convido-o(a) a assistir este filminho de pouco mais de um minuto para que possa refletir sobre o seu estado de conservação.

Cuide-se!

https://www.youtube.com/watch?v=fh31pQMB218&t=25s

 

19 SETEMBRO 2020

Revendo velhos pecados

Hoje, revendo velhos rabiscos deixados soltos no meu computador encontrei este texto que ainda diz bem do meu pensar e refletir a prática pedagógica. Assim, escrevia eu para apresentar na Semana da Pedagogia do ano de 2015: Eu tentarei trazer para este local a análise que venho fazendo sobre o Grupo de Estudo ao qual, por questões didáticas e de adequação a um referencial, passarei a chamar, neste específico, de Círculo de Estudo.

 

A experiência desenvolvida com estudantes e outros professores (tanto da IES como da Educação Básica) tem se mostrado produtora de bons frutos, pelo menos na questão da teorização das práticas. Cabe então destacar desde já a diferença entre teorização das práticas e práticas da teorização: o ponto de partida é inverso. Na primeira há a reflexão sobre o concreto vivido, experimentado, praticado, no qual é possível haver tanto acertos quanto erros; na segunda há uma prática do refletido abstratamente, na qual o erro não é tão bem aceito, pois já se deve conhecer o “modus operandi” necessário ao sucesso, segundo tal teorização/teórico. Um ponto de vista, dirão uns, mas eu retruco dizendo que é exatamente a vista de um ponto que tem merecido a minha atenção nos últimos anos.

 

A minha obstinação me tem conduzido a afirmar a incapacidade do nosso curso em formar docentes capazes de agir transformadoramente na educação de base que aí está sendo oferecida ao povo brasileiro. Não quero aqui discutir quem são os interessados em manter essa situação, pois acredito que todos já estamos cansados de saber quem são e que continuar a bater em ferro frio não processa alteração alguma. Digamos que, com base no afirmado no parágrafo anterior, eu seja bem mais pragmático do que aquilo que muita gente imagina e que por tal motivo resolva, agora, investir na discussão da minha visão sobre esse ponto que, tende a mostrar a falha que existe motivada por uma falta de diálogo/discussão daquilo que deveria nos aproximar/unir que é a qualidade do curso que oferecemos. Discutir a formação docente com os estudantes permite-nos perceber falhas entre nós, formadores, que podem ser resolvidas, ou pelo menos minimizadas, com a realização de um “Círculo de Estudos”, permanente, que nos envolva na discussão dos pontos mais críticos que forem sendo levantados.

 

Diz-nos Pacheco (para voltarmos ao tema deste texto) que na sua prática “A solidariedade do círculo de estudos permitiu transformar a acumulação de insucessos numa gramática de mudança” (2008, p.49). Ora, considerando esta assertiva como provocação para o início das nossas ponderações, venho lançar o desafio de, entre nós docente/formadores, criarmos o hábito de nos encontrarmos, mensalmente, para debatermos ponto a ponto, ou dentro de um cronograma preestabelecido, a realidade que vivenciamos no nosso curso; de criarmos o nosso “Circulo de Estudos” que não deverá passar pela leitura deste ou daquele autor/doutrinador, mas que deverá permitir que a nossa prática seja por nós mesmos avaliada com o objetivo de se realizarem as adequações que a nossa criticidade nos apontar como produtoras de melhorias na qualidade geral do nosso curso.

 

É uma discussão que há muito vem sendo cogitada, apontada como necessária, mas jamais praticada, mesmo diante de uma realidade que tende a nos furar os olhos. Curiosamente, solicitamos de nossos estudantes que procedam a uma auto avaliação, mas em quase quinze anos que aqui pratico a docência nunca percebi um momento em que, de modo geral, esse procedimento tenha sido praticado entre nós. Creio que não há mais como adiar. A sociedade está em permanente evolução, mas nós teimamos em continuar a exercer nosso fazer “como nossos pais” – apenas para dar um toque musical a esta reflexão.

 

No período de trabalho que aqui venho desenvolvendo minhas atividades também

[...] aferi o discurso de professores pelas suas práticas. Foi-me permitido concluir ser hoje mais difícil que há alguns anos romper uma reflexão sobre a prática que está cada vez mais viciada por lugares-comuns e uma retórica herdada da formação de modelo clássico (transmissivo, académico, ou o que lhe quisermos chamar). Pude aperceber-me, directamente, em situação de sala-de-aula, de que esse discurso não disfarçava o conservadorismo da prática (PACHECO, 2008, p.49)

 

Por outras palavras, o discurso não tem sido condizente com a prática e isso marca, sobremaneira, a formação dos futuros docentes que introjetam a máxima “façam o que eu digo, não façam o que eu faço”.

 

Qual é o nosso projeto (se é que temos um!) para a formação docente, ou nos atemos tão simplesmente às diretrizes emanadas do poder central que não vislumbra mais que a sua permanência na crista da onda do status quo? Até que ponto a nossa acomodação - em não fazer essa discussão necessária - nos deixa perceber que o modelo que praticamos já sofre da erosão do tempo e se encontra em fase terminal na UTI da sociedade moderna?

 

Para atingirmos tal estágio de conscientização precisamos despir-nos de orgulhos inflamados, descermos de nossos pedestais de cristal, abrirmos as portas de nossas fortalezas, resistirmos à tentação de calçar nossos saltos altos para que melhor possamos perceber a angústia que acomete boa parte dos estudantes que ainda pretendem dedicar-se ao magistério.

 

O desafio está lançado.

Contem-se, os interessados em aceita-lo!

Um... 

 

Referência:

PACHECO, José. Escola da Ponte: Formação e transformação em educação. S. Paulo: Vozes, 2008.

 

10 SETEMBRO 2020

“Gato escaldado...”!

Era uma vez... Poderia começar esta crônica dessa velha e surrada forma que não cometeria nenhum crime, posto que o acontecimento que a embasa se passou nos idos 1992.

E por que ir, agora, buscar algo já tão velho? Porque a história se repete como tragédia ou como farsa. No nosso caso, que apresentarei a seguir, acredito que ela possa repetir-se pelos dois motivos, pela farsa que nos levará a uma tragédia. Destaco, então o governo Collor de Melo que naquele ano citado nos alijou de nossas parcas poupanças e dinheiros outros depositados em bancos.

Corre pela internet e verificado se comprovou que não é totalmente FakeNews, que a partir de amanhã (11/09/2020) os bancos serão fechados até ao dia 21/09/2020. Podendo esse limite esticar-se até ao dia 30/09/2020. Mas como desgraça pouca é bobagem, o dito Sr. Juiz Corregedor Arbitro Internacional Oscar Aníbal Chiappano nos traz mais algumas “boas novas”! Podem verificar em (https://youtu.be/nCYXi9XML.r8).

Não só os bancos fecharão para implantar um sistema financeiro chamado de SFQ (sistema financeiro quântico #gesara #nasara), como: a internet poderá ser suspensa; as linhas telefônicas (acredito que ele esteja falando das móveis); todas as TVS sairão do ar; o sinal do satélite militar será quem dará as coordenadas necessárias a quem de direito, certamente.  

Vamos ao caso: De um louco posso esperar tudo: isso e muito mais. Esse programa #gesara, após rápida pesquisa, mostrou-se verdadeiro, mas não há nele indicação alguma de quando isso poderá acontecer. A informação que o Juiz Corregedor indica que poderá ir até 31/09/2020 (– sim, ele indica esse dia, escute bem na parte final) é, portanto uma meia FakeNews.

Pelo que fiquei sabendo, (pesquisei no próprio Youtube) esse programa destina-se a proceder a uma divisão mais equitativa do dinheiro, para favorecer os menos abonados, logicamente. Pareceu-me um programa de alguma igreja. Veja este post: https://www.facebook.com/ajudahumanitariaa/posts/1693603780675982. Poderá ler entre outras “novas” que: “O FUTURO SERÁ INACREDITÁVEL, COMPLETO; NOSSAS VIDAS VÃO EVOLUIR IMENSAMENTE”.

Eu costumo desconfiar quando a esmola é grande demais. O outro, citado lá no início, dizia-se caçador de marajás para ajudar “o povo”. Deu-nos um tremendo calote. Agora andam alardeando a tal da #gesara, mas ainda coloco mais algumas dúvidas: este ano é ano de eleições aqui e na América, onde se diz que tal programa nasceu. Nos dois países, os déspotas querem se reeleger para prolongarem suas tiranias. Aí fica a perguntas: será que eles vão implantar tal programa visando a reeleição?

O tiro, se se efetivar a ameaça, poderá sair pela culatra, por esse motivo não acredito muito que a obra chegue ao fim pelo risco de desmoronamento eminente. Mas volto a repetir, da cabeça de dois loucos nunca se sabe o pode sair. Eu estou levantando a lebre, se alguém estiver armado (como quer o nosso troglodita) e estiver com coragem, que mande chumbo para vermos como ela se comporta.

Se amanhã os bancos amanhecerem fechados teremos uma resposta. Não falta muito para ter uma visão mais clara do que está por acontecer.

Vejam o canal Youtube de Carlos Bispo. Venham lá esses Fundos de Prosperidade. Mas cuidado não venha algum galáctico já habitante da terra vos surrupiar a grana que vocês têm guardada nas poupanças. Não estou afirmando nada, mas nada nego. Como diz o velho ditado: “Sou que nem cego – só vou vendo”, e eu já vi uma vez. Outro ditado diz que “gato escaldado, de água fria tem medo”!

Miau!

 

02 AGOSTO 2020

CONSTRUIR PONTES, DERRUBAR BARREIRAS

 

Desta vez trarei um verdadeiro ponto de vista e com esta afirmação não nega em nada os anteriores, simplesmente o que for trazendo ao longo de dezoito ou mais semanas será o resultado de ume discussão realizada através de vídeo conferências com outros educadores, que me manifestarão seus olhares, pensares e agires sobre diversas temáticas no interior construído e a construir no campo da educação infantil, principalmente, através das novas “políticas", educacionais que estão sendo implementadas pelo ministério da educação (não estranhem as iniciais minúsculas, é proposital).

Terça ferira, 04/08/2020 estaremos iniciando as nossas reflexões em busca da construção de pontes que nos possam permitir chegar ao futuro. Ninguém que eu saiba quer mudar radicalmente o processo educativo, não somos suficientemente habilitados a realizar tal proeza. O que podemos, isso sim, é ir construindo essas famosas pontes que vão obrigando o Estado a perceber que enquanto a educação for um ato político de governo não teremos capacidade de criar estradas que nos levem mais longe que a visão distorcida de cada um deles, A educação precisa ser encarada como um investimento de Estado e não como um favor de um ou outro governo.

Se a educação for de governo, cada um quererá implantar a educação que lhe convém e não a educação que alavancará o Brasil a patamares mais altos sobre todos os aspectos, pois da educação nasce tudo. Não que se trata de uma panaceia, mas da educação “nascem” os grandes homens de cada país. Os economistas, os pilotos da aeronáutica, os grandes e bons médicos, os bons professores e cientistas o bom mecânico de automóveis, o bom engenheiro, o bom encanador e o pedreiro, todos eles, para ser profissionais de excelência têm que passar pela escola.

Sim, todos têm que passar por uma escola que os forme ou lhes dê condições de estudarem mais para serem cada vez melhores. E é para essa escola que nós iremos discutir, como criar as pontes necessárias paras as idas e vindas. Tenho contudo para mim, mesmo considerando os avanços que a tecnologia nos permite, que não será que através dela, unicamente, que poderemos ir muito mais longe. Considero, reconheço e afirmo que as tecnologias estão aí para nos ajudarão a mais facilmente construirmos essas pontes que nos levarão a determinar um quantitativo financeiro que permita “erguer” uma escola capaz de nos conduzir à evolução que o país necessita alcançar para se igualar aos demais países ditos avançados na capacidade desenvolvimentista que eles têm alcançado. Nós temos muito do que é preciso para seremos um grande país: matéria prima, riquezas ímpares, cientistas de elevada capacidade que, infelizmente, por falta de investimentos, são obrigados a sair do país para irem emprestar a sua sabedoria a países que nos vêm explorar com a tecnologia eu os nossos cientistas criam.

É numa tentativa de alertar os professores e demais sociedade que iniciamos, então esta cruzada contra a ignorância dos nossos governantes que teimam em lançar no rol das despesas o que deveria ser considerado como investimento no futuro. Já vamos tarde, mas sempre vale mais tarde que nunca. Exemplos de como fazer não nos faltam, o que nos falta é a coragem de fazer diferente, pois exige trabalho, consciência e conhecimento profundo da nossa realidade socioeconômica. O brasileiro precisa entender que se tiver que fazer uma escolha entre construir "um saber" ou construir um bar ou um campo de futebol. é múltiplas vezes mais proveitoso construir um saber que tudo o resto que aponto.

O saber nos traz da saúde à capacidade de aquisição de bens de consumo; sem o saber não passamos de seres fracos, débeis e eternamente sob o jugo do capitão do mato. Precisamos saber escolher, ter argumentos para contrapor aos mandatários autoritários que não enxergam mais que a ponta da própria venta.

É por aí, pela criação de uma educação contra hegemônica que precisamos dar o pontapé inicial. Não será jamais obedecendo a leis e decretos emitidos por loucos que nós vamos nos manter fora do hospício.

O desafio será lançado de forma sutil e com endereço certo para evitar as compreensões errôneas dos nossos objetivos e metas.

 

 

16 JULHO 2020

A guerra das vacinas

 

No dia de ontem (16/07/2020) recebi uma mensagem, vinda da Europa onde tenho meus contatos pessoais de amizade, que os russos haviam anunciado o lançamento da vacina contra a COVID19. Mais tarde, apenas alguns minutos depois recebo via internet, mais precisamente da UOL, a informação que os americanos também tinham lançado sua vacina. O meu pensamento foi rápido e certeiro está aí a nova “guerra mundial” pelo dinheiro dos pobres acometidos pelo vírus.

Até esse momento não se falava em “rivalidades” nem havia acusações.  No entanto hoje pela manhã vejo na mesma UOL (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/reino-unido-e-eua-acusam-russia-de-tentar-roubar-dados-sobre-vacina-para-covid-19.shtml) que um combo de países (EUA, CANADÁ e REINO UNIDO) velhos companheiros de outras guerras ingratas e evitáveis, se juntaram para acusarem a Rússia de roubo de dados sobre o desenvolvimento das pesquisas para descobrir a vacina já acima citada.

Paro uns instantes para pensar na situação e chego a uma conclusão, que é minha e por ela assumo todas as responsabilidades – este mundo está louco. Será que existe no cosmos um hospício para mundos loucos?

A pandemia – prefiro chamar-lhe, desde agora, de endemia – não atingiu apenas uma pequena parcela da população, atingiu o mundo todo. Se espontâneo (produto da natureza, se criado em laboratório não quero discutir isso agora) deveria unir todos os atingidos na busca por uma solução para o caso e não uma briga para ver se a cloroquina ou a aspirina fazem bem ou mal ao maldito vírus. Mas o que fazem as grandes e até algumas médias potências, tentam a todo custo desenvolver a tal solução para o problema de tal forma a “patentear” o resultado e com isso obter mais e mais dividendos. È a humanidade indo para o brejo enquanto os donos do poder e do mundo brigam de ser o primeiro.

Quantas vidas poderiam ter sido salvas se houvesse uma parceria mundial contra um mal que afeta o mundo inteiro? E não falo apenas da COVID19... Quantas doenças, muitas delas desenvolvidas em laboratórios destinados a construir as chamadas armas químicas de destruição em massa, poderiam ser evitadas se não fosse a ganância de pessoas e Estados absolutistas e imperialistas que desejam que o mundo lhes seja totalmente subjugado através de uma indústria que se dispôs a ganhar muito dinheiro, a farmacêutica?

Não tenho ilusões, mas resta-me uma réstia de esperança que um dia o mundo acordará para essa triste realidade e saberá dar as respostas necessárias às perguntas que hoje todos nós nos fazemos. Espero ter a possibilidade de ver o humanismo vencer o individualismo.

Eu sei, não precisam repetir o que já escutei uma grande porção de vezes: que eu sou um grande sonhador. Pois que seja e o meu sonho seja multiplicado milhões de vezes e nós, todos juntos, consigamos tornar o velho e cansado, quase louco planeta terra em um lugar habitável.

 

14 julho 2020

Que vida há lá fora?

Não sofro de claustrofobia, antes pelo contrário, creio que passei a recear o que se passa fora dos muros que encerram num delimitado espaço em que, presumidamente, estou em segurança.

As ameaças há vida humana estão surgindo em maior número, espécie e se tornado cada dia mais eficientes, para o nosso desespero. Desde o final de março que só sei o que é sair desta minha espécie de redoma para ir ao hospital fazer minha hemodiálise, três vezes por semana. Só falo com o médico, que nos visita todas as sessões e com o pessoal de assistência médica, enfermeiras e técnicas(os) de enfermagem e, mesmo assim, o mínimo indispensável.

O meu medo começa a se apoderar de mim ao ponte de temer que ao sair novamente e de forma segura à rua, eu não saia mostrando os dentes em tom ameaçador aos seres parecidos comigo, pois talvez passe a ver neles uns inimigos. O pavor tem se apoderado de mim, logo eu que jamais temi a morte, sinto que estão construindo dentro de mim um sentimento de pavor provocado pela irresponsabilidade alheia. Na verdade sempre lutamos com ela, seja nas estradas, nas ruas da cidade, na porta de sua casa, no evento social, em qualquer lugar nós sempre estivemos expostos à ameaça de um grupo de não resignados que preferem adotar o terror e o vandalismo como forma de viver e de se “relacionarem” com os demais que não fazem parte da sua claque.

Não é hábito meu olhar no retrovisor do tempo para rever os erros e acertos cometidos. Vivo meu dia como se fosse o último, desejando sempre o melhor e o que me propicie maior prazer. Não me importo com minha idade, pois ela faz parte do meu viver, caso não fizesse era sinal que não mais existia. Sei que ela me impõe limitações ao corpo. Que vai começando (ou continuando) a dar sinal de uso avançado e pedindo especial atenção para algumas “peças” que não podemos comprar nem loja de peças, nem no ferro velho ou sucata. Mas estou aprendendo a sentir saudades dos tempos em que podíamos ficar na rua até altas horas sem correr perigos outros que fosse a chinela de mamãe para nos “tocar” para dentro de casa. Além disso, a solidariedade humana era outra. Lembro de ver gente que saia na rua para colocar um cobertor sobre um ser deitado no chão, porque havia tomado umas a mais e não conseguira chegar em casa. Hoje, “depenam o pato” e só não o deixam completamente nu, porque parece que ainda ficou nesta nossa sociedade um restinho, bem pouco de pudor. A condição de ancião mão é mais motivos para se parar um “racha” de rua para se ajudar uma senhora ou senhor idoso a atravessar a rua ou auxilia-los no carrego das compras que eles já fazem com sacrifício.

Não foi este o mundo que eu quis ajudara construir para deixar para os meus netos, mas quem sabe, talvez e involuntariamente tenha que me incluir entre os mentores da sociedade que hoje me ameaça de todas as formas e a cada momento. Talvez não tenha feito o suficiente para garantir algo melhor, mas não me arrependo do que fiz pois sei que, de uma forma mais ou menos intensa me localizo do lado certo da história. Este lado da história não fui eu quem o apelidou ou separou do outro lado, não, foi a própria sociedade gananciosa que estabeleceu parâmetros para o que e o que não é bom par o homem. Então, entre os que adoram matar e os que adoram explorar o seu semelhante, encontramos aqueles que desejariam viver uma sociedade mais igualitária, na qual todos tivessem direitos e obrigações iguais, mas hoje, querer o bem comum é, como dizia D. Helder Câmara: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”.

Na atualidade, ser tachado de comunista não faz muito bem à saúde, na medida em que os fascistas nos odeiam e atiram para matar, apenas pelo simples fato de não pertencermos ao mesmo rebanho em que eles se sentem realizados cometendo suas atrocidades mais dignas de animais irracionais que de seres pensantes. Desejam um mundo só deles com um pensamento único, nunca ouviram falar de diversidade de pensamento que faz a ciência avançar, e se já ouviram falar devem ter grunhido e sentido ânsia de matar. Acéfalos, também conhecidos como mentecaptos, seguem cegamente quem deles só quer a força do voto para se elegerem e darem continuidade aos seus planos pessoais de atingirem um hipotético topo da pirâmide, mesmo se para isso precisam passar por sobre os outros, principalmente os descerebrados que que morrem de fome para doar tudo para o “pastor” que tange o gado.

Tudo isso me causa pavor da rua onde o agente da guarda da população se sente autorizado a pisotear, como se fosse uma rês desgarrada do rebanho passando em desvario. Tenho medo daquela bala “perdida” que atinge uma criança pelas costas, ou de ser chamado de vagabundo numa abordagem que deveria ser cívica, embora cautelosa. Tenho medo da cloroquina. Tenho medo da loucura atestada que dirige o pedacinho de mundo em que vivo, pois nunca se sabe qual a próxima loucura que cometerá.

Voltamos, ou eu estou muito enganado, à sociedade do medo. Acredito piamente que estamos de novo revivendo o mundo dos X9. Por isso, enquanto uma resposta à minha pergunta inicial não surge definitiva nesta nossa vida agitada, prefiro ligar meus fones e escutar baixinho a doçura da voz de Tina Turner em “we need another hero”, por acreditar que ela tem plena razão.

 

23 junho 2020

Este texto foi, inicialmente escrito no meu blogue https://nupemse.blogspot.com

Quem leu as minhas postagens anteriores poderá assegurar-se do meu modo de pensar quanto ao destino do governo que aí temos instalado. #Fascistasnãopassarão é um grito que venho dando desde o dia das eleições em que se soube quem assumiria o poder. Tinha as minhas análises políticas e contava muito com a minha intuição.

 

O governo foi empossado em meio a uma negação de reconhecimento do titular da cadeira mais cobiçada numa nação. Já nesse momento se percebia, pela equipe do primeiro escalão que nos foi mostrada, que o alvo pregado através de bordões em comício e disparos de milhares de fakenews, o fim da corrupção, foi apenas uma forma grotesca, mas que rendeu ótimos dividendos, para se elegerem.

 

Não posso garantir, pois não tenho provas, mas a suspeição fica no ar e não prejudica ninguém e muito menos poderá desencadear uma terceira guerra mundial, por esse motivo atrevo-me que ao ver a equipe apresentada, nesse exato momento tivemos "coxinhas" jogando a toalha e se questionado sobre o efeito do seu ato impensado, ou movido pela falta de reflexão.

 

O tempo vai passando e nós vamos percebendo, a cada dia com mais clareza, que esse governo não é mais, acabou-se, sendo seguro apenas pela posição social do vice-presidente, um general da reserva do exército brasileiro. Cabe, no entanto, questionar: até que ponto esse único ponto de resistência vai aguentar segurar a corda. principalmente com o constante agravamento da endemia da Covid19.

 

Enfrentamos, por efeito dessa endemia, uma situação caótica com mais de 51.271 mil mortos até este dia e um total estimado de 1.406.270 infectados. Já ocupamos, em linha ascendente, a segunda desonrosa posição, apenas perdendo para EUA. Esse resultado advém muito especialmente da incapacidade da equipe ministerial de lidar com o problema, aliás, essa equipe está reunida sobre um pântano de areias movediças, visto poucos se seguram nas respectivas cadeiras e caem com a maior facilidade sem conseguirem atingir um objetivo programado que seja. Ora, isso também não deve ser visto como novidade lembrando que o chefe de tal equipe sequer tem um plano de governo, agora que já passamos de um ano e meio de governo. Não temos sequer um ministro da saúde (quem ocupa o lugar interinamente é mais um militar; nem temos ministro da educação, pois o enésimo que passou pelo ministério fugiu feito covarde para os EUA (de onde espero que Mister Trump tenha coragem de expulsar, como fez com outros trabalhadores).

 

A sociedade está refletindo o exemplo que vê no governo: a corrupção começa no posto mais alto quando retira dinheiro da educação e da saúde, principalmente, para comprar os políticos que vão certamente ter votar um processo de impeachment ou mesmo de cassação da chapa vencedora das últimas eleições. Por outro lado seguindo os constantes apelo do governo para que "bandido bom seja bandido morto", a polícia militar vem usando o modelo ctrl/C + ctrl/V da polícia americana. Verdadeiro abuso de autoridade e a certeza da impunidade garantida pelo presidente da nação.

 

Quem, do exterior conheceu o Brasil verde e amarelo pode hoje imaginar que no lugar da esfera com a Ordem e o Progresso cabe melhor um símbolo qualquer que represente uma re´pública dirigida por um grupo de milicianos que semeiam o terror e deixam atrás de si um rastro de sangue e morte.

 

Quando vim para este país, imaginei (e bem) que bons tempos estavam para chegar. Embora tenha pisado este solo ainda em plena ditadura militar, que hoje querem negar, a minha intuição era de que chegaria o momento de cantar a liberdade e a alegria de ser um  povo hospitaleiro e festeiro após o desempenho de suas obrigações diárias. Esse tempo veio e o progresso anunciado na bandeira chegou. O Brasil chegou a estar entre as seis maiores potências econômicas do mundo. Algo significativo, mas que não agradava à elite capitalista que não visa mais nada que o seu umbigo. Ter que conviver, no avião, na universidade, nos bons restaurantes, na sala de cinema com os pobres empoderados por um governo que lhes deu voz e vez, não era possível. Precisava-se, mais que urgentemente acabar com essa esbórnia. Os senhores donos do dinheiro deram um golpe no governo que tanto bem fez aos pobres (tirando 24 milhões da extrema pobreza e levando quantidade semelhante para dita classe média) e arrumaram um testa de ferro para servir de pivô numa transição para um governo de direita (ver extrema direita) sem que houvesse necessidade de se exporem e ainda surgirem como salvadores da pátria. Mas o povo não é cego.

 

A população está começando a ver quais são os caminhos da liberdade e da bonança, por mais que o o governo, de esquerda, que elevou a moral  do brasileiro e lhe deu oportunidade de voltar a ter orgulho de seu país, não tenha sabido preparar uma base sólida que pudesse enfrentar qualquer revés a que qualquer um está sempre sujeito, acredito mais uma vez, continuo a ser otimista e penso que ainda verei meus filhos e netos viverem num país que ofereça à sua população a chance de voltar a ser dignos de serem reconhecidos como um dos povos mais felizes e alegres do mundo. Malgrado as brigas que se travam entre os três poderes, algumas certamente na surdina e aquelas que estão expondo a nação ao mundo, ainda acredito que surja algum laivo de justiça que ajude a colocar as peças no devido lugar no tabuleiro político do Brasil.

 

Por enquanto o rei está em cheque e a rainha fora de posição protetora. Fica a pergunta:

 

Para quando o xeque-mate?

 

18 JUNHO 2020

A perda do Controle: uma sociedade em busca de novos rumos[i].

A sociedade mundial, nestes últimos meses, só tem perdido: a saúde, o norte, o emprego, o poder de compra, a orientação política, a fé na segurança, a habitação, a possibilidade de manter uma alimentação adequada, uma educação de qualidade (que já não tinha, mas voltaremos a isso), o que falta perder mais? Sei que muitos perderam a vergonha, ao mesmo tempo que outros perderam a capacidade de governar (Coisa que nunca tiveram em quantidade suficiente).

A sociedade mundial, diante deste contesto, acaba por perder o controle se sua própria existência, fato que me (nos) obriga a pensar um pouco no passado, retirar algumas lições e partir para a reconstrução das relações sociais, que ao cruzarem o rio das relações de produção irão desaguar num mundo mais azul, cordato, menos excludente.

Diante das “revoluções populares” que se vêm produzindo um pouco por todos os cantos deste velho mundo (veja-se, por exemplo, o que anda acontecendo na França, nos EUA e aqui nas nossas terras tupiniquins). Quando paro para olhar para esse cenário não posso deixar de recordar o acontecido na França no famoso maio de 68.

Recordo que naquele tempo o sistema político que vinha sendo praticado se esgotara e não mais conseguia atender aos anseios da população crescente e carente de condições socioeconômicas para sobrevivência. Se quisermos, em todo caso apresentar um diferencial para a atual situação basta acrescentar o ingrediente covid 19 e teremos um cenário muito parecido.

A nossa atual juventude se pergunta: o que será o futuro? Que resposta obtém? Uma situação catastrófica, provocada pela inépcia d uma equipe governamental dirigida por um mentecapto que tão rápido diz, quanto rápido se desdiz, mas essa não a sua maior inaptidão, visto que após assumir tem desmantelado o patrimônio nacional e desregulamentando as questões trabalhistas e todos os benefícios que os trabalhadores haviam conquistado e estavam consagradas na CLT. O desemprego foi lá para estratosfera, malgrado ele afirme que tudo está sob controle e que só precisa fazer cumprir a Constituição Federal.

A juventude, os trabalhadores, a população de um modo em geral, que é quem manda numa democracia, precisam acordar. Todos, unidos em torno de um projeto de país que desejamos para nós e para os nossos filhos, temos a obrigação de colocar todos esses falsários e corruptos na cadeia e lançarmos as bases de uma nova sociedade. Temos a obrigação de dar consistência à liquidez que Bauman nos apresentou.

Terei eu alguma proposta? Inicialmente quero dizer que não tenho a menor das pretensões de me transformar no salvador do mundo, segundo que se alguém conseguir encontrar alguma viabilidade no meu pensar, basta que dê continuidade e apresente outras pequenas propostas, assim como a minha, que no final poderão ser unidas e trabalhadas para a consecução de um plano de país/governo.

A minha proposta nasce na necessidade que eu vejo de, antes de tudo mais, acabar com a fome no mundo. A produção de alimentos é capaz de alimentar três vezes esta população mundial, no entanto, 28.000 pessoas morrem por dia, por causa da fome que atinge no mundo um total de 820 milhões[ii] de habitantes deste planeta tão generoso. Se conseguirmos criar uma política de alimentação global que mate a fome de quem a padece, teremos dado um enorme passo no rumo de um mundo melhor. Em seguida, que não fique, no mais curto espaço de tempo, nem um analfabeto, inclusive analfabeto político nesta terra e arredores. Que todo homem (genérico) tenha a possibilidade de produzir as suas próprias condições de subsistência, sendo através de trabalho trocado por uma remuneração condigna, seja através de meios próprios, gerando uma menor distância entre aqueles que hoje têm muito e aqueles que nada possuem, a não ser, quantas vezes, o próprio corpo para negociar.

Que se acabe a existência do dominador e do escravo. Que não se veja diferença apenas pela cor da pele ou pelo modelo de cabelo que cada um sustenta, que não se discrimine ninguém por sua opção sexual ou religiosa, que todos tenham acesso fácil, útil e prospectivo a uma educação de qualidade que capacita a todos da mesma forma, promovendo a igualdade que será, posteriormente promotora de diferentes qualificações dependendo do empenho de cada um – não se trata de meritocracia e sim o melhor ou pior aproveitamento de ensino idêntico para todos.

Será tão difícil conseguir praticar esta três ou quatro ações que podem ser os pilares de uma nova sociedade mais humanitária onde todos terão direito a uma vida digna? Ousarei pedir emprestadas as palavras do John Lennon, na sua famosa “Imagine” quando afirma: “You may say I’m a dreamer, but I’m not the only one”!

Venha sonhar comigo!

Notas:

[i] O título deste texto é uma cópia do capítulo VI da obra de DAWBOR, Ladislau. O capitalismo se desloca: novas arquiteturas sociais. São Paulo: Ed, SESC SP., 2020

[ii] Estes dados foram colhidos da Internet.

 

13 JUNHO 2020

Salve São João! Que as fogueiras se acendam e produzam calor dentro dos corações dos homens e que possamos festejar o fim de uma calamidade que nos assola, na maior alegria. O texto de hoje pode vir a ser censurado, pois tenho plena consciência que sou permanentemente espionado pelos nossos "amiguinhos" americanos. O que vou dizer, ou melhor, escrever a seguir está dito por todo o mundo e só não consegue enxergar quem tem visão curta, ou interesses outros, ou não consegue interpretar uma fala de um ser humano.

 

O que só surdo não vê (passe a ironia).

 

Muito se tem questionado e até mesmo afirmado sobre a origem do vírus que neste momento assola toda a humanidade. Os grandes pensadores “filósofos” da nossa sociedade, principalmente aquele a quem chamo de “filósofos de botequim” são taxativos ao afirmarem que esse conaravirus19 é de origem oriental – chinês, sendo mais objetivos.

Outros falam que o “bichinho tem origem na Rússia, enfim, dão-lhe a maior variedade de origens sem apresentarem provas que possam convencer quem quer que seja. Fica difícil, assim, de se encontrar a real origem de tal pandemia.

Entre outras atividades eu desempenhei na minha vida profissional encontramos uma chamada de “pesquisador”.  Foi nessa condição que, a partir de uma informação passada por um camarada/irmão fui em busca de maiores informações. Tenho um lamento a fazer antes prosseguir, como vivi na França desenvolvi o francês e deixei atrofiar o pouco que sabia de inglês. Na vida nossa de cada dia nunca tive necessidade de falar inglês, quando necessário, e se estiver escrito, consigo com ajuda do dicionário e do Google Tradutor entender pequenos trechos da língua do Shakespeare. Isso é um handicap nos dias atuais, mas como não pretendo envolver-me em novas “aventuras”, digamos que me acomodo com o que sei e vou em frente.

Prosseguindo, descubro que já em dezembro de 2014 o Sr. Barack Obama fazia um discurso alertando para a possibilidade da chegada, em alguns anos, de um vírus altamente letal que estabeleceria uma verdadeira pandemia neste mundo em que vivemos. Ele alertava para a necessidade de os países, principalmente os EUA, de montarem uma estrutura capaz de “segurar” a fúria de tal peste. Um discurso que parece ‘normal” enquanto não acontece, pois, como justificativa vale lembrar que os próprios EUA atacaram nações acusando-as de deterem armas biológicas.

Sabemos, hoje, que a maioria dos ataques perpetrados a outras nações tinham outros objetivos que eliminar as armas biológicas. Criavam, com isso, um escudo que os protegeria de qualquer acusação de que eles, EUA, eram sim detentores de armas biológicas de grande capacidade letal.

Em 2014 a China já sinalizava para uma avanço maciço na área industrial e, pelo consequência, na área econômica. Essa perspectiva, depois do desastre que foi perpetrado em 2008, quando estourou a bolha da área habitacional que levou o mundo inteiro quase à falência, essa possibilidade de a China crescer com facilidade e em níveis elevados assustou o Tio Sam. Seria, então, necessário arrumar um freio que não deixasse marcas e permitisse que a “famosa” Nova Ordem Mundial” acontecesse pela necessidade de reorganizar tudo que ficar destroçado com a passagem da tal gripe – ou vírus – creio que Jair Bolsonaro se aproveitou dessa fala do Obama, para dizer que a covid19 “não passa de uma gripezinha qualquer” – ao tempo em estariam contribuindo para seu grande rival não fosse adiante e sossegasse o seu avanço.

Por que eu digo isto, tenho alguma prova? A resposta, evidentemente é NÃO. No entanto, como muitas coisas nos EUA, sobram indícios que permitem pelo menos a suspeição dos fatos acontecidos. Não garanto que não sejam fatos improváveis, como, por exemplo, o ataque do 11 de setembro, sobre o qual pairam as maiores dúvidas de um auto ataque com aviões monitorados, como o drone que matou o líder islâmico, entre outros fatos mais, já acontecidos.

Não pretendo, com estas minhas suspeições acusar quem quer que seja eu tenha produzido tal vírus, pois duvido que a natureza tenha produzido tal monstro. É certo que ela tem sido extremamente maltratada nas últimas décadas, mas daí a que ela produza um vírus com a capacidade letal desse que por aí anda a passear e se divertindo com a morte, principalmente dos idosos, creio que vai uma distância tão grande com a que nos separa do início do mundo.

Retomando o eu raciocínio, acredito que possa ter havido pela parte de Obama, um fator ocasional na sua fala, lá em 14 e o que está acontecendo agora em 20. Mas a forma convicta com que ele aponta para essa possibilidade, me intriga. Ele se pronuncia como quem sabe do que está sendo preparado caso a situação de líderes do mundo venha a ser posta em questão ou perigo. Resta-me dizer que é esta a leitura que faço dos vídeos que encontrarão facilmente – com tradução para o espanhol, sei que também há uma versão com a tradução para o português mas não logrei encontra-la – nos seguintes links:

https://www.youtube.com/watch?v=iPvSmJNetB0

 

https://www.youtube.com/watch?v=rj3ysWYULmE

 

Repito, não acuso, suspeito, e se amanhã se vier a provar qualquer que seja a procedência de tal vírus estarei aqui dar a mão à palmatória ou para me sentir cada dia mais incentivado a continuar a pesquisar pequenos enigmas que produzem tamanha calamidade.

 

11 JUNHO 2020

A relação Brasil/Portugal/ladroagem.

Bato à porta da História para com ela ter uma conversa franca e animada o tanto quanto possível, a respeito de um assunto que não está – para mim – bem explicado. Vocês saberão já sabem do que se trata, através do título, antes, porém, devo dizer que não vou usar outro referencial teórico que o meu fraquíssimo saber a respeito e que se tiver de fazer alguma citação a farei de cabeça, devendo, portanto, os meus amigos ter cautela ao fazerem a leitura, pois podem estar sendo enganado de forma involuntária, simplesmente irresponsável de eu não ir procurar as ditas referências.

Vou partir da seguinte hipótese: se meu pai foi ladrão, eu tenho que ser, obrigatoriamente, ladrão?

Ao andar na rua – não precisa ir nenhum local específico – você escuta alguém dizer: “O Brasil herdou muito mais de Portugal, que apenas a língua”, fazendo referência à gatunagem, à roubalheira descarada que nossos “santos” políticos em primeiro lugar, secundados pelo resto povo, digamos, por hipótese, que essa prática virou uma cultura.

Essa cultura de que falo foi se constituindo a base de uma sociedade capitalista integrada pela “elite” que por aqui ficou e tinha por objetivos aumentar os privilégios até então conquistados. Vale salientar que essa elite não passava de uma falsa elite, na medida em que a maioria só tinha como bens o dinheiro que roubado ou de qualquer outro modo conseguido que não vinha acompanhado de uma riqueza literata.

Do bando de ignorantes, alguns tiveram a sensatez de enviar seus filhos para estudar na Europa, surgindo daí uma outra elite que tinha uma visão mais afiada do que fosse a direção de um “mundo” feito o Brasil. Um detalhe que só escapa aos que ainda hoje não são devidamente letrados foi a criação das tropas que ajudariam o rei de Portugal dos Algarves e do Brasil a se defender das investidas contra a coroa que ostentava e era símbolo do seu poder.

Na singeleza da História contada pelos vencedores, depois de um “Fico” El Rei deve ter sentado em algum mandacaru e gritou, dizem que lá para as bandas do Ipiranga: “Me furei todo... que sorte” e alguém escutou e repercutiu a frase mais célebre do país: “Independência, ou morte”!

Por sorte, andavam por ali uns militares a passear as montarias e resolveram assumir o comando do país. Deodoro da Fonseca, primeiro presidente da República do Brasil, o primeiro a poder ditar as regras que regeriam a nova nação que “acabava de nascer”, mas em vez disso deixou o rio correr, os passarinhos cantarem o povo se lascar de trabalhar para meia dúzia de donos das terras a troco de meia pataca.

Começava ali a ambição e a avareza do povo que os portugueses aqui deixaram. Foram tão avaros e ambiciosos que se tornaram incapazes de, pelo menos, manter a paz e a unidade nacional.

O Brasil já não é nenhuma criancinha, pois já conta, como repúblicas, 138 anos, se a minha cuca não me falha. Creio que já passou a fase de criancinha que mete o dedo na boca e diz que foi o vizinho quem mijou no chão da sala. Sempre tem que haver um culpado que não sou eu, a culpa é sempre dos outros, nem que eu tenha que pagar uma fortuna a alguém para assumir o mal que eu pratiquei.

Se compararmos as realidades vividas pelas ex colônias portuguesas poderemos ver que o Brasil foi um privilegiado, pois como foi dito ficaram na paz e na união nacional, elementos que hoje estão perdendo por incompetência de um milico incompetente por conta própria. Podiam ser uma das grandes potências... mas vejamos o que estão virando: um bando de trogloditas comandados por um fantoche que pensa ser americano, mas que não passa de um ditador de pacotilha, de quem o mundo ri e ele se assusta.

Aqui se diz que os brasileiros nascem com a síndrome de cachorro vira-lata. E eu confesso que não sei, nem o como nem a razão de tantas boas cabeças que aqui já vão existindo, não se darem conta dos riscos que corremos por estes dias. Eu lembro de na minha dissertação de mestrado, um ano antes da primeira eleição do Lula que já era dada como certa, dizer que a primeira (e que poderia até ser a única grande obra dele, Lula), teria que ser formar uma base forte e aguerrida aos valores do socialismo. Não o fez, teve que se juntar com os banqueiros, principalmente, para garantir o segundo mandato. Continuou a não se preocupar com a base, até parecia que ele acreditava que o socialismo (que nunca existiu, a bem da verdade) estava garantido para muitos anos nas terras tupiniquins. Deixa usar um palavrão: se fodeu, pois a direita não dorme e quer manter e alargar a suas regalias, foi lá e contando com a ignorância do povo nos ofereceu este presente de grego.

Concluindo, o Brasil deveria deixar de ser um país para ser um museu – só quer viver do passado, os portugueses não mandam mais aqui faz algo em torno do século e meio, mas vem agora os brasileiros se queixar que a incompetência deles é culpa do roubo dos portugueses. Não aprenderam a ser gente porque não quiseram, tempo mais que suficiente já tiveram, agora salve-se quem puder! Têm aí mais uma lição... será possível que sejam tão cabeças duras que não aprendam nem na chibata?

Veremos! O tempo nos dirá em breve.

 

 30 MAIO 2020

Saúde mental nossa nesta pandemia.

(Das vistas é um ponto, do ponto é uma das vistas)

 

Não posso afirmar nada por outrem, porém, por mim respondo que estou vendo a situação se agravar a cada dia. Já ronda a casa dos 70 dias que a criatura não faz outra coisa que ficar em casa. Eu sei é pela saúde pública e pela manutenção da vida de milhões de pessoas que nos submetemos a este estado de coisas. Sendo assim justificativas e os meios passam sofrer, eles a acusação de culpabilidade no caso.

Façamos uma análise crítica do estado geral em que se deve encontrar a sociedade pegando-a estratificada em suas diversa classes que se aprofundam e afastam. Se olharmos para aquela parcela enorme da chamada classe baixa – que vive abaixo da linha de pobreza é possível que ela esteja diminuindo lentamente, embora as mortes possam ser registradas com imensa frequência, pois a derrocada vai arrastando imediatamente outros, ou mais para ocupar aquele lugar vazio de tudo – então dizia eu que essa classe deve representar uns bons 70% das mortes que se registram a cada 24 horas – não são poucas e o número comporta ser de todas as classes. Esta primeira classe tem motivos vários para que considerem esta pandemia quase uma sentença de morte, restando entrar na fila até que chegue o momento em que carrasco deixe cair a lâmina que lhe separará o corpo da alma (considerem a imagem macabra e apenas simbólica, na verdade, a inanição que já era grande vem se tornando a grande vilã, malgrado “os esforços solidários” da elite podre de dinheiro, mas ansiosa para que os pobres voltem a trabalhar a fim de não delapidarem um pouquinho o bezerro de ouro que possuem algures fora do olhos do fisco ( ou dentro, pois o fisco, pelo menos uma parte, também quer ter o seu), ao mesmo tempo que aproveitam para massagear o ego do psicopata que gere os destinos da nação, de maneira a que este permaneça por muito tempo e faça todo o serviço sujo, limpar o lixo que a política de direita fez ao longo dos quinhentos e tantos anos, mas não teve a coragem de jogar foram, preferindo deixa-lo sempre para aquele que viesse a seguir. Precisamos, nesse sentido não descartar um sistema de eugenia que se mostra mais severo que de Hitler pois além da ação humana tem a ajuda da ajuda da natureza na figura invisível de um animalzinho do tipo vírus a quem alguém inteligente colocou o nome composto (normalmente coisa da realeza) de Coronavírus-19.

A dita classe baixa, que já padecia horrores nas mãos dos capitalistas para tentar sobreviver – qual o percentual deles vivem nas ruas? – ainda creio que seja mais apropriado dizer esperando a morte, seja ela morrida, mas em grande número matada, principalmente se for da etnia negra ou se identificar com qualquer outra minoria (homossexuais, prostitutas e afins) – e recebe, ela também a voz de ficar em casa. Creio que é aqui que a insanidade começa a se manifestar: onde os sem teto vão se proteger? Aqueles entre eles que conseguem montar uma barraca com papelão e alguns pedaços de madeira pegos aqui e ali correm ainda um risco maior, posto que num espaço exíguo vão se amontoar um bando de gente para tentar minimizar os efeitos das noites frias e dos olhares dos “mocinhos bons de família” que adoram tocar fogo em gente. Que vida lhes trará essa morte Severina? Pertencem a uma classe social um pouquinho menos castigada que a anterior, mas o nível de mortandade é muito similar.

A famosa classe média encontra-se hoje subdividida em “n” estágios societários; vejamos apenas alguns para não perdermos muito tempo com uma categoria que não tem, por si uma definição capaz de atender a uma classificação mais rigorosa: veremos a média baixa, a média média e a média alta. A primeira, subindo no sentido base topo da pirâmide, é a média baixa que é um pessoal que navega nas aguas turbulentas provocadas pelas classes baixas e nas quais consegue, minimamente equilibrar a canoa em que as navega. Para ser um pouco mãos direto direi que os considero uns pobres metidos a remediados. Conseguem, quando em liberdade para tal, ir uma ou duas vezes por mês, ir passar o domingo na beirada lagoa, na excursão do bairro, tomam a sua cervejinha e comem como tira-gosto, o frango à milanesa que a esposa preparou em casa. Afinal é preciso economizar para garantir o aluguer e a escola dos pirralhos. São felizes à sua maneira e assim vão tocando a vida com o salário de miséria que o marido recebe por mais que tenha uma profissão de honra como a de professor. Há que manter aparências. A segunda, a média, média será efetivamente a classe que pode dizer alta. Já é possuidora do seu carrinho comprado em segunda mão, em prestações elevadíssimas que consomem parte significativa do salário acumulado entre os esposos, vão uma vez por ano molhar os pés no mar mais próximo (a gasolina já chegou aos cinco reais o litro, por isso não dá para ir muito longe e mesmo assim ainda é muito bem vinda a metade do 13º salário que quebra um galho de boa espessura. O seu maior defeito: imagina-se rico, mas deve só a duas pessoas: a Deus e ao resto do mundo. É normalmente metido a valentão e, quando não analfabeto nas letras é analfabeto político, igual àquele do Bertholt Brecht, nome reduzido de Eugen Bertholt Friedrich Brecht, que não sabe o preço do feijão mas quer andar de carro novo todo ano, sem saber que dessa sua postura nasce um pouco de tudo que é ruim para o ser humano, que é ruim para si e para o seu vizinho. Vive maldizendo os governos mas vota sempre nos mesmos, quiçá à espera de alguma migalha que lhe venha cair nas mãos graças às muitas lambidas de botas em que é pródigo profissional. Para a minha observação, este ser é mais nocivo que o próprio capitalista. O capitalista visa somente o lucro para usufruir do bom e do melhor com toda sua família, o classe média morre de trabalhar para garantir essas fortunas para os capitalistas e com as migalhas que recebe (quantas vezes por entregar outro trabalhador) imagina-se da igualha do patrão. Pobre iludido, tão perigoso quanto o vírus.

Por fim temos a classe alta, meia dúzia de ricos que detêm sozinhos a quase totalidade das riquezas que o trabalhador produz. Ele não faz que gozar a vida (será? Será que essas pessoas conseguem deitar a cabeça no travesseiro e dormirem um sono repousante e tranquilo, despreocupados? Quantos vigias estão plantados na porta do quarto em que “dorme” e sob cada uma das janelas desse mesmo quarto? Quantos degustadores tem para a comida e o líquido que vai ingerir, por medo de que ela esteja envenenados?) quanto tempo do dia ficam imaginando que alguém, em algum lugar o está roubando? O coração, normalmente, não suporta tanta carga. E o dinheiro, as terras e o gado não podem fazer nada para impedir o infarto fulminante.

Voltando ao objetivo maior deste texto, a saúde mental nossa de cada dia durante a pandemia. Considerando o ritmo quase supersônico a que nós esta(va)mos habituados, uma queda na movimenta tão brusca quanto esta a que estamos sendo submetidos tem dado voltas à cabeça do mais sensato dos seres. Acordar, já nem digo pela manhã, pois os nosso horário biológico foi severamente alterado, passar um longo tempo sob a água fria ou quente (depende dos gostos) pensando no que poderá fazer no resto do dia é algo aterrador, quando sabemos que lá fora a vida pulsa, a natureza agradece a não agressão e rejuvenesce um pouco, o que nos garantirá mais alguns anos sem problemas ambientais de maior, e nós com tempo para refletirmos as asneiras que fazemos constantemente e que não corrigimos, mesmo tendo ciência delas. Pessoalmente já perdi o controlo do horário e do dia da semana que vivencio. Tenho refletido e vou chegando à conclusão que ao final desta pandemia, que pode até coincidir com o meu, o mundo terá mudado significativamente, assim o espero ardorosamente. O preço que pagamos em vidas e em saúde mental, pois muitos não vão suportar este estado de encarceramento involuntário e sucumbirão por suicídio provocado pela pressão do isolamento e outros ficarão com sequelas quem talvez não apareçam ao primeiro contato, mas estarão lá para provocar reações anómalas ao longo do resto da vida. Nenhum animal foi criado para viver aprisionado, mas de todos, o que mais sofre com o aprisionamento, por mais que seja por uma boa causa, é homem.

Vez por outra dou por mim a gritar com a esposa e os filhos. Eles estranham e eu fico abestalhado com o meu comportamento, mas não é voluntário, é o meu subconsciente que já reage a esta prisão domiciliar que não me deixa espraiar o olhar por tudo que se passa à minha volta, que não me permitiu ver surgir a primavera com suas cores e odores característicos, que não me deixou abusar da lei da velocidade e criar um pouco de adrenalina aumentando a velocidade do carro que ainda dirijo apesar da idade já um tanto avançada. Sinto que envelheci nestes três meses que já se vão passando, a falta de atividade mais intensa que aquela que praticamos no jardim de casa me fez enferrujar as articulações que dificilmente voltarão, pelo menos ao local onde estavam quando do início da quarentena que na verdade já vai na “noventena”. Eu tiro minhas conclusões talvez um pouco diferente dos seres ditos normais, pois tenho (dia sim dia não) que sair para ir fazer um tratamento de hemodiálise que faz de mim um pessoa com maior risco de ser pego pelo inimigo que hoje nos cerca. Essa atividade me tem permitido ver um pouco algumas alterações no local que resido. As ruas quase desertas, sempre tem alguém que vai ou que vem, os pássaros que voltaram às árvores e ruas da cidade, as praças que embora estejam vazias de gentes parecem mais cheias de vida, talvez seja a vida da força da natureza que agora tenho tempo e espaço para admirar, coisa que não acontecia quando do agito social em busca de seus interesses, sem tempo para admirar uma flor, ou uma joaninha que anda lentamente sobre as pétalas das flores que parecem mais coloridas.

Um fator tem contribuído para uma melhoria do meu estado mental geral: o silêncio. Nas ruas não andam mais aquelas motos com as descargas alteradas, ou os carros velhos que fazem mais zoada que andam, os caminhões não passam em fila indiana fazendo até o chão estremecer, as pessoas não são obrigadas a gritar para se fazerem ouvir em meio a uma multidão que fala alto com o mesmo intuito, mas o pior, que chego a reconhecer como não tão ruim assim, é que eu estou ficando surdo. Implicações das práticas da juventude, do avançado da idade e da correlação com efeitos da própria doença que se abateu sobre mim e me obriga à realização de três sessões de hemodiálise semanais. Hoje, pra meu desalento, sou obrigado a viver a intimidade do meu ser, por não conseguir interagir plenamente com o mundo exterior àquele existente na minha cabeça. Tem sido uma carga muito pesada sobre os meus ombros, mas ainda vou conseguindo me movimentar sob ela.  Na falta de mais o que fazer, neste momento de angústia que o mundo inteiro vive vou passando para o computador (antes diria passar para o papel) os meus sentimentos e criatividade: escrevo. O tempo passa. Na impossibilidade financeira de publicar o penso e crio, vivo na ilusão que algum dia alguém se aproprie do que deixo escrito e faça a devida publicação. Não precisa se preocupar com os meus direitos autorais pois certamente já por aqui não andarei para tirar proveito deles, os meus herdeiros que cuidem disso, se disso quiserem cuidar. A mim, o bem que o escrever me faz, sinto-o agora, a satisfação é, por enquanto só minha, não por egoísmo ou por qualquer maleita que me possa ter atingido, não, o bem que sinto ao escrever é o mesmo que senti quando minha esposa me deu cada um dos meus filhos(as), é algo inenarrável, é a sensação de que ali está uma obra que bem ou mal avaliada ficará para o mundo. Símbolo da meu estado saudável de mentalidade, assim penso.

 

 

26 MAIO 2020

Todos andamos falando que o mundo precisa mudar e que está mudando. Muito se fala em redistribuição de renda e de renda mínima familiar, mas não sabem onde ir pegá-la, nem o seu valor. Nós precisamos discutir as novas estruturas sociais que estão sendo construídas.

Ficamos a imaginar o reflexo que uma tal política econômica pode provocar e dizemos que jamais esse estágio será alcançado: uma pena! Na verdade já tivemos de 2003 a 2013 um período de elevação da qualidade de vida e se fala concomitantemente que nunca os bancos ganharam tanto dinheiro. O impressionante é que alguém se opôs a essa realidade e nós estamos voltando a períodos históricos bem anteriores a esse, que nos estão jogando no caminho das pedras para refazermos toda a “via crucis”. Esquecem contudo que nós estamos na era do conhecimento e que guardamos com certa facilidade as rotas seguidas e os locais onde se escondem os perigos. Quero dizer com isto que com maior facilidade poderemos dar a volta por cima sem precisar do capital globalizado como o fazem os grandes ricos e os empreendedores na “indústria” financeira, levando a nossa comunidade, por exemplo, a desenvolver-se a um patamar talvez mais elevado muitas das metrópoles que existem pelo mundo.

Pois bem, não sou economista, mas fiquei encantado (passei a compreender melhor certas estruturações que se estabelecem neste mundo depois que escutei este debate, que além do mais oferece a possibilidade de acesso a uma série de livros que ajudam a compreender melhor esse mundo que a elite não quer que descubramos. Ao terminar de vs passar esta novidade vou já baixar os meus exemplares, pois muito embora se eu não tenho mais idade para grandes sonhos, posso ajudar a passar essa ideia para os mais jovens que são, no passar da régua, quem vai precisar vencer na vida sem sofrer o que a minha geração sofreu.

 

Acessem o link a seguir e GANHEM TEMPO (não, não percam tempo!) a escutar esta live, didática e super importante para o nosso mundo em transformação com esse tal de corona vírus que nos veio abrir os olhos para o que está acontecendo à nossa volta e nós não nos damos conta facilmente, ou, posso dizer, uns se dão mais outros menos conta do que está a acontecer sob seus pés, diante de seus olhos e ele não consegue se aperceber ou enxergar.

Eis o link:

https://youtu.be/HN8LXk4IwkA

 

22 Maio 2020

Vamos colocar ordem no bardo?

 

Saiu ontem uma notícia que alguém deve estar achando uma belezura:

BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal apresentou no primeiro trimestre de 2020 lucro líquido de R$ 3,049 bilhões. O resultado representa queda de 7,5% em relação ao ganho auferido no mesmo período de 2019, que foi de R$ 3,295 bilhões. (1 dia atrás)

 

Ora, a crer no guardador de gado Paulo Guedes, o Brasil está falido, quebrado, triturado... aí vem a minha pergunta: se um único banco dá um lucro de 3 bi, quanto não darão todos os bancos do governo?

 

Enquanto isso o dono do bardo vem fazendo a cabeça do infeliz fazendeiro (creio que nem isso ele faria minimamente bem) a vender o BB, a CEF e o BNDES. O bardo está começando a ficar agitado e se a situação continuar assim, muito brevemente teremos o estouro da boiada. De qualquer forma o analfabeto político que está dono do bardo está cumprindo aquilo que prometeu: destruir a democracia brasileira e entregar as nossas riquezas ao capital estrangeiro.

 

A cada dia que se passa o ferro de marcar gado está ficando mais quente e pela vontade de alguns agropecuaristas o “gerente” do bardo já devia ter sido ferrado bem no centro da testa, mas outros querem ainda que o maior desejo do pecuarista seja cumprido: “que tivessem matado uns trinta mil”. Não estamos longe, já passamos a marca dos 20 mil e continuar neste ritmo há muitas chance que iniciaremos a próxima semana com o objetivo atingido.

 

Realmente ele não é o Messias (o que fazia milagres) mas terá satisfação pessoal de gritar ao mundo que ele fez sem armas o que a ditadura militar não fez e ele, Messias, afirmou que ela deveria ter feito. Será talvez a sua “melhor marca” enquanto pretenso presidente de um país que tinha todos os caminhos abertos para consolidar a democracia.

 

O tranca ruas, mineiro, sumido para se fazer esquecer continua a ter processos encerrados por decurso de prazo e logo mais estará legalmente mais limpo que bundinha de neném e nadando em dólares como o Tio Patinhas, pois o nióbio está longe de se acabar e os desgovernos muito distantes de proibirem a mineração e construção de barragens de péssima qualidade que colocam em risco a vida de cidades inteiras. Quando digo a vida, quero dizer das pessoas e de tudo mais de orgânico. Mas o dono do bardo está preocupado é com o fim das ovelhas ranhosas (como se diz lá meu país) que por não terem outra alternativa continuam a comer capim na exata ração que lhe é dada.

 

Este bardo precisa de ordem, ou então que o lobo mau entre e dizime mais da metade de carneiros e ovelhas, já que os bois e as vacas têm destino certo sobre as mesas dos ricos que vão iludindo o testa de ferro que não compreende que a posição que ele ocupa não é vitalícia e que a cana que ele fizer agora será aquela em que terá que se deitar mais tarde.

 

A História é inclemente e não perdoa. Estas serão as páginas mais nojentas da história do Brasil, nas quais o nome que destacará como energúmeno número um será esse guardador de quadrúpedes roedores de capim.

 

Para não divagar muito, deixo uma pergunta: para quais bolsos vão esses três bi, da CEF?

 

05 MAIO 2020

Uma tentativa de resposta

 “A Humanidade pode dar certo” By Raquel Varela[1]

 

O ator Flávio Migliaccio, que tantos papéis importantes interpretou na nossa TV e no nosso cinema suicidou-se. É um fato inquestionável. Questionáveis, suspeitos (antecipando julgamentos criminosos) são os motivos que o levaram a cometer tal ato que, perdoem-me os fracos, foi um ato de bravura e de honradez.

Quem como ele viveu os tumultos e os bons momentos do século XX, também está enfrentando problemas similares, não necessariamente os mesmos, somos seres individuais, cada um com seus dilemas, mas ao atingirmos a segunda década do século XXI precisamos, parar, olhar e agir de forma diferente, ou todos corremos o risco de que se instale uma crise mundial de suicídios.

Se qualquer de nossos psicólogos tivesse a oportunidade de voltar a este picadeiro a que chamam de terra, certamente escolheriam uma destas duas formas: 1 -renunciariam às suas próprias teorias; 2 - pediriam para ser internados no primeiro asilo que encontrassem (se encontrassem, pois os poucos loucos estão todos à solta e em cargo de comando).

A humanidade levou 230 anos para tentar construir um sonho de muitos que se tornou pesadelo para todos: uma sociedade. O mais perto que a essa humanidade chegou foi a um capitalismo explorador envolto em uma película de gordura (tal como os vírus) ao qual deram o nome de individualismo: “Cada um por si e Deus por todos”. A humanidade teve alguns poucos momentos de lucidez ao longo desses quase dois séculos e meio. Durante eles descobrimos coisas que nos encheram de esperança para a criação de um mundo melhor, infelizmente essas criações caíram nas mão erradas e hoje amargamos a solidão que construímos.

As desilusões, no transcorrer da vida, principalmente quando se é jovem, não matam, mas deixam marcas tão profundas que podem induzir a fatos como que este aconteceu com o nosso estimado Migliaccio. A pressão que o individualismo (disfarçado de sociedade) exerce é tão grande, a cobrança por mais e melhor através das constantes pioras das condições de produção desequilibram mentalmente qualquer um. Nem todos resistem.

E o homem criou o dinheiro. Faltava-nos uma arma para nos defendermos e para morrermos. Não bastava a produção social dos primórdios a que chamavam comunismo primitivo, faltava algo que me desse alguma vantagem sobre os demais. Desumaniza-se aquele ser bruto que tudo dividia com todos que se chegassem. Surge a ganância, melhor conceituação para capitalismo que já escutei nesta minha vida de desilusões, tal como Migliaccio. Dizem que a velhice traz a sapiência, o que eu refuto de modo bem severo e sincero: não é a velhice que traz a sapiência, é a juventude que não consegue o antidoto do vírus da ignorância. Quando eu olho à minha volta e percebo toda essa quantidade de seres  que, voluntariamente ou não, se mantêm distanciados das realidades que os cercam, como nos tempos em que para justificar crimes humanos se culpabilizavam animais, bate-me um desespero tão grande que me leva a aceitar como normais atos anormais como esse praticado por Migliaccio.

 

Passaram-se anos, séculos e a escravatura que dizem ter sido abolida, fez foi intensificar-se; cada dia o homem se vê mais escravo de si mesmo, nem precisa ser escravo dos outros. Cria hábitos, fazeres, leis, motivos, justificativas e cobranças para não se dar um tempo para si mesmo, para olhar à sua volta e perceber a família, as necessidades do outro, que não as suas; não aprende mais tabuada de dividir, as máquinas de calcular só executam as contras de multiplicar cifrões nos cofres dos capitalistas a troco de migalhas.

 

Minha colega Raquel Varela acredita que ainda é possível a humanidade dar certo. Tomara. É extremamente necessário. Mas precisamos saber calcular o custo dessa possibilidade. Precisamos, mais ainda, sermos nós a nos comprometermos a fazer essa possibilidade existir. E estamos no mau caminho: procuramos, desesperadamente, nos outros o culpado de termos chegado até aqui, quando ele está dentro de nós. Enquanto não aprendermos a nos libertarmos, a praticar o desprendimento, a julgar igual a mim aquele outro a quem chamam de diferente; enquanto não dividirmos na mesma mesa os mesmos direitos e deveres, essa sonhada possibilidade de criação de uma humanidade sociável está a séculos de distância e se afastando a cada dia.

 

Felizmente e contra o que muitos pensavam, ainda há quem nos possa ajudar a nos colocar no bom caminho: a Mãe Terra. As aulas que ela nos tem dado nestes dois últimos meses têm, para mim que me digo historiador, sido magistrais, dignas de doutoramento ou qualquer título que se possa inventar para o homem: talvez HUMANO. E será com ela, para ela e através do respeito a ela que conseguiremos transformar a sociedade excludente existente num HUMANISMO em que todos se respeitem e ajudem a vencer as dificuldades que certamente irão surgir, mas sem elas a vida também ficaria monótona. Quem sabe, se livres dessas etiquetas absurdas de liberais que querem ver os outros presos; de cristãos que gritam pela morte do seu próximo e de democratas que querem tudo para uma pequena parte e nada para os outros, a humanidade possa dar certo.

 

 

[1] O texto completo pode ser acessado através deste link: https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2020/05/05/a-humanidade-pode-dar-certo/

 

17 ABRIL 2020

Os deuses estão em transe.

A confusão está grande no planeta Terra. As almas tentam se esconder da cólera dos deuses. E quando falo de deuses, assim no plural, é pelo simples fato que ainda não consegui descobrir quantos são, onde estão e o que realmente querem de cada pobre alma sofredora que, segundo a literatura pertinente foi criada à sua imagem e semelhança. Ou será do anjo negro que ao que parece é um único, embora lhe atribuam os mais variados nomes?

 

Se passarmos a analisar a situação vemos e sentimos na carne os efeitos de uma guerra, que neste momento é bacteriológica, entre os filhos de Deus, os filhos de Maomé, os filhos de Cristo, os filhos de Buda, os filhos dos deuses africanos. Por momentos alguns que tradicionalmente são inimigos de morte chegam a se unir para combater os outros enquanto o vírus que os devora vai fazendo seu caminho atingindo “gregos e troianos”, isto sem falar no romanos e outros a que chamam de bárbaros. O homo burrapiens” não se apercebe que a briga não precisa ser entre religiões e sim sobre produções, modos de produzir e consumir o produzido, tendo como pano de fundo (ou campo de guerra) os bolsos de nossos capitalistas que se esfolam para ver aquele que consegue amealhar mais do vil metal que, infelizmente não carregará para debaixo dos sete palmos de terra que levará pelas fuças quando daqui bater em retirada. Desse ser abjeto que não entende que todo o dinheiro, ouro incenso e mirra do mundo não lhe comprarão a saúde, a paz de espírito e muito menos a longevidade.

 

Para atingirem seu objetivos financeiros fazem qualquer negócio desde que levem alguma vantagem (e quanto maior ela for, melhor), para isso não olham para aqueles que ao seu redor padecem de fome, de frio, de falta de um teto para se abrigarem e protegerem, não, o negócio deles é produzir, mesmo que depois tenham que escoar na valão toda a produção excedente, mas são desumanos ao ponto de verem seu semelhante vivendo a morte da fome e darem para eles um pouco que vão destruir apenas com o intuito de elevar o preço da sua mercadoria e assim obterem mais lucros. Atrás dessas verdadeiras carniças humanas andam as hienas e sobrevoam os urubus e tudo quanto é animal predador de perdedores: bancos e outras instituições financeiras que são quem vai mantendo os deuses no poleiro a que se hastearam.

 

No nosso caso atual temos o maior exemplo, o desgoverno psicopata e assassino que aí temos “emprestou” aos bancos algo que não está muito bem definido, pois uns dizem que não chegou a u trilhão, enquanto outros falam em 1,2 trilhão e outros até mesmo em algo em torno dos 3 trilhões de reais, pois os pobrezinhos que semestralmente apresentam superávit na casa dos bilhões, estão a padecer com a falta de abastecimento diário como acontecia antes da pandemia. No entanto, e aí a minha justificativa para chamar ao governante de assassino, acenam de longe com a mão esquerda com seiscentos reais para cada trabalhador que lhes enche as burras com seu trabalho sofrido e diário, a troco de migalhas (creio que não chega a tanto, é apenas farelo) que agora, com a crise não consegue apanhar dos manjares do que as aves de rapina deixam cair dos seus repastos, mas a mão direita já está mais longe, estendida para lhe tirar o que apenas é promessa. Enquanto uns se refastelam em ilhas paradisíacas, outros padecem a dor da perda de entes queridos seja pela fome ou pela doença que se agrava com ela. Uma curiosidade que deveria fazer a vergonha e trazer culpa suficiente para que se metessem uma bala na cabeça (como acontece em alguns países onde esses dois conceitos são extremamente respeitados) é que para os bancos o dinheiro foi prometido num dia e antes de 24 horas os caixas já estavam abarrotados de cédulas, mas para o pobre, volvidos quase dois meses de paralisia das atividades, sem renda e logicamente sem o que colocar sobre a mesa para a família, ainda se “estudam meios para fazer a “doação, a benesse ” de entregar 600 reais que mal dá para pagar a alimentação de um mês. É simplesmente vergonhoso.

 

Os mais incrédulos afirmam que se trata de uma ação de “limpeza” realizada pelo próprio planeta que se estava sentindo muito agredido (agressão que não nego), mas sejamos racionais: o planeta pensa? O planeta tem seu laboratório próprio para criar vírus mortais que só atingem com maior virulência aos anciãos? Há muito que se vinha desenhando uma terceira guerra mundial, de tal forma que Obama já advertia que uma nova gripe parecida com a Espanhola, que dizimou milhões de seres humanos, estaria por acontecer e que esse inimigo viria pelo ar. Países louco correram a preparar escudos antimísseis e bunkers para se protegerem enquanto na sombra e no silencio a guerra estava sendo declarada da forma mais vil possível, a bacteriológica, que mata indistintamente e se propaga pelo mundo todo a uma velocidade assustadora. Eis aí a nossa terceira guerra mundial. Quantos morreremos? Qual o fim que se pode prever para esta atrocidade que se está cometendo contra a população mundial? Uma coisa é certa e já pode ser escrito hoje no livro de história de amanhã: O mundo, incólume com o que se passa com os seres dito humanos, não será o mesmo.

 

Já hoje, em plena pandemia, quiçá a título de consolo, as TV’s e os jornais já trazem as  notícias que os rios estão mais com as águas mais claras, que animais selvagens que estavam em vias de extinção voltaram a se reproduzir, que o acinzentado firmamento que víamos diariamente está mais anil, que aterra está tomando uma nova configuração ante a parada da ação destruidora do ser humano, malgrado a insistências de dois loucos, principalmente, em destruí-la, mas não terão forças suficientes para acabar com aquilo que os deuses salvadores (espera aí, até tinha esquecido deles) prometem a troco de quantias sempre maiores. Apenas uma questão: onde andam os pastores desse gado alienado que aceita dar tudo que tem contra a (im)possibilidade de cura de uma dor de cabeça, mas que graças à ignorância do gado constrói templos a Salomão, ou vem abertamente pedir dinheiro ao gado para comprar um jatinho, pois precisa ir de férias e lá para o paraíso terrestre para onde quer ir não há voos regulares que, além do mais são indignos de transportar uma divindade.

 

O povo precisa ganhar vergonha na cara, consciência e sabedoria para entender que o único deus que o pode ajudar está dentro dele e que ali, no seu mais íntimo que deve buscar as soluções para os problemas que o afligem. É em si mesmo que o homem (no sentido genérico) deve procurar as armas que precisa utilizar para vencer as guerras quase diárias que tem que travar para conseguir a sobrevivência. Pecou, errou. Fez algo que não devia ter feito. É na sua interioridade pessoal que deve reconhecer o erro e se possível o reparo ter a hombridade de chegar junto a que ofendeu ou prejudicou e pedir perdão com humildade e reparar o erro cometido. Seu “pecado” estará perdoado. Se a vida se apresenta difícil, não a torne pior dando ao pastor o que lhe faz falta para se manter vivo em troca da promessa do paraíso se comprar uma vassoura ungida por mil reais (que se você não tiver é expulso da “igreja”) para ser perdoado até que, desesperado ante situação que atravessa, pratique novo “pecado” e tenha que voltar a falar com o seu pastor representante na terra do poder superior e tenha que comprar um lote de terreno no céu para lá edificar sua nova morte que se avizinha a cada vez que você doa e não vê nada se transformar na sua vida para melhor: a fome e a miséria que esses deuses exploram, mata.

 

Povo, gado, embrutecidos, raivosos, odientos, assassinos, indignos de ser considerados seres humanos entendam que os vossos deuses das curas milagrosas não vão vos salvar das mazelas do mundo. Onde andam agora que as pessoas estão morrendo ao milhares, que não vêm salvar suas ovelhas? Acabem com a crendice que só vos está levando para o buraco fundo e escuro da terra. Por isso vos digo que os vossos deuses estão em transe, pois até a eles está faltando aquilo por que mais anseiam: os vossos bens, sejam eles de que espécie for, vocês têm a obrigação de os “alimentar”.

 

Fiquem em casa! Não queiram morrer nem matar aqueles que mais amais.

 

02 ABRIL 2020

BIZARRICES

Quem frequenta este meu site tem plena consciência de que eu não o utilizo para fazer propaganda, não o utilizo para praticar a pornografia, o máximo que posso fazer é emitir opiniões que não agradem a todo mundo. Ninguém é perfeito.

No entanto e caso os meus leitores e minhas leitoras se derem ao trabalho de verificar, no próprio facebook (já começo a enguiar só de ter que escrever esse nome) podem encontrar inclusive sexo explícito ou fotos pornográficas em profusão e continuam lá.

Agora vocês imaginem o “CRIME” que eu cometo quando uso as páginas do dito cujo para anunciar que tem material novo, aqui onde estamos sossegados, para receber três advertências seguidas me informando que “eu estava violando as regras da comunidade”. A última mensagem censurada foi esta (que eu repeti várias vezes para fazer raiva a esses ‘controladores de conteúdo): "Vai lá e palpita! É mais uma extra"! colocando em seguida o link da matéria na seção Crônica Mensal”. Do jeitinho que sempre fiz até este momento e vou continuar fazendo, pois eu acredito que eles reconheceram a merda que fizeram, pois repeti a mensagem uma série de vezes e não apagaram nenhuma delas nem me mandaram mensagem ameaçadora, digo bem ainda não, o que não significa que amanhã não apareça bloqueado, quiçá a conta apagada.

Vivemos num mundo FDP. Numa outra oportunidade me censuraram por uma notícia que envolvia aquele verme nojento que dizem ser o presidente. E não era Fake, não, era ele mesmo falando e soltando aquela diarreia pela boca. Mas o censurado fui eu. Sinceramente, já ando de saco para estourar com aquela plataforma bosta. A partir de hoje só a vou usar para anunciar novidades aqui no site, que eu pago com meu suado dinheirinho e nem sequer o utilizo para ganhar algum trocado.

Agora que estou aposentado vou ter um tempo a mais para me dedicar a escrever o que vou pensando. Se como eu também estiver cheio daquela coisa horrorosa lá, passe por aqui pelo menos uma vez na semana e olhe no “sumário”, logo abaixo da lista de seções e veja se tem algo de novo.

Eu lhes agradeço muito pela visita e pela possível leitura. Volto a repetir que já reclamei com o pessoal do provedor que não há um espaço fácil para um feedback, portanto paciência, vou continuar a pensar sozinho dando algum trabalho a “Tico e Teco” para que não caiam na ociosidade e me levem junto para um lugar que eu ainda não desejo ir, embora a ida seja obrigatória.

Amanhã é sexta feira, começa mais um fim de semana (DENTRO DE CASA, POR FAVOR!)e espero sinceramente que consigam divertir-se um pouco. Mesmo respeitando a si mesmo e aos outros, não nos faltam oportunidades de nos divertirmos e o tempo passar agradável.

Forte abraço a todos e todas. Saúde acima de tudo!

 

28 JANEIRO 2020

PRECISAMOS TROCAR AS LENTES

 

Em conferência pronunciada em Porto Alegre (12-01-19), Márcio Pochmann[1] busca impulsionar uma nova forma de ver a sociedade e, a partir de tal mudança, uma nova forma de fazer política. Nas suas próprias palavras:

As mudanças se dão em diversos níveis que vão desde o perfil demográfico do país, passando pela estrutura de classes, pelo funcionamento do trabalho e da economia e chegando à dinâmica das cidades. É preciso ter esse horizonte mais amplo como referência para se pensar os desafios políticos colocados por essa realidade que já implodiu o pacto político instaurado pela Nova República.

Procuremos argumentação para defender, com o autor, a tese da necessidade da mudança. Lógico que Pochmann não precisa que alguém o defenda, ele próprio sabe muito bem argumentar suas teses, eu pretendo, se assim me permitirem, traduzir para um público menos atento e conhecedor da área, as palavras de Pochmann.

 

Dado o contexto em que este meu texto vai ser divulgado não me alongarei mais e ficarei apenas pelo título e a citação acima referenciada.

 

O título, em si, já comporta uma necessária reflexão, após a derrocada sofrida com o processo de impeachment da Presidenta Dilma e de todo o processo estabelecido contra Luiz Inácio Lula da Silva, formas diretas de atingir a maioria da população brasileira. Então, sob o título trovejante: “Sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Estamos com uma retórica envelhecida” é que o autor vai enumerar algumas, não todas as mudanças, as mais urgentes para se montar uma nova configuração à atual sociedade. Quando ele começa dizendo que é preciso analisar, antes de tudo, o novo perfil demográfico do país, traz-me à lembrança as palavras simples, mas tantas vezes traduzidas em diversas línguas: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1988, p 11).

 

Tinha razão Paulo Freire, pois se não se souber ler o mundo no nosso entorno e mesmo à distância, não há como preparar o novo homem para essa transformação que é permanente nas sociedades modernas e pós-modernas, como é chique dizer. Dos anos 60/70 até estes dias, do início da terceira década do séc. XXI, o perfil demográfico sofreu grandes alterações. A população que acompanhou e carregou Lula nos ombros está aposentada ou em vias de tentar a aposentadoria diante das novas regras impostas pelo novo ditador. A população que foi sendo colocada nesse lugar não passou por dois processos distintos, mas complementares: não passaram pela ditadura (que, aliás, negam) e pelo processo de formação de ordem política através das ações dos sindicatos que hoje não passam de caricaturas daqueles que se sempre estiveram na linha de frente da oposição ao regime militar que se havia instaurado no país. Tentemos compreender que, enquanto, por um lado, não havia uma formação política capaz de garantir a continuidade de uma sociedade mais igualitária, a ciência foi evoluindo tão rapidamente que acabou por sufocar os poucos e pequenos focos de resistência, dando lugar à exploração do povo pelos espertalhões de extrema direita e falsos profetas que prometem o céu a troco de tudo que você possa entregar-lhes.

 

As classes sociais perderam seu significado perante a degradação daquela mais representativa que é a classe trabalhadora e que acabou por ser transformada na classe desempregada. O individualismo, tão característico do capitalismo, se exacerba com a promessa de fazer de você um “pequeno empreendedor”, já que mais não seja um catador de latinhas no final das festas da classe mais rica e dos pobres que por ignorância não conseguem perceber que comparecendo a esses eventos estão enchendo os cofres de quem já os tem abarrotados.

 

As “igrejas” – a que eu chamo de pontos de assalto coletivo – estão repletas dessa categoria que não sabe ler o mundo, pior, na sua maioria não sabem ler a palavra e em consequência acreditam piamente nos “enviados”, dos “ungidos” para salvá-los. Formam batalhões de paramilitares para defender a “Palavra” contra o inimigo comunista, pois não sabem sequer o que seja ser comunista, é um inimigo, dito pelo “enviado” e para ele chega. Podemos, portanto afirmar que a sociedade brasileira é formada, hoje, pelos “espertos” (uns quantos, não devem ultrapassar as duas dezenas), os burros, que atingem a cifra dos largos milhões, e uma classe restrita de pensadores intelectuais, que se se juntarem, ainda assim não terão força suficiente para causarem uma derrocada no atual sistema. Serão necessários muitos anos de trabalho intenso e progressivo para se retomar, pelo menos, o nível que se atingiu nas duas primeiras décadas do presente século. Vamos ter que voltar a ser as formiguinhas, no carreirinho, uma atrás da outra no rumo da democracia que infelizmente o PT não soube conservar, tão confiante que estava que havia ganhado o presente da vida dele: o governo até o infinito. Foi muita ingenuidade, mas um ditado antigo lá dos meus rincões me diz que “águas passadas não movem moinhos”, portanto não adianta chorar o leite derramado. Há que arregaçar as mangas e partir para uma nova batalha. Perdemos uma, mas não a guerra.

 

As condições de produção atuais não se assemelham nem de longe àquela em que o que importava era a força braçal do homem, deixando de lado toda a sua capacidade cognitiva. Hoje as cidades estão automatizadas, o trabalho robotizado e a nanotecnologia trabalhando a mil por hora para apresentar cada dia uma novidade que requer do novo homem, que não sou eu, uma postura muito mais tecnicistas que racional. A (IA) Inteligência Artificial já está aí para substituir a razão humana, deixando a esta apenas a oportunidade de saber qual botão apertar para que uma tarefa seja realizada.

 

O nosso povo não pensa mais como ajudar seu vizinho que está passando por alguma necessidade, não tem tempo para isso e cada dia lhe tiram mais do pouco tempo que lhe resta, na medida em que tem que pensar (creio que este conceito é muito pesado) em sobreviver e fazer sobreviver os seus, já que mais não seja dormindo embaixo da ponte. Vai longe o tempo em que se escutava alguém entoar uma velha canção chamada de “Cidadão” (Zé Ramalho) que dizia: “Tá vendo aquele edifício, moço, ajudei a levantá”, hoje as máquinas impressoras 3D fazem até órgãos humanos, ou parte deles. O homem tem que receber uma nova orientação profissional para fazer frente aos desafios que lhe são postos.

 

Embora compreenda a necessidade primaz da leitura, lamento ter que reconhecer que a obra do Paulo Freire está sendo ultrapassada pela tecnologia. Isso jamais lhe tirará o mérito que conseguiu atingir, mas tal como tem acontecido com o marxismo, também as suas ideias precisam ser analisadas à luz de um novo mundo do trabalho que está sendo delineado a cada instante que se passa. Talvez hoje seja mais importante aquela sua afirmação sobre a leitura do mundo, mas compreender que não falamos do mesmo mundo em que se aprendia a escrever com gravetos no chão do quintal, precisamos entender que já não existem tantos gravetos e que os quintais hoje são placas de cimento, asfalto e as salas estão cheias de computadores.

 

O “colaborador” – não é mais chamado de trabalhador – precisará reinventar-se e se tiver pretensões a continuar constituindo uma força política terá que, primeiramente, analisar a sua nova situação profissional e perceber o quanto o seu abandono das lutas histórias o obrigou a escrever uma nova história que certamente não representa a sua vontade de ser e fazer.

 

[1] Pochmann, M. Sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Estamos com uma retórica envelhecida, in: https://www.geledes.org.br/pochmann-sociedade-que-deu-origem-ao-pt-nao-existe-mais-estamos-com-um-retorica-envelhecida/?fbclid=IwAR3zJJG_haHvKJ4hTj2P-iZXrvPbl6bgcS5wECOHiVZzSkfmf-jp5_w6DtE 13/08/2019

 

 

26 DEZEMBRO 2019

Então foi Natal.

E o que nós fizemos? Cada um terá a própria resposta, que a mim não interessa, apenas espero que tenha sido o bem.

De minha parte, a tranquilidade imperou. Fiz a minha parte para tornar este mundo menos cruel e, não sei se pelo avançar dos anos, dei por mim a pensar em coisas que vivi: umas que deixaram saudades, outras que deixaram cicatrizes mais ou menos profundas e o devaneio do pensamento ao longo dos tempos passados recordando fatos que de forma alguma não voltarão a se repetir. E essa minha certeza tem como argumento a diferença de temperatura existente entre AL e Europa, a menos que entremos numa era glacial severa que até o deserto do Saara vire gelo.

Recordei coisa do tipo: a Ceia de Natal – não o jantar de natal que antecede a ida para a balada – em volta da lareira, a família reunida, cada qual contando suas “estórias” até a chegada do Menino Jesus com suas prendas que eram colocadas no estábulo que ficava na lateral da casa. Um adulto, em meio à conversa, saía de mansinho e ia colocar os presentes na manjedoura, para gaudio da meninada. Mas isso foi Natal e o Natal já passou e vai ficando cada dia mais “frio” mesmo no calor dos trópicos.

Pensando em calor, hoje pela manhã, ao acordar, uma imagem me veio à memória e sobre ela refleti. A minha reflexão de hoje tem tudo a ver com o relato inicial que nos dá conta da tradição de uma época passada. Imaginem vocês, não sei se sonhei, ou por qual motivo me veio à ideia o homem usando terno (calça, colete e casaco) amarelo. Para completar o “look” (como se diz agora) a camisa, a gravata e os sapatos, tudo amarelo. Não raras vezes esse todo ainda tinha como complemento o chapéu de abas largas na mesma cor. Fui à internet procurar por imagens de homens vestindo amarelo. E o que descobri?

 

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Não é exatamente o que descrevi, mas considero elegante, assim mesmo. Numa região “tórrida” como a nossa seria bem aceitável uma roupa nesse estilo, mas os homens de “responsabilidade” querem seguir a tradição e, sob o mais cruel dos calores, vestem preto. Mais, na falta de “aquecimento” central nos locais de trabalho, usam uma capa (toga) preta feita em algodão grosso e pesado. É muita falta de uma mentalidade utilitária e vontade de “fazerem importantes”, como se a vestimenta fizesse o caráter da pessoa. Olhemos para o nosso corpo jurídico: cada vez que por algum motivo tenho que ir num Fórum, me dá vontade de rir da cara de desespero que alguns magistrados fazem com tanto calor, mas lá estão eles de preto e todos “anafaiados” como se diz no meu país, mais parecendo um urubu de asas atadas para não poder voar. Se olharmos para o nosso Congresso, a cena é a mesma, embora já surjam aqui e acolá algumas exceções e apareça um azul mais ou menos claro ou mesmo um tom creme ou marrom clarinho. Digamos que estamos vendo uma luz no fundo de um poço de betume em que mergulharam todo esse pessoal.

Quanta besteira passa pela nossa cabeça, vez por outra, não é verdade? Com tanta coisa mais importante para pensar fui pensa num homem vestindo amarelo. Para o penso que talvez isso seja reflexo da situação social e política que vivenciamos no presente, na qual vestir vermelho, por exemplo, é se tornar a mosca de um alvo em campo de treino de tiro. No fim desta primeira década do séc. XXI não é preciso estar vestido de vermelho ou outra cor qualquer, basta estar no lugar errado, na hora errada, diante do louco errado que, armado, não hesitará em lhe abater com o maior sangue frio. Para ser abatido, basta ser preto, pobre, gay, puta e morar na periferia. O mercado de capitais está de olho no espaço que você ocupa, não na sociedade de onde é excluído, mas do terreno que precisa ser colocado na especulação imobiliária para gerar mais lucros. Você deve recordar dos acontecimentos de incêndios nas favelas, assim como as violentas “tomadas de posse” de terras habitadas por gente que não tem mais condições de viver em condições mínimas de dignidade. Ontem, uma imagem circulando na internet me chocou: um ser humano, ao que parece, ser uma senhora idosa, deitada dormindo em meio a um capinzal não comoveu muita gente, no entanto, a rinha de cachorros removeu até os juízes e desembargadores que já estão no repouso eterno.

Os valores estão invertidos e isso me leva a acreditar que estamos muito perto do fim deste mundo. Não, não é por conta da minha idade que mais ano menos ano porá fim a minha simples existência, são os comportamentos humanos que me dizem que este mundo não serve mais para a convivência entre seres odientos, egoístas, desumanos, desrespeitosos de si mesmos. Creio que breve voltaremos ao período da pedra lascada. Onde andam os meteoritos que dizem que mataram os dinossauros? Talvez aí esteja uma solução para por fim a tanta desavença: a eliminação do ser humano da superfície deste planeta que dizem azul e chamado terra!

 

07 DEZEMBRO 2019

Hoje o desânimo bateu forte. Conheço os sintomas e isso me ajuda a ultrapassar esta situação desagradável em que me torno um ser quase intratável. Todos os anos, por esta ocasião, bate este desânimo. Reluto e tento resistir, mas o impulso é por demais forte e eu não consigo superar este estado que se apodera de mim.

Como já afirmei conheço os sintomas e sei melhor ainda os motivos que me condizem a este estado, simplesmente não consigo encontrar meios que me façam superá-los de uma forma capaz de evitar que outras pessoas descubram em mim esse estado de espírito.  Auspiciando outro futuro que aquele que me parecia destinado, abandonei cedo a família, mas dos temos que vivemos em grupo unido a época das festas de fim de ano era um dos momentos que começávamos a desejar após o término das anteriores. Era um momento de união e de apertar laços que por algum motivo haviam afrouxado durante o ano. Mas como disse, cedo na minha trajetória me vi solto e entregue a mim mesmo, tendo, portanto que encontrar todas as soluções para os problemas que iam surgindo no meio do caminhar. Assim é a vida. Mas já nesse período quando chegava esta época o espírito familiar me preenchia, mas ao mesmo tempo me sentia vazio do contato direto com aqueles que foram meus pilares. Um telefonema, uma carta, quantas vezes nem isso para me recordar do enrolar das filhós que mamãe preparava toda a noite de Natal. Aquele jantar especial e o café “brasileiro” que sentia bom a longos metros de distância.

A vida segue, por mais que alguém tente retê-la em pleno caminhar. Os anos passam, os caminhos de alguns se aproximam, de outros se afastam, mas a vida continua, precisa continuar, nós que temos que crias sistemas de resistir às intempéries que vez por outra surgem à nossa volta. As pessoas nascem, vivem, nos dão a vida e por fim morrem encerrando um ciclo. Só nós sentimos a falta dos que partem, sem pensarmos que a nossa vez já está reservada e vamos sentindo dores desnecessárias em vez de olharmos ao redor e percebermos o que ainda podemos fazer enquanto estamos sobre este plano que nos foi emprestado um dia com o compromisso de o abandonarmos quando tivéssemos cumprido nossa missão.

Não vou negar que sinto que está por chegar, só não sei quando, onde e como, o momento entregar meu posto. Tenho, na medida do possível desempenhado meu papel, não se se melhor ou pior, já passei pelas três fases que dizem constituir a “vida de um homem”: Já plantei uma árvore (aliás, várias), já dei vários filhos ao mundo e, por fim, terminei de escrever um livro que não sairá certamente dum ciclo mais extenso que aquele da família e uns quantos (poucos) amigos, mas está impresso e em breve farei o lançamento. Cumpri, portanto, a minha tarefa, agora resta saber para quando está marcada a viagem final. Não pense que estou pessimista e querendo partir, não, não é nada disso, quero apenas dizer que, a partir do meu ponto de vista, sinto que quando a hora chegar terei a consciência tranquila e a certeza de não ficarem arrependimentos, a não ser de não ter feito sempre aquilo que queria fazer e o postergava a data ulterior que muitas vezes não chegava. Só me arrependo, portanto daquilo que não fiz.

Pronto, desabafei, mas o sentimento de que algo  continua a me faltar nesta data é superior a tudo isto, portanto, e antecipadamente peço desculpas se por ventura vier a ser menos atencioso ou delicado com alguém. Este é o meu estado.

Só peço compreensão.

 

23 NOVEMBRO 2019                       

 

Uma lição de vida

 

Você sabe quem é Sadio Mané?

Certamente estará se perguntando se eu estou de brincadeira com você. Não estou! E vou mais além, cantaria em seu louvor aquela música que diz “Ah se no mundo todos fossem iguais a você”. Mas vamos acabar com o suspense:

”A vida de pobreza pode ter ficado para trás, mas Sadio Mané não se esquece desses tempos”.

«Para que quero dez Ferraris, 20 relógios com diamantes e dois aviões? O que faria isso pelo mundo? Eu passei fome, trabalhei no campo, joguei descalço e não fui à escola. Hoje posso ajudar as pessoas. Prefiro construir escolas e dar comida ou roupa às pessoas pobres», afirmou o jogador do Liverpool em entrevista.

Eis uma postura que muito me agrada. Ele não é o único bom exemplo, nesse sentido, outros jogadores aberta ou anonimamente têm feito muito bem a uma parte da humanidade mais sofrida.

Se na humanidade todos pensassem minimamente no seu semelhante teríamos um mundo que valeria a pena viver, mas a ganância impera e horas há em que grito bem alto (creio que os vizinhos já estão pensando que estou louco) “Parem este mundo que eu quero cair fora”.

Ver a fome e a miséria galopando sobre a população brasileira, eu incluso, pois não sou mais que ninguém, me deixa aflito, pois sei que o pouco bem dividido dá para muita coisa, mas o muito mal repartido gera desconforto, doença e morte de muitos inocentes que sabem, muitas vezes, nem o que fazem no mundo.

Quem anseia por ter tudo que Sadio afirmou é, no meu entender um doente em fase terminal, irreversível. Não podemos proibir ninguém de ter o seu conforto, e atender uma ou outra vontade mais extravagante, mas para que serve tanto dinheiro, tanto bem, tanta riqueza nas mão de uma só pessoa, se ela com parte de tudo isso pode ria ajudar outros a ter, pelo menos, o necessário para não sofrer tanto nesta vida?

São exemplos como este de Sado mané que ainda me fazem guardar uma pontinha de esperança em um mundo que pode ser transformado. O processo deve ser longo e doloroso, porém possível. Terremos que passar sobres as brasas incandescentes do inferno astral ultradireitista até atingirmos a calmaria que nos conduzirá a dias melhores. Mas precisamos criar a consciência de Sadio Mané.

O mundo ainda pode ser salvo.

Lutemos por ele que vale a pena!

 

09 NOVEMBRO 2019

 

O DIA EM QUE A FOME DOEU MENOS.

Hoje a fome que já castiga muitos brasileiros doeu um pouco menos, não porque tenha tido mais comida na mesa, não, mas porque renasceu para a luta o HOMEM que certamente os fará novamente ter três refeições ao dia: LULA foi finalmente solto.

Hoje o campo surgiu mais verdoso, não porque tenha chovido, ou alguém tenha jogado uma águinha. Não o campo nasceu mais verdoso porque soltaram o HOMEM que mais incrementou a agricultura familiar.

Hoje eu percebi como analfabetos voltaram a ter uma outra leitura do mundo. Não porque tenha ido à escola sem partido, mas porque liberaram aquele que mais UNIVERSIDADES construiu.

Passei na rua e vi gente rindo sozinha, parecendo tremendamente feliz. É que sabiam que que a PAZ E O AMOR voltaram para fazer nossas vidas menos difíceis.

São precisas muitas palavras para relatar a forma quase repentina como o céu de cor cinzenta que a todos assustava como uma tormenta prestes a desabar passou novamente ao azul anil do Brasil e as estrelas brilharam mais: a ESPERANÇA renasce.

Vamos precisar nos unir ainda mais, segurar a mão do outro com força e partir para a reconquista dos direitos maleficamente roubados.

Hoje eu vou voltar a gritar: VIVA O BRASIL! SALVÉ LULA!

 

19/10/2019

PAPEL DE URSO

 

Na minha terra, tal atitude recebe um nome carinho pouco agradável: “Papel de Urso”.

Querendo mostrar ser aquilo que não é (capaz), Bolsonaro ataca por todos os lados sem ter a menor noção de seus atos, depois se arrepende (ou alguém sensato lhe chama a atenção para as besteiras que faz) e volta ao ponto de partida.

Não se pode negar que entre as duas ações existem enormes prejuízos. Quero apenas realçar a questão da ciência brasileira desenvolvida nas universidades federais, públicas, tomando em conta as interrupções causadas pela falta de dinheiro para dar-lhes continuidade. O prejuízo já passa certamente de nove dígitos, mas o ator que faz o papel do urso, só agora parece ter-se apercebido da asneirada que praticou e mandou que o MEC realocasse as verbas que antes estavam destinadas às federais e que por ele haviam sido retiradas, afirmando o reconhecimento da não existência de “gorduras” nos orçamentos que vinham sendo espremidos desde o fim do governo Dilma.

Reconhecer um erro é sempre um ato de sensatez, mas aqui, nós enfrentamos um grande problema, o falso sensato não passa de um santo do pau oco. Ora esses são os piores, são aqueles que lhe dão com a mão direita e retiram com a esquerda, mais vulgarmente conhecida como “mão grande”. Que ninguém se iluda, atrás desse “ato de benevolência” tem bicho escondido na manga. Deixa só perguntar uma coisa: e a Educação Básica, como fica?

Tenho o meu raciocínio que me diz que ele vai manter o orçamento para que as federais possam continuar as formar pessoas sábias, mas só que a partir de agora só serão os filhos do ricos quem poderá frequentá-las, pois a educação básica estará entregue às traças e as escolas particulares prepararão os filhinhos de papai para o ingresso nas federais. Nesse sentido a privatização da educação básica servirá para preparar os filhos do rico de um lado, e o que sobrar das escolas públicas só terão (se tiverem) condições de preparar as famosas buchas para canhão.

Este filme eu já vi e a carneirada que que dele foi protagonista transformou-se rapidamente em adoradora do bezerro de ouro da política nacional. Hoje pagamos preço bem caro tal atitude consentânea como a dos anos 70 e 80, duas décadas diferentes que produziram uma juventude pouco interessada em política. O “amor livre”, as drogas sintéticas, o “Peace and Love” movimentos que se opuseram ao “establishment” mas que não souberam criar raízes mais firmes que fizessem frente ao capital, muito embora tenham feito frente à guerra do Vietnã e buscassem outras alternativas de vida que o já velho sonho americano.

O povo era outro, ainda existiam ideais nos idos de 68, em Paris e depois um pouco por todo mundo, nas lutas contra as ditaduras imperialistas existentes, mas também foi uma época profícua em liberdade e da revolução das mulheres. Quem lembra de Mary Quant desafiando o conservadorismo com a sua mini saia que nunca mais saiu de moda e a cada dia encurtava mais? Dos cabeludos que tocavam Lucy in the Sky with Diamondes – ou seja, os Beatles elogiando a LSD uma das drogas que permitiu “grandes aventuras”! (Aproveite e veja aqui uma tradução não oficial da música e tire conclusões https://www.youtube.com/watch?v=X2a5Zed559w). Marcante foi a queima dos sutiãs e liberação das pílula. No meio da década de 70 surge esta outra maravilha https://www.youtube.com/watch?v=DdQjFI5id4g = Queen - Bohemian Rhapsody.

 O liberalismo político tomou o lugar da liberdade do povo. A globalização tentou, à maneira capitalista, reverter os erros liberais até que ela também se esbagaçou contra os movimentos civis iniciados em 60 e que se tornaram a cada dia mais combativos sob a ação de alguns governos de esquerda que se implantaram e fizeram a diferença. Fizeram a diferença, mas não souberam fazer diferente, esqueceram de cuidar da base de resistência contra as investidas neoliberais e ultradireitistas. Não faltaram avisos, mas confiantes na boa intenção do povo deixara a correia solta, pensaram que havia matado o dragão. Resultado: criou-se um novo vingador como em 1990. Naquela época foi um caçador de marajás, desta feita em 2018 criamos um Mito caçador de corruptos (só que na casa dele não tem espelho).

Qual será o próximo movimento que derrubará mais este algoz dos pobres?

Nem música de qualidade temos para isso! Estamos fritos!

 

17/10/2019

O$ imortai$

Dizem que só se tecem bons comentários sobre as pessoas ruins quando elas morrem. Na minha opinião (lamento se contrario algum pensar mais conservador) a coisa não é bem assim.

Existe um pouco por todo mundo, digo um pouco, porque efetivamente não são muitos seres humanos que se julgam os donos do planeta apenas pelo fato de terem conseguido (nem sempre com trabalho honesto) amealhar enormes fortunas, verdadeiros impérios. De posse desses bens, creio, julgam-se inatingíveis, imortais na sua ganância.

Embora esse pensamento seja comum na maioria dessas pessoas, ainda não vi nesta já longa vida que carrego sobre os ombros, nenhum deles que tenha “ficado para semente” ou então que tenha ido comer capim pela raiz levando consigo a$ sua$ grande$ obra$. Os que por cá ainda ficam são mais espertos e até mesmo antes da partida já procedem à partilha, quantas vezes em meio a verdadeiras guerras familiares. O ser humano é desumano.

Aquele a quem vulgarmente chamamos de ser humano é, na verdade, um hipócrita e em casos extremos um usurpador dos direitos alheios em benefício próprio. Enriquece passando por sobre a fome alheia, a dor dos outros, o mal estar geral, desde que ele se dê bem. Mais, sempre mais é o seu lema. Normalmente vivem em grupos a quem chamam vulgarmente de “famiglias”, quantos em verdadeiras máfias.

Mas há uma outra história que narra que após a morte de um “padrinho”, outro já está pronto para ocupar o seu lugar, tendo como meta um lugar ainda mais alto. Constroem-se verdadeiros castelos, fortalezas do mal, mas que normalmente não resistem à corrosão provocada pela ação do pobre em busca daquilo que minimamente lhe é devido, uma ação que começa por baixo, onde vive o pobre, na parte sobre a qual se apoia a estrutura aparentemente infalível. Grandes impérios vieram a terra. Outros mais virão. O dia que o mar de excluídos começar a criar ondas alterosas não haverá império que resista. E eu já escuto, embora lá longe, o rugir da porcela.

Só há uma forma de evitar essa catástrofe: aproximar os extremos, diminuir as distâncias entre os mais e os menos. Não carece de estabelecer a igualdade, mas uma maior e mais eficiente distribuição dos bens produzidos e apenas usufruídos por outros já acalmará um pouco a tempestade que vislumbra no horizonte sombria que avança sobre este planeta tão mal tratado.

Tal como no edifício que ruiu em Fortaleza, por desgaste das pilastras, assim outros impérios podem ruir com a morte de seus sustentáculos: morreu hoje Maurício Sherman uma das colunas de sustentação da Rede Golpista Globo. Será que outras pilastras aguentam o desiquilíbrio de quem ganhou como recompensa por tudo que de bom e ruim fez na emissora, apenas sete palmos de terra sobre a cara?

 

24/09/2019

Hoje trago para reflexão geral um texto que pedi emprestado ao saudoso Rubem Alves. Considero-me agnóstico, mas não é por isso, ou talvez seja por isso mesmo, que admiro este texto.

À sua maneira, Rubem Alves nos coloca no olho do furacão e parece dizer-nos: "O problema agora é vosso". A nós resta, portanto, compreender a mensagem (ou as mensaqens, pois que tantas estão contidas nesta pérola) e agir segundo a ética confessional que cada um adotar. Costumo dizer que, para mim todas são iguais, nenhuma é melhor que outras, mas na individualidade cada um tem o direito de seguir a que mais lhe satisfizer.

Cinco anos que ele nos deixou, mas a sua visão ia muito além do tempo. Todo brasileiro devia ler este texto. Por isso eu peço: leia, reflita, aja e divulgue, só assim mudaremos o Brasil.

Chega de conversa. Vejamos o texto:

 

Rubem Alves

... colunista da Folha de S. Paulo ....

Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.
Por medo.
Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe
 acerca da hora em que a coragem chega:
"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente.
Na velhice.
Como estou velho, ganhei coragem.

Vou dizer aquilo sobre o que me calei:
"O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus
como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar:
a democracia é o governo do povo.
Não sei se foi bom negócio;
o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável,
é de uma imensa mediocridade.
Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo
como instrumento de libertação histórica.
Nada mais distante dos textos bíblicos.
Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.
Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha
para que o povo, na planície,
se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso
que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!
Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!
Mas ela tinha outras idéias.
Amava a prostituição.
Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias
pulava de perdão a perdão.
Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário
pelo mercado de escravos.
E o que foi que viu?
Viu a sua amada sendo vendida como escrava.
Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse:
"Agora você será minha para sempre.".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa
numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado.
O povo era a prostituta.
Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.
O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros,
porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.
As mentiras são doces;
a verdade é amarga.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola
com pão e circo.
No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos
sendo devorados pelos leões.
E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!
As coisas mudaram.
Os cristãos, de comida para os leões,
se transformaram em donos do circo.

O circo cristão era diferente:
judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa,
se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro
"O Homem Moral e a Sociedade Imoral"
observa que os indivíduos, isolados, têm consciência.
São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo,
a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

Indivíduos que, isoladamente,
são incapazes de fazer mal a uma borboleta,
se incorporados a um grupo tornam-se capazes
dos atos mais cruéis.
Participam de linchamentos,
são capazes de pôr fogo num índio adormecido
e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.
Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.
O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional,
segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade.
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.

Mas uma das características do povo
é a 
facilidade com que ele é enganado.
O povo é movido pelo poder das imagens
e não pelo poder da razão.
Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista
que produz as imagens mais sedutoras.
O povo não pensa.
Somente os indivíduos pensam
.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam
a ser assimilados à coletividade.
Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.
Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.

O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.

O povo, unido, jamais será vencido!

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
Mas, para que esse acontecimento raro aconteça,
é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:
"Caminhando e cantando e seguindo a canção.",
Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.

 

02/09/2019

EVOLUÇÃO

Hoje o ponto de vista traz para nós (eu incluso) uma historieta, pouco engraçada, verdadeira e para mim uma grande lição. Espero que para alguns de vocês também possa ajudar a avançar em qualquer tipo de dificuldade com um pouco menos de "sofrimento". Sei que comigo continua dando certo. 

Meu saudoso pai já me ensinava nos meus tempos de jovem: “Filho... nesta terra quem para, cai. É como quem anda de bicicleta”! Hoje sem a menor das vergonhas e morto de saudades reconheço a verdade contida naquelas palavras simples, mas tão prenhes de significado.

Recordo certa vez que tentávamos fazer a travessia do rio Zêzere – que atravessa toda a região da Beira Baixa até ir se despejar no Rio Tejo – para irmos de um lugar chamado Gaia até outro lugar (ou vilarejo) chamado Gonçalo. Para irmos pela estrada empoeirada demoraríamos pelos menos umas 4 horas de caminhada sob o sol quente daquele verão. Mas pegando o atalho em pouco mais de 45 minutos estaríamos no destino. Como a nossa vida é feita de escolhas, optamos pelo caminho mais curto, mas que apresentava alguma dificuldades.

A primeira delas seria a travessia do rio que muito embora levasse pouca água, em função do alto verão, não deixava de representar um certo risco. Em determinado local em que o ria estreitava um pouco, embora se tornasse mais profundo, contávamos com a existência de um tronco de boas dimensões que a natureza ali havia derrubado e servia de “ponte” aos mais afoitos, pois precisava de equilíbrio e uma técnica apurada para não escorregar no lodo que se criava em virtude da umidade sempre presente. Mas lá fomos nós. Lembro que eu deveria ter meus nove anos.

Alegres e conversando sobre o que tínhamos a fazer do outro lado do rio onde íamos visitar familiares, chegamos ao famoso tronco. Logicamente, recebi as ultimas informações vinda de meu sábio pai. Relembro, como se tivesse acontecido há minutos: “-sabes andar de bicicleta e sabes de não se deve ficar andando olhando para o pneu dianteiro, pois a queda é quase certa, o a batida em alguma coisa são inevitáveis, não é verdade? Então como faze quando andas na bicicleta”? – “Ora. Pai, sento em cima pedalo olho em frente e sigo em frente. Só paro de pedalar se for uma descida”! Aí veio a lição:

- Para atravessares o rio terás que fazer a mesma coisa e “algo mais”, não podes olhar para baixo, para a água, ou perderás o equilíbrio e não adiantará pedalares pois já estarás no fundo do rio. O olhar tem que ser sempre em frente tentando apenas que a ponta do nariz te mostre que estás seguindo a linha do tronco, de resto é só manter a calma. Pois em qualquer situação estarei por perto”! Tentando me mostrar como se faz, meu pai iniciou a sua travessia (que não tinha mais de uns oito a dez metros, naquele lugar, e quase brincando chegou do outro lado e passou a me chamar.

Preciso dizer que o medo bateu relativamente forte em mim? Creio que não! Mas incentivado por meu pai deixei de olhar para aquela água que corria com uma certa velocidade e me enchi de coragem e pisei no tronco. A primeira sensação é de desiquilíbrio, pois você está pisando numa superfície oval e não reta. Precisa contar com esse outro fator complicador. Ora tinha tendência a inclinar-me para a direita, ora para a esquerda. Ouvi meu pai gritar do outro lado do ria: “Não esqueças de pegar no guidom da tua bicicleta”. Entendi e alarguei os braços, quase á altura dos ombros e senti um certo “conforto” quanto ao equilíbrio”.

Avancei, devagarinho, mas fui repreendido: - “Quando andas de bicicletas ficas andando nessa velocidade, quase parando? Não esqueças, quem para cai”! Acelerei um pouquinho os poucos passos que tinha para dar e senti o conforto e a facilidade da travessia. Ao chegar perto de meu pai relaxei e olhei para baixo. Felizmente já estava na ponta do tronco que estava apoiada em terra firme, mas a queda foi aparentemente feia e lá fui eu “beijar” o chão. Sob as risadas de meu pai levantei-me todo sujo de lama e escutei-o dizer-me: - “espero que tenhas aprendido que um trabalho, ou tarefa só está terminada quando se chega ao fim, antes, sempre se corre o risco de algo dar errado. Imagina se o que fizestes tivesse sido feito enquanto estavas sobre o rio? Lá teria eu que mergulhar para te ajudar já que tu nadas como um prego”! Deu mais uma gargalhada, foi se afastando e disse-me: - “Bem, agora é esperar que o sol seque tua roupa para o barro cair, mas vamos andando que o trabalho precisa ser feito”!

Como ainda faltavam uns bons dois quilômetros para chegarmos, a roupa secou e embora amarelada pela cor do barro, já estava completamente seca ao chegarmos. Meus primos e tios deram algumas risadas, meio à socapa[1], pois a maioria deles também já tinham caído no lodo ou até mesmo no rio. Fizemos nosso trabalho e ao entardecer estávamos de volta. A lição tinha servido, tinha sido aprendida e desta vez a travessia parecia um verdadeiro passeio.

Hoje mantenho esse costume: olhar em frente tendo como referência a ponta do nariz. Não baixo a cabeça para olhar os pés, pois também aprendi que os postes não conseguem se desviar. Então ficou-me a lição: Olhar em frente e jamais parar, pois se parar cai, tal como na bicicleta.

Experimente isso em qualquer situação de sua vida e me dirá quem tem razão. Por mais difícil que o caminho possa parecer, não pare, não olhe para baixo e procure a sua posição mais confortável de equilíbrio ao caminhar, por mais que seja devagar. Certamente chegará onde tiver determinado. Depois que se acostumar poderá até virar corredor de cross-country. Não esqueça, no processo educativo, seja ensinando ou aprendendo este método também é infalível, apesar das frequentes e possíveis quedas, lá na frente está o sucesso. Determine seu ritmo.

Um abraço

 

[1] Expressão portuguesa que significa “às escondidas”.

 

07/08/2019

QUEM VAI COMER OS OSSOS DO TATU?

 

Uma regra básica, bem antiga mas sempre atual: onde nada se coloca, nada se pode tirar. O ministério da Educação (MEC), a cada dia que passa vai delapidando o erário público que tinha como destinação o investimento na educação do povo. A mais recente investida desse energúmeno que responde pelo ministério nos dá conta da retirada de R$ 348 milhões que eram destinados á compra de livros didáticos para as escolas públicas. É o tatu cavando cada vez mais fundo o buraco onde não poderá ser alcançado. Esquece, no entanto, que após atingir seu limite, terá que retornar e terá, certamente mais dificuldades para subir, que para descer.

Anulam-se as escolas públicas, logo só a elite poderá estudar o que ela quiser e, certamente, não quererá ser professor, bibliotecário, agrônomo ou coisa parecida, não, a elite quer ser Dr (médico) para poder ganhar rios de dinheiro com a infelicidade e a falta de saúde dos mais pobres que não terão onde cair, pois os hospitais também serão privatizados e não terá dinheiro para ali entrar. Lembro-me daquela música: “Está vendo aquele prédio moço, ajudei a levantar (...)”.

Onde a nossa elite irá procurar encontrar o dinheiro que não deixa produzir? De onde eles vão retirar riqueza que não existe? Onde eles buscarão trabalho se não houver quem tenha condições de lhes pagar seus ricos honorários? É nessa hora que o tatu vai querer botar a cabeça fora do buraco que tão ferozmente cavou. Talvez consiga botar a cabeça fora do buraco, mas será tarde para a recolher novamente, outros bichos, mais ferozes e famintos os degolarão, os arrastarão para fora do buraco e farão a festa comas peles que sobrarem da comilança. Um dia a elite será engolida pelos proletários. A elite não sabe o que é fome. Quando começar a faltar-lhe o que colocar na mesa será obrigada a comer aquilo que roubou e que eu saiba, dinheiro não se come, joias não se comem e outras riquezas não se comem... será a hora de o proletariado lhe jogar os ossos que acaso possam sobrar do manjar dos tatus., isto é, que se comam uns aos outros.

Não estranhemos pois que em breve o Brasil vire um país antropofágico. Para nós a história está correndo em sentido inverso, estamos retornando no tempo. Quem sabe, assim e tão rapidamente, eu ainda tenha uma ínfima chance de conhecer um Titanossauro Rex de verdade!

 

22/06/2019

Onde vaca vai o boi vai atrás

Estes tempos que vivemos têm me deixado, cada dia mais perplexo, a tal ponto que, por vezes, procuro um tema para escrever alguma coisa que possa ser útil a alguém - já que mais não seja como passatempo - e não me surgem ideias capazes de me provocar alguma reflexão mais apropriada, pois e infelizmente, temos que estar muito atentos às malfadadas "face news".

Mas felizmente temos amigos e numa troca de opiniões surge um ponto que acredito possa ser desenvolvido para ajudar na reflexão. Recebi de meu amigo (quiçá parente) Fernando Pina a seguinte notícia:

Ocupar Lisboa

"O aumento do preço das casas está a levar as pessoas a saírem da capital. O turismo também contribui para este cenário e Lisboa é a capital com o maior rácio de casas convertidas em Airbnb."

             Lisboa

Aproveitei a oportunidade para tecer um comentário que me pareceu pertinente. Disse eu - "Talvez assim a população possa melhor se dividir e ocupar o interior abandonado". A estas minhas palavras o Fernando retrucou: - "Seria verdade se houvesse oportunidades de trabalho no interior, que não existem". Surge desta resposta a minha reação e o título deste Ponto de Vista.

Vou tentar pintar um quadro para ver se consigo fazer-vos entender a situação. Desde o início dos anos sessenta que a imigração interna e de forma preponderante o externa, têm contribuído para a desertificação humana no interior de Portugal. Num primeiro momento a falta de um sistema bem edificado de educação, fazia com que não houvesse naquele interior, uma mão de obra mais qualificada - isso está na origem de as grandes empresas migrarem para os locais onde poderiam encontrar com facilidade esse tipo de mão de obra desejada. Temos aqui, de um lado a falta de vontade política que o povo fosse portador de saberes que poderiam ser perigosos à elite governante, de outro lado, a ganância pelos lucros elevados que não permitia que a própria empresa formasse seus quadros, contribuindo assim com a elevação do saber do povo.

Mas aí surge um segundo motivo para essa desertificação, bem mais cruel: a guerra nas ex-colônias portuguesas em África. Num primeiro momento, o medo de ir à guerra fez com que muitos jovens buscassem noutros países a possibilidade de escapar aos horrores que se conheciam mal sobre a realidade dessa guerra, mas da qual sabíamos que muitos iam e não voltavam nunca mais. Como consequência, a população jovem de Portugal estava, neste sentido, esfacelada, restando nas aldeias e pequenas cidades do interior, apenas os velhos e nem todos os incapacitados (alguns eram chamados a prestar serviços burocráticos em unidades militares para que os aptos pudessem partir para longe dos seus. Ficava, assim o interior desguarnecido. A mortalidade e a ausência de natalidade que repusesse a população foi fazendo com que vilas e lugarejos fossem colocados à venda na sua completude. Era comum ver-se nos jornais esta manchete: "Vende-se a Vila XYK", trago apenas um exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=DqYVgMZjYD0. Esta realidade foi se multiplicando. Razões não faltavam. Dos jovens que saiam para outros países, muitos vinham e carregavam as famílias para perto deles. Dos iam para a guerra, ao retornar ficavam pelas grandes cidades e assim se deu uma grande concentração da população na região costeira, deixando o interior ao abandono.

Lembro que antes de eu sair para a guerra - sim, não fugi e cumpri um pouco mais de 6 anos de serviço militar, dos quais 28 meses foram passados em Moçambique - a minha cidadezinha do interior, com pouco mais de 40 mil habitantes permanentes, chegou a comportar umas quantas acima de cem indústrias ligadas aos lanifícios, quando retornei a esmagadora maioria tinha entrado em processo de falência ou simplesmente se deslocado para outras regiões do país e até mesmo do planeta. Não devo esquecer que junto a essa situação que descrevo acima, houve a invasão chinesa e seus produtos tão baratos quanto ruins, mas que venceram a concorrência com a indústria nacional.

Voltando à conversa com Fernando eu fiz uma comparação que talvez possa parecer esdrúxula a muita gente: "Fernando, a situação aí em Portugal assemelha-se um tanto com o Nordeste brasileiro". Claro que os motivos não são exatamente os mesmos, mas consigo vislumbrar uma falta de vontade política para que essas regiões, aqui e lá, possam desenvolver-se. Havendo essa vontade - "Levando a vaca" - estou disposto a apostar muitas fichas "que o boi ia atrás". Mas para isso, repito, é preciso força política, vontade de ver o crescimento geral e não olhar apenas par o próprio umbigo, levar a oportunidade onde ela não existe.

Ainda resta uma pontinha de fé no futuro bom para os meus netos, bisnetos e outras gerações que se sigam, basta para tanto que se use a razão no lugar da emoção e da ambição.

 

17/06/2019

Carta a um amigo

Prezado amigo é sempre uma alegria e um prazer trocar duas ideias com quem tem a sua capacidade de reflexão que me leva a um maior aprendizado. Mas, meu nobre, vejo o processo educacional como tal e nessas condições a urgência já passou para a sala da UTI por falta de atendimento preventivo atempado.

Todos nós sabemos que a nossa educação carece de um tratamento que a qualifique a acompanhar minimamente o desenvolvimento científico que se processa no mundo atual, visando o futuro. No entanto e como eu costumo dizer, a nossa educação avança, tropegamente, de costas voltadas para ele. É certo que quem faz a escola somos nós, os professores, mas só fazemos aquilo que os desgovernos nos impõem através de suas politicagens destinadas ao setor educacional que é a mola mestra do desenvolvimento de um país. Temos um papel preponderante a desempenhar, mas se analisarmos a literatura pertinente perceberemos que todos estamos preocupados com o futuro da educação e dos futuros educandos, mas as ações afirmativas que possam permitir as mudanças necessárias são pífias.

Tenho consciência e por isso tentado fazer o diferente, mas não vou além do local onde estou, pois até os pressupostos estudantes mais interessados, quando desafiados a fazer o diferente se negam a colaborar. O famoso avanço tecnológico deles só lhes permite ver sem criticar, sem pesquisar minimamente, e só reproduzirem o que outros mais interessados lhes enfiam pelos olhos e mentes adentro. Precisamos, sim, lutar contra isso, mas é um pouco como a luta de David contra Golias.

Percebo, nesse seu trabalho (que acompanho a distância), que você tem uma visão privilegiada do que estou tentando lhe dizer, pois deve entender bem as dificuldades que enfrenta para que seus orientandos utilizem as novas tecnologias em proveito da aprendizagem. Não quero reproduzir estereótipos nem reforçar preconceitos, mas preciso dizer que enquanto continuarmos a desenvolver uma prática metodológica do século XIX e usar recursos do pensamento de gente morta para "educarmos" gente viva, teremos que nos contentar em escutar as críticas que nos são dirigidas de um lado quando nos chamam de arcaicos e trogloditas etc., ou de revolucionários, lunáticos e doutrinadores, pelo outro lado. Vivemos entre a espada e a parede, mas falta-nos a coragem de dar um grito de liberdade e mostrar nosso descontentamento com o atual sistema, único responsável pelo status quo, mas não esqueçamos que se alguém pode fazer a diferença somos nós, ou seremos trucidados e preteridos às TIC's, que são bem mais atrativas, fato que já vem sendo praticado em ritmo acelerado. Desculpe o textão, mas precisava dizer isto, até como provocação para que se estabeleça um permanente debate sobre o nosso fazer pedagógico e as políticas que o orientam. Um abraço de amizade!

(PS) Publicado inicialmente no Facebook

13/06/2019

Faz uns dias que não apareço por aqui, mas há motivos! Como todo ser humano que se preza, também eu tenho minhas convicções; às vezes bem frágeis, mas tenho-as!

O mundo que vivemos parece estar reagindo como um ser humano: reage com mais lentidão aos fatos, agora, que quando era mais novo e menos mal tratado. Digamos que esse mesmo mundo não está conseguindo assimilar com a rapidez necessária as falcatruas que seus habitantes vêm engendrando, numa tentativa de atropelar os menos rápidos na reflexão e decodificação dos símbolos que a ciência vem construindo.

Muito tempo se passou entre a realidade retratada no filme "A hora do porco" e o momento que vivenciamos, mas nem todo o avanço da tecnologia conseguiu evitar que se reproduzam nos dias atuais as mesma artimanhas dos tempos feudais. Felizmente, aqui e ali vão surgindo alguns Courtois (advogado que não se submete ao senhor feudal)e colocam em questão todo um sistema.

A vitória de Courtois, no filme, ainda não se verificou nos tempos que vivemos, digamos que o script ainda não se completou. Podemos dizer que neste momento ele está a ponto de salvar a porca. Será que o nosso Courtois vais conseguir vencer essa contenda jurídica, já que tem o "Supremo e tudo" contra ele? Tal como no filme, os ratos não compareceram no tribunal para depor; alguns dos indiciados confundiram as mãos e trocaram a direita pela esquerda e vice-versa. 

O feudo está ruindo, a luz está vencendo as trevas, o cavaleiro brilhante e salvador de todos os ignorantes já apareceu e mostrou as chagas da peste que carrega. Precisamos agora encontrar (libertar) o comandante que guiará as tropas até à derrubada do Planalto.

Como ontem foi o dia dos namorados, deixo o alerta: Richard Courtois era um namorador inveterado!

O filme poderá ser encontrado (com alguma dificuldade, infelizmente) sob qualquer destes três nomes: "Entre a luz e as trevas" - " O Advogado" - "A hora do porco". É um filme de 1993, feito na França. Tenho ele no meu PC, mas não consegui localizar o link para visualização ou para baixar no Youtube. Lamento!

 

]18/04/2019

Pessimismo

Eu tinha um costume que agora se intensificou: tirar meus 15 minutinhos de cochilo após o almoço. Agora aumentei o tempo, pois tenho mais tempo para dedicar a essa prática prazerosa. Mas o acordar nem sempre é o melhor momento do dia. Deles há que me levanto com o humor nos calcanhares, ou, para ser mais preciso, na ponta dos pés. Isso não é bom para a saúde, só não é pior, porque não dura mais que uns instantes. Mas enquanto dura...

Mas o que é que eu tenho a ver com isso? Deve-se perguntar você, leitor. Permita que responda de forma que pode até parecer grosseira, mas é a realidade: NADA! Se eu dou esta explicação é para tentar mostrar qual é o espírito que muitas vezes me anima a ler certas notícias e quando passo a fazer as minhas análises, por mais que pessoais e não compartilhadas, sobre a atual situação política vivenciada pelo mundo que aí temos, não sou nada otimista.

Hoje está sendo um desses dias. Levantei pouco depois das 14 horas – tinha deitado lá pelas 12h30 e uma preocupação se instalou em minha mente, fato que me fez parar para refletir. E o resultado, no meu ponto de vista, não é nada agradável quando se olha para um futuro incerto que nos está sendo prometido. Mas antes de prosseguir é preciso que eu explicite a importância que esse meu pensar tem para a minha pessoa: quase nenhuma, pois a idade avançada, a saúde comprometida e um certo direito (que querem a todo custo tirar-me) a usufruir um pouquinho do restinho de tempo que ainda tenho para pisar neste solo, não requerem assim tanta esperança. A minha preocupação está voltada para quem por cá ficar: filhos, netos e não sei se atingirá a geração a seguir - bisnetos - pois o meu desconfiômetro não me aponta dados exatos.

Que situação é essa? Vejamos: deixemos de lado as questões partidárias (o que não significa que devamos deixar de lado aquelas outras, as ideológicas) e analisemos com certa frieza o contexto social mundial.

O primeiro ponto que deve ser observado: nós, de esquerda, somos minoria. Não adianta querer falar que os miseráveis estão deste ou daquele lado, pois eles, a bem da verdade, estão do lado de onde lhes cair alguma migalha de pão para matar a fome que atormenta hoje, segundo a ONU/FAO 870 milhões de pessoas[1]. Em tal situação não há como contar com um apoio para a tomada de atitude de reviravolta no mundo da política.

O segundo ponto que precisamos olhar e interpretar com bastante clareza, é que a extrema direita está avançando a passadas bem largas sobre a totalidade (ou quase, para não me acusarem de radical) do mundo. Até os grupos que já foram mais socialistas e passaram por conservadores, estão enfrentando ondas gigantescas, verdadeiros tsunamis de movimentos neofascistas.

O terceiro ponto me leva a tentar fazer uma aproximação ao avanço desses movimentos extremistas para tentar compreendê-los. Começo pelo IRA, que depois de passar uns anos em ponto morto, parece ter avançado a alavanca das marchas e está novamente em pé de guerra contra os católicos da Irlanda. Na Inglaterra, o tal do Brexit já fez cair um governo, o segundo está pendurado na caneta e quem avança é, justamente a ala mais à direita, logo ali, na conservadora Inglaterra. No Parlamento Europeu, pressionados pelas situações vivenciadas na França de Macron, na Espanha com seus dois grupos separatistas – os Bascos e os Catalães, na Itália com o governo recém empossado com grande inclinação à direita. A Bélgica está sob forte pressão da extrema direita e Bruxelas está ameaçada de tombar nas garras afiadas dos extremistas. Vejamos o caso da Polônia[2], minha gente, logo eles, os polacos aderiram ao populismo com quase 40%. Nós brasileiros estamos sob a mais descarada ditadura de extrema direita beirando o fascismo neonazista. A Argentina, com Macri, um país completamente destroçado pela direita. O Chile... Os Estados Unidos e sua besta fera TRUMP.

Que esperar dum mundo onde os mais ricos estão incitando os pobres a lutarem contra os seus pares, onde a fome ameaça cada dia mais, num mundo em que a própria natureza se encarrega de punir o homem pelo seu desmando, como aconteceu em Moçambique, no Rio ou na Conchochina. Este mundo vai precisar dar uma voltar. Este mundo precisa passar pelos horrores que já foram vivenciados num passado não tão distante, este mundo precisa ser repensado a partir do nada, precisa ser desmontado (lembro das palavras da Presidenta Dilma: “Não ficará pedra sobre pedra”) e então surgir uma nova humanidade. Esta que aí está nos sacrificando está podre, fedorenta, logo cairá e será tragada pelos micróbios que habitam o solo ou completamente reduzida a cinzas pela ação das novas inteligências artificiais.

Não nos iludamos mais, vamos continuar lutando até à queda, esse é o nosso desafio. Que caiamos de pé, jamais ajoelhados ante a miséria que nos querem impor. Sonhar com a vitória é um bálsamo para feridas da escaramuça, mas, desculpem meu desalento, ela não virá tão cedo. Por isso eu digo que não seremos nós, nem nossos filhos, talvez nossos netos consigam erguer um mundo melhor. Quero até ser otimista, mas diante dum panorama destes, fica difícil de segurar o otimismo. 

 

[1] https://correionago.com.br/portal/segundo-a-onu-870-milhoes-de-pessoas-passam-fome-no-mundo/

[2] https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/O-ameacador-avanco-da-extrema-direita-na-Europa/6/34965

 

09/04/2019

INVERNO EDUCACIONAL

Nuvens sombrias – prenúncio de mau tempo, ver tempestade – ainda pairam sobre o MEC. Arriscaria ir um pouco mais longe para passar a minha opinião sobre a mais recente aquisição daquela pasta de vital importância para o país: se antes tínhamos um lunático gerenciando a Educação, hoje temos um ser híbrido resultante da mistura de duas espécies ameaçadoras: Paulo Guedes e a sua megalomania, de um lado e de outro, Olavo de Carvalho com sua esdrúxula teoria da terra plana. Poderia, então, passar a chamar o novo ministro de "Paulo Carvalho" ou "Olavo Guedes". O resultado, certamente, seria igualmente catastrófico para a nossa educação.

 

Alguém poderá, desavisadamente, me questionar o porquê deste ataque temporão a quem acaba de ser nomeado. Responderei apenas que esse aí é daqueles que quando não suja na entrada (foi o caso), suja na saída, como já aconteceu com outros. Veja, apenas foi nomeado e já atacou de forma vil e abjeta os nordestinos. Creio que o complexo que esses “sudestinos” têm da gente do nordeste está relacionado ao nosso sucesso em áreas em que eles gostariam de ser considerados superiores. Essa tristeza de criatura já abriu a cloaca para dizer que as universidades nordestinas não devem ensinar filosofia e sim agricultura e parceria com os israelitas. Não o deveria ter dito! Já meteu o pé na jaca, mal entrou.

 

Este novo “Sinistro” acompanha o raciocínio vingativo de seu chefe: quem não pensa como ele é seu inimigo declarado. Não admira que tenhamos, em 100 dias, uma elevação dos números da violência que ele prometeu combater. Além do aumento, há que analisar os requintes de crueldade e insanidade de quem comete tais atos. Não vou enumerar e analisar, aqui, cada uma das barbaridades cometidas, ater-me-ei apenas à última (conhecida) que foi a do assassinato de um pai de família, pelos militares, com 80 tiros. Companheiros e companheiras, matar já é algo indigno de um ser para com um outro. Matar de um tiro, ou qualquer que seja o meio, é compreensível levando em consideração os fatos que possam ter contribuído para a prática "sobre forte emoção" de tal atitude – muito embora, jamais justifiquem – mas disparar 80 tiros de fuzil contra um automóvel no qual viajava uma família que acabava de gozar seu fim de semana, “apenas por que foi confundido com um bandido” é fato para ser considerado crime hediondo e de guerra. Mas claro que nossos dirigentes vão aplaudir e olhe lá se não condecorarem os “heróis” de tal proeza. A nossa vida não está valendo, para esse povo, nem dez réis furados! Para eles a vida humana não vale nada, a menos que seja “sócio contribuinte” da caixinha mensal que faz engordar sua aloprada ganância.

 

Lembram daquela arminha que ensinaram até criancinha a fazer com as mãos? Pois é! Conheço alguns e algumas que já enfiaram o cano da arminha nos seus mais diversos buracos e tentaram disparar, de desespero por estarem percebendo, tardiamente, a burrada que fizeram. Só que essa arminha com a mão e os dedinhos não dispara, esperem a oportunidade de terem uma arma de verdade para vocês sentirem o peso na consciência.

 

Enquanto isso, a educação, que nunca foi uma das maiores prioridades, continua à deriva e cada um faz o que melhor acha adequado para si e para a situação que defende. É triste. É como uma pequena canoa à deriva no alto mar proceloso. De lamentar aqueles que não conseguirem se equilibrar, pois vão caírem nas águas agitadas e estarão fadados a pagar pelos pecados de todos os outros. Sei que é cruel, mas como dizia um compatriota meu: “Navegar é preciso...”

 

Termino este raciocínio, assim, a quente, questionando: “Quando é que esse novo Sinistro vai cair do ginete que lhe emprestaram”?

 

08/04/2019

Se você contar na ponta dos dedos, como se costuma dizer, faz hoje 98 dias que a nulidade assumiu o poder do Brasil. Sim nulidade, pois até este momento só acertou a nomeação do astronauta, uma vez que estamos indo para o espaço, com tanta besteira que vem sendo dita e feita.

Hoje foi o dia de mais uma dessas façanhas: há muito anunciada, foi hoje concretizada a exoneração do demente, agora ex-ministro da educação, Velez, vulgo "o colombiano".

Jpa temos ma nova bomba para "dirigir" os destinos da educação. Diz o "patrão" que o homem é doutor e sabe muito bem o que tem a fazer. Veremos se ele está realmente ensaiado para fazer as patujadas que o "patrão" quer impor.

Acredito piamente que será mais um pau mandado sem independência ara fazer algo meritório de nossa parte que somos os mais envolvidos com o processo educacional. Acredito não sejam precisos dias, em horas talvez comecemos a "ver" quem é a nova peça nessa máquina emperrada. Desejando sorte, fico no aguardo...

 

06/04/2019

Quem tem acompanhado as últimas notícias sobre o desenrolar do governo brasileiro deve ter notado que as críticas vindo do exterior são bastante contundentes. Uma delas, aliás, nos coloca a todos num mesmo balaio sujo de ignorância e outras mazelas mais, dizendo que o povo brasileiro é o menos esclarecido do mundo. Confesso que fico “pistola” com tais afirmações generalistas, mas por outro lado sou obrigado a concordar com a parte que fala que é um povo pouco esclarecido. Vejamos a argumentação:

 

1 – Recebo mensagem via whatsapp me anunciando que: “Os professores do Ceará ameaçam greve geral se a Reforma da Previdência passar”. Sou, mesmo que a contragosto, obrigado a reconhecer que quem fez a pesquisa e chegou à conclusão acima descrita do povo brasileiro, tem toda a razão. Ora, tente alguém me convencer da utilidade da greve geral depois de aprovada a Reforma! Vão fazer papel de “pouco esclarecidos” (para não ser agressivo com a classe à qual pertenço).

 

2 – Vejo nesta “ameaça” uma tentativa de uma (ou várias) central sindical mostrar algum serviço para com a categoria. Mas sejamos objetivos, é ter uma visão muito curta da realidade. Eu, se quisesse impedir qualquer coisa, preciso sempre agir antes que a coisa aconteça, depois, como diz um ditado que muita gente deturpa “Inês é Marta” (o povo costuma dizer que depois ‘Inês é morta’, mas o ditado não diz assim e foi escrito da forma como eu coloquei antes).

 

Se estamos (não tenho a menor dúvida!) sob ameaça de transformações radicais que só nos trarão prejuízo, precisamos agir agora. Fazer toda a pressão do mundo sobre Deputados e Senadores para que eles votem contrariamente ao desejo do louco que já admitiu publicamente que não tem capacidade para governar a si próprio, que dizer uma nação. Se há que fazer greve, que seja uma GREVE GERAL E ILIMITADA NO TEMPO. Só dessa forma, talvez, se consiga mudar alguma coisa nessa situação que está beirando um retrocesso ao Séc. XIV, pois há um grupelho brigando pelo retorno da monarquia. Loucura, geral!

 

O povo, sim, O POVO, precisa fazer alguma coisa para acabar com esses estigma que está sendo criado no exterior e que só faz se confirmar aqui, entre fronteiras: somos acomodados e nada esclarecidos. Sobre o “acomodados”, acredito que venha da malemolência típica dos trópicos, mas quando o assunto é “pouco esclarecidos”, aí a coisa muda de figura e temos que olhar a situação pelo prisma do capital que tem todo o interesse em que o povo seja mantido na ignorância para não reclamar do pão e água que lhe é servido a troco de trabalho árduo ininterrupto. Somos escravizado em pleno século XXI e, se não agirmos com presteza, acredito que logo voltarão os grilhões.

 

Bem, este é apenas mais um dos meus “ponto de vista”!

 

30/03/2019

A propósito da Alfabetização, com Magda Soares.

Uma das maiores autoridades em Alfabetização, Magda Soares, considera as ideias do novo governo um retrocesso sobre o tema:

“Vivi o Estado Novo e passei pela ditadura, mas nunca vi um período tão assustador como este na Educação”.

Voltamos ao velho tema, que vez por outra sai do seu casulo e se expões de forma escancarada, mas nem assim se consegue construir um tendência que vise não a unificar, mas pelo menos a aproximar as ideias a respeito.

Numa recente entrevista que uma das "papisas" da Alfabetização e Letramento deu à Revista Nova Escola, o tema volta a ser abordado de uma forma que não me surge clara quanto ao entendimento do processo em si, considerando o desenvolvimento que a humanidade vem produzindo, muito menos como possibilidade de fazer frente às novas “tendências” que o governo atual pretende desenvolver.

Vamos ao jogo aberto e em campo neutro – Brasil x Alfabetização – e vejamos como ficará o placar ao final dos noventa minutos. É jogo de semifinal, só um poderá prosseguir.

O campo, de dimensões mínimas, está sendo ameaçado de perder mais uma “banda” para a cobiça do capital, resta saber se será na largura ou no comprimento. Ou seja, a área da educação está de verbas super reduzidas e ainda querem rapinar mais um pedaço. O árbitro aceita qualquer propina, e, se bobearem, recebe dos dois lados, para ele quanto mais, melhor. O terreno está enlameado, pois as tempestades que se têm abatido sobre ele não foram pequenas: décadas de desrespeito e falta de sensibilidade dos administradores que não gostam nem de pensar na possibilidade que alguém possa atravessar seu caminho. Já chegaram ao ponto de mandar abater quem tenha ousado lutar pelas maiorias (os pobres).

Sobre as equipes é possível dizer que não há equilíbrio possível, será uma luta do David contra o Golias, em versão séc. XXI.

A nossa autoridade, presente ao jogo, tem status de mandante, na área, mas percebo nela um pequeno problema: o seu jogo muito individualista. Não me mostra um jogo coletivo, de equipe (veja o vídeo que acompanha a matéria: uma só professora, para uma só criança). Não quero parecer pessimista, mas a insistir nessa tática de ataque, será o analfabetismo quem vai fazer gol primeiro. Senão vejamos: em qual escola de educação infantil, no Brasil, nós temos essa relação de um professor por aluno? No mínimo 25, para não ser muito duro com o trato da temática. Numa escola particular, paga a peso de ouro, ainda se consegue uma relação um pouco mais justa, mas assim mesmo – a menos que a escola não tenha matrículas suficientes – dificilmente você verá um professor para cinco ou seis alunos no máximo. Vocês lembram de quando estudaram Psicologia da Educação, da proposta de Carl Rogers? “No máximo um professor para quatro alunos” – propunha ele. Pois bem, não chego a tanto. Entretanto o árbitro deixou o jogo correr e o analfabetismo fez 1 x 0.

Preciso, contudo dizer que concordo com a nossa autoridade, que não devemos utilizar métodos para alfabetizar e letrar as crianças. É um fato. Mas preciso dizer também que diante da realidade que vivenciamos hoje, precisamos de práticas, de práticas inovadoras. Na minha percepção não vamos obter sucesso se pretendermos alfabetizar e letrar crianças, mantendo-as trancadas dentro de uma escola (“prisão”, já alguém reprisou isso), sentadas num banco/cadeira que ao fins de poucos minutos se torna insuportável para a criança e lhe retira toda a pouca capacidade que ela já adquiriu de se concentrar num assunto. Criança é vida, ação, coragem, valentia, destemor, arrojo, e principalmente, curiosidade. O que nos é proposto: que a criança fique ali sentadinha, escutando a professora, um anjo de paciência, repetir "piiii ruuuu liii tooo", num ato que se assemelha à pura abstração. O placar marca agora 2 x 0 a favor do analfabetismo.

No meu entender de torcedor, não rola, essa bola do jogo é quadrada. É aí que eu digo, não é o método que importa, Professora Magda, a Sra. tem toda a razão, mas isso que a professora está fazendo no vídeo é “método”. Eu prefiro práticas. Coisas do dia a dia que a criança conhece, vê, apalpa, segura, movimenta, pois o que ela conhece é o que ela vive. O que ela ainda não viveu, ela ainda não tem a suficiente capacidade abstrativa de absorver, compreender com facilidade. Por isso a escola não pode ser semelhante a uma cadeia, ela precisa ser um cópia em miniatura da cidade, ou do bairro em que se localiza e um pouco com a casa onde a criança possa "viver". Com letreiros nas paredes, ruas com nomes, praças com jardins e lagos, árvores e os passarinhos que nelas vêm cantar e repousar, com sol, com chuva, com crianças brincando e adultos trabalhando, com livros e revistas e demais fontes de informação. Nesse contexto a educação (alfabetização significativa) passa a acontecer quase automaticamente. Como  ela não é essa realidade, começa o placar a indicar goleada (3 x 0 para analfabetismo).

Não podemos esquecer a influência que as Tic’s e a TV têm nas vidas dessas crianças. É necessário, contudo, saber mostrar à criança a real importância de tais “instrumentos pedagógicos” e qual o viés que eles apontam para as nossas criancinhas. Não podemos esquecer que existem departamentos inteiros de empresas publicitárias dedicadas exclusivamente a pensar a propaganda que vai atingir os pais através da vontade incutida nas crianças.

Entendo, finalmente, que letrar e alfabetizar seja socializar, muito mais que ensinar. Como já dizia o saudoso Paulo Freire, "Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação".

 

14/03/2019

Não, não há enganos, há, lamentavelmente, assunto para escrever um montão de coisas, então este é o segundo ponto de vista do dia de hoje.

O acontecimento trágico de Suzano

 

Seguindo a lógica brasileira, vamos lá tentar encontrar um culpado para esse ato que, caso os autores não tivessem morrido, mereceriam, sim, a pena de morte. Não é difícil encontrar um culpado fora de nós, pois não são motivos que nos faltam. Nós não somos culpados(!), os culpados são os jogos violentos da Internet, e as modinhas importadas do Império.  Neste momento, em que somos assaltados e assediados pelas tais de “Séries”, tudo que ali é praticado por jovens americanos os nossos querem repetir.

 

O tempo tem andado meio chuvoso e até “fresquete” por estas bandas do país, mas nada justifica que os nossos moleques (não consigo trata-los de outra forma) andem de pesadíssimos moletons de capuz enfiado na cabeça sob um sol de rachar quase sempre acima dos 32 graus. É muito instinto de vira-lata como é “moda” chamar agora. Pessoalmente, só entendo que outras tragédias iguais ou similares a essa não tenham acontecido antes por não haver um incentivo formal à violência, essa violência latente em grande parte da população brasileira que agora encontrou a justificativa para todo ato covarde e de violência. Vamos fazer arminha e armar o povo para que mais morram, mais rápido!

 

Nas a culpa não é minha que prefiro ficar assistindo jogo do Flamengo, que conversar com meus filhos/as; a culpa não é minha só porque prefiro ficar no bar num “Happy-Hour” que levar meus filhos/as a um museu, um cinema, uma exposição, a uma trilha, ou coisa parecida; não, eu não posso ser culpado só porque instigo meu filho a ser “mais macho” que os outros e a não levar desaforo para casa; de modo algum alguém pode me condenar por abandonar meus filhos/as em começo de adolescência livres para assumirem suas responsabilidades sem que eu lhe dê um mínimo de assistência e orientação; jamais poderão me culpar só porque eu defendo a escola sem partido, sem esse negócio de kit gay, discussão de gênero, etnia e mamadeira de piroca; não, não posso ser culpado por não ter coragem de dizer NÃO aos meus filhos/as, dou tudo que me pedem só para me ver livre deles com suas perguntas infantis; me perdoem, mas eu não posso ser condenado só porque entreguei meus filhos e filhas aos cuidados da famosa babá eletrônica (a TV) enquanto eu ia jogar meu “rachinha” com os companheiros de trabalho. A culpa não é minha. Nunca foi e nunca será. A culpa está sempre nos outros, que não educam seus filho/as e depois nesse tal de desenvolvimento tecnológico que só ensina o que não presta.

 

As vítimas não são culpadas, pelo contrário, considero-as triplamente vítimas: 1 – da falta de educação, e está para piorar com a negação deste atual desgoverno; 2 – de um sistema socioeconômico que privilegia uns poucos em detrimento de uma esmagadora maioria; 3 – de outras vítimas que são seus pais, espezinhados pelos podres poderes.

 

Eu fiquei muito feliz quando percebi o ato de coragem dos governos do PT em colocar o maior número possível de criaturas para estudar. Pensei: “A hora do Brasil está chegando, com uma população mais esclarecida, o país do futuro terá sim Ordem e Progresso”. Errei totalmente meu palpite por não ter levado em conta um velho ditado que diz que “quem nunca teve nada, com pouco se lambuza”! Foi o que aconteceu. Milhões foram tirados da miséria em que viviam, mas esqueceram rápido de onde tinham vindo e logo pensaram ser ELITE. E a elite não suporta pobre. Lembram do bordão “Quero que pobre se exploda”?! Pois está aí a pobreza se auto explodindo só por ter sonhos de grandeza. Enquanto isso os ricaços vão ficando cada vez mais perto das fortunas que tanto almejam conseguir, nem que seja através da alma ao diabo, se é que isso aí existe.

 

Nossa sociedade (mundialmente falando, não me refiro só ao Brasil) está podre. Fede. Decompõe-se só com a pressão do ar. Como aparentemente não há mais nada no mundo para ser conquistado, tentam conquistar uns aos outros para mostrarem ser mais potentes. Vivemos uma tremenda bolha de arrogância, ganância e hipocrisia, o dia que essa bolha estourar, talvez depois das nuvens de poeira sentarem, consigamos ver um futuro longínquo, porém possível, em que cada um seja igual a si mesmo e aos outros. Mas até essa bolha rebentar teremos muito sofrimento a suportar.   

 

14/03/2019

ESTAMOS FAZENDO O CERTO?

 

Bom dia pessoal.

Tenho andado um tanto afastado por motivos de ter que resolver certas “pendengas” do cotidiano que não me permitem sentar alguns minutos para fazer maiores reflexões. Hoje, aproveitando que estou sem poder me locomover, o meu carro está com a minha filha que precisou dele para realizar um trabalho, para tentar colocar alguma ideia no papel (na net seria mais justo).

Logo pela hora do café da manhã, quando tenho o mau costume de passar os olhos sobre as notícias e os e-mails que recebo, voltei a perceber que se continua a cometer certos enganos que são impostos pela lei nº 10.639/03 e os modismos que ela “permite”. Não vou discutir a lei e nem tampouco afirmar ou negar a necessidade de a aplicar. O que quero discutir são métodos. Métodos que me escapam quando percebo que muita gente está colocando a tinta para correr sem fazer a devida reflexão sobre o assunto.

Pelo texto legal as escolas brasileiras devem oferecer, obrigatoriamente, o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Algo de errado nisso? Sim e não, é a contradição que proponho analisar. Pelo lado do “sim”, isto é, se eu vejo algo errado e manifesto-me pela afirmativa e levanto o seguinte questionamento: que conhecimento têm os nossos pesquisadores do Continente Africano? Que países conhecem ali? Quais as culturas que analisaram “in loco”? Como então falar da cultura africana? A menos que se tomem por base os filmes do Tarzan ou aquele outro “Os segredos da Arca Perdida” (são apenas exemplos), não entendo como se possa proceder a uma educação voltada para aquilo que se desconhece. Pelo lado do “não”, posso até afirmar minha simpatia pelo estudo das práticas, ritos e cultura da assim nomeada afro-brasilidade. São postura e atitudes com características herdadas de antepassados distantes da nossa geração, vindos ou não da África.  A cultura afro-brasileira que se propala é, na minha interpretação, uma mistura de culturas de negros escravos africanos, sim, com acento bem carregado das práticas dos nossos índios que existiam à época do “descobrimento” e, principalmente, da “colonização”. E essa sim, chamemos-lhe de nossa raiz, tem todo o meu apoio para estudos aprofundados.

A minha tese sobre este assunto, sustenta-se no meu conhecimento pessoal de três regiões africanas, nas quais passei, ao todo vinte e oito meses, convivendo no dia a dia com aquela realidade. Para exemplificar (e a informação pode ser obtida via internet) basta que se diga que apenas no então chamado de Distrito de Cabo Delgado (Norte de Moçambique) eram falados mais de 60 dialetos e praticadas outras tantas "religiões". Das crenças, não adianta querer começar a falar neste espaço ou teria que escrever um livro. Deixo como exemplo de práticas (atrozes) a perseguição dos albinos, que quando localizados são massacrados para que as pessoas fiquem com pedacinhos dos seus corpos, pois segundo certas crenças, isso traz sorte, proteção contra inimigos e outras coisas mais. Isso significa que quem tem por infortúnio de nascer albino, terá que passar a vida escondido para não ser sacrificado em benefício de terceiros. A esse respeito recomendo a leitura de artigo publicado em 2017, por uma revista da UFRGS, acessível através deste link:  https://seer.ufrgs.br/revfacdir/article/download/77472/46268

Retomando a minha tese, que se estudem as origens da cultura brasileira que passa pela interferência dos africanos que para cá vieram deportados e escravizados, mas que não se pretenda dar isso um caráter de estudo da cultura africana, pois ela é bem mais complexa que se imagina.

Como sempre digo, este é o meu ponto de vista, com o qual ninguém é obrigado a concordar e é através dele que me permito, por mais que muitos julguem que estou falando abobrinhas, afirmar que a nossa cultura é tão rica, tão profícua e calcada em bases tão sólidas que deveríamos, primeiro, nos ocupar da nossa para depois, então, podermos viajar e perceber a realidade dos outros. Já escutei justificativas que afirmavam que “conheciam a África” pelo saber livresco. Por educação e por respeito à opinião alheia, não contestei, apenas perguntei o que a pessoa iria escrever em preto (ou qualquer outra cor) na folha de papel em branco que lhe estendia.  Fiquei sem saber se a pessoa havia entendido o recado.

Deixo, por agora, um até à próxima oportunidade este meu pensar e mantenho-me sempre disposto ao diálogo, reafirmando que não pretendo ser o dono do saber, mas ser conhecedor de algumas realidades que as pessoas afirmam conhecerem apenas porque leram.

 

06/03/2019

POLÍTICA, CARNAVAL E CINZAS

O fogo está se extinguindo, vão sobrar as cinzas. Mas cuidado, pois entre as cinzas podem esconder-se algumas brasas ainda incandescentes. Essas são perigosas, pois pouco visíveis e só detectáveis quando causam queimaduras.

 

A folia está passando, e o ano, dizem, vai começar. Bom mesmo que comece, melhor, bom mesmo seria se começasse, pois o que temos anunciado, até agora, são ameaças, punições e vinganças: um regime do mal.

 

As águas em que navega o barco Brasil são rasas, pouco profundas e, portanto, não conseguem esconder a podridão que tende a vir à tona. Praticam-se atos que não dizem claramente o que se deseja ou se pretende. Surgem aqui e ali gritos isolados que mostram descontentamento com determinadas situações, mas falta a coragem de enfrentar o bode Ioiô de frente. Manda-se um recado meio anônimo através de um samba que diz verdade, mas ao qual falta o apoio popular capaz de forçar uma virada radical nos rumos que a nação perece estar prestes a trilhar. Escondem-se as pessoas no meio de milhares de outras para dar seu recado, tímido, mesmo se repicado e repetido por milhares doutras pessoas, melhor: brinca-se com coisas sérias e, no final, tudo não consegue passar de uma brincadeira de carnaval.

 

A única coisa séria destes carnavais é a morte. Ela chegou e fez sua escolha. O Brasil deveria respeitar a dor que ela causou, mas em vez disso armou-se como se fosse para uma guerra na qual o inimigo está completamente cerceado de qualquer tentativa de escapatória. Hoje em dia, neste país do faz de conta momesco, até falar é proibido. Mas há aquelas pessoas que não têm mais necessidade de dizer nada, basta a sua presença para transformar um mar de de gente num tsunami de apoios e aplausos. Isso provoca ainda mais a ira de Netuno que, com seu tridente, tenta acertar a nau vencedora que continua a singrar entre os mares revoltos da incompetência.

 

Vestir uma camiseta com uma imagem impressa é sinônimo de espancamento e braço quebrado: selvajaria autorizada e querendo que seja premiada, caos, fascismo, medo. A República Democrática do Congo já consegue perder aos pontos, do Brasil, no quesito terror institucionalizado. Descemos muito baixo induzidos por um factoide provocado por alguém que só apareceu sutilmente no fardamento de um policial fortemente armado para conduzir um avô de 73 anos, debilitado por quase um ano de masmorra, ao enterro de seu netinho, a quem, nem como última homenagem, devolveram o tablet confiscado para procurarem provas que incriminassem esse avô.

 

O Brasil está doente, mas continua cantando. Começo a acreditar que aqui tudo termina em samba. Digo um pouco mais, acredito que aqui tudo se acaba “no samba”, depois dele tudo se esquece e voltamos à mesmice de antes. Gostaria de ver esses milhões de pessoas que durante o carnaval gritaram palavras de ordem, algumas até bem fortes (mas não o suficiente), continuarem a se reunir para gritarem contra a Reforma da Previdência, contra a Reforma Trabalhista, contra toda a retirada do menor dos direitos já adquiridos através de lutas históricas pelos trabalhadores. Mas não terei, certamente esse prazer, pois cada qual vai voltar para a sua conchinha e ali procurar o jeitinho de ficar cada vez um pouco menos mal. O individualismo aflorará novamente e aquele igual que ao meu lado gritava a mesma palavra de ordem passa a ser visto como um diferente, inferior, digno, inclusive da morte. Nesse ritmo o Brasil sucumbirá. É lamentável ver uma nação que já esteve entre as seis mais poderosas do mundo cair ao fundo do poço, apenas porque um bando de lunáticos resolveu eleger (com ou sem fraude, agora pouco importa) alguém incapaz de gerir a própria vida.

 

Sempre fui contra o governos dos militares, mas neste momento estou quase rogando ao Cel. Mourão que dê um tremendo pé na bunda de quem se diz presidente e assuma ele o comando do país. Hoje tenho a certeza que os militares serão menos ruins que essa coisa que diz e desdiz, que aí está plantada.

 

O carnaval, por este ano, com ou sem censura, passou pela "avenida Brasil". Para o ano que vem teremos mais, institucionalizado, mas durante o ano esperamos ter muitos outros “carnavais” que consigam unir pelo país afora milhares, milhões de brasileiros sequiosos de justiça e bem-estar-social. Talvez assim os Pierrôs e os Arlequins da política se desnudem das suas fantasias para “não se confundirem com a ralé” e nós tenhamos a oportunidade de colocar em seus lugares pessoas realmente comprometidas em desenvolver o país que habitam.

 

Vamos manter nossa brasa acesa.

 

22/02/2019

Uma falsa calmaria

A olhar a produção aqui apresentadas, os meus dias parecem ter sido de ócio. Ledo engano. Tenho produzido como jamais me vi produzindo, intelectualmente falando, entenda-se, como jamais tinha feito. Daí a falta de tempo de vir conversar com meus leitores. Neste período de início de mandato, perdão, neste início de começo de ano, tomei a decisão de tentar passar para o papel as ideias que minhocavam na minha cabeça. os resultados estão aparecendo.

Comecei, após uma reflexão demorada, por compreender a atualidade da minha dissertação do mestrado, a tal ponto que resolvi transformá-la em um livro que poderá contribuir com a reflexão dos alunos dos cursos de Pedagogia da vida. Vale salientar que aqueles escritos já têm 18 anos, já atingiram a maior idade legal, portanto já podem, ser responsabilizados por suas opiniões. A realidade vivenciada neste momento me fez perceber que eu já antevia, naquele período histórico, o que se está passando hoje. Eis o motivo da minha retomada desse texto longo de cerca de 150 páginas, nas quais analiso com alguma perspicácia o destino dos movimentos sociais, principalmente do movimento estudantil como uma possibilidade formadora de massa social crítica. Mantive meu texto original e acrescentei dois pontos nas chamadas páginas pré e pós textuais, isto é, um prefácio e outro posfácio, que tentam arrematar o meu pensamento sobre a questão. 

Num segundo momento senti-me compelido - além de incentivado - a escrever um pouco sobre a minha experiência de vida. Tarefa árdua que driblei de uma fórmula que até a mim surpreendeu. Logicamente não vou entregar aqui, de bandeja, a metodologia que a mim me pareceu bastante inovadora e capaz de produzir efeitos benéficos na ato de se produzir.  A este trabalho dou um duplo sentido, o primeiro, já declinado (contar um pouco das minhas andanças pelo mundo) e o segundo - que me parece o mais importante dos dois - aquele que mostra como essas andanças foram formando a base do meu conhecimento, a solidificação da minha base educacional e na via de acesso ao ponto que atingi, socialmente falando. Um texto que certamente surpreenderá muitas pessoas, não só pelo seu conteúdo, mas, principalmente, pelo apoio "didático" que produzi para servir de embasamento ao mesmo: um CD, no qual mostro fotos, vídeos, músicas e outros materiais que auxiliam na compreensão do texto e muito mais do contexto que reproduzo.

Os resultados, portanto estão aí. Estou iniciando um terceiro, bem mais específico, pois colocará em destaque aspectos desconhecidos para muitas pessoas do desenvolvimento do processo educativo da região do Cariri. Este sim, um trabalho, bem mais demorado, pois apesar de o ter iniciado há algum tempo ainda não consegui passar do título, uma vez que a cada leitura que faço - dentro das referências que possuo e que se iniciam lá no séc XIX, tenho vontade de apagar tudo o que já tenho elaborado e recomeçar do zero. Digamos que estou no período a que normalmente chamo de "tempestade mental". Tenho que dar uma ordem às coisas e começar a rabiscar algo para ver a forma que vai melhor se adaptar.

Ufa! Ainda há quem diga que estou um tanto preguiçoso. Mas não é esse o meu maior mal. O meu mal maior surge após o trabalho concluído. O sonho desmorona tal qual castelinho na areia da beira do mar diante da dificuldade e carestia para publicar. Não tenho capital para colocar nas mãos de quem possa produzir estas duas obras, se encaminhando para três. Creio que vou partir para uma busca nem sempre frutífera de patrocínios. Com a crise que dizem se abate sobre os ombros dos nossos capitalistas (pega na mentira) não vai ser muito fácil levantar o capital necessário para a primeira tiragem (quiçá a única) desses dois trabalhos. Coragem não me falta, faltam-me talvez ideias mais objetivas dos principais alvos a atingir para conseguir meu intento, daí o deixar aqui meu apelo a quem possa me passar alguma ideia, que o faça, que terá a minha recompensa mesclada com o meu agradecimento. Aceito todas as ideias, desde que legais. Para tanto deixo meu contato direto, para que quem o não conhece ainda, para que possa passar as informações necessárias.

Como diz o velho ditado: "É nas piores horas que reconhecemos os amigos". Tenho apenas a acrescentar que, apesar da minha limitação por motivos de saúde, estou aceitando pequenos trabalhos extras, como forma de angariar recursos destinado a esse fim. Algumas aulas isoladas, ou até disciplinas completas, orientações de trabalhos etc, desde que eu consiga encaixar meus horários disponíveis dentro do tratamento de saúde que realizo serão muito bem vindas.

O meu contato direto:

E-mail: profmanuelfernandes@gmail.com

Tel Cel: (88) 99913 8466 (Tim) tb é Wapp

 

 

07/02/2019

A DOR DE SER

A minha luta, no campo educacional, tem girado em torno da formação docente e dela não arredo pé até que eu perceba que esta minha insistência esteja produzindo frutos sadios e em quantidade razoável. É costumeiro se ouvir dizer que cada louco tem sua mania: a minha é essa, que ganhei a partir do momento em que cheguei neste país tropical.

 

A minha formação atendeu à minha necessidade de compreender os motivos pelos quais as crianças brasileiras têm tanta “dificuldade” em serem alfabetizadas. Seria por algum motivo genético? Poderia ser! Mas não acreditei muito nisso. Seria por falta de quem lhes ensinasse? Aí a ferida começa a doer, pois apesar de faltarem no país mais de 170 mil professores, temos milhares (e não são poucos que se encontram no desemprego). Bem, e agora? O que está escondido, voluntária ou involuntariamente, atrás desse dado alarmante?

 

A vida, pessoal e profissional, tem me mostrado caminhos, saídas direções que se fossem seguidas teríamos, certamente que festejar bons resultados. E, não! Não pensem que eu tenho guardado algum segredo ou alguma poção mágica que possa, de uma hora pera a outra, modificar o panorama caótico que se vislumbras quando se olha com atenção para a nossa educação escolar. Mas não só a educação escolar, a educação familiar está em condições bem mais precárias e as duas se destroem mutuamente, quando, na verdade deveriam ser complementares em dupla mão, ida e volta.

 

Das muitas discussões que já tive oportunidade de participar e cujo tema era esse, raras vezes notei que estivesse em frente de pessoas que tinham bem claro em suas mentes a distinção entre o que é ser professor e o que é ser educador. Isto posto, adianto que entendo perfeitamente – coisa que muitos dos meus pares não parecem entender – que todo educador pode ser um professor, mas nem todo professor é, nem precisa ser um educador. Temos vivido, no Brasil, uma situação confusa a esse respeito, pela infelicidade de uma proposta de formação docente aligeirada para suprir as necessidades do capital, sem que tenha havido uma preocupação com a manutenção da peça principal que faz a roda capitalista girar, que é o homem. Não basta que o homem produza, precisa estar nas melhores condições para dar a produção que dele se espera. Mas o egoísmo capitalista, conhecedor de que a fábrica de fazer gente estava marchando a todo o vapor – vejam-se as antigas famílias com 20 e mais filhos (mão de obra barata e sempre renovada – não se preocupa com essa “manutenção” pois sabe que tem peças de reposição com grande oferta, logo há que tirar o máximo de cada uma delas, sem se preocupar com o tempo em que ela vai quebrar, pois lá foram tem um monte de peças novinhas esperando a oportunidade de serem exploradas. Nesse sentido, para quê educação?

 

Apesar de ser o tema deste meu escrito, do meu permanente pensar, das minhas maiores inquietações, abomino falar da formação de professores, principalmente nos termos em que aí está posta. E porque digo isto? Repetindo-me pela “enésima” vez, digo que não acredito na formação do professor numa sala de aula de uma universidade. Primeiro, não é ali que ele vai trabalhar, o lugar que estará destinado é na educação básica, a menos que esses “professor” dê continuidade aos estudos e para tal se prepare. Então, alguém irá me questionar: onde se forma o professor? Parto do princípio que não é professor quem quer, mas quem pode. Educador, todos nós somos (queiramos ou não), pois sempre tem alguém aprendendo alguma coisa estando em relação com a gente, mesmo que mais não seja, como evitar pessoas iguais a nós. Mas aí a pergunta: quantos engenheiros, médicos, advogados você conhece que tenham sido formados por educadores? Tenho a certeza que a sua resposta vai ser: nenhum, todos precisaram passar pela mão de um professor.

 

Ora, aí está uma diferença gritante que teimamos em não querer ver. Sei vão chamar-me de velho ranzinza, mas para mim isso é uma glória, um louvor, pois me oportuniza a possibilidade de tentar mais uma vez fazer a diferença entre os tempos dos professores, que já lá vão, hoje restam poucos, entre professor e pedagogo. Já sei, a turma da pedagogia vai já se encarregar de tirar meu coiro, mas não faz mal, aqueles que foram meus aluno/as no curso que agora aponto, sabem muito bem que sempre lhes dizia, logo no primeiro semestre, que estavam ali para não aprenderem grande coisa enquanto futuros professores.

 

Pesquisa realizada por mim, no “meu” curso, com os meus alunos ratifica os dados coletados por todo e qualquer sistema avaliativo a que sejam submetidos os nossos alunos da base. Base, neste contexto, é o ensino infantil em composição com o ensino fundamental. Veja a palavra FUNDAMENTAL, isto é, o momento em que se consolidam – ou deveriam consolidar – os conhecimentos elementares que serão desenvolvidos mais adiante no processo de aprendizagem. Se esta base não for bem sólida, como poderei erguer a minha construção de forma sólida? É como se eu estivesse construindo castelos na areia da praia e mais, bem pertinho do arrebentar das ondas mais alterosas: tudo ruirá e nada ficará de onde se possa partir para algo mais concreto. Precisamos, portanto, de ter bons “construtores” na base, precisamos de professores e não de “teóricos” da educação. Mas voltando à pesquisa, devo lamentar ter que reconhecer que os formandos do curso de Pedagogia foram incapazes de fechar uma prova de Português e muito menos de Matemática que tinha sido aplicada no fim do ano letivo anterior nas escolas de ensino fundamental do Estado.

 

Qual vai ser a minha argumentação: primeiro, só pode ser professor quem sabe aquilo que vai ensinar. No caso de não saber, de não dominar aquele conteúdo, poderá ser apelidado de “guardador de Televisão” quando o Sr. Tasso Jerreissati implantou no Ceará o Tele Ensino, que acabou redundando num tremendo fracasso. Segundo, trabalhar na abstração não é proibido, mas trabalhar toda a escolaridade nesse modelito do “vamos imaginar”, não dá resultados. As escolas precisam estar devidamente apetrechadas de modo a permitirem a práxis: sabe, aquele negócio que nos diz que precisamos teorizar as práticas para que haja uma maior assimilação? Pois é, Será que alguém consegue formar um bom agricultor, vivendo permanentemente com ele no mar, dizendo-lhe: “Olha, a terra precisa estar preparada, para receber as sementes que germinaram e nos darão o que comer”. O nosso formando, à boa maneira o calango, vai balançar a cabecinha em sentido afirmativo e você fica ciente que é um ótimo professor, pois seu aluno lhe diz que aprendeu. Coloque-o num pedaço de terra e veja o resultado de sua obra. Terceiro, pedagogo não é um professor. Todo professor pode ser um pedagogo, mas nem todo pedagogo pode ser um professor.

 

E por que eu insisto tanto no pedagogo? Porque são eles os encarregados de ensinar as nossas crianças, de complementar a educação que elas devem trazer de casa, de mostrar as primeiras relações entre as coisas da vida, da natureza, dos seres, dos rios, dos mares, dos ventos, das nuvens e da chuva que delas cai, do sol, da lua e das estrelas, dos animais domésticos e dos não domesticados, da terra e das plantas, do homem e da mulher, das contas e da leitura, do saber, do sonhar, do imaginar e da curiosidade... Enfim! Mas o que o nosso pedagogo aprende? A teoria de Jean Piaget, que depois vai dar origem à teoria construtivista, e uso apenas esta para não alongar muito a explicação; aprende quem foi Durkheim, ou Marx, ou Jean Jacques Rousseau, aprende que a educação existe desde que o homem surgiu sobre a terra, mas tem dificuldade em ler um texto simples de Saviani, de Rubem Alves, de Nosella ou o bilhete que o diretor da escola deixou em sua pasta. Do resto, ouviu falar um dia na educação básica que pratica a aprovação direta (sem necessidade de saber) e é aprovado num curso de Pedagogia pago (o que interessa é que não atrase as prestações) e no fim temos mais um PROFESSOR no mercado.

 

NÃO! Definitivamente, não! Enquanto essa cegueira permanecer no meio acadêmico e principalmente no meio político, não teremos melhora dos níveis de aprendizagem nas nossas escolas. Para mudar essa situação, contudo, vão ser necessários sacrifícios enormes de todas as partes envolvidas. As famílias precisam voltar a ter a possibilidade de se reestruturarem minimamente para dar sustentação a um aprendente e isso não se faz sem uma distribuição de renda que permita uma vida digna a cada cidadão deste país. Será necessário que os poderes instituídos cumpro com seu sagrado dever de zelar pela melhoria das condições de cada um e de cada instituição. É muito romântico “alfabetizar à sombra daquela mangueira”, mas uma escola equipada estará, na medida em que tiver profissionais competentes e bem remunerados, em melhores condições de garantir mais aprendizado que a boa vontade, digna de registro daquele que trabalha lá sob a mangueira. Precisamos valorizar cada cidadã e cada cidadão deste país que com o suor do seu corpo engrandece cada vez mais uma minoria de escroques que não merecem sequer o título de cidadãos, aqueles que ao domingo à noite estão na igreja batendo no peito, mas que ao saírem dali são capazes de passar por cima de um pobre indefeso e quantas vezes incapacitado de se locomover mais rápido. Precisamos deixar de pensar tanto em TER e pensar um pouquinho mais em SER.

 

Sou de um tempo em que o professor descerrava placas com nomes de ruas ou lugares; dos tempos em que o professor era o convidado de honra da festa familiar, por mais que prefeito ali estivesse; do tempo em que o pai pedia auxílio ao professor para encaminhar “aquela ovelha desgarrada” que existia na família; do tempo em que o professor era valorizado de todas as formas possíveis. Hoje, mal pago, sacrificado, desrespeitado, é recebido a bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta, balas de borracha (ou de verdade) e cassetete. Os mandantes, os donos do brazil não querem que o professor faça o seu dever de formar cidadãos críticos e capazes de escrever a própria história. A turma do Ali Baba que se implantou no poder quer tomar conta até das vidas miseráveis dos mais pobres, mandando-os matar com o apoio da lei.

 

Pobre país rico onde um bando de analfabetos e ignorante ambiciosos acabaram com um futuro promissor à troca por trinta moedas. A história certamente dará conta daquele lugar que se dizia a sexta potência mundial, mas que não passava do acoite de um bando de canibais travestidos de “homens de bem”. Aqui, terminarei meus dias. Vez por outra a luz já começa a fraquejar e a chama da vela já não tem aquela pujança de quando foi colocada e acesa no castiçal. Mas enquanto tiver uma gota de sangue que irrigue este coração velho não deixarei de lutar, com as armas que tenho, para que se mudem realidades falsas. O país atravessa uma enorme crise e se há neste país alguém que possa realmente mudar a situação catastróficas em que a ignorância nos colocou, esse alguém é o professor com a ajuda do educador, mas infelizmente é uma classe que foi levada a se desunir, a se separar, a olhar para diferentes alvos, em prol da própria existência, ou divergia, ou sucumbia. E o estômago fala alto, porém o orgulho e a diferença de caráter é das razões maiores dessa separação. O imediatismo de uns prejudica o continuísmo o desenvolvimento de outros.

 

É o mundo que temos hoje. Triste mundo. Mas ainda guardo bem alto meu orgulho de dizer que fui professor e que tentei ajudar a tornar as coisas mais amenas. Se não tivéssemos sido nós, os professores, estaríamos certamente pior.

 

Respeitem o professor.

 

31/01/2019

O PESADELO APENAS COMEÇA

 

Hoje eu tive um tempinho para me dedicar a olhar o que restou da nossa já capenga LDBEN. Posso jurar, de pés juntos que quase tive um problema cardíaco. Minha nossa, o que fizeram com uma lei que nasceu com seríssimos problemas de saúde? Se lá nos idos 1997 (vale recordar quem já possa ter esquecido que essa lei data de 20/12/1996) a aprovação daquela lei já causou transtornos, inclusive de interpretação legal (basta ver as emendas, cortes e acréscimos feitos imediatamente após a sua promulgação), imagem agora que um louco assume a gerência da nação e resolve remexer com o sistema educacional do país, de forma a que este se enquadre no hospício que é a sua visão de uma sociedade que caminhava a passos largos para ampla democracia.

Quando em 2001assuni a tarefa de lecionar Políticas Educacionais no curso de Formação Docente, já me debatia com alunos e companheiros de profissão ante as incongruências que famosa 9.496/96 apresentava e mal eu imaginava que poucos dias depois se transformaria numa verdadeira colcha de retalhos, daquelas mal costuradas que se rasgam com a maior facilidade. Quiçá não estava ali, já, o germe do golpe baixo e sórdido que o aís vem sofrendo. O tempo foi passando, algumas políticas dando mais certo que outras e nós íamos esquecendo o texto legal sobre a educação que, sempre na calada da noite, ia sofrendo castrações, restrições e tudo que não presta.

Recentemente, durante o período em que estivemos sob a capa do vampiro mor, fomos surpreendidos até por um notório saber como condição para ser professor (tudo isso registrado no corpo já ultra dilacerado da famosa lei. Após a posse do “esfaqueado” a coisa descambou de vez e hoje, ao tentar fazer uma leitura da dita cuja não sei mais o que é e o que não é válido, tal a bagunça que foi feita. O importante contudo não é a bagunça em si, pois vive por estas bandas tem o costume de viver entre confusões e jeitinhos, e sim as alterações que ele propôs ao que ainda poderia servir.

Recomendo aos diretores de escolas que antes de darem início às atividades contratem um bom advogado (tem que ser um exímio leitor) para ficarem a saber quais atitudes educacionais devem adotar. De minha parte prometo que irei me debruçar, especificamente, sobre a formação docente que esse louco jogou ao vento e para a qual precisamos, usar tubos de cola superbond para remendar os retalhos, e finalmente perceber se algo se aproveita.

Triste país em que nem a educação de seus filhos é prioridade!

 

22/01/2019

A VELHA MOÇA

 

Nascida nos idos de 1939, isto é, ela é mais velha que eu 10 anos e sete dias, mas entre nós os laços são quase aqueles de dos irmãos gêmeos. Crescemos, fomos aos poucos nos construindo e cada qual seguiu seu caminho, separados. Mas apesar da distância a vida nos obrigava a nos aproximarmos, estarmos lado a lado e por vezes nem nos notávamos. Logicamente, herdamos de nossos antecessores o caráter forte, mesmo por baixo de uma aparência frágil que, com o passar do tempo foi se tornando mais forte e, apesar dos meus 70 e dos 80 dela, continuamos fortes e decididos a fazer a diferença no nosso espaço existencial.

Com tudo o que já vivemos, com as “andanças” da vida, nossos caminhos seguem feito duas paralelas: eu dependendo muito mais dela, que ela dependendo de mim. Aprendemos, juntos, a respeitar os mais velhos e por esse motivo eu a enalteço, glorifico, mas quando necessário temos os nossos momentos de inépcia: nem ela com toda a sua idade e percurso realizado, nem eu com minha casmurrice somos donos da verdade. Coexistimos num regime de paz aparente mais provocado pelas nossas “companhias” que pela nossa identidade.

Chamo-a de Velha moça (parodiando Roberto Carlos na música O Velho Moço[1]) e assumo o papel que o RC destaca. Não quero de modo algum comparar-me a ela, que apesar de ser a Velha Moça continua atualíssima jovem, provocadora, atraente, sempre nas mais altas esferas da sociedade letrada e eu, apesar de mais novo, me sinto decrépito perto da sua “juventude”. Voltando à música direi que “(..) Eu sou apenas o que sou – Eu sou um moço velho que já viveu muito – que já sofreu tudo – Que já morreu cedo – Eu sou um velho moço – que não viveu cedo – Que não sofreu muito – mas não morreu tudo – Eu sou alguém livre – Não sou escravo e nunca fui senhor – Eu simplesmente sou um homem (...)” que ainda acredito nela.

Vamos acabar com o enigma: A Velha Moça é a Pedagogia, criada pelo decreto lei nº 1.190 de 04 de abril de 1.939, mas que ainda hoje nos faz erguer uma sobrancelha e nos deixa arrepiados quando percebemos que nem tudo corre como deveria. Em todo caso, quero aqui registrar para as devidas reflexões que deveríamos fazer em conjunto, mas como eu digo, o barulho de muitas cabeças pensando incomoda quem não gosta de fazer nada. Eu, o Velho Moço, sou um pouquinho tudo isso que o RC diz: Já vivi muito, já aprendi alguma coisa (nunca o suficiente), já morri um pouco, principalmente no meu ímpeto de ir lá e fazer, mas conservo intactas as minhas habilidade intelectuais e isso me possibilita dizer que “ainda não morri tudo”!

Sei que é cedo, mas antecipo aqui o aniversário da nossa querida Pedagogia e que nós saibamos, no transcurso deste ano, valorizar ainda mais esta ARTE que não é só a docência, como muita gente julga.

PARABÉNS PEDAGOGIA E PEDAGOGOS/AS

 

[1] Relembre aqui: https://www.youtube.com/watch?v=G-wjZBCilxw

 

15/01/2019

O meu texto de hoje tem a pretensão de fazer uma homenagem e de marcar um posicionamento a respeito de um dos maiores problemas que a nossa educação enfrenta, que não são poucos. Já aqui falei (repito-me, portanto!) sobre o caos que se abateu nestes dois últimos anos sobre a área educacional e não tem permitido grandes análises ou tomadas de posição; tudo que tem surgido tem tido a capacidade de me deixar perplexo, acredito que o mesmo aconteça com muitas mais pessoas. O mínimo que se espera é que apareça um “pacificador” que nos traga elementos que possibilitem pensar minimamente o trabalho que teremos que desenvolver dentro de dias com a volta às aulas.

Eis que, zapeando pela Net, me deparo com as declarações do Sr. Secretário de Alfabetização, título pomposo que por si só já merece uma vênia, a propósito do nosso processo de alfabetização. A reportagem é da UOL e pode ser acessada pelo link da seção Educação, ou aqui: https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2019/01/14/contra-ideologia-novo-secretario-de-alfabetizacao-quer-mudanca-no-ensino.htm

O Sr. Carlos Nadalim é mais uma cria do “grande philósopho” Olavo de Carvalho – aquele que afirma que a terra é plana e quadrada. Para quem desconhecer os dois, esta referência inicial não deve ser de grande proveito, mas acredite, não está perdendo nada se não conhecer. São da mesma turma da ministra Damares. A educação brasileira, sendo educação brasileira: campo de pouso de paraquedistas que vez por outra, parecem ter sido jogados fora da aeronave que o transportava rumo ao mundo louco em que vivem.

Após este pequeno introito, quero prestar a minha homenagem à Professora Magda Soares que, do alto de seus 86 anos, mostra mais lucidez e visão futurista para o processo de alfabetização que esse Sr. Secretário e seu guru.

Quem me acompanha sabe que eu luto por um processo de alfabetização que conduza nossas crianças a um aprendizado de qualidade. Não vou brigar pelo método – para mim que seja o método fônico ou aquele outro método construtivista, discuto processos. Talvez eu esteja errado (e se estiver, estendo minha mão à palmatória), creio que falamos de coisas distintas: ou seja, entendo por método: a maneira, a teoria que dá sustentação a uma prática; entendo por processo: o conjunto de fatores capazes de desencadear a aprendizagem da leitura e da escrita conscientes, ou seja, atingir o letramento. Que métodos usar para desenvolver esse processo? Qualquer um, ou todos em conjunto, repito, não me interessam os métodos e sim o produto final, para isso preciso ter clareza de que todos somos diferentes e temos maneiras diferentes de aprender.

A criança, ao adentrar a sala de aula, no primeiro ano do fundamental, já domina um mínimo de três mil palavras. Convém aqui abrir um parêntesis para discutir o seguinte contexto: se acriança já domina três mil palavras, podemos dizer que são três mil palavras que ela conhece, sabe-lhes o significado, pelo menos o significado que ela, criança, dá àquela palavra. Vamos a um exemplo: a criança fala “casa”, ora ela conhece a casa, a sua casa que certamente não é igual à casa de seu amiguinho, mas é a “casa”. A educação escolar não tem que se preocupar com qual/como é a casa: bonita, alta, baixa, feia, nova, velha. Ela é simplesmente a “casa” e deverá ser, por exemplo, a partir desse conceito que a criança faz do que seja uma casa que se deve começar a trabalhar. Sempre me repito ao dizer que precisamos trabalhar a concretude com as crianças e não (neste momento, bem entendido) a abstração. Veja: “bola”, “lápis”, “mesa”, “cadeira”, “sol”, “luz”, “escuro”, “pai”, “mãe”, “irmão”... imagine o mundo que essa criança já conhece, mas o que nós fazemos? Meninos, hoje vamos aprender a família do “B”. A criança entra em parafuso, pois a família que ela conhece é a dela e a do seu vizinho, se tiver um. A partir desse momento, mesmo que involuntariamente, a criança começa a perder a confiança na escola: “querem que aprenda coisas que não me interessam. Queria mesmo era aprender alguma coisa que me ajudasse a levar um pão para casa, ou a ajudar papai lá no trabalho dele”.

Sou quase contemporâneo da Professora Magda Soares, devemos, portanto ter estudado em cartilhas minimamente semelhantes. O método utilizado naqueles tempos era o fônico, mas até para isso há uma explicação que me parece plausível: nos anos em que eu aprendi a ler não tínhamos tanta facilidade de contato com a linguagem escrita como temos hoje.  E creio que foi por isso que eu aprendi medianamente a escrever, pois fui construindo o meu saber na relação oralidade/representação gráfica. Quando eu falava a palavra “pau”. Sabia o que era, de onde vinha e para o que poderia servir e a isto eu chamo de letramento. Nos tempos atuais somos bombardeados por discursos: orais, escritos e imagéticos.

Então, o que me preocupa, hoje, é que em troca de “ideologias” como as que estão sendo propostas pelo atual governo – que analfabeticamente diz que vai acabar com elas, não entendendo que vai tirar uma e colocar outra em seu lugar – não tenham a coragem de estabelecer, através de diálogo franco e aberto com toda a sociedade (por mais alienada que ela se mostre) uma política educacional de Estado, acabando com as picuinhas das discussões descabidas sobre a questão de gênero, das cores que meninos e meninas devem vestir, se mulher com mulher é feio, se anjo tem sexo.

A educação precisa melhor, muito, mas estou com a Professora Izolda Cela: “Eu acho uma perda de energia, tempo e neurônios estabelecer essa guerrinha, essa oposição entre método fônico e um método mais global ou construtivista. É absolutamente improdutivo...”.

É hora de pensar com seriedade o futuro do país que queremos construir e não discutir como quero que o país seja para que eu me possa dar o melhor possível na vida. O Brasil entrou direitinho, de cabeça, na onda do individualismo: Cada um por si (venham lá as armas!) e Deus por todos (que as igrejas continuem suas mamatas). A escola vai ajudar a consolidar esta asquerosa maneira de pensar sem o outro!

 

13/01/2019

Ultimamente – não faz tanto tempo assim, pois trata-se de um fenômeno que só venho notando desde a virada do ano, portanto a considerar a data de hoje, há exatos treze dias – tenho fiscalizado na medida do possível a evolução das visitas a este meu site e qual não é a surpresa e principalmente a admiração de perceber que do dia 03/01/19 a esta data (13/01/19) o número de visitas atingiu a marca das 5.000 (isso mesmo, cinco mil visitas em dez dias).

 

É claro que fico muito feliz por saber que tem gente que até aqui em busca de algo e isso é o que me atormenta, por dois motivos:

1 – não sei quem são, nem o que buscam, pois não há interação entre nós;

2 – não podem dizer que são meus amigos, pois no Face tenho pouco mais de 200 amigos e no twitter não chegam a 100.

 

Esta situação me deixa perplexo e perquiridor. A perplexidade fica por conta da ausência de qualquer manifestação (positiva/negativa) aos meus escritos, que eu chego a chamar de loucuras pró revolucionárias; a perquirição, por sua vez, diz respeito à falta de críticas, de contestações ou até mesmo reconhecimento ou negação do que vou afirmando/negando nos meus escritos.

 

Todos nós – uns mais que outros – gostamos de receber sejam elogios, sejam reprimendas que nos façam refletir de outra forma, mas a mim não me tem sido dado o prazer de receber nada disso. Não podem dizer que não têm como interagir, pois, algumas páginas, não todas é certo, têm uma caixa de diálogo que podem usar para se comunicarem comigo através de comentários, perguntas, acusações, reclamações, sugestões, enfim, e existe na página inicial do site toda a informação do meu endereço eletrônico através do qual também há a enorme possibilidade de interagir.

 

Tenho consciência de que muito daquilo que digo (às vezes até repito) não traz grande novidade para os leitores. Muito do que escrevo são “sentimentos” pessoais e quantas vezes “de momento” e que isso não contribui em grande coisa para o mundo acadêmico que vivo. Talvez consiga impressionar alguns neófitos na docência, mas aí novamente vem a pergunta, de onde vem esse número elevado de visitas ao site? Eram, no momento em que comecei a escrever este texto, 28.309 visitas. Ao terminar, farei novo levantamento e deixarei aqui registrado para ver se alguém me ajuda a compreender, então esse fenômeno.

 

Não pensem que estou me envaidecendo ou que ando em busca de “celebridade através dos licks, ou da quantidade de visitas. Nada lucro com isso a não ser o saber que tenho amigos ou até inimigos em grande quantidade e que infelizmente não conheço, por não se mostrarem.

 

Bem, já escrevi sobre esta minha preocupação e por hoje só me resta anunciar que terminei a escritura de um pequeno livreto que após revisão e devido processo será publicado, espero eu que seja lançado no dia do meu 70º aniversário. Um segundo, que trará a minha dissertação de Mestrado que tanto se adequa ao momento que vivenciamos também está em fase final de arrumação para seguir para publicação.

 

Este ano promete!

 

Ia esquecendo: a marca das visitas, neste momento é de: 28.317. Ou seja, em pouco mais de 15 minutos tive oito visitas.

 

A todo/as muito obrigado!

 

05/01/2019

O ano que talvez não devesse ter começado!

 

Ainda não descobri em qual categoria devo colocar o povo brasileiro, se nos acomodados, nos despreocupados, nos “não estou nem aí”, nos oportunistas que esperam que as coisas caiam dos céus, sinceramente não sei!

 

Vejo e sofro a cada instante agressões gratuitas vindas de gente menos preparada para assumir postos decisivos na vida da nação e não percebo a menor movimentação desse povo que aqui na internet se diz usado, vilipendiado, roubado, excluído. Sinto-me como se estivesse em minha residência e um estranho entrasse e passasse a dar as ordens, a comandar nossas ações sem ter a menor resistência: “um peraí”! Nada.

 

Olhando a situação de uma posição de animal perdido do rebanho, parece-me que nada fará estourar a manada, e um a um, todos caminharam alegres e felizes para o matadouro tal qual o peru da Sadia. Quando abro os jornais do exterior e percebo as movimentações realizadas por grupos de profissionais que se identificam pela cor da roupa que vestem, ou pela cor da caneta que exibem, que obrigam um governo a retroceder sobre as medidas anunciadas, sinto um orgulho imenso de dizer que sou trabalhador. Quando esses trabalhadores exigem a saída de um presidente da república eleito democraticamente, apenas por não cumprir o prometido ou querer ir além dos interesses maiores de seu povo, dá vontade de fazer parte do grupo. Quando parte desses trabalhadores são professores que querem ser respeitados, valorizados socialmente, bem pagos e com condições de trabalho adequadas ao bom desenvolvimento de suas atividades, aí eu exulto. Imaginem o que esses trabalhadores a que me refiro escutassem da pessoa eleita, que ele não será o presidente delas... a guerra estaria declarada! Aqui, fica por isso mesmo, sentam em cima da Constituição e urram aos sete ventos que a lei são eles e todos baixam as orelhas e enrolam o rabo.

 

Isso é luta de classes! Isso é democracia: o governo do povo para o povo, não uma associação de colarinhos brancos e mãos sujas que visam apenas os seus mais recônditos desejos, nem que para isso tenham que “matar cem mil”. Se em vez de ameaçar matar, matassem a fome e a miséria desse povo talvez tivessem mais paz e tranquilidade, talvez não precisassem de andar em carros blindados e o seu sono seria bem mais tranquilo. Mas o ser humano é assim mesmo, egoísta por natureza e avarento por opção.

 

O mundo, não é só brazil, está virando um imenso manicômio onde o mais sadio das faculdades mentais quer ser o dono de tudo que seus olhos remelados conseguem ver. A briga, entre os loucos, é para ver quem consegue cometer a maior atrocidade para com a sociedade de modo geral.

 

Estamos bem servidos, pois o trem está sem freios e o mecânico há muito bateu em retirada. Ele que estava certo e não me venham dizer que os ratos são os primeiros a abandonar o navio. Conheço um, verde e amarelo, jamais vermelho, por mais que seu nome signifique “braseiro”, que está servindo se bote salva-vidas para esses ratos todos. Resta saber se depois de tanto buraco roído no queijo, restará alguma coisa para segurar o bote à superfície ou se seremos todos sugados pelas bombas estratoras do ouro preto do pré sal.

 

Ref: http://br.rfi.fr/franca/20190104-canetas-vermelhas-apos-coletes-amarelos-ira-de-professores-se-alastra-na-franca?ref=fb

 

31/12/2018


Se nós vivermos bem o hoje, amanhã será um novo dia. Dos meus 70 janeiros que já vivi, nunca esperei tão pouco do ano iniciante quanto este que se aproxima. Vejo, ao contrário e com marcante desânimo que o "mundo brasileiro estará entrando em processo de retrocesso violento capaz de nos conduzir a práticas próprias da Idade Média.

Mas bem, eu estou aqui para encerrar meu ano de atividades "intelectuais", que não foi tudo aquilo que poderia ter sido, caso não tivesse sido acometido de doença renal crônica, fato que me obriga a relações íntimas e profundas com uma máquina de Diálise, três vezes por semana. No início essa nossa relação foi problemática, sou do tipo "possessivo", mas desta vez nada de carregar a "dama" ´para casa, tenho que visitá-la numa clínica especializada e com ela me relacionar diante de pelo menos mais uns vinte parceiros de sofrimento. Ela me chupa o sangue, todinho até a última gota, usufrui dele por quatro horas ao final das quais me abandona extenuado.

Pois bem, tenho, hoje, esse tratamento como a possibilidade de alongar uma existência graças à tecnologia/ciência que o governo que vai apossar-se ilegitimamente amanhã está condenando ao abandono (pelo menos ao abandono financeiro, tão necessário para o desenvolvimento tecnológico do país). Enquanto estive na ativa (docência) sempre prezei por formar cidadão críticos, mas hoje me vejo quase manietado por uma população que mais parece sofrer de acefalia que gozarem de perfeita saúde. Não podemos fazer tudo.  Precisamos compreender que, pelo uso do cachimbo, o brasileiro tem a boca torta e isto, entenda-se, fez com que muitos que se beneficiaram do governo popular, de cunho socialista, ou pelo menos progressista, tivesse voltado a fumar cachimbo. Entortaram a boca que haviam endireitado.

Parece ser um mal facilmente transmissível e que percorre grandes distâncias em espaços de tempo relativamente curtos, basta que olhemos à nossa volta e percebamos que a maioria dos países que tinham governos progressistas voltaram todo para uma posição extremista de direita. São as famosas crises do capital fazendo arruaça com a população mundial.

Mas bem, no novo dia que inaugurará novo espaço considerado anual terei o prazer de estar de novo com vocês, não prometo para não faltar, mas se estiver será com o máximo prazer, tanto mais que apesar de não haver grande interação entre eu e vocês, sinto-me extremamente honrado quando olho para o marcador de visitas e vejo que ultrapassei a casa das vinte e cinco mil visitas (25.799) no momento em que escrevo este texto. Não tenho outra forma de agradecimento que continuar o que venho fazendo.

Lamento não poder me dedicar mais à pesquisa aplicada que vinha desenvolvendo com a educação de crianças do ensino fundamental (anos iniciais), pois não estou mais a serviço da universidade, muito embora ainda não me tenham aposentado, estou somente afastado para tratamento de saúde enquanto a aposentadoria não chega. Por esse motivo fico vários atributos necessários ao bom desenvolvimento das pesquisas: o prestígio e "passe" livre que a universidade nos concede automaticamente pela relação com a educação básica; a falta de bolsistas que são, a bem da verdade, quem pratica a pesquisa e nos traz dados para teorizarmos. Se for só isto já não é pouco.

Tenho mais tempo para refletir, estudar, teorizar, a isso tenho-me dedicado. Tenho escrito bastante. Quero me presentear com a edição de um livro só meu. Tenho três em conclusão, não sei qual deles editarei primeiro, ou se será o único, de qualquer forma quero-o como presente dos meus 70 anos. Restam-me pouco mais de dois meses para terminar a escrita para que depois possa ser editado em tempo para o meu aniversário. Confio na minha boa vontade que é o mais importante elemento para o sucesso em qualquer empreendimento.

Sendo assim, mais uma vez agradecer as vossas visitas e lhes deixar meus votos de que todos consigam atingir a felicidade que almejam.

Por hora só lhe digo até amanhã.

 

26/12/2018

Das releituras que venho fazendo, tenho notado, em oposição à atual (ou deveria dizer à mais atual) crise da educação brasileira que se vem manifestando pela ação desse debiloide que não tem sequer noção do seja o processo educacional (prova disso é que não consegue articular duas frases seguidas com sentido sem misturar as bolas, mostrando assim, que a força da politicagem é muito maior que a força do saber e chegou à presidência da republiqueta das bananas em que transformaram o Brasil), que estamos retornando sobre os passos já dados e nos aproximarmos do modelo educacional romano (a.C.).

Sêneca dizia, do alto da sua teoria> "Non scolae, sed vitae est descendu" (não se deve ensinar para a escola, mas para a vida)" (GADOTTI, 2002, p.43). Por seu turno, Plutarco "insistia que a educação procurasse mostrar a biografia dos grandes homens para funcionar como exemplos vivos de virtude e de caráter" (idem). E quero ficar nestes dois pensadores para elaborar um pensamento um tanto obtuso que espero lhes faça pensar um pouco.

Efetivamente, a nossa educação (mostrada nos muros das grandes e médias cidades) está centrada na escola, que o digam os outdoors da vida que nos saturam com a sua poluente insistência que esta ou aquela escola é melhor que as demais, nem que para isso tenham que comprar a imagem de um estudante de outra escola, como acontece amiudadas vezes. Estão preocupados em promover a escola e não os estudantes, não falam deles em geral, falam de alguém em específico como se esse alguém, por si só tivesse a capacidade de representar todos os outros estudantes que sofrem, muitas das vezes, para acompanhar minimamente o que lhe querem enfiar cuca abaixo, por não importa qual método, pois papai paga para isso. Não há um olhar, enviesado que seja para escola pública, a essa destinamos os piores métodos, os piores professores, as mínimas receitas.

Mas pelo outro lado, temos com a teoria de Plutarco, a disseminação da prática daqueles que os mandatários têm como exemplos. Aqui para nós, ter que encarar o escárnio contra um Paulo Freire em troca a um PornoFrota ou ao "cavala paraguaio" com suas ideias de jerico é, no mínimo assustador, para não dizer tenebroso.

Vou voltar a cair na mesma cantiga, já desgastada de tanto ser ouvida (o disco já deveria ter furado, mas como ainda é daqueles feitos nos bons tempos, tem resistido), mas não encontro jeito, a não ser se alguém tiver coragem de enfrentar a ditadura que se está instalando e estabelecer um Programa Educacional de Estado elaborado pelos pensadores nacionais da educação em plena discussão com a sociedade em geral e os professores de uma forma específica. Enquanto cada bosta que entrar no governo puder e quiser agir a seu bel prazer e sob a batuta de outras potências, nós estamos na mó de baixo, seremos sempre perdedores, seremos sempre escravizados, pois a educação escolar de qualidade será destinada, como lá nos velhos tempos (primórdios) aos futuros "dirigentes", à elite dominadora e interesseira.

Hasta quando?

                                 

12/05/2018

E a educação vai de mal a pior...

 

O “incêndio” que devora a qualidade da nossa educação não pode ser negligenciado e nem tentar apaga-lo com medidas paliativas. Um incêndio se debela atacando-lhe a base. Para resolver a “crise” na educação é preciso utilizar a mesma técnica.

 

Este assunto, para mim é recorrente, pois entendo – mas não quero ser o dono da verdade – que para melhorar a educação é preciso investir muito mais que a miséria que estes governos têm praticado. Os governos de esquerda quiseram dar uma alavancada e para isso propuseram um percentual dos lucros do pré sal. Foram derrotados, expulsos e até presos, enquanto as nossas riquezas são repassadas para outros países, a troco de algumas migalhas que ainda faltam para locupletar o bando que se apossou do Brasil.

 

Não havendo mais que fazer – na fraca imaginação do atual governo – vêm anunciar mais uma medida esdrúxula: A avaliação da educação infantil. Trata-se de mais uma medida paliativa que não produzirá que efeitos pífios. A própria legislação vigente – a LDB 9.393/96 – não preconiza esse tipo de avaliação. Consideremos que a EI é uma preparação para o mundo escolar, embora possa ter alguns poucos conteúdos ministrados, muito mais destinados a socializar a criança que outra coisa. Ora, essa socialização não pode ser medida através de processos avaliativos, são os docentes quem deve ficar encarregado de realizar esse processo da melhor maneira e avaliar a evolução da criança através das atitudes e modos de se socializar.

 

Na minha opinião – e as opiniões pertencem às pessoas assim como os fatos pertencem à verdade – as maiores debilidades do país estão relacionadas com a formação profissional e vocacional, e isso é um dos muitos aspectos que prejudicam a educação. Tenho batido e rebatido essa tese desde muito tempo (tem sido para mim aquilo a que chamamos de “cavalo de batalha”), junto aos meus companheiros de profissão. Tentei, por várias vezes, mostrar, no curso de pedagogia, que o modelo de formação que ali é ministrado não forma ninguém, para nada. Em pesquisa que realizei em todos os semestres – através da prova do Mais Educação, apenas do segundo ao quinto ano – tive a confirmação do que aqui assevero a respeito da formação, pois um percentual elevado de “futuros professores” errou uma simples conta com uma subtração. A publicisação dos resultados dessa pesquisa que já estão tabulados, surgirão num artigo que espero publicar ainda este ano (possivelmente só no segundo semestre).

 

Há, ainda, a comprovação que os muitos programas de formação docente criados pelo governo, principalmente para aqueles professores que já estão no chão da escola, têm se mostrado ineficientes. Há o rouba descarado do dinheiro que é destinado à educação, ou, também deslocado para outras áreas. Algo que me assusta é forma como a merenda escolar (quantas vezes a única refeição de parte das crianças) é utilizada para que nossos políticos enriqueçam às custas da fome de quem não como se alimentar. Veja-se o exemplo do governo de São Paulo que botar a mão na grana fácil, retirou a carne ou o frango da merenda e passou a oferecer ovos que faturou a R$12,50 a unidade. E não vão presos, em contrapartida quem possibilitou ao pobre ter três refeições diárias está detido e incomunicável.

 

Por outro lado, há na nossa educação uma prática de “igualdade” entre os estudantes, para mim essa igualdade não passa de uma falsa promessa de democracia. Sou menos pela igualdade e muito mais pela equidade. A diferença é absurda entre esses dois conceitos. Essa avaliação, se realizada, servira apenas para começar a rotular os estudantes, praticamente ao nascerem. Espero que os “pensadores” dessa “grande” parafernália que é a nossa educação coloquem a mão na consciência e permitam o aumento das verbas para a educação e que exerçam o dever de fiscalizar a aplicação desse dinheiro. Tudo começa a melhorar quando os meios para se alcançarem objetivos melhoram. Mas infelizmente, nesta República das Bananas os responsáveis pelo desenvolvimento do país, que nós elegemos (bem ou menos bem), só têm um objetivo: Roubar o máximo que puderem. Assim fica difícil! As políticas públicas são meras letras mortas que serve aos desejos dos corruptos que em tudo levam um terço. Não, não se trata de religiosos, são, antes do mais exploradores do suor alheio. O Brasil precisa ser eliminado do mapa e depois recriado.

 

Tentando resumir meu pensar a este respeito digo que quando o sucesso de uma política de educação se mede por aquilo que foi desfeito e não por aquilo que foi feito, é bastante revelador.

 

Eu continuo a minha luta! Venha lutar você também!

 

 

11/03/2018

Hoje sou um professor afastado das atividades docentes, em situação de pré-aposentadoria e esta situação me permite pensar com um pouco mais de liberdade, isto numa comparação com os tempos de sala de aula, nos quais os afazeres e as situações criadas não permitiam uma tranquilidade maior para a reflexão. É, portanto, nesta nova situação que tenho passado a examinar as práticas docentes.

 

A diferença já começa aqui: examino as práticas e não tanto as teorias. Não negligencio nenhuma delas, apenas valorizo cada uma em seu lugar no contexto que pretendo examinar aquelas.

 

Para fazer essa análise preciso de um parâmetro de progresso permanente. Escolho, para isso a evolução do telefone celular. Apenas para contextualização devo declinar que uso esse tipo de aparelho há tanto tempo quanto sou docente (já faz uns aninhos, a pensar que o meu primeiro celular era reconhecido pelo apelido de tijolão), por essa época já ministrava minhas aulas de Estrutura e Funcionamento do Ensino, no curso Pedagógico do Ensino Médio, lá no UV8 do Conjunto Ceará. Hoje, quando essa disciplina foi transformada em Políticas Educacionais, mas continua a ter a mesma ementa, utilizo há pouco mais de seis meses um já arcaico MotoG5.

 

O paralelo que desejo estabelecer com a última frase do parágrafo anterior é o que me faz pensar que nós, docentes, não acompanhamos a evolução da construção dos saberes que afirmamos em nossos cursos. Permanecemos no tempo do tijolão quando a ciência já está quase prestes a abandonar a nanotecnologia. Mas será culpa nossa?

 

Apenas em parte (pela acomodação), mas a grande responsável pela inércia dos processos educativos adotados nas escolas é, sem dúvida alguma, a política educacional engessada pelo poder econômico em torno de um limite de conhecimentos que cada um pode e deve ter, segundo a visão desse tal poder econômico. Precisamos conhecer, mas não mais que o suficiente ao desempenho de nossas funções, de forma a atender as necessidades de produção do sistema capitalista. 

 

Quero lançar um desafio aos meus parceiros formadores através de umas simples questões: Quantas vezes você já alterou o seu texto básico nos últimos cinco anos? Ou continua ministrando aula sempre seguindo a já surrada sebenta? Já imaginou o quanto o conhecimento já evoluiu e você aí, paradão/ona, contando a mesma história?

 

É curioso como o empregador consegue perceber melhor os graves problemas da escola – embora nada faça para resolver a distorção -  e esta, a escola, não consiga perceber as carências que lhe afetam em relação a esses problemas. O empregador, ciente das deficiências educacionais formativas, não pretende saber mais aquilo que o candidato a uma vaga diz saber, prefere perceber aquilo que o candidato sabe fazer do que diz conhecer. E a nossa escola continua a subir (que passe aqui a parábola da Dona Aranha), carecendo de uma forte tempestade para a derrubar.

 

O preço que pagamos é muito alto e deveria ser motivo para nos assustar e se transformar nessa tempestade que derrubara a Dona Barata. Sinto uma vergonha, que não é alheia, quando leio/escuto/vejo reportagens dando conta de médicos incapazes de fazer a leitura de um simples teste de glicose que detecta o diabetes, para ficar neste único exemplo.

 

Não se trata da defesa, da minha parte, do pragmatismo puro e simples, nada disso, o que defendo e defenderei sempre é que, em educação escolar, deveremos sempre teorizar as práticas e não praticar as teorias. Aliás, acontece uma grande contradição entre aqueles que defendem a segunda vertente (prática das teorias), pois exultam quando afirmam para seus discentes “Aprendam com os erros”! Aprender com o erro é executar a primeira vertente (teorizar a prática). Mas o pensamento continua lá em Marrakech!

 

22/02/2018

Apenas para relançar. Trago um pensar construído na análise da situação política que o mundo vive na atualidade. A reflexão parte de um comentário de um colega de armas que adapto à língua brasileira e trago um pouco mais para perto da nossa realidade.

A culpa das desigualdades sociais não é dos ricos, porque isso é o que a esmagadora maioria gostaria de ser, veja-se os milhões de pessoas que todas as semanas tentam a Mega Sena. A culpa é dos que não querem, não podem ou não sabem exigir os seus direitos. Uns querem, mas não podem; outros podem, mas não sabem; outros sabem, mas não querem.

Tudo na vida é binário, noite/dia, preto/branco, molhado/enxuto, negativo/positivo, capital/trabalho. O equilíbrio consegue-se com a intensidade das lutas entre as partes. O capitalismo, seja privado ou de Estado, é uno e homogêneo, já os trabalhadores dividem-se, hostilizam-se ou acomodam-se em vez de se unirem, tendo sempre presente a parábola dos sete vimes.

A classe política joga um jogo de altas fichas, faz apostas gigantescas sobre esse elemento que, infelizmente, se verifica por todos os setores da vida do trabalhador: a falta de uniformidade capaz de formar uma maioria significativa e representativa da sua vontade. Sobre isso, sobre a  divisão classista, os políticos investem pesado para alcançarem pesados lucros. E se dão bem. Quando não ganham, roubam, pois não há quem os impeça.

Para virar esse jogo só através da união (sinônimo de força) das classes em situação menos favorecida. É nesse sentido que refiro a parábola dos sete vimes. 

 

21/09/2017

Apenas para situar este texto pretendo esclarecer o que eu entendo por ponto de vista. Assim, no meu entender, o ponto de vista serve para criar uma polêmica a respeito de uma ideia e em torno da qual se espera encontrar uma consensualidade. Este desejo de conceituar o ponto de vista está diretamente ligado ao assunto que hoje venho abordar, pois estimo que ele fará correr muita tinta. Portanto, e ainda que muitas pessoas possam discordar, espero que entendam que se trata apenas disso: um ponto de vista e que como tal deve ser encarado e discutido, já que esse é um dos seus objetivos. Mas vamos ao caso.

 

O assunto sobre o qual quero emitir este ponto de vista é o PLS 336/2017 (Projeto de Lei do Senado) que pretende anular a aprovação automática, também conhecida como progressão continuada, praticada no sistema educacional brasileiro. Por si só, a partir do enunciado, já começa a deixar os cabelos em pé a muita gente. Acredito, piamente, que já se levantaram muitas vozes – favoráveis e contrárias – a tal iniciativa. Precisamos argumentar para não fazermos juízos de valor vazios, ocos ou, simplesmente, movidos pela/o paixão/ódio gestada/o ao primeiro contato com a ideia.

 

Se atentarmos para o passado mais próximo deparamo-nos, de imediato, com a verdade manifestada na sentença: “ninguém valoriza o professor”. É, infelizmente, uma imensa realidade. Do político ao aluno, passando pelos pais desses alunos (sociedade), ninguém dá a mínima ao professor. Bons tempos foram aqueles em que um professor liceal tinha status de desembargador! Hoje, nem no comércio lhe confiam crédito para comprar algum material para trabalhar (já que o governo não oferece). Traduzindo: a nossa educação está desvalorizada.

 

O nosso professor é agredido física e moralmente  no chão da escola porque há muito ele perdeu a força do respeito que a sua caneta impunha. Hoje, professor não é mais o espelho no qual os alunos pretendem ver-se refletidos, preferem aventuras mais fortes, pois o professor, por força da desqualificação que as políticas educacionais foram introduzindo, não passa de alguém, cafona, que pretende modelar as mentes “imaginativas de nossos aborrecentes”.

 

Perderam-se os referenciais, como nos diz Michel Serres (2012), a respeito da nossa juventude: “Ils sont formatés par les médias, diffusés par des adultes qui ont méticuleusement détruit leur faculté d’attention en réduisant la durée des images à sept secondes et le temps des réponses aux questions à quinze, chiffres officiels ; dont le mot le plus répété est « mort » et l’image la plus représentée celle de cadavres”[1].  Pode parecer um tanto macabro, mas tenhamos um pouco de capacidade analítica para olhar à nossa volta: o que percebemos? Isso mesmo. Qual o atrativo que oferecemos às noveis gerações? Uma TV que aliena? O desemprego que mata de fome? A droga que aparentemente alivia o sofrer? Uma família desestruturada? Uma sociedade podre?

 

Depois... depois vem o momento em que você tem que enfrentar na universidade a esse jovem “promovido por força de lei”. E o vazio se aprofunda. Continuamos a fingir – sim, é isso mesmo – a fingir que ensinamos a quem finge ainda mais que aprende. Pergunte aos nossos acadêmicos quantos livros completos leram ao longo do seu curso. Não se surpreenda se a resposta for: “nenhum”, ou “bem poucos”. É... eles não gostam de ler, porque não sabem ler, ninguém lhes ensinou nos tempos de “escola obrigatória”. Repare nos termos: escola obrigatória. Sacrifício! Não há prazer em ir para uma instituição que mais parece um estabelecimento correcional, com grades (curriculares e de ferro), disciplinas (de estudo e comportamental) impostas, onde esses “feitores” nos obrigam a aprender um montão de coisas que não nos interessam e que já fazem parte dos museus do som e da imagem. Mas, é por que não lhes ensinaram? O círculo começa a não se fechar. Porque não há obrigatoriedade de “aprender agora” – é preciso respeitar o ritmo de cada criança que, com essa ideia vai sendo promovida até sair da escola sem dominar minimamente aquilo se aguarda que ela aprenda: a ler e escrever! São “o futuro da nação”, visto que a nação os quer analfabetos para melhor os dominar.

 

Volto a Michel Serres (2012) que nos dá uma imagem bem real da atual situação do professor, uma situação que o “Deus mercado” foi construindo através de, ou sobre, uma desconstrução. Diz ele que perdemos para os médias: ”Critiqués, méprisés, vilipendés, puisque pauvres et discrets, même s’ils détiennent le record mondial des prix Nobel récents et des médailles Fields par rapport au nombre de la population, nos enseignants sont devenus les moins entendus de ces instituteurs dominants, riches et bruyants”[2].  

 

O PLS 336/2017 traz em si uma pequena, porém considerável, possibilidade de resgate da “dignidade profissional” do professor que, ao retomar em mãos o controle da caneta azul e/ou da caneta vermelha, terá a oportunidade de se transformar, novamente, num orientador, no amigo, no conselheiro, no espelho, jogando para bem longe a imagem do palhaço que nos faz rir e a quem podemos maltratar sem que incorramos no risco de sofrer alguma punição. No entanto, tudo só passará a funcionar dentro de previsto depois que o círculo se fechar completamente. Esse círculo é muito grande, complexo e exige medidas que podem parecer draconianas a muitos dos habituados ao conformismo. Não há uma só instância na qual o círculo possa permanecer como está. Não há como obrigar, precisa que se trate de um construto, de algo permanentemente moldado de acordo com as transformações que forem sendo produzidas. Não é coisa de pouco tempo. Para desconstruir, basta uma canetada; para construir é preciso uma mão de obra especializada, um trabalho constante e vigoroso, uma engenharia que garanta as resistências e, principalmente, materiais de primeira linha.

 

Finalizo afirmando a minha crença nas vantagem da proposta da retomada em mão da nossa educação. Que se aprove o PLS 336/2017.

 

[1] De Michel Serres (2012). Petite Poucette. "Eles são formatados pelas mídias, transmitidas por adultos que destruíram meticulosamente sua faculdade de atenção reduzindo o comprimento das imagens para sete segundos e o tempo para respostas às perguntas a quinze, números oficiais; cuja palavra mais repetida é "morte" e a imagem mais representada é a dos cadáveres” (numa tradução livre, minha). Pode localizar em: https://www.sendspace.com/file/uyw29h  

[2] Idem. "Mesmo que eles mantenham o recorde mundial dos vencedores do Prêmio Nobel e das medalhas ‘Fields’ em comparação com o número da população, os nossos professores se tornaram os menos ouvidos entre esses instrutores dominantes, ricos e barulhentos” (tradução livre, minha)

 

07/07/2017

O ponto de vista de hoje vai ser curto, porém objetivo.

Estive (ainda estou) sob ameaça de ter que fazer uma cirurgia de catarata, nada muito preocupante, principalmente para quem tem um sistema da visão completo, eu já sou mono ocular. Aí o nó arrocha! Mas não é sobre que quero versar nesta noite de sexta-feira.

O "temeroso", o desarticulado marionete nas mãos do Eduardo Cunha, se prontificou, com alguma resistência, a fazer mais um papel de bobo, desta feita junto ao G20.

Do meu ponto de vista, anotem o dia e hora que digo isto, ao retornar ao Brasil será imediatamente conduzido para trás das gades: terá sido deposto! Não merece melhor destino: quem trai, merece ser traído!

O #JAMAISMAIA já antecipou, neste dia, a parte mais controversa de seu "projeto de governo" e durante um relativo pequeno espaço de tempo terá sonhado profundamente com a possibilidade de vir a ser o presidente do Brasil. Conta com o apoo dos golpistas menores (em importância) para lhe darem apoio. Cumprirá sua sina de JUDAS, Trairá. E nem vai precisar das tintas moedas! Enquanto o seu sonho não vira pesadelo, aguentemos o "ÍNDIO DA ODEBRECHT" tentar anular a sua dívida de milhões junto à união. Só depois pensamo no "Botafogo" que aliás, até como time de futebol anda um tanto mal das pernas!

Triste nação que tem como possibilidades (por força de lei) de ser dirigida por um grupo de ladrões inescrupulosos.

Aí está! Cumpro a sina, antecipando o #FORAMAIA

 

18/06/2017

Meu pangaré pocotó

 

Já, em idos tempos, foi chamado de “meu corcel lutador” ou “cavalinho de batalha”, mas hoje, coitado, cansado de guerra, já não passa desse pangaré anunciado. Claro que digo a que ou a quem me refiro: à luta que travo (em consonância com tantos outros reais e leais companheiros de guerra, mas entre os quais não conseguimos união) em prol da elevação da qualidade da formação docente. Já virou quase um mantra proferido quase à exaustão como meio de tentativa de convencimento.

 

Em outros (muitos) textos já produzidos, alguns deles aqui socializados, venho apresentando a minha análise crítica àquilo a que chamo de reprodução de ideais educacionais formativos que remontam a tempos pretéritos, principalmente quando se mantém institucionalizado o falido sistema 3+1 proposto por Valnir Chagas lá nos de 1960.

 

Atualmente estamos nos aproximando de um limite espaço temporal que nos foi colocado pelas mais recentes Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s) para que se adequem as licenciaturas a um modelito que, na minha opinião, disfarça bastante mal a sua tentativa de ser peneira com a qual se deseja tampar o sol. Imposições, restrições, receituários e prescrição de “doses cavalares” de remédio amargo para tentar, tanto bem que mal, esconder as mazelas e as chagas abertas no corpo da educação nacional que vai, em ritmo acelerado, de mal a pior, mesmo depois que minimizaram os valores inferiores desejáveis para que ela se situasse entre aquelas dignas de países que compõem o jet set da high society mondial. Vi e participei de reuniões em que pessoas (a quem chamo de conformistas e/ou incapazes de pensar fora da caixinha enfeitada que lhes estendem) se “digladiaram” para manterem “suas disciplinas”, seus campos de conforto, insensíveis às projeções mais desastrosas que era possível formular naquele momento sobre o sombrio futuro que planejavam nos aconchegantes gabinetes refrigerados dos donos do poder, para essa mesma educação.

 

Ora, se a educação não anda bem vamos aumentar as horas de formação dos “professores” – mesmo não tendo percebido que muitos dos cursos já se encontravam além dos limites que agora pretendem impor. Trago como exemplo o curso em que sou encarregado de parte ínfima da formação desses novos professores: O nosso curso, antes das modificações sugeridas¸ já totaliza 3.210 horas, i.e., nove semestres (insuficientes para aplicar a carga didática estipulada) em disciplinas de créditos variáveis, sendo que cada crédito equivale (aqui) a 18 horas/aulas. Esta questão dos créditos/horas é um outro imbróglio que precisa ser exposto (já que é difícil esclarecer). Vejamos: as disciplinas são calculadas em 4 créditos de 15 horas cada, perfazendo um total de 60 horas. Calma! Isso é no papel, para inglês ver! Na realidade, nós formadores, estamos sendo obrigados a cumprir 18 encontros (segundo quem manda de 50 minutos), mas – e lá vem confusão – são registradas nos nossos diários 72 horas. Entendeu? Não?  Deixemos para lá, por agora... só por agora!

 

Dizia eu, então, que vi alguns defensores das novas diretrizes regozijar pelo acréscimo de 400 horas – obrigatórias – na formação docente, assim, apenas alterando em parte a nomenclatura das disciplinas e o registro (para espanto meu) de distribuir entre os conteúdos uma parte de prática. Vejamos: Filosofia da Educação: quatro créditos = três teóricos e um prático. Ops! Onde foi que eu já vi esse filme do 3+1? Reflitamos: como fica, na prática, essa prática filosófica? Será só enganação?!

 

Considerando a hipótese do aumento simples e cru das 400 horas passaremos, nós, a um curso com mais de 3.600, o significará, simples modo de calcular (400:18 = 22 créditos) ou se complicarmos um pouco a matemática (400:15 = 27 créditos), estes cálculos só depende da opinião de quem for fazer os cálculos considerar o crédito de 18 ou de 15 h/a. Fica complicado! E complica tanto mais ainda quando começamos a perceber determinadas incongruências nesse processo. Vejamos algumas, apenas para ilustração: 1) O nosso curso ficará muito próximo dos 12 semestres que é exatamente a duração de um curso de medicina ou de direito (não vou nem apelar para o retorno, sob qualquer aspecto que se queira, dos cursos em oposição).  2) A cegueira é tamanha que não permite vislumbrar uma diferenciação entre o que sejam as disciplinas práticas daquelas outras teóricas, a tal ponto que o aumento se dá, exatamente, nestas últimas, como se não houvesse capacidade intelectiva que registre que com esta atitude estamos apenas prolongando o sofrimento do apenado. 3) Não parece haver senso crítico que perceba os artifícios que estão por trás de todas as “facilidades” introduzidas a pretexto de “formar” o professor, como já ocorreu em outros momentos, com programas similares. Questiono, a isso sou obrigado, todos os cursos “extras” que vêm sendo implementados pela política ultra moderna (o tempo da pós modernidade já se desmanchou em líquido) de educação e de formação docente: (PARFOR, Segunda licenciatura, FECOP, Pedagogia em Regime Especial. Complementação pedagógica...), pois embora as novas diretrizes ainda não tenham sido aprovadas em função do desmantelamento que se instalou em Brasília, já é possível encontrar com grande frequência, na Internet, os cursos (particulares) “reconhecidos” de Pedagogia em apenas 1 ano e na modalidade a distância, como já pulularam os cursos de esquina de rua noutros tempos bem presentes e atuais, ou como os chamados cursos supletivos! Vale ressaltar que enquanto oferecem cursos desrespeitam a legislação vigente que diz que nenhum professore sem formação ingressará a serviço da educação, segundo a LDB, pois essa prática continuará a fornecer clientela para tais cursos.

 

A quem desejam enganar? Por que não se faz uma discussão séria e se atacam, na base, os gravíssimos problemas que a educação vem enfrentando e que todos conhecem, mas para os quais receitam apenas medidas paliativas? Que educação desejam? A resposta, principalmente a esta última questão, está na boca do povo: aquela que transforme o ser social em máquina acéfala produtora de mais valia por um período interminável de tempo. Estão no bom caminho para alcançarem seus objetivos.

 

Só nós podemos impedir. Vamos para a luta, meu pangaré?

 

19/04/2017

Dia de índio! Dia de índio?

A bem da verdade de muita gente - jamais generalizar - não deveríamos festejar o "Dia de índio" e sim discutir a precarização das condições de vida desses nossos irmãos. Na condição de educador (ou melhor, na condição de formador de educadores) sempre tenho pregado uma tese que se opõe à prática de enfeitar as criancinhas de índios sem que elas saibam, pelo menos, que no país que elas vivem ainda existem índios (poucos, mas existem) e que esses merecem todo nosso apoio e respeito. No entanto, logo ao raiar do sol percebo nas redes sociais a figura de formadxs que se arvoravam ares de inteligência sob o disfarce de falsos índios. Um pequeno detalhe que faz uma enorme diferença: a maioria desses fazem parte do seleto grupo dos "lutadores pelos direitos das minorias". Será?

 

Por falar em minorias precisamos esclarecer quem são e o que fazem. Vou falar de duas que estiveram em destaque na última segunda feira, dia 17/04/2017, aqui no meu local de trabalho: de um lado as crianças que sofrem do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) - uma abordagem inicial, mas que se mostrou tão promissora que entre organizadores e plateia foi firmado um compromisso de continuidade do estudo das deficiências (não apenas do autismo, mas de tantas quanto possível)- aplaudido de pé; do outro lado, estava a tristeza de ver a minimização daquilo que já é considerado uma minoria no nosso meio (os professores/formadores de novos professores), ao ponto que chegou a doer de perceber a falta de interesse de discutir - ou pelo menos escutar - o que há sobre um dos transtornos que se estão tornando tão frequentes no chão da escola comum, até como forma de de propiciar a chamada inclusão.

 

Precisamos, urgentemente, que alguém com algum tipo de poder, que ainda desconheço, nos inclua de fato, já que no discurso somos/estamos todos incluídos e só os diferentes estão fora do círculo dos ditos normais. Acredito que precisamos rever nossos conceitos com a maior brevidade possível; precisamos praticar a autoavaliação que tanto reclamamos de nossos formandos; carecemos de modéstia para reconhecermos a nossa falibilidade quando o assunto somos nós mesmos e não os outros a quem rotulamos; precisamos aprender a aceitar, muito mais que a classificar.

 

Não está longe o tempo em que a própria família "escondia" o deficiente para não passar vergonha, mas felizmente e graças ao trabalho de alguns abenegadxs, essa realidade tem sido transformada. De nossos dias, a sociedade já começa a compreender que nenhuma deficiência é castigo, que nenhuma situação de anormalidade na existência de deficientes precisa ser escondida por ser característica da incapacidade dos pais em gerar filhos sadios... já lá vai o tempo "da roda do convento" ou os tempos distantes da Grécia antiga em que o pai tinha o direito de matar ou abandonar filhos deficientes e filhas mulheres a seu belo prazer ou livre arbítrio. Conquistas têm sido feitas, mas precisamos intensificar a luta e uma das formas de assim proceder é contribuir para a criação de ESPAÇOS LIVRES DE DIÁLOGO sobre a problemática gerada pela deficiência de uma criança. Precisamos desse espaço de troca de experiências, de ajuda mútua, de reconforto para as famílias (quantas delas se não desestruturadas, em mau estado emocional, psicológico e/ou financeiro) que sofrem tanto ou mais que as próprias crianças. Que dizer do estado emocional que não devem apresentar os parentes mais próximos, os cuidadores, os profissionais que, de alguma forma, lutam diariamente com esses seres que vivem seu próprio mundo? Como não pensar naqueles que precisam saber avaliar todas as mínimas possibilidades que sejam de socialização desses seres especiais? 

 

É preciso muita maturidade e uma sabedoria quase sem limites para entender todas estas necessidades provocadas por um capricho da natureza que concede a alguns pais a graça de aprenderem como lidar com seres especiais, como são essas crianças que lhes foram confiadas. Muitos não superam a provação de serem pais de um pequeno ser que os obriga a modificarem totalmente seus planos de vida. A esses, principalmente, devemos um apoio, uma força extra necessária para abdicarem de seus direitos e sonhos em benefício de um pequeno ser que talvez nem se aperceba dessa situação criada ao seu redor.

 

Quero, enquanto puder, fazer parte de uma legião de apoiadores dos pais/parentes de crianças com qualquer tipo de deficiência. Precisamos ser muitos, podemos ser mais e nem nos custará tão caro assim: quantas vezes um gesto, uma palavra amiga, um ouvido atento são mais importantes que bens financeiros ou materiais.

 

Pense nisso você também: lembre-se - juntos somos mais!

 

 

 

 

 

12/01/2017

Vamos por partes.

Tenho demonstrado que não sou pessoa alienada e que, se vez por outra finjo engolir um sapo, isso não deve ser entendido como regra a aplicar a cada vez que se deseja passar a perna na minha pessoa. Creio que isto é ponto esclarecido, vamos ao próximo.

 

Dizem que é muito bom saber reconhecer quando se perde “uma parada”. Pois bem, estou aqui para confessar que perdi mais uma. Não é a primeira e, certamente não será a última. Não se trata, a bem da verdade, de uma disputa contra mim, exclusivamente, pois as perdas mais acentuadas vão estar noutro local, um local mais frágil e susceptível a manobras e a adestramentos.

 

Sou, costumeiramente, uma criatura preocupada com o coletivo, repudiando todo tipo de sectarismo do mais simples ao mais radical e/ou extremista. Não sou antissocial, mas procuro evitar certos contatos que sei que me causarão mal só pela aproximação. Digamos que sou bastante seletivo. Sou costumeiramente vigilante e lutador pelo bem comum, contrapondo-me àquilo que considero menos acertado a partir do ponto de vista da ética, seja ela do cotidiano individual ou do seu fazer profissional. Tenho pago o preço por esta minha postura, mas devo confessar que durmo muito bem sobre as minhas orelhas. Outros não poderão dizer tanto, assim, com a mesma tranquilidade.

 

Fui, um dia, apelidado de “Mãe Dináh”. No caso, acredito que me queriam colocar no lugar dela por dois motivos: um que se justifica parcialmente pelo simples fato de não carecer ser mais inteligente que ninguém para perceber onde é que o barco vai fazer água e isso eu vejo de bem mais longe que boa parte dos mortais; o segundo motivo tem a ver com “o incômodo” em que me transformo quando sinto que tenho as minhas razões para tal e, nesse caso, talvez me queiram ver distante como se encontra agora a vidente que faleceu em 03 de maio de 2014.

 

Hoje, um passarinho me disse que algo meio estranho está sendo preparado, Tenho minhas provas, mas vou guardar para quando eu tiver dados concretos em mãos. Quero apenas adiantar que sempre fiquei e continuo ficando muito triste com a dicotomia teoria/prática ou, se quisermos, o discurso/ação. Redobrarei minha atenção e na hora certa a compreensão final acontecerá.

 

Não tenho muito mais o que festejar. Soltei os foguetes, vou ter que apanhar as canas. Ossos de um ofício desenvolvido em ambiente onde a ética não passa de uma palavra bonita e de efeito deslumbrante sobre aqueles que desconhecem a podridão que se esconde por trás de um falso sorriso.

 

Para encerrar este Ponto de Vista, que desta feita é mais que a vista de um ponto, gostaria de pedir emprestadas as palavras atribuídas a Meryl Streep, mas que na verdade são de um “patrício” meu que atende pelo nome de José MICARD Teixeira[1]:

 

Já não tenho paciência para algumas coisas, não porque me tenha tornado arrogante, mas simplesmente porque cheguei a um ponto da minha vida em que não me apetece perder mais tempo com aquilo que me desagrada ou fere. Já não tenho pachorra para cinismo, críticas em excesso e exigências de qualquer natureza. Perdi a vontade de agradar a quem não agrado, de amar quem não me ama, de sorrir para quem quer retirar-me o sorriso. Já não dedico um minuto que seja a quem mente ou quer manipular. Decidi não conviver mais com pretensiosismo, hipocrisia, desonestidade e elogios baratos. Já não consigo tolerar eruditismo seletivo e altivez acadêmica. (...) E acima de tudo já não tenho paciência nenhuma para quem não merece a minha paciência.

 

Tempo... que bom conselheiro és!

 

[1] Para quem quiser tirar as dúvidas sobre a autoria das palavras: http://seniorplanet.org/how-the-internet-put-a-powerful-quote-in-meryl-streeps-mouth/

 

05/01/2017

Virada a página, substituído o calendário, trago a primeira reflexão deste novo ano. Confesso que não estou muito animado, mas vamos à luta, pois sem ela nada conseguiremos.

 

O ano ainda nem começou para todos (no Brasil o ano só começa depois do carnaval – que crime!), mas para alguns o tempo já urge. Entre todos, os já no posto e aqueles que esperam a passagem de Momo, alguns pensam e vislumbram um ano difícil, este de 2017. Pessoalmente devo dizer que também no meu horizonte observo as nuvens são mais de tempestade que de calmaria. O bom disto tudo é estarmos preparados e não acalentarmos grandes expectativas para não termos grandes desilusões.

 

Então, percebamos que mal demos início a esse novo ciclo e as questões sociais – principalmente elas – já começaram a precipitar-se de forma aterradora: nos dois primeiros dias tivemos duas chacinas que, espero e faço força, para que não sejam o tom do resto do ano e neste futuro quase imediato que vivenciamos a cada dia nosso.

 

Diante do acontecido (o assassinato de uma família e a briga entre “famiglias” do tráfico dentro dos presídios – e esse episódio ainda não terminou) cabe a pergunta que não quer calar: qual a nossa quota parte na culpa pelo sucedido? Sim! Não precisamos encontrar sempre a culpa nos outros deixando de lado ou sacudindo a água do nosso capote, pois parte de todo sangue derramado nesses dois episódios trágicos escorreu entre nossos dedos. Somos cúmplices dos assassinos quando não atentamos para o nosso dever cívico de eleger bem nossos representantes e deixamos que um grupo de bandidos se apodere do poder de decisão que lhe outorgamos, quantas vezes a troco de um valor tão irrisório que chega a causar vergonha; somos cúmplices quando criticamos apenas pelo “que ouvimos dizer”; somos cúmplices quando não reconhecemos que, para viver o amanhã precisamos vivenciar intensamente o hoje e que isso implica, necessariamente, olhar o ontem para que possamos fazer comparações e, a partir daí, tomar as decisões que nosso espírito crítico nos aconselhar; Somos cúmplices quando permitimos que outros escrevam a nosso história de forma que não desejamos que ela seja escrita – e não escrevemos, nós mesmos, porque não reconhecemos que somos analfabetos políticos, a pior espécie de analfabeto, tal como nos revelava Bertold Brecht; Somos cúmplices quando permitimos que bandidos nos assaltem e nos vilipendiem em nossos direitos e permaneçamos apáticos, serenos, consentâneos.

 

De tudo isto, por tudo isto e com tudo isto me permitam ser pessimista: nunca Momo riu tanto do povo quanto rirá neste seu reinado que se avizinha. Mas não esqueçamos que, enquanto ele sorrir, muitos de nós poderemos amargar a tristeza e a dor da incerteza do amanhã.

 

A menos que assumamos nossa responsabilidade e tomemos nas nossas mãos o destino que estão querendo traçar para nós, chego a pensar que não há mais sentido em festejar o quer que seja.

 

Que o Ano Novo não se manifeste repleto de Velhas Práticas. Afinal, o Brasil – e por decorrência o brasileiro – merecem melhor sorte.

 

Que, apesar de tudo, façamos um ano bom acontecer.

 

                Θ Θ Θ Θ Θ Θ

 

20/12/2016

 

Salvo aconteça coisa brava, este será o último PONTO DE VISTA deste, que é um ano para ser esquecido sob muitos aspectos. Para mim não foi dos piores anos da minha vida, mas andou bem perto. Foi um ano que não deixou muito para comemorar. Até para lembrar de alguma coisa menos ruim fica difícil, é preciso fazer um grande esforço pra encontrar esse algo.

 

De um modo individual, cada um de nós terá mais ou menos coisas a lembrar de ambos os lados da fasquia – melhor ou pior -, mas não teremos, certamente, que apenas lamentar. No plano coletivo a desgraça está armada: de ruim a pior e ainda não estamos perto de ver o fim da safadeza que estão fazendo com a gente. Por enquanto – até que alguma possível gordurinha acumulada nos últimos tempos se dissolva – ainda não dá para sentir os efeitos nefastos das medidas que esse ignóbil que administra o país está adotando. Na hora que for preciso recorrer a outros meios para tentar sustentar um padrão de vida minimamente decente, “a giripoca vai piar”.

 

Será, talvez, chegado o momento em que a pancada vai ser tão pesada que o povo vai ficar aturdido e possa então se dar conta de tudo que agora parece ignorar. Mas esta passividade me inquieta. Este estado de torpor não pode permanecer por muito tempo, pois corremos o risco de não sair mais dele e de irmos aprofundado esse estado letárgico a ponto que se transforme em coma profundo.  É uma situação de extremo mal estar. Apatia total: nada se move, nem a produção, nem a reflexão, tampouco a ação.

 

Arriscar palpites, prognósticos é um exercício extremamente desaconselhável, pois na contramão pode vir alguma política castradora de sonhos, ideais, utopias, numa velocidade tão grande e numa avidez tão profunda que é capaz de limitar até o ato de tentar programar o amanhã, que dizer um futuro apenas mais distante. Estamos de tal forma manietados que, parece, até o ato de pensar dói. Aliás, só esse fato pode justificar a inércia que o país vivencia nestes últimos seis meses. Quando alguém pensa em retomar o curso normal da vida surgem ruídos provindos da má lubrificação a que a máquina está exposta. A falta de confiança no amanhã é entrave enorme, quase intransponível que contribui para enferrujar todo o sistema.

 

O mundo anda. O bem ou o mal feito aqui mesmo renderá seus dividendos, mas enquanto a prestação de conta não acontece vamos padecendo... como sovaco de aleijado. Esperemos apenas que o aleijado não fique tetraplégico.

 

 

01/12/2016

 

Li uma frase de minha querida amiga Verônica Fragoso – a quem trato variavelmente de "Vê" ou simplesmente de "Loura" – que me colocou para refletir. Disse (melhor, escreveu) ela: “Estamos criando uma sociedade de plagiadores”!

Pus-me a matutar:

A Academia quer, porque quer, que os “nossos” trabalhos sejam referenciados, isto é, Fulano (ano, pág.) disse que “(...) ... (...)”; ou, Cicrano, ano pág. (apud Beltano, ano, pág.) elaborou a seguinte ideia: “(...) ... ... (..)”. Por fim, o que me parece mais inquietante, a Academia tende a nos anular, a nós, sim, pobres mortais que ainda não alcançamos o “Hall Of Fame” e como recompensa permite que escrevamos nos trabalhos “Nós” – quando na verdade que queimou as pestanas e trucidou neurônios fui EU; ou sendo um pouquinho mais severa nos impõe um impessoalíssimo que dói na alma: “Fez-se”, limitando assim a nossa voz, a nossa escrita.

Ora, entre o gênio e o plagiador existe simplesmente um tênue sinal gráfico – as aspas – que representam toda a distância entre eles; num momento pode levar-nos à glória, mas por uma pequena distração ou por um ato involuntário pode levar-nos à prisão, à desonra e ao rótulo nada nobre de plagiador.

A nossa sociedade permite, pelo menos até agora e que eu escreva ligeiro, pois pode a regra mudar com esse louco de temporário que assumiu o poder, o livre pensar. Esse ato tão difícil para tanta pessoas pode acabar coincidindo com o de outras pessoas e por isso, principalmente quem vive na Academia onde os discursos são muitas vezes reproduzidos como se estivéssemos e fôssemos papagaios dentro de uma gaiola, é possível que um pensamento chegue muito próximo – senão exatamente – àquele de outrem. Tudo pode acontecer.

Quero aqui, neste momento, refletir sobre algo do momento: o acidente que vitimou todo o time da Chapecoense e dizer de peito aberto: “Foi assassinato, pois quiseram economizar no combustível para lucrar mais e isso causou a queda do avião”! Sou EU, neste momento de raiva (ou não) quem está dizendo (escrevendo) isto, mas quantas pessoas não disseram já a mesma coisa, não tiveram exatamente o mesmo pensar? Quem, neste caso está plagiando quem?

Vamos a outro exemplo, este no meu campo de atuação. Afirmar que “o ensino brasileiro vai de mal a pior e num agravamento acelerado” é algo que qualquer cidadão pode pensar tamanho o desacerto que corre nessa área. A pergunta que fica é: por que não EU?

Apenas para acalmar quem possa pensar que a demência está me atacando, deixo o conceito de plágio.

Para Aurélio (2012) e PRIBERAM (2012): “Plagiar significa cometer furto literário. Apresentando como sua ideia ou obra literária ou científica de outrem”. Repare que não são só as palavras, em si, que representam o plágio, o simples tomar da ideia já é causa de plágio. Se entendo bem – e devo declarar que sou grande defensor das ideias alheias – ninguém mais pode pensar.

Se a partir de um dado momento eu necessito de dizer algo, tenho que ter conhecimento daquilo que os outros já disseram em alguma parte do mundo? Será se o meu pensamento lógico mostrar o caminho percorrido para que EU tenha chegado a um determinado conhecimento não é garante da minha capacidade de pôr em prática aquilo que tanto recomenda a escola: “Prepare seu aluno para que ele seja construtor de seu conhecimento”. Como assim, seu conhecimento, se tudo já está nos livros e foram os outros que o construíram? Algumas coisas não batem certinho dentro da minha cabeça quando começo a pensar neste desafios de lógica que a Academia nos coloca.

Enquanto não se resolve essa pendenga... vamos continuando com o velho ranço, nós todos, por mais que esse nós seja apenas EU com minhas ideias estapafúrdias.

 

09/11/2016

O momento histórico que o mundo atravessa é, no mínimo, assustador. Parece que os velhos valores da humanidade estão se perdendo por completo e no seu lugar estão sendo implantados novos pressupostos de base individualista e sem perspectiva de uma compreensão alternativa. Por todos os rincões do mundo estão eclodindo, quais ovos de serpente, novas ditaduras de predomínio capitalista e viés belicoso. Entre as mais pacatas, mas nem portanto menos terríveis, podemos enquadrar aquela que vem atropelando o povo brasileiro depois de um sonho de felicidade, de uma possibilidade de realizar sua utopia de mobilidade social, permitindo erradicar a fome e vislumbrar, ainda que num horizonte ainda distante, a promessa de dias melhores.

 

O medievo já se reinstalou, quero agora saber quando chegará o dia 14 de julho de 1789. O reizinho ia nu e 1793 foi decapitado. A nova ordem mundial foi e continua sendo bastante bem urdida. Nem a possibilidade de ir viver em Marte me parece mais tão segura contra os desmando que por esta terra se praticam. Logo mais estaremos voltando à caverna de Platão. Resta saber quem será o primeiro a sair, ver a luz e trazer a boa nova ao interior da gruta.

 

Caminhamos pela terra de ninguém, sem lei, sem grei ou, como diz a canção já que no Brasil tudo termina em música, sem lenço e sem documento. Voltamos a um estado no qual, lá no medievo o homem era compreendido apenas como uma entidade composta de corpo e espírito. Veja essa aplicação na atualidade: o povo (trabalhador) precisa de corpo para produzir para o capital e de espírito para ser sujeitado em nome de uma divindade qualquer utilizada para esse fim. Nossos algozes, contudo, não pararam para refletir que que podemos ter, nós, uma visão bem mais ampla – embora não generalizada – uma visão a que podemos chamar de terceira competência que é a mente e sua forma de nos permitir refletir sobre nossos interesses de uma forma mais geral. A política tudo justifica desde que seja em demérito do povo. Fazem-se escolhas, mas quando se fala em escolhas devemos sempre pensar que, em se tratando de política, se de um lado é ruim, do outro pode ser bem pior. A sociedade, como um todo, está apodrecida... fica difícil de produzir bons frutos. Este mundo velho, com sua liquidez, está escorrendo para o ralo.

 

08/10/2016

 

Estou, sinceramente, perplexo com a passividade que se abate sobre o “heroico povo brasileiro”. Não consigo mais pensar dentro da caixa. Está tudo muito confuso. Tudo perdido em meio a um labirinto do qual ainda não descobri como sair. Não tenho, até agora, condições de juntar algumas pedras e começar a resolver este quebra-cabeças.

A cada dia que se passa surgem  novas ações que visam desestruturar o pouco que já se havia conseguido a tão duras penas e depois de um período tão conturbado quanto foi a ditadura militar. Confesso que, interiormente, até eu me sinto desarrumado, meu pensamento não consegue mais seguir uma linha minimamente reta, independentemente da direção que ela possa tomar: esquerda, direita mais ao centro ou ao extremo – um caos completo.

 

Em educação, a minha área de atuação, o mundo desabou em poucos dias. A legislação em vigor não tem mais aplicabilidade diante das investidas desregradas e criminosas que sofreu por parte deste desgoverno que aí está após usurpação dos direitos de quem governava legitimamente. A nossa LDB – tão sofrida e já tão remendada – não tem mais ponta firme por onde se pegue. Tudo que ela preconizava, factível ou não, não tem mais razão de ser ou, se não quisermos ser tão fatalistas, não há como elaborar algum plano de ação em educação diante da situação caótica que nos apresentam.

 

No mesmo rumo seguem outros segmentos básicos da sociedade: a saúde, a segurança, o emprego nosso de cada dia e a estima de ser brasileiro. Estão acabando com tudo sob o nosso olhar mais passivo e condescendente possível e, o que é mais inquietante, com o aplauso de uma galera que deve ter fumado algum produto estragado.

 

O mundo se prepara para uma nova ordem, para um novo modelo de gerenciamento. O velho barbudo (Marx) já nos avisava em pleno século XIX que o capital era cíclico e que vivia tendo altos e baixos. Foi sintomático e precursor desse fenômeno o fato que ora se abate sobre nós, no momento bonito e histórico de retomada gradativa dos comandos de boa parte dos países por forças progressistas ditas de esquerda: na América Latina tivemos bons exemplos com Argentina, Chile, Brasil, Colômbia, Venezuela; na Europa podemos citar os casos da França, da Espanha e da própria Inglaterra. Mas era apenas a pausa estratégica, o recuo para avançar, para preparar o golpe que se fazia urgente aplicar para inibir o avanço e mesmo derrubar os modelos que opõem ao liberalismo e ao capital.

 

As tentativas de cercar a “fera” em seu próprio reduto não sortiram grandes efeitos, afinal a fera estava bem nutrida e com reservas físicas para aguentar o impacto: e rugiu. Começaram a cair, um a um os poderes instituídos que poderiam apresentar algum perigo, e uma curiosidade deve ser registrada: sem a menor reação dos perplexos derrubados. A chave de ouro para fechar a conta já foi alcançada sem um simples estrebuchar de quem quer que seja: a Petrobrás e os seus trilhões foram entregues de bandeja por um Judas e sua camarilha. Agora falta dar o golpe final para que se instaure o novo modelo e esse, de igual forma, não causará maior empecilho ao império do mal para conseguir, pois o povo ordeiro e pacífico, amante do samba e da cachaça, não oferecerá resistência, antes se fará uma festa para comemorar a dependência de quem sempre foi seu sonho de consumo.

 

O arremate vira sobre a forma de “negociação final” da Floresta Amazônica (que já é mais deles que nossa) e, como bônus por boa clientela, os ‘ricanos receberão de graça todo o conteúdo do Aquífero Guarany.

 

Finalmente a tão sonhada e decantada Independência está a caminho. Podem começar a preparar nova documentação e a aprender o mais rápido possível a nova língua que serão obrigados a falar.

 

E não pense em revolta, pois a “redebosta” já mostrou que não há vantagem em brigar por coisas tão pequeninas. Durma bem e pense nas suas próximas férias em Hollyood (já que mais não seja como escravo de algum gringo).

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Embora tenha todo o espaço para manifestar minhas opiniões (opiniões e não imposições ou certezas) crio este espaço para mostrar da forma o mais evidente possível que não sou tão "sonhador" (no sentido pejorativo do vocábulo) quanto possam imaginar. Assim, tentarei trazer para aqui as defesas que julgo pertinentes sobre os meu PONTO DE VISTA, quando o assunto é a educação brasileira.

Tenho defendido abertamente a fusão de todos os cursos de licenciatura em um só CENTRO, no qual estarão organizadas diversas COORDENAÇÕES de cursos distintos, logicamente. Essa possibilidade já me valeu alguns adjetivos menos "nobres", mas nem isso me tem feito desanimar, não cedo de meus ideais por coisa pouca!

Hoje, quase que acidentalmente, deparo-me com uma notícia que me traz mais força, mais ânimo, mais garra para continuar lutando por esse objetivo. Pena que ainda não conte com a adesão à ideia de muitos de meus pares, para não dizer de sua totalidade. Se tiver que os condenar não será por outra coisa além de "conformismo"!

O exemplo que tanta força me dá vem destas palavras:

"A UFABC começa a se diferenciar pela organização. Ao invés de departamentos acadêmicos separados uns dos outros, a universidade possui três grandes centros, um para as áreas das ciências naturais e humanas, outro com as engenharias e ciências sociais e o terceiro com as disciplinas de matemática, computação e cognição".

A leitura da notícia, na sua totalidade, produz em mim um efeito de bálsamo e de estimulante de modo simultâneo. Faça uma leitura, busque informar-se apenas um pouquinho mais e venha discutir com a gente. Eu estou exercendo a minha função de pedagogo, ajude-me a fazer uma educação de melhor qualidade que essa que lhe estão oferecendo. Não esqueça que, se você está em formação para ser um licenciado, precisa refletir bastante sobre a sua função social na estrutura que aí temos.

Continuo na defesa do meu PONTO DE VISTA!

Não obrigo ninguém a aceitar minhas ideias, peço, simplesmente, que reflitam minimamente na parte que julguem passível de aceitação. Se não encontrarem nada... nada lhes cobrarei... Mas não me cobrem, a mim, de fazer mais do que faço! Não nessa área!

 

20/02/2016

Para alguns amigos a notícia que aqui trago não chega a ser mais uma surpresa, boa surpresa por sinal, pois eles já conhecem este fato, mas, na realidade, cético como eu sou, apenas agora passo a divulgar de forma aberta esta minha conquista.

Perguntar-me-ão por quais motivos o faço só agora e aqui neste local. Responderei, sempre com a minha forma peculiar de ser direto, objetivo e nem sempre muito politicamente correto: Só agora porque foi o dia em que recebi a confirmação da publicação; e, segundo aqui, por que, mais uma vez quero deixar bastante claro que o que está no artigo é a tradução "DO MEU PONTO DE VISTA" considerando os aspectos legais e as práticas que analiso no mesmo.

O artigo que acabo de publicar na Revista Lusófona de Educação - com Qualis CAPES A1 - retrata a minha preocupação com a Educação Indígena, no Brasil, e mais especificamente com a Educação Superior destinada àqueles povos. Bem entendido que para atingir a educação superior é obrigatório galgar os demais degraus educacionais até chegar lá, mas essa é toda uma outra discussão que tratarei num próximo escrito.

Portanto e por hoje, deixo-lhes o link da revista para que possam confirmar a publicação e possam navegar com a devida tranquilidade tanto no meu artigo como no dos demais participantes da edição.

http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/issue/view/679

 

16/04/2016

 

"Se apenas leres os livros que toda a gente lê, apenas podes pensar o mesmo que os outros estão a pensar”.


Haruki Murakami"

 

Seguindo esta linha de pensamento é possível afirmar que “fazendo a mesma coisa que os outros fazem estaremos perpetuando os mesmos erros/acertos que eles cometem”. Gera-se, assim, o comodismo que, por sua vez, está na origem do atraso, do subdesenvolvimento a que muitas sociedades estão sujeitas.

 

Analisando as práticas formativas que venho presenciando ao longo de já numerosos 15 anos, tempo em que o tempo não parou; tempo em que o saber evoluiu; tempo em que o homem sofreu transformações no seu modo de pensar, ser e estar no mundo sou forçado pelas evidências a considerar que tenho/temos repicado mais a segunda opção que a primeira. Temos feito a mesma coisa, linearmente, por vezes sem mudar uma só vírgula, como se à nossa volta tudo estivesse, exatamente, nos mesmos lugares e pintado com as mesmas cores, inalterado.

 

Que motivos há para que esta situação venha se perpetuando ao longo do tempo histórico? Não são poucos, mas também não fazem a unanimidade. Aquele que considero mais grave – entendam que esta é a minha posição pessoal, passível de discordância, mas, contudo, merecedora de respeito – é a falta de abertura para a prática do conselho de Murakami (ler livros diferentes) que versem sobre a mesma temática, mas que tragam para a mesa de discussão novas visões, novas análises, novos paradigmas. Li um dia não sei mais onde, que as nossas Dissertações e Teses estão repletas de repetições, por causa da “adoção” de determinados autores como sendo, cada um deles, o supremo sacerdote de “determinadas religiões” (entenda-se o sentido figurativo), intocáveis, inquestionáveis. Muitos desses “endeusados” têm conseguido o milagre da multiplicação dos bens pessoais. Vale salientar que não há crime algum nesse fato, não cabendo, portanto, a menor das admoestações ou reprimendas sociais ou judiciárias, senão a reflexão sobre o ponto de vista da estagnação do ato de pensar.

 

Precisamos entender, também, que esses “endeusados” para atingirem esse status precisaram mostrar seu valor para que a comunidade acadêmica os reconheça e absorva suas teorias de modo bastante tranquilo e os possa elevar àquilo que considero de clássico. Tentando clarear um pouco mais este meu ponto de vista para que ninguém possa dizer que não captou o real significado das palavras e/ou das ideias coloco no patamar dos “clássicos” aqueles autores que deram sua contribuição para o desenvolvimento de processos educacionais que, a seu tempo, foram responsáveis pelo maior ou menor sucesso da educação nacional. Coloco ali, então, pessoas que estão mais distantes de nós, mas, e aí entra o diferencial, é preciso colocar alguns de nossos contemporâneos. Para quem como eu já faço parte da ala da “velha guarda” posso trazer a este discurso figuras que já não estão mais entre nós, mas que continuam fazendo “sucesso” entre os nossos pesquisadores, algo assim como se fosse a cereja do meu bolo fazer uma referência de alguém que já morreu, mas que um dia deu uma enorme contribuição para a educação do seu tempo. Lembro-me de Valnir Chagas[i] (Raimundo Valnir Cavalcante Chagas 1921-2006) intelectual a quem é atribuída a forma 3+1 que se transformaria no curso de formação de professores, reconhecido como Pedagogia; podemos citar outros como Paulo Freire (apesar de sua atualidade) e tantos outros que tento sintetizar com Lauro de Oliveira Lima, defensor da psicogênese que numa de suas obras Intitulada de “Escola no Futuro”[ii] fazia a seguinte imagem da escola:

"A escola é um campo de concentração com mil controles, fichas, horários, torres de observação, representados pelo mecanismo desumano dos processos de verificação, pelo esoterismo lotérico e pitagórico dos processos de promoção através de médias “ponderadas” (sic!) pelo inspetor federal, o homem da moralidade escolar, pelo diretor, o déspota para quem o regulamento “c’est moi”, pelos inspetores de alunos, os “SS” eternamente redivivos, sempre prontos a atirar no trânsfuga ou no rebelde e agora mais (me Hércules!), por um psicólogo escolar encarregado da “lavagem cerebral” de conversão e ajustamento de um homem livre a um sistema de autômatos...".

 

Respeitáveis pensadores, dignos do nosso respeito, mas de quem devemos pensar que, pelo menos parcialmente, o pensar já foi suplantado pelo caminhar da história da educação que estamos escrevendo a cada dia que se passa. É nesse sentido, de preservar o pensar original, o pensar clássico, que se devem avaliar as novas contribuições que estão sendo urdidas as telas sobre as quais se registra a história diária. Eles têm, portanto, sua palavra a dizer que, no entanto, não deve ser tomada como sentença. A dinamicidade do ser e do fazer não permitem que muitas teorias sejam engessadas durante muito tempo, a norma atual é aquela da flexibilidade, à qual me permito de alterar por prefixação e escrever reflexibilidade.

 

Partindo destes pressupostos e refletindo na quantidade de doutores que estão sendo formados nestes últimos 12 anos acredito que a primeira sentença esteja traduzindo, neste momento histórico, a mais cristalina realidade da nossa educação. Precisamos ler outros livros, precisamos estudar outras formas de pensar e agir em educação, precisamos acompanhar a evolução do nosso tempo, a menos que concordemos que a qualidade dessas formações seja defeituosa/deficiente.

 

Precisamos abrir nossas mentes ao novo e dele não mostrar receio. Talvez não seja ele tão novo e sim nós que estamos ficando mais velhos e intransigentes.

 

[i] veja mais em http://www.faced.ufc.br/images/stories/imagens/valnir%20chagas.pdf;

[ii] LIMA, Lauro de O. A Escola no futuro. São Paulo: José Olympio, 1974.

 

23/04/2016

Certamente que ninguém irá dar a mínima para este meu ponto de vista, mas que fazer? Ele é meu e por isso conservo-o até que alguém olhe a problemática por outro prisma e venha de mim discordar. Todos têm esse direito, pois jamais imaginei ou pretendi ser o dono da verdade ou do saber. Portanto, amigas e amigos, aos vossos apontamentos e às vossas críticas que espero sejam construtivas.

 

O meu olhar (esse que me dá este ponto de vista) pousou sobre uma notícia que é - no meu modesto entender - uma afronta ao povo brasileiro, a esse povo que paga caríssimo para que legisladores façam leis que eles mesmos não cumprem. Só por isso merecem, todos cadeia, mas quem acaba sendo culpado, nesse jogo de responsabilidades deturpadas, é o povo que não exige o cumprimento do texto legal escrito e, pior, que vota nesses energúmenos para serem seus representantes.

A Lei nº 9.394/96 (já uma senhorita de aproximadamente 20 aninhos) preconiza que - calma, adequemos os tempos verbais, por favor - preconizava em 1996, lá no seu Art.º62 que:

"A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal".

Atendamos a que a nomenclatura já foi alterada, a seriação terminada e que surgiram, no seu lugar os anos em número de cinco no lugar de quatro. No entanto, lá nas Disposições Transitórias, no Art.º 87, § 4º está estabelecido que:

"Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço".

Se  é letra da lei, cumpra-se. Bem isto seria verdade se não estivéssemos no Brasil, país onde mais leis se fazem e onde menos leis se cumprem. A Década da Educação deveria ter sido iniciada no ano de 1990, tal como foi na maioria dos países do chamado terceiro mundo, mas nós somos Brasil e fomos protelando, protelando, para que a tão sonhada Década só iniciasse em 1997 e terminasse em 2006. Mas estamos no Brasil... e a década foi aumentada especialmente neste país para vinte anos. Atingimos 2016 e eu, como qualquer outro brasileiro minimamente atento aos fatos acontecendo, percebo  que estão sendo veiculadas notícias que nos dão conta que:

Quase 40% dos docentes não têm formação adequada, aponta censo.

Mas vejamos a notícia no seu completo:

Do total de professores ativos nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio da rede pública, quase 40% não têm qualificação ideal, apontou censo divulgado nesta segunda-feira, 28, pelo Ministério da Educação (MEC). Considerando o fato de que um professor pode lecionar mais de uma disciplina, o índice de docentes em sala de aula com formação inadequada sobe para 53%, assinala o levantamento.

Com o objetivo de diminuir essas taxas, a pasta vai lançar a Rede Universidade do Professor, para estimular os docentes a complementar a formação. Serão disponibilizadas 105 mil vagas já para este segundo semestre, informou o MEC. As inscrições vão de 5 de abril a 5 de maio, por meio da Plataforma Freire.

Baseada em dados de 2015, a pesquisa conclui que a situação mais crítica é a da disciplina de Física, em que 64,7% dos professores se enquadram em um dos seguintes quadros: têm bacharelado, mas não licenciatura; têm licenciatura, mas em área diferente da que ensina; têm curso superior (engenheiro lecionando matemática, por exemplo); ou só têm diploma de ensino médio.

"Se todos os físicos que formamos por ano fossem dar aula - o que não acontece -, levaríamos 11 anos para suprir essa demanda. Esse é o tamanho do problema", disse o ministro, Aloizio Mercadante.

Em Ciências e História, 60% dos professores têm qualificações inadequadas. Em Geografia, o índice é de 62%. "São docentes que podem ter experiência de sala de aula, mas acabam lecionando de forma improvisada, só para completar a grade horária", lamentou o ministro, citando pesquisa da Fundação Carlos Chagas que detectou que apenas 2% dos jovens que concluem o ensino médio desejam ser professores.

A Rede Universidade do Professor vai utilizar vagas que estavam ociosas em universidades e institutos federais para disponibilizá-las a esse grupo de docentes. Serão 24 mil presenciais e 81 mil a distância, por meio da Universidade Aberta do Brasil. "Eles (os docentes efetivos) são a prioridade da prioridade", destacou Mercadante. Se houver necessidade de mais vagas, o MEC vai pactuar com instituições privadas.

Para 2017, a previsão é fortalecer o programa Parfor, de formação de professores, de forma que eles possam cursar as disciplinas exigidas durante as férias da rede pública da educação básica, em uma espécie de curso intensivo. O edital será publicado até o fim deste ano.

Fonte:

Estadão – Brasília 29/03/2016

http://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2016/03/29/quase-40-dos-docentes-nao-tem-formacao-adequada-aponta-censo.htm

A pergunta que não quer calar é esta: mesmo sabendo que estão sendo produzidos esforço para qualificar os professores veja-se a quantidade de cursos e possibilidades que lhes foram ofertadas (Cursos de Pedagogia em Regime Especial, Cursos a Distância, Proformação, Parfor e outros que não recordo, mas que cada um de nós sabe existirem - além da indústria da educação com seus cursos de fim de semana - onde foram jogados tantos milhões de reais que foram (?) destinados ao setor educacional?

Quem foram os beneficiados, já que os docentes continuam - ao arrepio da lei - a ganhar pouco e a NÃO TER FORMAÇÃO ADEQUADA?

Quem souber ou tiver uma melhor explicação que esta que deduzo do meu ponto de vista, que me convença. Para mim, grande, enorme parte dessa grana está nos paraísos fiscais e nas contas secretas da Suíça. Entretanto, enquanto não se descobre o real paradeiro da bufunfa, vamos fazendo um discurso vazio  e demagógico afirmando nosso interesse (no dinheiro) na educação e colocando nas salas de aulas os nossos eleitores (analfabetos que são quem nos elege).

Pessoalmente passo pela velha vergonha alheia!

Boa noite!

 

04/05/2016

A vulgarização dos títulos acadêmicos

 

Tudo começa quando qualquer um passa a ser tratado de “Doutor” sem ter passado pela angústia da defesa de uma tese doutoral. Pior que isso, existem instituições que, contrariando o pressuposto indicado acima – que também é legal – emitem “legislação” permitindo que seus associados usem o título de DR, “considerando que o uso do título de Doutor, tem por fundamento procedimento isonômico, sendo em realidade, a confirmação da autoridade científica profissional perante o paciente/cliente”, como é caso do COFEN que, através da Resolução nº 256/2001, “RESOLVE: Art. 1º - Autorizar aos Enfermeiros, contemplados pelo art. 6º, incisos I, II, III, IV, da Lei 7.498/86, o uso do título de Doutor.

Vamos chegar um pouco mais próximo da nossa realidade. Recebi recentemente uma comunicação dando conta do Projeto de Lei que  “amplia acesso a mestrado e doutorado para professores”. Numa proposta digna de reconhecimento, do Deputado Chico Lopes, esse projeto de lei avança nas políticas educacionais. Nela, na mensagem, está dito que: “Um novo projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados amplia o acesso a mestrado e doutorado para os professores, criando a Política de Formação e Aperfeiçoamento de Professores da Educação Básica da rede pública”. Vou aplaudir, mas apenas timidamente. Explico:

Louvo a iniciativa do Deputado Chico Lopes (a quem admiro bastante), mas tenho minhas restrições ao processo. Primeiro, por compreender que o problema maior da educação não está na falta de titulação e sim na falta de preparação inicial condigna. Vale lembrar que o mestrado e o doutorado fazem parte daquilo a que podemos chamar de formação continuada. O meu óbice deve ser encarado como a visão de uma destinação de verbas a ser gasta para tentar reformular algo que foi mal formado. Segundo, Sabendo que parte considerável dos dirigentes municipais e estaduais não são “sensíveis” à qualificação do pessoal docente – veja-se a resistência que muito fazem a pagar o salário diferenciado (e merecido) dos mais qualificados – fica-me a pergunta que não quer calar: A quem beneficia mais essa qualificação? Terceiro, quantos de nossos docentes vão frequentar o mestrado e/ou o doutorado com a finalidade apenas, e tão somente, para “ter um dinheirinho a mais na aposentadoria”, como se vem registrando no PARFOR? Quarto, imaginando que os professores se qualifiquem, como vai ficar o discurso “da falta de verba para pagar, pelo menos, a recomposição das perdas salariais daqueles já em serviço”?

Poderia aqui ficar enumerando um pouco mais de perguntas inquietantes que me perturbam, mas prefiro, para encerrar, deixar esta reflexão: Que educação podemos almejar com a vulgarização dos títulos sem a devida valorização e muito especialmente sem se atacar a raiz do problema que são os cursos de formação inicial, onde tudo deve ter seu nascedouro?

Se não acredita muito na minha tese (de que os cursos não preparam os professores para a sala de aula) veja este link e tire suas dúvidas enquanto será levado(a) a perceber que não sou o único louco a pensar nisso:

http://professortopp.com.br/2016/05/03/universidades-nao-preparam-professores-para-a-sala-de-aula/?fb_ref=e808ba883c5a47cc8b68126624a779b9-Facebook

Site do COFEN : http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2562001_4294.html

Você pode, também, ler o PONTO DE VISTA ANTERIOR.

Dê-me a sua opinião... antecipadamente agradeço!

 

15/05/2016

 

O momento que vivenciamos é, principalmente, de reflexão para a ação.

 

O golpe perpetrado contra a democracia ainda jovem que se vivia neste Brasil de muitos subservientes obriga-nos a parar para fazer essa reflexão. Não há setores mais nem setores menos atingidos pela derrocada que os golpistas vêm promovendo: estamos todos afundando – eles primeiro!

 

A “formação” do novo (velho) governo não deixa margem para dúvidas: vamos viver tempos difíceis, de dor e, quiçá, de sangue – o povo está cansado de ser explorado pela mesma máfia e poderá reagir de forma mais violenta à retirada de direitos conseguidos na LUTA! Essa “formação” misógina, homofóbica, racista e machista deixa antever os rumos que traçados por um péssimo “navegador” que sequer sabe onde fica o norte.

 

Numa tentativa de minimizar os estragos feitos pela vaidade e por um ego super massageado por pares da pior qualidade política e dignidade, eis que “o poderoso” (negado e escrachado por todo mundo) tenta uma cartada de mestre – mestre dos aprendizes feiticeiros, diria eu – levar ao convívio de bandidos, uma das figuras bastante singulares e respeitáveis da nossa mídia: a apresentadora Marília Gabriela. Foi a gota de água que faltava para fazer derramar o cálice já cheio de tanto sentimento negativo.

 

A simbologia do NÃO claro e redondo da Gaby deita por terra toda e qualquer possibilidade de salvar uma falsa moral desse governo golpista. Uma mulher, lutadora, derruba um bando de indiciados na justiça e hoje protegidos pelo salafrário maior.

 

Na educação, apesar do já sabido, ainda precisamos ir cautelosamente de tal modo a que o precipício não se abra abruptamente sob os nossos pés. Há que haver cautela, vigilância e muita, mas muita LUTA para tentarmos garantir um mínimo de dignidade em face das ameaças que já pairam sobre nossas cabeças pensantes. Somos vítimas de analfabetos que temem o saber. Eles são, no momento, nossos maiores inimigos. Inimigos que têm o poder que sequestrado de quem foi legitimamente eleito para nos governar.

 

Aguardemos o desenrolar dos acontecimento em vigília e em posição de luta sem tréguas.

 

25/05/2016

Não sei se acontece com os meus leitores, mas comigo cada vez que aparece uma situação transitória ou temporária, as ideias não parecem fluir com a mesma serenidade que a quando "o mar está calmo". Parece... sei lá, é...?! Não consigo definir as coisas/situações, pois, como diz Baumam, tudo fica líquido, tudo se esfuma no ar, dada a sua volatilidade nada segura, parece um aborto social e então, falar disso é temerário, pelo menos eu assim considero.

Vez por outra arrisco comentar um ou outro fato, mas fica-me sempre a incerteza do acordar no amanhã e já não ser nada disso. Como normalmente escrevo à noite, corro o risco de ter que me desmentir no dia seguinte, poucas horas depois - parecendo um pouco o governo fajuto e ilegal do Temer, que uma hora diz, na seguinte já desmente.

Educação. Meu propósito é falar, lutar, brigar, trabalhar por uma educação com um pouco mais de qualidade que esta que aí temos, na bandeja, para nos servirmos em doses modestas para não corrermos o risco de perturbar os senhores poderosos. Nesta área as coisas, os acontecimentos, se precipitam com mais facilidade ainda que em outras, por isso, coloco em prática um conselho que passo com frequência aos meus alunos: fico na posição de defesa, pois o golpe (em qualquer dos sentidos que o queiram entender) vem rápido e feroz, precisamos saber estar alertas e com a defesa armada, mas mesmo assim algumas sequelas são irreversíveis.

Olhar as mídias e perceber que a aberração encarregada neste momento de dar rumo ao processo de desenvolvimento da educação no país se fez aconselhar por um dos piores atores pornôs que esta Terra de Vera Cruz já produziu, me revolta o estômago, me dá nós no cérebro e derruba a minha já pouca confiança na possibilidade de um dia ainda ver a educação no seu devido lugar. É o caso de dizer que quanto mais quero pensar elevado, mais baixo sou levado a cair, ao ponto de rasar a sacanagem, a putaria e o deboche. Já o aqui registrei por outras vezes, mas vou insistir e dizer que razão tinha De Gaule: "O Brasil não é um país sério". E quando falo do Brasil, claro que não falo do país, falo principalmente de uma espécie de animais que por aqui dão cria mais rápido que os coelhos e tem nome pomposo "O Homopulitikus". Uma vergonha!

São desses animais as ações mais vis, nojentas e predadoras que por estas plagas se praticam. Não são seres de pensar ou de sentir, são seres de roubar, de mentir e noutros tempos até de matar. Raça desgraçada.

Mas enquanto isso... a educação vai, tanto bem quanto mal, vai. Precisa ir. Nós temos a obrigação de fazer a nossa parte nem que para isso tenhamos que praticar a desobediência civil. Vai. Vamos.

Sejamos fortes.

 

02/06/2016

 

TEORIZAR A PRÁTICA OU PRATICAR A TEORIA?

Fui desafiado a defender uma tese que tento consolidar no meio acadêmico de onde falo, logo, do lugar que ocupo enquanto formador de futuros educadores. Duas considerações iniciais à guisa de introdução: a primeira – adoro ser desafiado, instigado, provocado, parece até que os neurônios estão condicionados a esse estimulo para funcionarem na sua plenitude; a segunda, um pouco mais complicada, está relacionada à resistência que tenho encontrado, neste local, para, justamente, conseguir a escutatória por parte de meus pares para a temática que defendo. Corro riscos, mais uma vez de não ser sequer ouvido, ou, também, de não conseguir, pelo menos, captar a atenção daqueles a quem o assunto poderá interessar.

Mas, que tese é essa?

Partindo de prática docente vivida, de leituras e discussões com pessoas que têm sobre a educação escolar uma visão mais holística, mais centrada na aprendizagem, em detrimento da centralidade no docente ou no educando, defendo que o ato de formar e por consequente o ato de aprender (ou formar-se) deve ser o resultado de uma teorização da prática e não o inverso – a prática de uma teoria. Aí está a problemática que tentarei desenvolver neste espaço. É quase a teoria do ovo e da galinha, conhecem, não é verdade? Mas vamos à argumentação.

É de consenso que o homem nasce sem saber, malgrado esteja fisiológica e intelectualmente preparado para aprender e isso nos permite, desde aqui, pensar em ver a galinha surgindo através de uma evolução natural de algum outro ser, deixando, portanto, a experiência da reprodução para um estágio superior. Se o homem não sabe ao nascer precisa experimentar de tudo um pouco, principalmente daquilo a que se propõe aprender. É ao que eu chamo, ainda que de forma conceitual neste momento, a necessidade de praticar, a necessidade de aprender pela técnica que contrapõe o erro e acerto. Qualquer que seja o resultado da experiência o aprendizado está garantido: Pelo erro se aprende que não é daquela forma que se chega ao melhor resultado, necessitando da repetição através de outra metodologia; pelo acerto se confirma uma das hipóteses possíveis de se levantar, portanto, à aprendizagem.

Uma vez a aprendizagem realizada será o momento de refletir sobre o aprendido e aí são os velhos questionamentos que a nossa filosofia nos permite formular quem vai permitir o aprofundamento do aprendido, ver mesmo outras formas de chegar até ele. Se eu ficar por aqui já devo ter deixado um caminho para quem assim o desejar poder prosseguir seu percurso, mas como pertenço às humanas, preciso, tenho necessidade de recorrer às confirmações através de outros pensares que se assemelhem, ou convergentes, até como forma de consolidar este meu pensar.

Uma primeira aproximação nos é apresentada pela reflexão de Silva (2016, p 46) quando declina que “O pedagogo ainda deve estar preparado para exercer funções inerentes ao seu campo de atuação, tendo a ciência pedagogia como fundamento para a compreensão da sua prática”. Aí está: a prática deve ser compreendida pela teoria. Numa tentativa de compreensão, questiono: pode alguém, valendo-se inicialmente da teoria fazer-lhe uma avaliação através da prática? Bem duas respostas são possíveis: uma afirmativa outra negativa. Vejamos os embates que serão causados.

Cena um: o pedagogo (professor ou educador, conforme se queira chamar-lhe) entra em sala de aula e começa a teorizar sobre não importa qual assunto. Em seguida solicita aos alunos que pratiquem o teorizado. Resultados? Quem garante que os alunos em destaque tiveram capacidade de abstração para entender perfeitamente a teoria a ponto de praticá-la? Vale salientar que o pedagogo trabalha essencialmente com crianças da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, níveis de educação que envolvem crianças com no máximo 10 anos, isto é, ainda com dificuldades intelectivas para trabalhar com a abstração de forma mais plena.

Cena dois: No contraponto, mostre para uma criança a maneira de fazer algo e depois peça para que a criança pratique o exercício de realização da atividade. Tente em seguida explicar teoricamente o processo. Acredito que os resultados serão bastante mais satisfatórios para ambos: para quem mostra e para quem aprende. Talvez não dê certo da primeira vez (lá está a possibilidade de aprender com o erro), mas a partir da  explicação (abstração) a criança vai refazer a tarefa com mais segurança e com mais vontade de acertar, tendo, logicamente, maiores chances de acerto. A reflexão cabe agora: “percebeu, Zezinho, como agindo de modo diferente se conseguem resultados diferentes”?

Nóvoa (2002, p. 57) quando, ao versar sobre formação docente, nos faz compreender que “a formação não se constitui por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de identidade pessoal”. Temos nas suas palavras a prática antecedendo a reflexão, por mais que esta ação se aplique especificamente à construção da identidade. Se a proposição de Nóvoa é afirmativa para a identidade o será, igualmente, para o restante das atividades.

Pacheco (2008, p.14) afirma que:

A formação de professores é um processo contínuo e participado, decorrente das práticas e a elas referenciado, um processo contínuo de acção e reflexão crítica sobre a acção. Através da reflexão crítica são questionadas formas de legitimação (de autoridade, ou regulação moral, por exemplo).

Mas Pacheco (2008, p.16) vai mais além e concorda com Nóvoa quando tece reflexões sobre a articulação necessária entre a teoria e a prática. Diz ele: “que uma reflexão na prática e sobre a prática valoriza os saberes de que os professores são portadores”. Creio estar focando justamente a teorização (síntese do processo de ação-reflexão-ação) de uma prática. Muito embora aconteça a impossibilidade de separar os dois elementos, isso não fornece, à priori, a informação de qual deva ser a ordem de apresentação. Podemos até concordar que, diante se indivisibilidade, os dois elementos se imbriquem de tal modo que seja impossível perceber qual toma a dianteira na ação, principalmente quando analisado por mentes já suficientemente desenvolvidas para entenderem a abstração que representa esse conceito.

Lima (2008, p.200) questiona: “É possível ensinar o ofício de professor? Qual o espaço da prática na formação para o magistério? E da teorização da prática”? Da mesma autora (p.201), gostaria de chamar a atenção para a segunda parte deste período, que não separo para que não se quebre a contextualização:

O que dá sentido às atividades práticas dos cursos de formação é esse movimento que acontece a partir das leituras, práticas, saberes e conhecimentos, que se confrontam e se intercruzam. As atividades de reflexão e registro poderão auxiliar no entendimento das questões relativas às contradições acontecidas no trabalho educativo.

Sob outro olhar, ou ponto de vista, vale parar para fazer uma análise da reflexão que nos traz Silva (2010), mesmo se a citação é longa:

Aquilo que um profissional pensa e faz é um ‘saber- fazer’, que é resultado de um processo de aquisição e, ao mesmo tempo de um ‘saber prático’ no sentido de um discurso com a práxis, ou seja, práxis no sentido da possibilidade de praticar a teoria e teorizar a prática como momentos de um mesmo e único processo.

Segundo Dewey e Radtke (1993)‘saber-fazer’ é um saber implícito, de preferências pessoais, que não se pode ordenar coerentemente. Nesta concepção, o saber é considerado como um saber contextualizado, que está dentro das variadas ações. Trata-se de um saber com regras e princípios práticos, que é cumulativamente um conhecimento objetivo e subjetivo, ligado às experiências pessoais ao chamado saber do dia-a-dia Clark & Lampert (1986); Berliner & Carter, (1989).

Por esta citação podemos perceber que a dualidade se mantém, mas que nos é deixada a escolha da ordem dos fatores: prática da teoria ou teorização da prática. Contudo, e considerando que o fazer (prático aprendido) é um ‘saber-fazer’ e segundo indicado na reflexão de Dewey, podemos afirmar que esse é “um saber de preferências pessoais que não se pode ordenar coerentemente”, acredito que não há erro possível em pretender que a prática anteceda a teoria na compreensão da aprendizagem. Repito, não se trata de separar uma da outra, pretendo apenas esclarecer que compreendo que é mais fácil entender a teoria a partir da concretude de uma prática reflexiva, que compreender a prática a partir de uma teoria abstrata. É possível que este seja um problema pessoal e eu esteja pretendendo impor meu ponto de vista aos outros, mas tenho consciência da afirmação que faço.

Pimenta (2002) na sua reflexão sobre o ato de formar o professor nos propõe repensar a formação docente partindo da análise consciente da atividade prática diária do docente. Quando atentamos para programas como o PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica - no qual os formandos já são formadores e praticantes do ato de ensinar - a nossa teoria sobressai ao primeiro olhar, pois se depreende que é preciso refletir a prática cotidiana dos “formandos”, para que a partir daí se consiga transformar, na medida do possível e necessário, o ‘saber-fazer’ que os formandos expressam, caso contrário a formação não passará de “discurso vazio” ante a prática que eles já vêm desenvolvendo e se encontra arraigada no seu fazer cotidiano.

Para encerrar por agora esta explanação levanto o seguinte questionamento: Nesta temática deve ser considerada a importância que o conceito de prática individual desempenha na construção de valores; partindo dessa premissa, qual deve ser o lugar da imersão do formando no contexto real cotidiano da escola, quando o objetivo é desenvolver atividades que o levem à maior compreensão do ato de aprender?

 

Referências:

LIMA. M. S. L. Reflexões sobre o estágio/prática de ensino na formação de professores. Curitiba: Revista Diálogo Educacional, v. 8, n. 23, p. 195-205, jan./abr. 2008

NÓVOA, A. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002

PACHECO, J. Escola da Ponte: formação e transformação. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

PIMENTA, Selma G.(Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

SILVA, Arlete Vieira da. A articulação entre teoria e prática na construção do conhecimento pedagógico do conteúdo. Revista Espaço Acadêmico, nº 112, Ano X, 2010.

SILVA, José A. A da. O percurso formativo dos professores para os anos iniciais de escolarização e a produção de saberes necessários à atuação docente. In: SANTIAGO, Stella M de M.; FREITAS W. de J. Formação de professores e identidades docentes em questão. Fortaleza: Imprece, 2016.

 

18/06/2016

 

Ora, lá vamos nós a mais uma confirmação do já dito, reprisado, bisado, pisado, mastigado, regurgitado, mas que não consegue (juro que não sei o porquê) fazer adeptos em nosso meio, principalmente no acadêmico. Quem já foi em algum momento meu/minha aluno/aluna já me ouviu, certamente, defender uma tese que não é minha da qual me apodero como se construção minha fosse, tal o crédito que lhe dou: “a educação, no Brasil, só sairá da cepa torta quando se tornar uma política de Estado e deixar de ser marionete nas mãos dos governos", cada um mais incompetente que outro – nesse aspecto – como têm demonstrado. É aquela máxima: “todos sabem onde está o mal, mas nenhum quer curá-lo, pois fazê-lo seria matar a galinha dos ovos de ouro.

 

O problema fica mais visível com as ações (catastróficas) que esse desgoverno temporário, tampão, provisório, interino vem promovendo. Sabe-se, afirma-se e defende-se a política de expansão da escolaridade e da oferta quantitativa da possibilidade de acesso ao saber promovida pelos governos progressistas (talvez nem tanto quanto desejaríamos) do PT. Vemos, agora, a reversão da marcha imposta pelo modelo arcaico e morredouro do neoliberalismo que encontra ainda algum resquício de sobrevivência no ninho de poucas aves repugnantes que compõem a direita brasileira. Triste papel! No entanto, enquanto o gogo e a coccidiose não fizerem seu trabalho de exterminadoras das “plumentas” (aqui entendidas como toda e qualquer ave, por mais rara que seja!) os prejuízos à educação são, do mesmo modo que nas demais áreas sociais, incalculáveis.

 

A passividade com que o povo está aceitando esse desmonte da nação que lhes dá guarida e sustento causa-me gasturas mil. Povo sem reação! Por isso refaço minha proposta inicial de provar uma máxima, alterando para duas. A primeira sobre a direção do processo educacional escolar; a segunda sobre a ideia que Deus é brasileiro, na qual muita gente não acredita; pois pode passar a acreditar, considerando a vossa capacidade de acreditar no milagre dos milagres. É muita crendice para um povo só: veja-se o comércio florescente da fé!

 

Então brasileiras e brasileiros, continuem impávidos e serenos aguardando a obra caritativa do Senhor e não levantem vossas bundas dos sofás diante da estação de tv que me nego a dizer o nome e vão definhando, lenta e progressivamente em todos os aspectos visíveis: físico e intelectualmente. Esperem pacientemente que os ratos se revezem de quatro em quatro anos para irem comendo suas entranhas, com requintes de crueldade – olhem o riso irônico do Cunha – até que você não sirva para outra coisa que não seja a exploração final do enterro, no qual a sua família vai padecer para que possa dar-te um final menos vil. Mesmo morto o capital te come.

 

E o último a ser comido será sempre o Aécio, porquanto tem os s protegidos pelo STF em peso, mas você vive se esforçando para encontrar forças para gritar que ele será o primeiro. Não acredite no capital: se finge de morto, para comer o coveiro!

 

02/07/2016

Há coisas que eu não consigo entender pela lógica nem pela racionalidade.

Talvez seja eu o irracional e o sem a menor das lógicas.

Percebo nas práticas desenvolvidas dentro do nosso curso – e talvez nem só – um quê de desaforismo que me incomoda sobremaneira considerando a irregular sequência de desenvolvimento semestral do nosso currículo desde 2007 (não é portanto algo novo), mas parece que nada se aprende com isso.

Por isso gostaria de compreender, logo solicito a quem tenha o poder de me explicar, que o faça, por qual motivo e com qual embasamento teórico-legal-racional se realiza uma seleção de estudantes candidatos a bolsas de Monitoria em pleno gozo das férias, bem merecidas, que eles e os professores usufruem no período.

Sei que estamos cá no fim dos cafundós do Ceará, mas... Não acreditam que isso seja provincianismo demais?

 

Bem... É o meu ponto de vista!

 

O5/07/2016

Não sei se é uma grande pretensão minha tentar externar mais um ponto de vista que nasce a partir de uma polêmica: “dar ou não dar o título de Dr. Honoris Causa a Lula”. Portanto que fique mais uma vez bem explicitado que, o que aqui externarei é a minha mais firme convicção, logo o meu ponto de vista.

 

Pela internet fico a saber de uma notícia (essa da atribuição do título a Lula) e logo a seguir de uma outra, movida por quem se acha no direito, contrapondo-se ao ato. As duas posições são extremamente aceitáveis – viva a liberdade de opinião – mas alguns detalhes escapam ao processo ético de expressão dessa liberdade, transformando-o quase em libertinagem.

 

A Universidade regional do Cariri – URCA – anunciou essa homenagem que, se não é devida é, pelo menos merecida por aquele que está mundialmente reconhecido como tendo sido o melhor presidente do Brasil até este momento. Um ato de agradecimento pelos feitos do homenageado em prol do Nordeste do país. Posições contrárias têm que ser admitidas, pois a população brasileira não pensa de forma idêntica na sua totalidade (em caso contrário já estaríamos, novamente, num regime político fascista consolidado).

 

Eis, portanto, que algumas vozes se levantam contra a atribuição de tal comenda a esse personagem de grande relevo na História recente do Brasil. Repito, há legitimidade no fato, precisamos apenas analisar as argumentações para a oposição e, muito principalmente, a forma verbal, linguística e sem comprovações das acusações feitas para justificarem a negação da honraria.

 

Dentre essas vozes destoantes, uma chama especialmente a atenção a da Sra. médica, Jácia Maria Neves Coelho que ao referir-se ao ato em apreço assim se expressa:

 

O valor de uma comenda, seja ela qual for, sobretudo aquela proveniente de uma instituição pública deve ser isenta de vieses doutrinários, ideológicos, politico-partidários, carregada de notória representatividade e seriedade nas atribuições sobre si requeridas. Nada disto infelizmente condiz com a anunciação da entrega pela Universidade Regional do Cariri (URCA) de tal título ao ex-presidente Luis Inacio Lula da Silva. Um politico envolvido com múltiplos escândalos de corrupção, com uma conduta pessoal suspeita, onde o entorpecimento de princípios ocupa toda a sua trajetória pública. Alguém cuja representatividade toscamente pode ser atribuída somente a grupelhos aparelhados pelo marxismo cultural ainda ora vigente no Brasil (https://www.facebook.com/jaciamaria.nevescoelho?fref=ts).

 

A senhora, cheia de revolta “global”, não enxerga que o seu posicionamento é tão político quanto aquele que ela condena e não atenta sequer para o fato de – na ausência de apresentação de provas cabais de tudo de que acusa o ex-presidente – e do ponto de vista de um apoiador do recriminado, podermos entrar com ação judicial por difamação. A senhora, que reverbera as palavras do criador de obra tão nefasta, o Sr. Glauco Ribeiro Brito, que aparece como autor do abaixo-assinado no site da organização Change (https://www.change.org/p/urca-universidade-regional-do-cariri-contra-o-titulo-de-doutor-honoris-causa-de-lula-na-urca?recruiter=378052488&utm_source=share_petition&utm_medium=whatsapp) incorre na mesma penalização que a ele pode ser imputada.

 

Que a Sra. ou qualquer outra pessoa tenha seus motivos para não apoiar este ou aquele candidato é um direito inalienável que precisa ser respeitado, no entanto, o respeito que a senhora exige para si lhe torna tributária de pagamento na mesma moeda, isto é, com respeito, caso contrário esteja preparada para receber o seu justo valor. Não faço parte de “grupelhos aparelhados pelo marxismo” – antes fizesse e com mais convicção –, pois se todos participássemos – e aí se justifica a sua raiva – não estaríamos a pagar feijão caro para justificar um golpe capitalista e apoiar ideologias neo-fascistóides como aquelas que a senhora parece abraçar; Não estariam por aí a gritar FORA PTFORA DILMA, mas agora a reclamar o retorno do FIES para que a vossa cria “linda, joiada e cheirosa” possa cursar medicina e outros cursos que vocês desejam que vos sejam exclusivos e pagos com dinheiro dos impostos da maioria dos brasileiros, para que possam explorá-los no futuro. Lamentável que a hipocrisia de poucos não lhes deixe ver que, se o capitalismo fosse bom, todos teriam as mesmas chances. No entanto, apenas 1% da população detém 90% das riquezas da terra com o apoio de alienados da classe média que sonham em ser alguém. Por favor, acredite que a Revolução Francesa não se repetirá jamais! A vossa classe média vos aprisionou para todo o sempre e vos condena ao "sacrifício do bucho para viverem o luxo"!

 

20/08/2016

Estou de retorno, portanto, para além do famoso Ponto de Vista, trago novas ideias (florescidas na calmaria das férias), algumas propostas audaciosas (ou nem tanto!), mas e sobretudo, as energias renovadas para mais um ano de batalhas que podem ser consideradas partes de uma guerra que necessitamos travar contra um inimigo comum que hoje se hospeda no Palácio do Planalto e de toda a súcia que lhe serve de apoio.

Este estar de retorno representa o regresso - atrasado - às atividades após um período de ausência (antecipadamente anunciado) no qual tive oportunidade de juntar o útil ao agradável, não é sempre que este binômio se encaixa à perfeição. Foram as férias dos reencontros - como lhes chamei após planejamento e articulações várias; reencontro de velhos companheiros de armas numa luta bem mais perigosa que esta que travamos contra um usurpador político - a guerra colonial portuguesa. Foi o resgatar de memórias já distantes de mais de quarenta anos que estiveram guardadas em nossas mentes até hoje e que ali permanecerão até ao fim dos nossos tempos. Muitos já não as conseguem contar e os motivos são muitos, principalmente pelo falecimento (seja ele geral, ou parcial causado pelas doenças que nos acometem quando passamos de um determinado estágio de nossas existências de vida), muitos (quantos?) já não estão entre nós, mas deles também recordamos.

Foi o reencontro de elos perdidos (passe o lugar comum) de uma história de vida - a minha vida - que busquei nas terras em que nasci, cresci e agora me vejo retornado; nas pessoas membros da família que a distância conseguiu afastar física e espiritualmente; em espaços muitas vezes insólitos (como no cemitério onde visitei o túmulo de meu falecido pai); na história que ouvi contada por gentes que a vivenciaram.

Fui construindo um esboço da minha origem (que acredito mais firmemente ser judia) e até me aproximei (assim espero) da origem do meu nome - Pina - que tanto intriga brasileiros e a mim mesmo. Enfim, posso afirmar que me vejo outro depois destes reencontros. Lamento não ter pensado nisso há mais tempo. Mas, como dizem os franceses "avant l'heur c'est pas l'heur, après l'heure c'est plus l'heure" ("antes da hora não é hora e depois da hora não é mais hora", numa tradução livre e pessoal). Logo, acredito que este era o "tempo" dos reencontros. Muitos foram, outros serão - assim espero.

O Ponto de Vista mais crítico fica por conta da politicagem (não podia ser de outra forma). Por cá o desmantelo provocado por uma alucinado e demente que não apresenta condições de gerir a sua própria vida, quanto mais gerir uma nação do porte do Brasil. A culpa deste status quo também é minha que o ajudei a eleger, mesmo se pela via atravessada que representa o posto de um vice. Um colega meu, de trabalho e de lutas diz que "Vice só serve para viçar". Este nosso vice, acredito, nem para isso serve, pois à guisa de querer salvar o país da crise, mergulha-nos na pior embrulhada de perdas e danos que a classe trabalhadora já sofreu depois do governo de GV. Nem no período militar os prejuízos sociais foram tão graves. Por lá, leia-se Europa de um modo geral, a situação não está mais famosa e nem tampouco formosa, greves por todos os lados, lutas de classes rolando à solta em todos os países, uma vitória ali, outra acolá vão equilibrando o perde/ganha, no jogo de cabo de guerra entre patrões, governos e trabalhadores. Aqui é o marasmo! Um povo alienado, embrutecido, entorpecido, hipnotizado... diria: zumbis!

No campo de trabalho posso (podemos) cantar vitória sobre o malefício maior que neste momento inadequado poderia nos atingir: uma nova greve. Não quer dizer que não houvesse motivos mais que justos - a olhar apenas por um dos lados - para que a greve fosse deflagrada, não, caso o tivesse sido não teria sido em vão como aconteceu com última vivenciada. Essa última, aliás, foi o tiro mais errado que alguém possa ter dado - todos os motivos e mais um: paralisaram as atividades para conseguir aquilo que já estava certo; mantiveram a categoria à margem dos acontecimentos e, acredito, não fossem as grandes pressões exercidas pela sociedade de um modo geral, não se teria saído tão cedo desse estado férias antecipadas e prolongadas para muitos dos "grevistas". É a mente humana, mal formada, que não consegue enxergar fora da caixinha de surpresas (cabecinha oca) que a comporta e não percebe a realidade mais próxima, no seu entorno. Hoje, a olhar pelo interesse mais capitalista dessas mesmas mentes, a greve precisaria ser deflagrada, mas não há mais munição e - arrisco dizer - nem condição moral de numa entidade de classe abalada pela derrota acachapante sofrida para dirigir os desígnios da categoria que diz representar. Por outro lado, a necessidade de dar uma resposta adequada à classe estudantil - aquela que, na realidade é a mais prejudicada - que exerceu seu livre direito de reclamar foi importantíssima na hora do NÃO.

O trabalho foi retomado, as energias são positivas, por isso, que o período seja de muita e boa produção.

 

03/10/2016 

 

Costumo dizer que “entendo rápido quando me explicam muitas vezes”.

Claro que é uma zombaria que faço comigo mesmo, mas não deixa de haver uma certa dose de verdade nessa zombaria.  Só lamento que uma imensa massa de brasileiros nem assim consiga entender. A análise de hoje recai sobre “o recado das urnas” nestas eleições municipais.

 

Alguns dado chegam a beirar o limite do alarmante, mas parece que nada aconteceu. Isto, tanto faz que olhe para o povo adormecido, para os candidatos eleitos ou rejeitados e até mesmo para aqueles que por força de mandato ainda se sentem confortáveis no poleiro.

 

Nove em 27 capitais, portanto um terço delas, apresentaram resultados que deveriam ligar todas as sirenes, todos os alarmes, todos os sinais vermelhos da classe política: postulantes e executores – a soma dos votos brancos, nulos e abstenções ultrapassam o número de votos daquele candidato considerado eleito. O que se pode depreender dessa mensagem?

 

Primeiro ponto, porém talvez não o mais importante numa sequência: dinheiro não compra mais voto. Pode até comprar “promessas”, mas o povo parece que já deixou de ser besta e aproveita tudo que lhe oferecem em troca do seu sufrágio, contudo já começa a discernir o que é mais vantajoso para si mesmo;

 

Segundo ponto: a reeleição não é mais uma garantia para nenhum político, por mais que tenha a “máquina” a seu favor, o povo já aprendeu a avaliar a atuação de cada um e se não “der no couro” está fora;

 

Terceiro: há no ar um cheiro de fumaça negra resultante da queima de falsas ideologias pregadas por alguns (todos?) partidos, pois o povo está começando a fixar o olhar com mais profundidade na pessoa do/a candidato/a que no partido que ele/a diz representar;

 

Quarto: o povo anda cansado de tanta trafulhice na política, a ponto de não se dar ao trabalho de sair do conforto do seu lar para ir votar em quem não enxerga mais que seu próprio umbigo. Prefere pagar uma multa irrisória;

 

Quinto: As urnas parecem gritar: “Cuidado, estamos de olho em vocês e vamos cobrar promessas e atitudes”;

 

Sexto: não confiamos mais nesse modelo de eleição em que o voto é obrigatório para eleger aquele que irá (a nosso entender) roubar menos, pois parece ser senso comum que todos roubam, embora alguns façam mais que os outros;

 

Sétimo: não estamos satisfeitos com as vossas regalias que são custeadas com os nossos sacrifícios e ainda nos acusam de sermos os responsáveis pela “crise” que o país atravessa, como forma de imporem mais regras de exploração, cada vez mais penosas para nós trabalhadores;

 

Oitavo (e este no seu devido lugar na ordem numérica): CHEGA!

 

O Brasil está sem rumo e soprado por ventos fortes provenientes da tempestade provocada pela ganância e pelo poder. A desobediência civil não é mais suficiente para colocar um fim a tal episódio, só a revolução popular poderá estancar a prática de tantos desmandos. Política é uma ciência que não deve ser misturada com práticas burlescas (Tiriricas e Cia), ou agremiativas tendenciosas (cristãs, protestantes, policialescas, ruralistas etc.) deve ser praticada por quem tem vontade de ver seu povo ser feliz e receber de volta aquilo que paga com seus impostos. Isto não é um apelo à guerra, mas à revolta das consciências podres e adormecidas que ainda teimam e ser servis ao senhor feudal. Precisamos pular da cama, uma vez que já acordamos!

 

Nas próximas eleições a mensagem deverá ainda ser mais clara e efetiva, a menos que alguma atitude seja tomada (duvido que o cachorro queira largar o osso!) para que possa ser ainda melhor assimilada por aqueles que hoje ainda riem da miséria alheia. Chega de alimentar proxenetas nesta relação amorosa entre o povo trabalhador e a pátria que o sustenta. Todo trabalhador deve ter um salário justo que o possa transformar num também justo patrão desses boas-vidas que usufruem de todas as regalias que se atribuem à revelia do desejo da maioria. Político precisa ganhar tanto quanto o trabalhador médio para sentir o gosto que tem a comida paga com o próprio suor e não com o esforço dos outros para seu gáudio.

 

Por fim, mas mais importante que tudo

           #CADEIAPARATEMEROTRAIDORDAPÁTRIA

 

06/10/16

Entre o quepe e a cruz.

 

Moro (resido, cuidado com as confusões) num país onde juiz e promotor querem prender sem provas;

Resido num local onde o STF não protege a Constituição, defenestra-a, viola-a;

Tento passar desapercebido entre os credos e as práticas;

Não entendo que eu dê o que preciso para depois precisar pedir emprestado;

Abomino quem “teme a Deus” mas espezinha os pobres;

Repudio as forças da Ordem que semeiam a desordem entre os ordeiros...

 

A lista poderia continuar por um espaço bem maior e mais significativo. Prefiro deixar maiores aprofundamentos a cada qual. Sintam-se em vosso direito (vilipendiado) de analisar a situação que este cidadão, idêntico a você, se encontra. Tenho vontade de URRAR!

 

É indignação! Estarrecimento! Descrença! Insatisfação! Mas, pior que tudo isso, é um sentimento de frustração, de nãoseiquêmesmo!

 

Incrédulo seria o adjetivo que melhor me qualificaria neste instante. Vi o Brasil sair das cinzas, ir sacudindo a poeira e começar a dar a volta por cima, mas, no meio do caminho estava instalada a ignorância, a alienação, a subjugação, o sentimento de vira-lata que ao longo dos tempos foi inculcado na população deste paraíso, deste novo “El Dourado”. Acreditei, mais, apostei todas minhas fichas no progresso que, aos poucos, estava surgindo para o gáudio de todo um povo que há mais de quinhentos anos vinha sendo subjugado, humilhado, espezinhado. Mas, retirar a cangalha do jumento de uma só vez, fá-lo pensar em ares de superioridade e já se imaginar cavalo ganhador de corridas.

 

O resultado foi que em pouco tempo o jumento perdeu as estribeiras e os antolhos, vislumbrando em sua alienação a possibilidade de mudar de classe social, passando a ser, simplesmente, burro. Para atingir seu sonho de consumo (ser superior) esqueceu seu sofrimento passado, a fome de criar pelo, a desagregação familiar/social em nome da necessidade de imigrar para “Sum Paulo”, convertido em religioso (para não citar nenhuma religião/seita), a quem teria que entregar o que ganhava para alcançar o reino dos céus, antes que a ordem o prenda por ser “baiano” (que me perdoem todos os baianos, mas acredito que sabem ser esse o apelido do nordestino lá no sudeste maravilha) e sem residência fixa.

 

Mas a sorte mudará (FORA DILMA!). Vestiu-se da nação, nas corres mais corrompidas da CBF. (INTERVENÇÃO MILITAR, JÁ!). Julgou estar do lado certo ao apoiar o misógino, fascistoide e neonazista. Se Malafaia, Macedo e outros dizem... ele respeita em nome da cruz. No confronto com menos crédulos, sente o peso da borracha, quando não é pau mesmo! Mas o Capitão mandou votar e deve estar certo, pois ele tem o apoio do coronel que é sócio do usurpador do poder. “Vou me dar de bem”.

 

Enquanto uma enorme maioria do povo brasileiro pensa dessa forma o BRAZIL vai muito bem obrigado.  Para tanto, basta que “os abestados” (TIRIRICA, 2010) continuem a imaginar que o ÉDEN está entre o quepe e a cruz e que manifestar contra as privatizações e o entreguismo é coisa de PTralha. E que venham os 'ricanos, pois eles são mais espertos e civilizados.