Crônica Mensal

CRÔNICA MENSAL AGOSTO 2022

A GOSTO

Esta é a “enésima” vez que sento frente ao computador para escrever algo para aqui publicar, mas o ato continuo é quase que uma declaração de guerra contra os assuntos outros que não seja a política. As notícias que correm, verdadeiras ou falsas, abordam o assunto do ano – a eleição majoritária. Quem ganha? Aquele que certamente não perderá. Quem irá perder? Todos. Principalmente aqueles que “não querem saber de política”.

Ok, decidi. Não falarei de política.   Mas falta agora saber como falar de algo, de EDUCAÇÃO, por exemplo, sem falar de política? Ou falar do custo de vida que está cada dia aumentando mais, sem falar de política? Como discutir motivos e razões que justifiquem a dança dos preços dos combustíveis sem falar de política? Como falar do silêncio ensurdecedor (velho jargão!!!) que estronda à nossa volta sem falar em política? Como não falar de política ao tecer alguma consideração sobre a aberração que se transformou (desde o primeiro instante) a guerra da Ucrânia e dos males que ela provoca ao mundo em geral?

Temporariamente resolvo não gastar saliva e léxico à toa e sem perspectiva de coletar benefícios que ajudo a criar com meus impostos. Tenho consciência que tenho feito o meu trabalho de patrão engajado, que cumpro o meu papel na cobrança de bons resultados que os serviçais que nos prestam serviço, muito bem pago por sinal, não fazem de sem vergonha que são e que ainda têm a desfaçatez de nos roubar a olhos vistos. Está aberta a temporada de caça aos postos de ladrões autorizados (ou que se autorizam) ao exercício de toda a sorte de crime. Não se peleja por um lugar na cúpula da sociedade que deveria ser benfazeja, mas que, infelizmente, só pensa em enricar rápida e grandemente deixando que seus irmãos de sorte ao nascer pouco subam na escala social, não por merecimento, mas impedidos pela pressão do tacão da bota de quem conseguiu, não se sabe como, galgar os degraus dessa tal escala social. Quero, contudo, reconhecer o mérito que muitos demonstram para chegarem até lá. Há, no entanto, no caminho desses últimos um muro de pedras que a maioria não consegue suplantar e acabam sucumbindo às pressões que sobre eles incidem, seja entregando-se ao complô do mal, seja abandonando o que estavam tentando fazer pelo melhor.

Na minha prosa anterior, falava de dilemas. Na atualidade este é o maior dos que vou enfrentando, não tenho liberdade de escolha dos assuntos que desejo abordar, visto que, por qual seja o caminho que enverede vou ser interceptado pela tal da política destrutiva que se implantou no país. Sendo assim resolvo ir enrolando até outubro, para que então tenhamos assuntos em abundância para darmos vazão à nossa verve.

Um abraço bem a gosto de cada um!    

 

CRÔNICA MENSAL JULHO 2022

Há muito que a "mensalidade" se perdeu, mas tentemos retomar, aos poucos, a regularidade.

     DILEMAS

Tenho a certeza que, como eu, você tem dias em que precisa resolver todos os dilemas do mundo que parecem cair-lhe sobre os ombros. Tarefa nada fácil!

E a dificuldade já começa em saber o que é e o que não é dilema. Logicamente (espero que assim aceitem), não estou chamando de ignorante a seu ninguém, mas... você sabe o que é um dilema? É que há pessoas neste mundo que por tudo e por nada e onde nem cabe, criam “um dilema”. Como também é lógico, cada um pode ter a sua concepção do que seja esse tal de dilema, fato que nem sempre se torna um facilitador das vidas atribuladas que vamos vivenciando por estes tempos; pelo contrário, na maioria das vezes transforma-se em complicador de situações. Entretanto, precisamos ter noção de que deles dependem muitas das situações de sucesso ou de insucesso de nossas vidas.

Sob o ponto de vista filosófico, o dicionário HOUAISS3, de Língua Portuguesa, um dilema é um “raciocínio que parte de premissas contraditórias e mutuamente excludentes, mas que paradoxalmente terminam por fundamentar uma mesma conclusão [Em um dilema, ocorre a necessidade de uma escolha entre alternativas opostas A e B, que resultará em uma conclusão ou consequência C, que deriva, necessariamente, tanto de A quanto de B].

Derivação: ou, simplesmente, por extensão de sentido, na mesma fonte: “necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias”.

Bem, agora cada um de nós vai enfrentar o seu dilema de escolher a opção que melhor atende para a solução do seu problema. Não podemos esquecer que cada resposta dada a um dilema implica num tipo de responsabilidade, uma mais leve, mas por oposição, outra bem mais pesada. Este é, afinal, o dilema da nossa vida. Tentarei explicar.

”O dinheiro não compra tudo, nem a felicidade. A pobreza não significa, obrigatoriamente, a maior infelicidade”. O homem – dizem - é um ser adaptável e aqui nos aparece a alternativa “C”, que, tal como no conceito de dialética, que neste caso será a síntese individual que cada um fará ao fim da reflexão e representará a nossa forma de agir perante a realidade que conseguimos enxergar.

Ninguém consegue fugir dos seus dilemas. Quando, em nossas vidas tudo corre bem, gozamos de um certo sentimento de bem estar, porém, se esse estágio se prolonga por um período assaz grande com tudo na mais perfeita harmonia, somos levados a criar um dilema que nos explique tal situação: um questionamento, básico, é suficiente para nos colocar em alerta – “será que vai durar para sempre”? Se de repente acontece uma reviravolta na situação, voltamos ao dilema propriamente dito.

O fato de sermos seres de saber nos abriga, mais ou menos profundamente, a questionar tudo na vida, a grande diferença está nas referências que cada um utiliza para fazer suas análises. Há aqueles que conseguem desmontar um quebra-cabeças, por mais complicado que seja, rearruma-lo de forma mais ajustada e terá, pelo menos momentaneamente, resolvido o seu dilema. Outros há que, infelizmente, por falta de conhecimento, são levados a entregar a outros a solução de seus dilemas e aí ocorre, em altíssima velocidade, o perigo: a primeira alternativa é recorrer a Deus para que lhe resolva seus problemas. Embora digam que a fé remove montanhas, não tenho notícias que alguma montanha tenha mudado de lugar, malgrado os inúmeros fiéis. Misturados a esses, cheios de boa-fé, encontram-se os crentes que buscam cooptar o maior número de “irmãos” aptos a adquirir as quinquilharias que os pastores encontram para zombar da “fé” alheia ao  mesmo tempo que enchem malas e caixas de dinheiro com o qual, “crentemente”, os ditos “irmãos” lhes entregam a troco um pouco de uma falsa esperança de dias melhores. “Quem tem R$ 1.000,00 para comprar esta vassoura ungida que vai varrer os caminhos que vos levará ao reino dos céus”?

O dilema está posto: o indivíduo deixa de comer, de pagar as contas, de cuidar da família, na esperança do milagre. Vem o fanatismo e o crente compra um pedaço de terreno no paraíso, mesmo que para isso tenha que vender tudo que tem, doar as moedas que arrecadou durante a sua labuta sacrificada... vira um pobre, que aumenta seu dilema. Amanhã será dia de pagar o dízimo, mas não terá com que fazê-lo – será humilhado, maltratado e jogado para fora da “sua igreja” onde só voltará a entrar quando poder contribuir para resolver os dilemas do pastor.

Pastor, na minha língua é essencialmente, um guardador de gado. No cotidiano, se por ventura chamamos de gado aos “irmãos” ficam ofendidos e usam a única linguagem que conhecem, a violência, para negarem a condição em que voluntariamente mergulharam para enfiar a cabeça no buraco da guilhotina. Curiosamente já assim acontecia nos tempos da Santa Inquisição.

Com o avançar dos tempos e o desenvolvimento de novas tecnologias perdemos o poder de criatividade social e a história se repete primeiro como farsa e logo em seguida como tragédia Numa análise de Hegel/Marx). Os dilemas de quem pretenda viver uma vida tranquila, sem maiores problemas, só fazem aumentar sem que tenhamos, sequer, leves indicações de como resolver tal situação. Bate o desespero que se transforma num complicador situacional, levando muitos a atos desesperados e de consequências sempre perigosas ou fatais.

O "ser humano" perdeu, por agora, um de seus dois atributos: uns, perderam "o ser", outros "o humano". É o começo da derrocada da humanidade. Se não descobrirmos, rapidamente, um antídoto para este veneno, em breve seremos por ele dizimados. O pior de tudo é que há indícios de que alguns “predestinados” acreditam que isso jamais os atingirá. Querem para si todos os bens da terra, deixando aos demais a fome, a peste, e a guerra.

Há que lutar pela chegada rápida do dia da consciência geral. Se há neste mundo inteligências para fazerem o mal, certamente as haverá para fazerem o bem e aí caímos no dilema maior: quando teremos um equilíbrio dessas forças?

 

CRÔNICA MENSAL FEVEREIRO 2022

A IMPRENSA E SEU PAPEL

 

Andava até hoje em busca de uma opinião de direita que metesse o dedo, para valer, na própria ferida. Conheço muitas agências de imprensa, que se atrevem a "ansi soi dit", muito mais direcionadas à defesa de um determinado e bem articulado regime político que a nos repassar as notícias tais quais, deixando a cada um seu livre arbítrio de interpretá-la a seu modo, para reagir como julgar ser o melhor. Ou seja, procurava uma mídia autônoma, capaz de nos transmitir o fato sem tendenciosidade, sem imposição de um ou outro ponto de vista que leve à condução do pensar de cada cidadão que com ela tem contato. Tentando aproximar os dois fatos diria que é o mesmo que levar a água ao moinho de quem eu quero e deixar os demais na seca mais destruidora dos tempos vividos. Não encontrei uma única que atendesse esse simples quesito.

No período atual, aqui no Brasil, vivemos a “canseira” do tempo pré-eleitoral, no qual a politicagem sobe à superfície do debate para tentar mostrar os seus planos e de atender com um biscoito aos seus acólitos. Participei por mais de dois anos de um sistema muito parecido, ao qual denominamos “guerra psicológica”. Duas vezes ao dia, decolava um avião equipado com sistema de som de alto poder e municiado de material escrito. Determinado o alvo, lá iam piloto e dois ajudantes “panfletar uma determinada zona e usar o som para convencer os inimigos a se entregarem e abandonarem a luta armada”. Quantas vezes o que se oferecia não era totalmente a verdade, mas não havia represálias, contudo. Seria interessante que os meus leitores buscassem na internet por “guerra psicológica dos portugueses em África”, desde já aponto: Guerra Colonial Portuguesa – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org).

Não, quero voltar a narrativa nesse ângulo, uso-a apenas para comparar a guerra de desinformação que a imprensa brasileira usa para creditar ou debitar a conta deste ou daquele partido, deste ou daquele candidato. Na busca por informações sobre o desenrolar sobre a pré-campanha “que já é uma campanha em si mesma, pelo menos pela parte de alguns candidatos que buscam angariar vantagem para a hora certa de fazer campanha eleitoral, deparei-me com esta “Bomba” largada pelo Estadão: O mal que Lula faz ao Estado - Opinião - Estadão.

É fácil encontrar o texto, basta seguir o link, e ler, com a mente livre de qualquer conceito concebido anteriormente com base nesse sistema acima indicado da “guerra psicológica”, basta que o leitor coloque lado a lado os resultados obtidos no país no governo do PT e estes de um pretenso presidente que não passa de um pau mandado e perceber, ao simples olhado, quem realmente faz mal ao Estado. Faço um recorte que mostra bem a intensão de um veículo totalmente tendencioso.

Vejamos onde está a questão psicológica da notícia, através de alguns recortes:

No discurso lulopetista, a direita é incapaz de aceitar o Estado como motor do desenvolvimento e da transformação social, razão pela qual tudo faz para reduzi-lo ao mínimo necessário apenas para garantir a manutenção dos privilégios da elite “neoliberal”; já a esquerda, ao contrário, por se julgar especialmente dotada de sensibilidade social, estaria continuamente batalhando para fortalecer o Estado. Segundo essa lógica, um governo lulopetista seria a oportunidade histórica para o fortalecimento do Estado e de sua máquina pública, de modo a favorecer os pobres e oprimidos”.

Comecemos a analise do destaque: A fusão do nome do candidato (Lula) com o do partido (PT) já implica, por si só, uma tentativa de desmerecer e denegrir a ambos. Em seguida, quando afirma que os seus perseguidos, pois é assim que ele se coloca na sua opinião que ninguém pediu, não consideram a direita capaz de desenvolver o Estado para uma transformação social, o nosso articulista de araque, não fornece ao povo motivos e razões que o façam ter tal pensamento. Nesse caso, se está tão seguro do mal que o Lula faz ao Estado, que nos traga as provas, em vez de ficar vomitando besteiras mais fedorentas que o Rio Tietê, e visto que nós temos capacidade de compreender (uns mais, outros menos) quem realmente está fazem o mal ao País, não é ao Estado. Não perder tempo rebatendo um infeliz que, para garantir o pão nosso de cada dia se sujeita a rastejar na lama infestada da mentira defecada pelos seus algozes. Crie coragem homem (mas parece-me que antes precisa pensar em ser homem daqueles que dizem e fazem, visto que quem se submete às ordens de terceiros, passando por cima da sua própria vontade, não passa de um sabujo e grande lambedor de botas a troco de uma moeda. São criaturas que já faz tempo que perderam a vergonha de andar rastejando que já fazem tais serviços com a maior cara de pau, em plena luz do dia e sem temerem ser reconhecidos.

Diz o limpador da sujeira dos outros:

Lula e o PT falam muito do Estado e do que seria seu papel na sociedade, mas o fato é que nunca melhoraram o seu funcionamento. Ao contrário: os governos petistas ampliaram gastos, criaram cargos públicos, fizeram com que o Estado se envolvesse em novas áreas, multiplicaram as interferências do aparato estatal na vida econômica e social, mas em nenhum momento fortaleceram, de fato, o Estado.

Bem, é incrédulo escutar isso da boca de alguém que certamente muito deve ter passeado os livros na esperança que o governo liberal o promovesse à classe seguinte sem nunca ter aprendido sequer a ler, caso contrário não faria tal afirmação: “Lula e o PT falam muito do Estado e do que seria seu papel na sociedade, mas o fato é que nunca melhoraram o seu funcionamento”.

O que devo imaginar que tal pessoa tenha no lugar do cérebro? Nem vou fazer suposições, todo mundo já acertou. A criatura não tem sequer vagas lembranças do qual foi o partido que entre outras coisa, elevou a nossa economia ao 6º lugar do mundo; nem lhe passa pela sola dos pés que pisam no cocô do cachorro do vizinho que ele é obrigado a conduzir na trela, como ele é conduzido, que foi esse Lulopartidarismo que certamente o tirou do mapa da fome, lugar que não merecia com a subvenção dos outros e diante de sua incapacidade de reflexão; Que foi esse o único partido que nos colocou entre os principais países do mundo produtores de petróleo; que colocou para trabalhar o povo brasileiro que passou a ter direito a comer decentemente, a viajar de avião, a regressar ao seu torrão natal e deixar de ser escravo na terra do direitistas; que desenvolveu nossa indústria aeronaval, que deu casa, saúde e educação a todo mundo sob uma vigilância que protegia e não matava a soldo. Finalmente, tenho que anunciar que no país quem é apontado como ladrão deixou reservas para o governo seguinte do valor de algo parecido com 360 bilhões que em metade do desgoverno seguinte já haviam sido dilapidados e enviados às offshores nos paraísos fiscais.

Tenho vergonha, sim, de desconsiderarem o merecimento deque foi alvo aquele que poderá, deverá e será o nosso novo presidente. A vossa tática da luta psicológica contra um povo que já aprendeu qual é vossa prática de rapinagem não servirá que a vos enterrar junto dos falsos messias (assim mesmo com minúsculas), restando-vos ainda os fanáticos fascistas e nazistas que acompanham um “valentão” que se borrou todo ao ser assaltado e perdido a moto e a arma que transportava. Finalmente, a imagem mais caricata foi aquela de um Zé Valente que ameaça matar todo mundo com uma arminha que sequer sabe destravar, Um Zé Bravateiro. A sua hora chegará e o que lhe espera não é muito agradável. Nunca por lá passei, mas imagino que não deva ser muito confortável passar uns bons anos atrás das grades de uma cela que, espero, seja a solitária, para que ele tenha tempo de refletir nas besteiras que fez. Pode aproveitar para esperar companhia daqueles que com ele participaram do desmonte do paraíso ao sul do equador.

Aos meus leitores peço que leiam o “textículo” que o Estadão vomitou. Tirem vossas opiniões, não lhes deixem fazer a vossa cabeça.

Quanto à imprensa... cuidem de informar, não precisamos das vossas opiniões extremamente tendenciosas.   

 

CRÔNICA MENSAL JANEIRO 2022

QUEM QUER FICAR RICO NESTE COMEÇO DE ANO?

Fiquemos atentos!

Não sei quantos de vocês já atentaram para a mais nova técnica de lavar o que é sujo. J. M. Bolsonaro surge nas páginas da net - no meu caso vejo na GLOBO, neste link: Dagens Nyheter (freshgiftstoday.com) dando uma de garoto propaganda de uma empresa que compra e vende moedas (uma pirâmide?).

Vamos às pressuposições:

1 – O negócio é real. Se assim for, acredito que só dê para lavar um tanque de roupa suja e logo estará falida, depois de cumprir seu papel de lavar a roupa dos ‘Naros’;

2 – O negócio é mentira a família ‘Naros’ teve o seu papel moeda lavadinho e enxutinho e não haverá mais tanto por onde lhe pegar quando perder as eleições, pois a grana que poderá apresentar foi “lucro” de operações financeiras legais, até que se prove o contrário;

3 – Esta tática tenta atrair para si os olhares dos pobres, famintos, desempregados que colocarão nessa pirâmide algum dinheiro que possam arrumar, a Ex. do Presidente que quer ajudar mais uma cambada de estelionatários a se darem bem no país das bananas podres;

4 – Além de uma “boa campanha política” (na mente dos mais desavisados), pois ligeiro se sai a condição de miserável, para a de rico milionário – e com isso as Renas comandarão a carroça e o Papai Noel é que ganhará os chifres e puxará o conjunto!

5 – Provando-se que se trata de um golpe, quem irá responsabilizar a anta que um dia quis virar Rena?! Isso não é crime aos olhos da justiça brasileira?

6 – Pistas de que se trata de um golpe não faltam, vejamos apenas alguns:

7 - A qualidade da página ´r igual àquela que acabou de ser apanhada no lixão e jogada no meio do diário, depois de ser alisada com a bunda;

8 - O texto, para ser horroroso ainda tem que piorar muito;

9 - A publicidade mais pesada é feita pelo “inimigo maior” a Rede Globo;

10 - Não uma única referência a endereço, nome, ou entidade financeira responsável pelos depósitos dos que caírem no engodo.

11 – Será que garoto propaganda queria mais mel? Está com cara de teme ir para a cadeia ao final deste ano, mesmo apresentando um “extrato bancário” com números tão redondinhos?

Bem não me parece carecer de mais exemplos que provam que há 99% de que se trata de um golpe (DUPLO, neste caso: da empresa e do ‘Naro’), mas apenas para arrematar, deixo-lhes este print do finalzinho da página, lá já ninguém pensa encontrar mais nada:

 

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Bem, amigos e amigas minhas e meus, por hoje é só. Mas se alguém me provar o contrário, por favor avisa que todos nós estamos carentes de uma grana extra.

 

CRÔNICA MENSAL DEZEMBRO 2021

QUAL SERÁ NOSSO AMANHÃ DEPOIS DO DIA DE HOJE?

Hoje, 25 dezembro de 2021, tenho a minha mente em paz. Como sempre, tenho a minha mente em paz. Existem mil e mais não sei quantos motivo que esta situação se evidencie, só sei que não são poucos. Quem realmente me conhece já sabes de alguns, mas assim mesmo, vou aqui enumerar um rol bastante extenso:

Este meu apego a situações que remetem à religião, quando sabem que eu sou agnóstico.

A – Sou agnóstico, contudo, não desrespeito a menor das religiões que possam aparecer.

1 – Não me fiz e ao nascer, alguém que sabia mais que eu, me batizou na igreja católica (como fazem com todos ou quase todos os batizandos) sem me pedirem uma opinião ou se essa era a minha vontade, como fazem, por exemplo, no casamento.

2 – Se você perguntar, na rua, a qualquer transeunte, qual é o dia de Natal, todos responderão: 25/12.

3 - Alguém mente, pois o dia 25/12 não tem 48 horas, tal como nos parecem querer mostrar nesta época. Embora a época natalina se estenda por alguns dias (só depende da gula do capitalista que é, em resumo, quem encolhe ou estende o período). Lamentável, contudo, que a maioria dos “obreiros e pastores” a mando de “Bispos” dessas muitas “religiões” exploradoras que por aí temos, batem o pé, torcem a venta para se mostrarem mais sapientes que os restantes habitantes do planeta azul e afirmam que o Natal é no dia 24/12.

4 – No livro sagrado, para os católicos, o nascimento de Jesus acontece de José e Maria que andavam pelo Egito quando a “boa notícia” foi anunciada; o nascimento é anunciado em Belém; e o menino é chamado de Jesus de Nazaré... Daria para por a casa em ordem?

5 – Os Reis Magos andavam todos por perto do acontecimento, uma vez que o menino ainda estava na manjedoura e já lá estava sendo presenteado com algumas das riquezas da época: Incenso, Mira e Ouro, levados pelos Três Reis Magos. Nasceu o menino, capitalista, em berço de palha para disfarçar sua origem ou tendência.

6 – Não quero discutir, nem levantar polêmica sobre assuntos que não vivenciei e nem tenho (pobre ignorante que sou!) provas científicas da vida de quem se estabeleceu ser o motivo de tantos ódios.

7 – Mas falava eu do dia/horário de seu nascimento. O que está registrado é que no primeiro minuto de 25 de dezembro nascia “Aquele que seria a salvação do mundo”. O primeiro minuto de 25 não será jamais 24, a menos que conveniências assim o desejem, pois, a ganância que se vem estendendo, ganha assim mais 24 horas para encher os alforges.

Na vida corriqueira, o homem que deveria respeitar o “Nascimento”, antecipa-o para distribuir o resultado dos gastos que muitas vezes são feitas no Cartão de Crédito e findas de pagar no próximo dezembro (12 meses) e vamos a despachar pois o forró está começando a levantar poeira lá para as bandas da pracinha de chão de terra batida.

A mim, o tal nascimento remete-me à união em volta da família, mas nada disso vejo, ao contrário, o paganismo impera com todas as portas escancaradas e se o “presente”, hábito que de deve ter sido criado pelos Reis Magos, não atender aos desejos do/a menininho/a acontece um desastre na terra dos fofoqueiros de porta de igreja.

 

A família (ainda existe esse conceito?) não passa de um local onde posso rapidamente me repor de uma farra para partir para a próxima. Enquanto isso, aquele que dizem ter nascido para salvar os homens dos males do mundo, continua a sofrer, algures, lá onde chamam Monte das Oliveiras.

8 – Só mais um detalhe que não desejo alongar demais, pois do jeito que eu consegui encontrar, as feras dos bites e “bitaiques” saberão encontrar com bem mais facilidade que eu. Dir-vos-ei que numa rápida busca na Net já encontrei mais de 25 “deuses”, todos nascidos em 25 de dezembro, de milhões de anos diferentes. Os nascimentos têm semelhanças que me fazem admitir que quem contou uma Estória inventou todas as outras, desconheço com as mesmas finalidades e onde isso se processa.

9 – Será que qualquer dia, diante da penúria financeira para os comerciantes, a tal da IA não vai criar - através de uma impressora tridimensional – um Jesus que comandará as hostes de crentes rumo ao abatedouro?

Finalmente, desgostoso por não poder acreditar em mais nada que venha da capacidade criadora do homem, continuo a viver o meu mundo solitário, imerso na multidão propositalmente anulada. Tais nulidades existem porque lhes ordenam que existam e elas executem o que lhes ordenam que façam, nada mais.

Que de marionete estou cercado! Marionetes que podem e até ter algum resquício de cérebro... mas pensar é algo demoníaco demais para elas.

 

 

CRÔNICA MENSAL, NOVEMBRO 2021

SOLIDÃO, DEPRESSÃO.

 

Enquanto ser dito social precisamos compreender as relações ditas sociais no transcurso de nossas vidas sociais que, de alguma forma, regem nossos comportamentos, ações e reações aos fatos novos que se nos vão apresentando ao longo de nossa existência.

A sociedade ocidental construiu uma série de regras que regem a nossa vida socialmente e que, ao longo dos milênios, foram se transformando em práticas que chegam a determinar patologias clínicas graves que podem induzir a atos de caráter severo, como o é, por exemplo, o suicídio.

O povo ocidental parece só saber pensar em grupo. Não que isso seja ruim, mas deixa a porta aberta para aquilo a que chamam de fracasso pessoal, caso a sujeito não consiga atingir o estágio do pensar sozinho. Qualquer ato desabonador praticado por esse alguém que não pensa em grupo, recebe a percha de “ato solitário”. É a famigerada solidão, sensação ou situação de quem vive afastado do mundo ou isolado em meio a um grupo social, quem recebe um percentual bastante alto de motivação para o cometimento de tais atos.

Cito o povo ocidental como exemplo para falar de solidão e hipocrisia, por conhecer minimamente a forma de vida dos povos orientais, mais propensos ao isolamento, a uma vida de retiro intelectual, de estudo das razões da vida individual. Para estes povos orientais é muito mais fácil resistir ao chamado isolamento social que para nós, ocidentais, que demonstramos frequentemente que não conseguimos sobreviver sem termos à mão a famosa fofoca, com quem fofocar e sobre o que fofocar. Quando esta terceira situação não está presente, inventamo-la, um método de colocar em prática a hipocrisia. Isto é, o outro só me é útil enquanto puder ser ponto de desague ou de coleta de fofocas. Mas não só.

 A hipocrisia vai muito além da fofoca e atinge os interesses pessoais. Enquanto a pessoa tiver algo que me possa ser útil é considerada como amiga, uma vez terminado o meu interesse vou sistematicamente colocando-a no cantinho do esquecimento, até que eu volte a ter necessidade de algum préstimo, do/a isolado/a. Aí, em caso de reincidência da utilidade da pessoa, volta o velho: “Oi, amigo/a, andavas tão afastado”! Quer um exemplo? Veja: coloque-se no lugar de um mecânico de automóveis, por exemplo, e imagine uma pessoa que tem um carro com oito ou dez anos de uso. Cada vez que ocorria uma pequena ou grande avaria, a pessoa corria para si e lhe pedia, quase de joelhos: “Vem tirar-me do ‘prego’”. Mesmo sabendo que outras pessoas têm igualmente necessidade de seus veículos, ou até mais, quiçá, a criatura vai insistir para que você abandone os outros serviços para ir socorrê-la, por menor que seja o problema. Mas até aí ainda se compreende, minimamente, que a urgência obrigue à insistência. Depois do serviço feito, você pede o valor que julga compatível com o serviço e, principalmente, com a urgência. Não faltam os velhos pedidos de abatimento em nome da velha amizade. Onde se encontrar você, na rua, no mercado, na igreja ou no cemitério terá sempre uma palavra para lhe dirigir. Falsa, mas presente.

Certo dia, num golpe de sorte consegue comprar um carro zero, durante uns meses, ainda vai lhe conhecendo, de longe, “oi, seu Joaquim, já viu a minha máquina nova”? O tempo vai passando e antes de um ano se terminar ele já não lhe conhece. Vira o tal hipócrita que se lhe conhece e fala com você enquanto você tem algo que ele pode precisar.

Experimente, por exemplo, ser ou conhecer um professor universitário. Enquanto o/a aluno/a sentir que pode precisar de uma “ajudinha” sua, você será o melhor professor de mundo, Mas não se aposente, pois será imediatamente esquecido, inclusive pelos seus próprios companheiros que lhe pediam opinião, apoio, voto etc. Ninguém mais se lembra de você.

Você só tem valor enquanto puder servir os outros. Quando for você a precisar de algo, por mais que seja de uma simples palavra amiga, todos sofrem de amnésia e lhe desconhecem. Tenho minhas razões para fazer estas afirmações, pois sofro desse tipo de problema. Fui afastado da Universidade após ter perdido a função dos meus dois rins. Tive uma palavra amiga de dois ou três ex alunos. Há quatro anos em hemodiálise conto os professores/as que me encontram ocasionalmente na rua e se preocupam em saber como estou, antes, até pelas redes sociais não paravam de dar opiniões, trocar ideias, puxar as orelhas... para eles, hoje, devo fazer parte dos desencarnados.

Esta situação vai, aos poucos, corroendo nossa resistência e nós começamos, pouco a pouco perdendo o interesse por pequenas coisas, depois por coisas maiores, até chegarmos ao ponto de querermos viver dormindo. O mundo começa a perder seu colorido natural e até aquelas corres que nós amávamos em certas coisas começam a perder o interesse. Não pensamos, ainda, em coisas ruins, mas a depressão começa a ganhar corpo dentro de si. A depressão mata! Não só por indução ao suicídio, como, também, por contribuir para o relaxamento pessoal que pode levá-lo a uma degenerativa falência de diversos órgãos.

Eis a minha atual situação. Até há uns dias atrás ainda me divertia com a internet. Ainda tinha dentro de mim o vício de discutir a minha profissão, ou a opinião de outros pensadores me causava motivação para contestar ou apoiar certas atitudes/propostas. Traduzia essa necessidade através de textos escritos e postados aqui o nas redes sociais – o local onde você tem mais “amigos” e onde vive mais solitariamente por trás de um computador – e ficava ansioso por ver a repercussão que o meu pensar podia provocar. Hoje, nem mais isso. Aos poucos tenho me afastado de tudo. As coisas que antes tinham algum valor, perderam definitivamente o valor. O sono tem me dominado. Acordo para as refeições, para ir fazer meu tratamento e logo volto ao leito. Aqui e acolá ainda me aparece um lampejo de vontade de por em prática um ou outro projeto, diferente, capaz de me retirar desta masmorra. Mas é fogo de pouca dura. A paciência começa a faltar e enquanto penso uma segunda vez na possibilidade vou dormir.

Acordo no isolamento. Nem o telefone toca e se tocar eu não vou mais escutar, pois nos últimos meses tenho tido uma perda acentuada de audição, chegando quase a zero, motivo que me leva a um isolamento maior por não escutar, simplesmente, o que as outras pessoas me dizem.

A deprê começa a acentuar-se. Resta, ainda um pouco de visão que permite um pouco de leitura, mas fica a pergunta: o que farei com o resultado desta leitura, principalmente se não tenho com quem discuti-la?

Tempo que passa, vida que segue... até aonde?

  

 

CRÔNICA MENSAL AGOSTO 2021

Repensar termos históricos e a sua influência na atualidade.

Desde a mais tenra idade que as crianças são ensinadas – entenda-se submetidas à inculcação – que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. Todos nós passamos por esse engodo, esse engano, essa burla que apenas traz benefícios a quem tem os maiores interesses na manutenção desse pensar tacanho.

Como eu cheguei a essa conclusão? Antes de mais, uma mente reflexiva nunca está ociosa, sempre encontra alguma coisa para desconstruir e tentar reconstruir de forma diferenciada. Foi o meu caso, por dois motivos: o primeiro, por imposição, dada a situação sanitária que se espalhou pelo mundo e nos obrigou a ficar em casa. Contraditoriamente, esta permanência na “Lar, doce Lar” tem mostrado efeitos nefastos no sistema nervoso central de muita gente. Para não chegar a esse extremo, penso, pode ser sobre a pior das besteiras, mas penso e busco, na maneira do possível (felizmente tenho uma pequena boa biblioteca, além é lógico das TIC’s que ajudam bastante a encontrar informações necessárias à elaboração de cada pensar diferente.

Sim, mas eu falava da descoberta do Brasil e de meu desacordo com a sentença. Parto do princípio que pode haver descoberta de algo que nunca esteve coberto. Em seguida, o porquê Brasil e não outro nome qualquer. Por fim, o quanto estas determinações podem ter influenciado e continuam a influenciar no desenrolar dos acontecimentos passados e atuais. Nestes termos prefiro falar no encontro de novos povos numa terra desconhecida, ao termo descoberta que prefiro deixar para os arqueólogos que reviram a terra em busca de descobrir indícios de outras civilizações.

Quando falo em encontro de outros povos e novas terras, penso imediatamente em diversas possibilidades que se podem apresentar: “como eles são: iguais ou diferentes de mim”? Se eles têm uma terra na qual vivem, a terra é deles. Então, por que devo tentar me apoderar do que não é meu? Isso é crime de roubo que pode ser – e foi – perpetrado à mão armada. Chacina, extermínio sumário, exploração escravista sobre os mais dóceis que habitam esta terra de que me apossei, sem mesmo fazer questão de aplicar o velho usucapião e à qual, para meu maior conforto e motivos desconhecidos passei a chamar de Brasil.

O velho mundo estendia seus tentáculos planeta afora em busca de novidades que lhe pudesse fornecer alguma vantagem sobre os outros velhos países (constituintes, não à toa, daquele a que chamamos velho continente), pois já não tinham capacidade de atender as demandas de ocasião de suas populações. O poder de produção era irrisório e só a busca de novas fontes de fornecimento de novos elementos poderiam salvar a situação. Temos, em nossa história, exemplos os mais variados de tentativas de expansão dos territórios, pelos mais diversos fins: a Inglaterra, precisou expandir-se para dar vazão à produção que adveio da Revolução Industrial; a França não resistiu à soberba de Napoleão que se quis tornar o Senhor de toda a Europa; a Alemanha que desejou, através de Hitler, transformar a humanidade numa única raça ariana; Portugal, pequenino, que buscou além mar um lugar de onde pudesse recolher elementos novos para alimentar seu povo. Estes são exemplos, não os únicos, mas que mostram a necessidade de expansão e dominação de outros lugares.

Falei a palavra chave para resolver os crimes que em nome dessa necessidade foram cometidos: dominação. Ou seja, fora do velho mundo, todos os outros seres existentes e encontrados deixaram de ser livres e passaram a ter um dono, um senhor escravagista que os explorava até ficarem reduzidos à pele e aos ossos. A ganância predominava. A rapinagem corria solta, uma supremacia foi imposta e tudo que de novo se procurasse implantar nesses novos mundos tinha que ser submisso e chancelado pelo modelo europeu de viver e fazer. E assim foram criados velhos e arraigados costumes que ainda hoje persistem e se reforçam em razão de atender aos magnatas que foram ficando e enricando tornando-se mandatários mores dos desígnios da terra “brasilis”.

Aos 7 de setembro de 1822 este velho (já tinha mais de 300 anos) resolveu juntar as últimas gotas de sangue e num esforço quase descomunal declara-se independente, cortando os tubos através dos quais escorria a sua riqueza que partia no rumo de terras desconhecidas para os nativos, verdadeiros donos de tanto valor. Cortaram-se os tubos, não as relações que continuaram a permitir a exploração disfarçada de troca de saberes e conhecimentos. Mas a natureza tem suas razões: quando os lobos, saciados, se retiraram, de imediato chegaram as raposas ardilosas e sempre alertas ao menor sinal de possibilidade de buscarem dissecar os restos abandonados pelos lobos. Mas o maior predador estava espreitando, lá do alto: a águia, ave de rapina por natureza, picou seu voo e com um enérgico bater de asas foi tomando posse de tudo que seu olhar aguçado alcançava e para o qual não encontrava resistência.

A pior situação restou para os povos nativos, vítimas constantes de vilipêndio: primeiro, pelos “descobridores e seus parceiros credores”, depois, pelos  demais predadores que foram chegando, mas mesmo assim, aparentemente satisfeitos com a situação que lhes era oferecida, nunca se preocuparam em serem eles mesmos, sempre se submeteram ao jugo e ao chicote de quem, “em nome da amizade e da necessidade de realizar a vontade de Deus” sempre os protegeu das calamitosa guerras, revoluções e distúrbios outros capazes de fazer desta nação um território independente e com vontade própria. Disso se aproveitam os mais sagazes e atrevidos que, abusando da sua “esperteza” e da burrice permanente e imposta do povo para colocarem a saque toda a produção nacional. Vão além, comemoram (não sei o quê) todo ano o Dia da independência. Poucos são os que se questionam que tipo de independência é essa que nos manieta e controla em nome de uma meia dúzia de Senhores (quais Senhores de Engenho) e no concede licença para apenas dizermos sim, com risco de exílio ou morte em caso de dizermos não, de levante, de revolta, de manifestação de obter os direitos que nos são devidos.

Aproxima-se mais um 7 de setembro, este vem sombrio, sob o jugo de um genocida que troca a comida da população por armas. Louco, pretende armar todos os falangistas apoiadores e miseráveis do ponto de vista da intelectualidade, para promover um morticínio demonstrador da força que detém para se manter no poder junto com a sua prole de jagunços milicianos e maiores dilapidadores do erário público a seu belo prazer.

Não queria estar errado, mas no fundo do meu coração sinto que estou certo: uma nova história desta terra que um dia foi chamada de Brasil está para ser começada a escrever, falta conhecer o custo desse ato. Faltam oito dias para sabermos se este meu prognóstico está certo ou se continuaremos de quatro diante das aves de rapina que sobrevoam o céu azul anil.  

 

CRÔNICA MENSAL JULHO 2021

Entre gatos e camundongos

No reino animal, uma das espécies que estavam com a vida a perigo eram os gatos, pois os ratos, temporariamente, estavam fora da cena, imaginando-se que seria espécie em vias de extinção, mas que nada!

Com a promessa da desratização foi criada uma bandeira de luta que levou a lugares não merecidos outros tipos de animais, a tal ponto que a negociação com a China da carne de jumento foi suspensa. Motivos para isso não faltam: em primeiro lugar “o jumento é nosso irmão”; segundo, essa irmandade está se consolidando, pois muitos deles estão aderindo às mais diversas “Igreja$” e até mesmo se tornando membros do atual desgoverno que dirige a desgraceira que se está abatendo sobre o Brasil e poderá querer que substituamos os jegues que iam ser vendidos para a China.

Mas eu falava dos ratos. A promessa falhou, por mais que momentaneamente se falasse muito no fim da peste que levou o país ao caos. A prova que a promessa falhou é a realidade que começa a sair das tocas: enormes camundongos, roedores da pior espécie que se disfarçam sobre “uma pelagem macia, cinzento-amarelada, mais clara nas partes inferiores, orelhas grandes e arredondadas, e cauda nua e longa; calunga, calungo, catita, catito, morganho, murganho, rato-calunga, rato-catita (Cf. Dicionário Houaiss). O cidadão de bom caráter e comportamento não terá muita dificuldade para batizar cada um que for encontrando no seu caminhar. Um grande detalhe sobre esses roedores pousa sobre as especializações que fizeram num curto tempo de “aprendizagem”: aprenderam métodos de roer aço com que eram construídas plataformas da Petrobrás; aprenderam a destroçar os cabos elétricos que estavam a alguns bons metros do solo e pelos quais passava a energia elétrica da Eletrobrás; bancos foram completamente aniquilados, outros estão sob grande ameaça; cortaram as asas dos Correios Aéreos e as rodas dos terrestres, por fim esticam seus longos bigodes sobre os aquíferos do país.

Os gatos, animaizinhos que nos prometiam livrar-nos das ratazanas estão ficando sem coragem de enfrentar a brutalidade e o tamanho dos camundongos que até há alguns tempos atrás posavam de santinhos, mesmo que deixassem os longos rabos pelados escapar por debaixo das casacas que vestiam para ir esnobar nas festas promovidas com as migalhas que iam roubando do pobre animalzinho trabalhador. Hoje já é de forma descarada que exigem propina para a compra de vacinas... isto é o que se sabe por agora, mais adiante outros casos surgirão. É só esperar para ver! Fico esperando que comecem a mexer na educação – outro centro das atenções das ratazanas. E desta vez não se contentarão com a “merenda escolar”... terão que ser servidos de lagostas, caviar, vinhos importados, charutos cubanos e toda uma gama de eletro eletrônicos que serão necessários para garantir a forma educacional que pregam – a educação a distância. Entram nessa lista: celulares, tablets, computadores, lousas digitais, torres repetidoras de sinal, enfim, o banquete será digno de príncipes e servido àqueles que vieram prometendo acabar com a corrupção (dos outros, para que sobre mais para eles).

O tempo, ele mesmo, o tempo, se encarregará de nos mostrar quem são os verdadeiros ladrões. Juro, de pés juntos, que não conheço nenhum “pero que los ay, los ay” e não são poucos, nem desconhecidos. E nós continuaremos neste sofrimento ou damos um fim a este bando de ratazanas!

 

 

CRÔNICA MENSAL JUNHO 2021

Confesso que estou preocupado

 

Com o correr dos dias e como o agravamento da situação social Brasileira, as projeções para um futuro a curto e médio prazo são tenebrosas. E tudo nasce de um plano chamado “novo normal” que, infelizmente nos está levando à mais velha barbárie. Creio tratar-se de uma dessas contradições que escapam ao nosso melhor bom senso.

Tudo tem um começo, meio e fim – por mais que não sejam exatamente aqueles planejados. Essa expressão que foi cunhada por Mohamed El-Erian, um empresário norte americano, amigo de ganhar dinheiro mexendo com o dinheiro dos outros, para caracterizar o fato de que esta crise – financeira que arrasta atrás de si um sem fim de outros tipos de crises - não é como as que vivemos nas últimas décadas, com repercussões basicamente cíclicas, mas uma crise que provocará uma ruptura estrutural: quando ela passar e as coisas voltarem ao normal, esse não vai ser o mesmo normal de antes.

Concordo plenamente com a declaração do magnata, visto que a atual crise se apresenta à sociedade com um aspirador de altíssima capacidade que pode inclusive sugar a roupa de seu corpo e as ideias de sua mente. Esse o maior perigo que corremos de nossos dias. Sabemos, na atualidade que nosso poder de resistência às investidas do capitalismo está ficando cada dia menos resistente, a nossa resiliência está diminuindo na proporção que o capital, mais forte, nos vai vergando e mantendo em posição de não resistência. Parece que perdemos de vez a força de nos indignarmos diante das atrocidades que estão sendo cometidas perante os nossos olhos, contra a nossa família, e perdemos o poder de reação.

Eliminam a população em nome da fome, da miséria e do excesso populacional. O método utilizado para alcançar tal objetivo é eliminar os mais fracos, justamente pela fome, pelo desemprego, pelo desespero causado pela falta de condições mínimas para a sobrevivência que poderá induzir ao suicídio. Mas há também a bala, a eliminação dos locais de produção própria de produtos alimentícios e todas as demais fórmulas fascistas de por fim aos indesejáveis. Eis pois o novo normal: meia dúzia de caciques que vão tomar conta da população mundial via escravidão moderna, na qual cada um é dono de si mesmo, na condição de só obedecer ao que o “novo império” ordenar.

Na medida em que o tempo vai passando e as populações vão sendo cooptadas a entender essa nova ordem, vai se produzindo um fenômeno: “Não há machado que corte a raiz ao pensamento” e existem fortes possibilidades que, a determinada altura, o feitiço que hoje parece adormecer-nos, envolver-nos nesta névoa anestésica, se desfaça e venha a voltar-se contra o feiticeiro. Já temos suficientes provas do que nos espera se continuarmos seguindo o gado que foi introduzido na sociedade para servir de guia no rumo da desgraça. Mata-se porque alguém olhou para outra pessoa, a fome obriga a ir roubar onde ainda tem comida, a falta de recursos para cumprir os compromissos que o assalto massivo da propaganda nos impõe consumir nos obriga a assaltar o vizinho em busca de uns trocados. É a barbárie conduzida pelo gado. Mas esse mesmo gado já está começando a ver que as promessas feitas para que ele realizasse esse tipo de trabalho sujo só lhes estão trazendo a morte com efeito de retardo. O que aconteceu com Mariano? O que tem acontecido com outros chefes de quadrilhas de milicianos?

Uma tropa que se mostra aos meus olhos um pouco mais perigosa e difícil de fazer mudar de ideia são os fanáticos neopentecostais, pois já estão de tal maneira submissos, de tal modo enfeitiçados pelas promessas vãs dos pastores (tudo a ver com gado), estão tão cegos pelo fanatismo em algo que só eles acreditam que já chegaram ao ponto de criar um exército próprio, partido político próprio e até um Estado que estende seus tentáculos assassinos por todos os continentes do mundo. Se olharmos atentamente ao que fizeram e fazem na pacata Suécia e um pouco por todo o mundo, não há como ficar resignado.

Mas o pior é que ainda há quem acredite que o novo normal estará definitivamente instalado após o fim da pandemia. É ser muito crédulo e ingênuo. O novo normal só surgirá, se é que vai ter tempo para isso, antes que a sociedade exploda, depois que apenas seis famílias forem donas e senhoras do mundo e tenham o pleno domínio de todos os demais. O difícil é atingir esse ponto e até lá sobrarão sofrimento, dor e miséria para quem pede apenas para poder continuar sobrevivendo com um mínimo de dignidade.

Só a resistência – em todas as suas formas possíveis – pode tentar reverter esta situação, Só a divisão mais equitativa dos bens que a mãe natureza nos dá (explorados consciente e ecologicamente) poderá salvar-nos da catástrofe final. Gostaria que cada um dos leitores pudesse fazer a sua interpretação da música “IT’s the final contedown” da banda (Europa) neste link Europe - The Final Countdown - Legendado + Interpretação da Letra - YouTube . Depois façam uns instantes de reflexão até que seja atingido pela indignação. Aí estaremos do mesmo lado da história e nos restarão algumas chances.

 

 

CRÔNICA MENSAL MAIO 2021

UM SOLDADO EM BUSCA DE UMA GUERRA

 

Faz tempo que essa busca começou. Faz tempo que um soldado quis ir à guerra, mas não encontrou seu endereço. Faz tempo que esse soldado buscou criar a sua própria guerra ao tentar explodir o quartel para gerar um fato real que colocasse fogo na pólvora.

Não conseguiu seu intento e, como castigo para o seu tresloucado ato, recebeu uma expulsão da corporação, embrulhada num atestado de demência. No linguajar popularesco podemos dizer que saiu por baixo, ou pela porta do cavalo.

Em todos os extratos sociais existem os loucos e os mais loucos que o louco que se transformam em seguidores daquele que aparenta ser mais “operacional na loucura” que se torna uma espécie de guru. O nosso soldado que quis ir à guerra transformou-se em líder político dessa casta de loucos que começaram a tratá-lo de Mito. Portanto, mito não passa de exposição alegórica de uma ideia qualquer, de uma doutrina ou teoria filosófica; alegoria.  Mito é a versão brasileira bolsomínia para: louco, incompetente, genocida, homofóbico, misógino, corrupto e neofascista.

 

Desdenhoso, nunca se sabe se o seu sorriso é sincero ou zombeteiro. “Valentão, conseguiu capacidades que só quem tem sangue de barata” – com sua “vida de atleta” – a maior prova é que levou uma fakeada e, tal como o bicho fedorento, não verteu uma só gota de sangue. Por “dá cá aquela palha” (expressão portuguesa que significa “por qualquer besteira”), utilizando um linguajar chulo e, por momentos, incompreensível expressa uma arrogância descomunal pela ignorância e despreparo que apresenta para ocupar o cargo que um bando de fanáticos religiosos e outros tantos fanáticos financeiros o colocaram para proveito próprio. É esse o nosso soldado que para resolver a menor das situações um pouco mais complexa, ameaça com as tropas, com o golpe militar, até chegar a insinuar que poderia declarar a guerra a países como os EUA e a Rússia, não esquecendo seu inimigo mortal, a China.

 

Infelizmente, quem paga o preço de tanta loucura é o povo: com seus impostos, com seu trabalho em regime de praticamente escravidão – para enricar cada vez mais os mais ricos - e com a falta do essencial para a manutenção da vida: a comida. Não é à toa que está sendo chamado de genocida. Mata de fome; de falta de medicamentos válidos para o combate à pandemia que assola o planeta; de bala, através do escritório do crime; e do desejo insano de armar quem puder comprar uma arma. Um ex-soldado à procura da sua guerra. Mas o seu fim, depois de tanto afirmar para negar logo em seguida, ameaçar e não cumprir, prometer e não satisfazer poderá ser comparado com o “Triste fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto. Vai ser abandonado por todos, depois de julgado pelos seus crimes, inclusive contra a humanidade e morrerá como mito, desprezado por todos que um dia o idolatraram. 

 

CRÔNICA MENSAL ABRIL 2021

Março marçagão, de manhã inverno, de tarde verão

Mais um mês que se esvai. Um a menos no saldo. Apesar de tudo, este é um mês que eu diferencio dos outros por diversos motivos, o primeiro dos quais é o mês do meu aniversário e na conta que só faz aumentar, já conto 72 - uma vida com todas as características pertinentes, às quais, este março, teve a ajuntada de fatos especiais que lhe dão um colorido todo especial, ao nível pessoal – pois estamos no pico da onda da pandemia e tive o privilégio (sim, é um, pois até agora, mais de um ano passado faço parte dos vacinados contra a Covid19), mas tem uma mais valia que foi o ter sido vacinado pela minha própria filha, fato que me encheu de orgulho.

Março não deve ter sido muito bom para o fraco dirigente dos rumos do país, a menos que tudo não faça parte de uma “armação ilimitada” lá para os lados do dos “Palácios” de Brasília.  Só no dia 30 foram afastados três Ministros Generais e a Secretária Geral do MEC. Tudo isso num ringue de boxe no qual, Bozó, teria saído com a cara toda amassada. Ainda não foi a KO, mas está difícil se manter em pé sem se apoiar nas cordas.

Do mais, o ditado, antigo, que dá titulo a este texto confirmou-se, alguns dias se invertendo, por isso é possível dizer que este março foi uma mistura benéfica para a agricultura, mas num Brasil como este que vivemos aparecem as contradições: no RS estimam a maior colheita de todos os tempos, mas a contradição, ou a diferença de classes, se percebem por ser o Estado em que mais gente morre de fome e frio. Não é preciso, obrigatório que todos tenham a mesma renda, que todos sejam absolutamente iguais, o que não se pode tolerar é 1% da população seja extremamente rica e que os outros 99% sejam extremamente pobres, mal tratados, abandonados à própria sorte, deixados ao abandono para facilitar o serviço da morte.

No nível da república vemos que o ocupante do posto mais alto, que tanto pregou que a mamata tinha acabado, só se sustenta na base da compra às claras, nos olhos do mundo, do Deputados e Senadores. Enquanto isso falta oxigênio na maioria do país para socorrer os doentes da Coronavirus19 que vão morrendo por falta do mínimo de insumos e medicamento, principalmente a vacina. Quem fez uma campanha prometendo o diferente não passa de um reles imitador de quem fez e manteve o povo minimamente feliz. A sua prática vais desde o negacionismo até ao negocianismo e a interferência nos outros dois poderes que ele deveria respeitar na funcionalidade de cada um. Podemos chamá-lo de “interventor geral” ou se quisermos ser mais objetivos, chamá-lo de ditador-mor.

Se fizermos uma breve comparação entre o março e ditador é possível afirmar que o primeiro já foi (agora só para o ano), o outro está se segurando nas botas de dois ou três militares, mas demorará muito a cair. Que vá logo!

 

CRÔNICA MENSAL MARÇO 2021

Já dizem que este será o mês mais mortal, o que acontecerá?

Quanto vale a vida de um brasileiro no quadro sócio/político/econômico que aí está desenhado? Como se dizia no meu tempo de juventude, nem um vintém furado, pois morre, pela estatista de ontem (05/03/21) um(a) brasileiro(a) a cada 49’ (quarenta e nove segundos). Neste ritmo, acredito que a população brasileira de 210 milhões de habitantes que existia ate por volta do ano 2013, será dizimada mais rapidamente que o foram os dinossauros da superfície da terra.

O fato a registrar é a falta de humanismo que existe sobre este velho planeta corroído de doenças e, principalmente, de maldades provocadas por mentes insanas. Na minha carreira já longa de 72 anos, já vi muita maldade, muita crueldade, muito barbarismo e ainda conservamos, vocês e eu, para ser apenas opinião unilateral, toda a pressão sobre Cuba, sobre a Venezuela, onde o mal que se faz é ajudar os outros seres humanos, mas não escuto uma voz, uma ameaça, um ultimatun imposto a um genocida que se nega a socorrer a própria população que jurou defender.

Lembro das histórias orais escutadas ao pé da lareira, na Europa fria, logo nos anos pós segunda guerra, dos esforços conjuntos que o resto do mundo fez para combater os países do Eixo. O principal líder desse Eixo  era tanto ou mais genocida que o atual. Esse lá, pelo menos tinha como ideal criar uma Raça Pura, este , cá, quer matar indistintamente, todas as minorias, incluído, também, as criancinhas que agora estão morrendo sem chegarem a conhecer os próprios pais.

A raça humana (isto não é uma raça, é um castigo infernal, uma aberração da natureza, um manicômio a céu aberto) levada pela ganância e impulsionada pela insensatez, não pensa duas vezes em eliminar seus adversários para fazer imperar sua tresloucada ideologia, discursando sobre o ódio e destilando seu veneno sobre seus opositores, ou seja, impondo, ela sim, a sua ideologia genocida.. Uma parte dessa humanidade, a quem estão chamando desmerecidamente de gado, pois o gado vez por outra estoira a boiada, está muito mais para cães amestrados capazes de destrocar um ser humano em duas partes ou mais.

Segundo reportagem da home page da Globo, ”Em 1963, a escritora Hannah Arendt criou a expressão "banalidade do mal" para tentar explicar as ações do nazista Adolf Eichmann, um dos organizadores do Holocausto. Segundo ela, o nazista não seria um fanático ou sociopata, mas, sim, um homem absolutamente comum, cujas ações foram motivadas por promoção pessoal e não lealdade a uma ideologia. A "banalidade" estaria não em suas ações, mas sim em suas motivações: a pura burrice de quem não se importa com algo além de seu avanço pessoal”[i]. Creio que estamos sob o tacão de um ser semelhante a esse descrito pela escritora. Apenas semelhante, pois Eichmann teve a coragem de se matar ao ser apreendido pelos aliados, mas este que rege nossas mortes nem para isso tem coragem. Vale-se de posto que ocupa para se lambuzar feito criança cada vez que come mel.

Na Europa e no resto do mundo foi criada uma frente de Resistência ao nazismo e seus horrores, assim como teve apoiadores. A nossa população da qual está morrendo uma pessoa a cada 49 segundo permanece impávida e serena. Mas há uma explicação: o Brasil foi o refúgio de boa parte dos piores nazistas alemães que aqui implantaram seus ideais que os cabeças de vento foram seguindo em surdina para não entregarem seus “treinadores”. Por muito tempo foram treinados como os cães amestrados, mas uma vez que o último nazi foi recambiado para Alemanha ou se suicidou, aquela raiva que lhes havia sido incutida durante tanto tempo, transbordou sob o comando de um personagem louco expulso do exército brasileiro por ter cometido atos de loucura e desordem e desrespeito às instituições e aos superiores. Hoje, esse louco coloca seu país e o mundo em risco de catástrofe, já se fala em 4ª Onda provocada pelo Brasil.

Tenho a já caduca pergunta a fazer: até quando nós e o mundo aguentaremos esta situação?

 

[i] No site: https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/lider-nazista-pediu-para-treinar-caes-para-partir-pessoas-ao-meio-19843079

 

CRÔNICA MENSAL FEVEREIRO 2021

E VOCÊ ESTÁ APRENDENDO A  LIDAR COM ESTAS REALIDADES?

 

EU ANDEI NUMA ESCOLA COMO ESTA!

"ESTOU A PENSAR QUE ...hoje chegaram-me novas do Brasil.

O QUE FARIA O NOSSO PROFESSOR ATUAL?

Tomem lá esta vacina contra o virus dos politiqueiros que por aí se passeiam á custa de TODOS NÓS:

“Quando os meninos me pediam "papel macio pró cu e roupa boa prá gente"…

Um dos textos que mais me custou a escrever e por isso tem mais lágrimas do que palavras.

Estávamos ainda no século XX, no longínquo ano de 1968, quando a vida me deu oportunidade de cumprir um dos meus sonhos: ser professora.

Dei comigo numa escola masculina, ali muito pertinho do rio Douro, na primeira freguesia de Penafiel, no lugar de Rio Mau. Era tão longe, da minha rua do Bonfim, não podia vir para casa no final do dia, não tinha a minha gente, e eu era uma menina da cidade com algum mimo, muitas rosas na alma, e tinha apenas 18 anos.

Nada me fazia pensar que tanta esperança e tanta alegria me trariam tanta vida e tantas lágrimas. Os meninos afinal eram homens com calos nas mãos, pés descalços e um pedaço de broa no bolso das calças remendadas.

As meninas eram mulheres de tranças feitas ao domingo de manhã antes da missa, de saias de cotim, braços cansados de dar colo aos irmãos mais novos, e de rodilha na cabeça para aguentar o peso dos alguidares de roupa para lavar no rio ou dos molhos de erva para alimentar o gado.

As mães eram mulheres sobretudo boas parideiras, gente que trabalhava de sol a sol e esperava a sorte de alguém levar uma das suas cachopas para a cidade, “servir” para casa de gente de posses. Seria menos uma malga de caldo para encher e uns tostões que chegavam pelo correio, no final de cada mês.

Os homens eram mineiros no Pejão, traziam horas de sono por cumprir, serviam-se da mulher pela madrugada, mesmo que fosse no aido* das vacas enquanto os filhos dormiam (quatro em cada enxerga), cultivavam as leiras que tinham ao redor da casa, ou perto do rio e nos dias de invernia, entre um jogo de sueca e duas malgas de vinho que na venda fiavam até receberem a féria, conseguiam dar ao seu dia mais que as 24 horas que realmente ele tinha.

Filhos, eram coisas de mães e quando corriam pró torto era o cinto das calças do pai que “inducava” … e a mãe também “provava da isca” para não dizer amém com eles…E os filhos faziam-se gente.

E era uma festa quando começavam a ler as letras gordas dum velho pedaço de jornal pendurado no prego da cagadeira da casa…o menino já lia... ai que ele é tão fino… se deus quiser, vai ser um homem e ter uma profissão!

Ai como a escola e a professora eram coisas tão importantes!

A escola que ia até aos mais remotos lugares, ao encontro das crianças que afinal até nem tinham nascido crianças…eram apenas mais braços para trabalhar, mais futuro para os pais em fim de vida, mais gente para desbravar os socalcos do Douro, mais vozes para cantar em tempo de colheitas.

E os meninos ensinaram-me a ser gente, a lutar por eles, a amanhar a lampreia, a grelhar o sável nas pedras do rio aquecidas pelas brasas, a rir de pequenas coisas, a sonhar com um país diferente, a saber que ler e escrever e pensar não é coisa para ricos mas para todos, para todos.

E por lá vivi e cresci durante três anos e por lá fiz amigos e por lá semeei algumas flores que trazia na alma inquieta de jovem que julgava conseguir fazer um mundo menos desigual.

E foi o padre António Augusto Vasconcelos, de Rio Mau, Sebolido, Penafiel, que me foi casar ao mosteiro de Leça do Balio no ano de 1971 e aí me entregou um envelope com mil oitocentos e três escudos (o meu ordenado mensal) como prenda de casamento conseguida entre todos os meus alunos mais as colegas da escola, mais as senhoras da Casa do Outeiro. E foi na igreja de Sebolido que batizou o meu filho, no dia 1 de janeiro de 1973.

E é deste povo que tenho saudades. O povo que lutou sem armas, que voou sem asas, que escreveu páginas de Portugal sem saber as letras do seu próprio nome.

Hoje, o povo navega na internet, sabe a marca e os preços dos carros topo de gama, sabe os nomes de quem nos saqueia a vida e suga o sangue, mas é neles que vai votando enquanto continua à espera de um milagre de Fátima, duns trocos que os velhos guardaram, do dia das eleições para ir passear e comer fora, de saber se o jogador de futebol se zangou com a gaja que tinha comprado com os seus milhões, e é claro de ver um filmezito escaldante para aquecer a sua relação que estava há tempos no congelador.

As escolas fecharam-se, os professores foram quase todos trocados por gente que vende aulas aqui, ali e acolá, os papás são todos doutores da mula russa e sabem todas as técnicas de educação mas deseducam os seus génios, os pequenos/grandes ditadores que até são seus filhinhos e o país tornou-se um fabuloso manicómio onde os finórios são felizes e os burros comem palha e esperam pelo dia do abate.

Sabem que mais?!

Ainda vejo as letras enormes escritas no quadro preto da escola masculina, ao final da tarde de sábado, por moços de doze e treze anos com estes dois pedidos que me faziam: “Professora vá devagar que a estrada é ruim, e não se esqueça de trazer na segunda-feira, papel macio pró cu e roupa boa dos seus sobrinhos prá gente”.

Esta gente foi a gente com quem me fiz gente.

Hoje, não há gente… é tudo transgénico.

O povo adormeceu à sombra do muro da eira que construiu mas os senhores do mundo, estão acordadinhos e atentos, escarrapachados nos seus solários “badalhocamente” ricos e extraordinariamente felizes porque inventaram máquinas e reinventaram novos escravos.

Dizem que já estamos no século XXI...”

(((Lourdes Dos Anjos)))

 

 

COMO QUASE VOU CHEGANDO PERTO DE SÓCRATES

 

Por que tantos jovens concluem estudos sem desenvolver verdadeiro espírito crítico?

Francisco Esteban Bara/The Conversation*/9 janeiro 2021/Adaptação MJPF

Imagem da pintura A morte de Sócrates/CRÉDITO, GETTY IMAGES

Legenda da foto: Custou muito caro para Sócrates fazer certas pessoas pensarem.

 

A história conta que Sócrates era conhecido entre seus concidadãos como "a mosca de Atenas". “Mosca” porque, tal como o inseto perturbava e acabava por provocar uma reação, independente de que fosso, o importante era provocar reação. Diz-se também que ficou encantado com o apelido porque o descrevia muito bem: sua missão era provocar as pessoas por meio de perguntas e explicações que incomodavam e, sobretudo, faziam despertar. Não se imagine que ele conseguia converte todos quantos ouviam seu discurso e explicação em pleno capitólio, ou onde conseguisse juntar um grupo de pessoas dispostas a escutá-lo, mesmo que fosse para criticá-lo. Muitos gritavam em línguas incompreensíveis para 99,9% da audiência e pulavam, desfraldando bandeiras exóticas. Ele simplesmente desabou e chorou como criança antes mesmo do encerramento formal do embate. Não tinha condições sequer de cumprimentar os oponentes. À saída do capitólio, era a  encarnação da desolação, sentado em meio ao povo que o escutara com as mãos escondendo o rosto, enquanto soluçava compulsivamente.

Custou muito caro ao grande filósofo grego fazer pensarem certas pessoas que, na verdade, preferiam continuar dormindo. E decidiram que essa "mosca" que não parava quieta, perturbadora,  deveria tomar cicuta.

  • Por que a personalidade das pessoas muda (muitas vezes para pior) nas redes sociais?
  • 'Geração digital': por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior ao dos pais.

No entanto, seu espírito crítico resultou em uma das maiores revoluções da história.

Esse convite a pensar com critério — nos perguntarmos por que é que as coisas são assim e não de outro jeito, tentar descobrir verdades e desmantelar falsidades, e não deixar de dizer, como ele mesmo fazia, "só sei que nada sei" — não tem igual.

Basicamente porque o espírito crítico nos liberta da ignorância, ou seja, de qualquer pessoa ou coisa que queira pensar por nós; e já sabemos que estamos rodeados de pessoas e dispositivos tecnológicos dispostos a isso.

 

 

Custou muito caro ao grande filósofo grego e a mim fazer com que as pessoas pensem que, na verdade, preferem continuar dormindo a agir em prol da sociedade em que vivencia seus monótonos e tristes dias. E decidiram que eu, essa "mosca" que não para quieta deverá tomar cicuta, como Sócrates, para que se possam sentir livres. 

  • De minha labuta diária contra os inimigos (sejam eles declarados ou escondidos contra a nossa escola) qual a contribuição para que a personalidade das pessoas mude (muitas vezes para pior) nas redes sociais.
  • Da geração digital': por que, pela 1ª vez, nossos filhos têm QI inferior ao dos pais, mas mais habilidade para lidar com tecnologias que as subjugam a um mundo que não é deles e jamais será! 

No entanto, o espírito critico de Sócrates resultou em uma das maiores revoluções da história. Não pretendo tanto, preciso ser modesto.

Esse convite a um pensar com critério - ao nos perguntarmos por que é que as coisas devem ser assim e não de outro jeito - tentando descobrir verdades e desmantelar falsidades, não deveríamos deixar de pensar, como ele mesmo fazia, e chegar a essa conclusão: "só sei que nada sei" — pois um pensamento assim é um estímulo a agir de forma refletida como não tem igual.

Basicamente, precisamos ampliar o nosso espírito crítico, pois só ele nos liberta da ignorância, ou seja, nos afasta de qualquer pessoa ou coisa que pretenda pensar por nós; e já sabemos que estamos rodeados de pessoas e dispositivos tecnológicos dispostos a isso.

Precisamos qcir logo e energicamente

 

ÚLTIMA CRÔNICA DE 2020

Olho Para a parede que me retorna um simples e frígido 22h22. Parece ter sido ensaiado, não foi!

Noutros anos por esta hora estaria a casa cheia, a vizinhança em alvoroço e há muito que teriam começado a pipocar os fogos de toda qualidade. Neste 31/12/20, a esta hora, o silêncio é quase sepulcral. Não faltam, infelizmente, milhares de motivos para isso: os nossos mortos, em números assustadores (beiramos os 200 mil espalhados pelo continente – deveria dizer país).

Uma tristeza ímpar se sente no ar, tão espeço que quase é possível cortá-lo à faca. Mas ao olhar um pouco mais longe é possível perceber a ignorância agindo em nome de um tresloucado que abandona seu povo para ir brincar de torcedor de qualquer time brasileiro na orla marítima, imensa, deste nosso país. Aglomerações (proibidas pelas entidades médicas), a falta da proteção mínima da máscara e, o pior, a falta de determinação de uma data para o começo (pelo menos) da vacinação que poderá trazer uma proteção extra na luta contra a foice ceifeira de vidas negligentes, na sua maioriaa e uma quantidade de atingidos pelo asar da contaminação involuntária e pelo descuido de quem não se protege.

Que ano será este que está por começar?

No último jornal deste que está demorando a ir embora a ameaça da descoberta de casos da terceira mutação do vírus descoberta na maior cidade do país. No mínimo podemos esperar por um ano sombrio. Os números de baixas e de atingidos que já apontavam para uma que da e uma estabilização que seria reforçada pela chegada de uma possível vacina, voltaram a subir como quem pega o elevador Lacerda.

Não ouso desejar a ninguém nada menos que muita saúde e muita paz, mas com a irresponsabilidade da população/gado que segue cegamente seu aboiador, temo em registrar tais desejos. Saibam entretanto que, em meu coração, espero que todos tenhamos um excelente 2021 e que no próximo dia 31/12/21 eu tenha que vir aqui me desculpar pelo pessimismo que se abateu sobre mim.

Deixo um abraço virtual, esperançoso (mas nem tanto).

Nos encontraremos em 2021

 

CRÔNICA MENSAL DEZEMBRO 2020

E DEZEMBRO NASCEU PARA EM BREVE AO ANO MORRER... VAI TARDE!

 

Acordei com novas perspectivas, pois sabia que estava iniciando o derradeiro mês de um ano que quero esquecer. Ameaças, pavor, mortes, tudo gratuito e um tempo que parecia não querer passar. Ainda não acabou e como não sou adivinho (bruxo, como lhes chamam por aqui) não vou arriscar os perigos e as tormentas que ainda podem acontecer nos últimos 30 dias que ainda estão por vir neste ano civil, mas não espero coisas melhores. Aliás, a ONU já mandou o seu recado macabro: “2021 será pior que o ano de 1930”. Querem pior auspício que esse?

 

Só para recordar os mais esquecidos, como eu já estou ficando, também, o “30” trouxe-nos o pesadelo do crash da Bolsa de valores do EUA: A fome, a “peste” e a guerra. Imaginemos a cena que se produziu nesse ano e juntemos-lhe a já prolongada e que promete redobrar o perigo, a tal da pandemia que ameaça provocar mais estragos que este ano que caminha lentamente (deve ser uma tática para atingir mais pessoas). Num linguajar bem coloquial (que espero me perdoem) estamos fritos! Quem nos anuncia tal cataclismo é Jamil Chade no site da UOL (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/12/01/em-2021-crise-humanitaria-no-planeta-sera-a-maior-desde-2a-guerra-mundial.htm). O anúncio está claro e só quem for muito otimista ou ignorante não percebe os sinais (talvez aqueles de Alceu Valença): as mortes caíram a perto dos 200, em média/dia/país) e num lampejo voltaram a atingir a casa do milhar. Por todo o país se deu um novo eclodir de focos de infecção, mas ainda existem os negacionistas/cloroquinistas que teimam em afirmar que a pandemia não passa de uma gripezinha que já matou mais de 170.000 brasileiros. É preciso ser muito sadomasoquista para acreditar em tal teoria.

 

E como para pobre toda dor é pouca, a primeiro do ano que se anuncia catastrófico, vamos ter que engolir a vontade de um conglomerado de analfabetos políticos que elegeram seus representantes para mais quatro anos... para eles, para mim não são minimamente representantes. Sofreremos mais essa dor que nos chega por tabela, na medida em que deixamos de ser “patrões de políticos” para virarmos capachos de gente que só busca locupletar-se das tetas da pátria mãe gentil e bondosa. Quem aguentar, verá e poderá contar, apenas não sei como essa história será contada. Se mantiver o modelo atual haverá, certamente, uma inversão de valores, do jeito a que já estamos habituados e ao qual só aqueles que tiverem uma visão mais crítica da situação poderão desmentir. É assim a demo( )cracia brasileira.

 

Embora seja obrigado a refletir sobre o fato, não quero seque imaginar o que será este ano o Natal pelo mundo. Onde houver tempo quente será menos sofrido, no caso no hemisfério sul, mas no hemisfério norte, acredito eu, teremos que quintuplicar os casos de mortes dos piores anos, por motivo de fome e frio. O projeto que o Snowden denunciou ao mundo está em plena execução e dando os resultados que os mais poderosos colocaram em ação. Vejam a entrevista que Olivier Stone dá Maurício Stycer, da UOL e se arrepiem com tanta coisa. O mundão precisa ser reinventado na sua generalidade, o avanço da medicina (ciência) está piorando a situação de confusão mental que maioria da população está sofrendo de forma irreversível. Dá vontade de brincar e perguntar por onde anda o tal do meteoro que vinha em direção à terra.

 

Antecipadamente deixo registrados os meus melhores votos de umas Festas o melhor que vos seja possível e, se possível, pensem um pouquinho em quem não vai ter um mínimo de condições de sequer matar a fome, mas acredito que ainda nos encontraremos antes das datas esperadas para “as festas” de fim de ano. Sugiro a todos/as PRUDÊNCIA e RESIGNAÇÂO.

 

A RESILIÊNCIA já é quesito obrigatório, para nós brasileiros, desde o mês de março.

FORÇA!

 

CRÔNICA MENSAL NOVEMBRO 2020

Uma nova Era já começou...

Henrique Salles da Fonseca, in: https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/530797.html

Nota prévia: Fonseca aponta que recebeu este texto via e-mail, mas que desconhece a autoria.

Nota final: Antes do texto de Fonseca, apresento um pouco da minha visão sobre a atualidade mundial.

 

São, hoje, 5 de novembro de 2020, entre as 11 e 11h30 e continuamos esperando a notícia que talvez faça o mundo dar cambalhotas, não de alegria, mas de posicionamento na geopolítica mundial, falo, pois, do resultado das eleições americanas onde uma calopsita falante em excesso pretende continuar a aprontar seus instintos tiranos em relação ao resto do mundo sobre todos os aspectos.

Seu possível sucessor, ex-vice presidente de Obama, não nos oferece melhores perspectivas, mesmo se o julgarmos, acertadamente, uma pessoa mais “centrada” que o atual presidente da Casa Branca.

No Brasil a mudança tem por obrigação começar nas próximas eleições (em alguns dias) para que em 2022 se possa dar um fim a este Estdo de Horror que se instalou (melhor dizendo, que os brasileiros incapazes de abrir suas mentes para o mundo real vivem na anomalia do mundo efêmero das falsas ideologias religiosas e na visão deturpada da vingança através do armamento, instalaram). Todo extremismo é um fim trágico em si mesmo. 

Do ponto de vista sanitário, o mundo sofre nova onda do já trágico coronavírus 19, o que nos faz prever uma duplicação dos casos de morte já atingidos ao longo da chamada primeira onda. Isso será péssimo para todos os setores da vida humana que restar sobre este planeta.

Recordo que há alguns meses se temia uma terceira guerra mundial. Lembram? Pois ela chegou sobe uma forma totalmente diferente a que poderemos chamar, simplesmente e de forma menos chocante, de Revolução.

Percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!

 

As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 8 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!

 

De facto, há cerca de 7 ou 8 meses devido ao COVID-19, começaram a acontecer alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais fatores que sustentam a sociedade atual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

 

Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma das crises passadas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!

 

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 fatores":

 

1º- A Crise Financeira Mundial: desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injetado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história!...

 

2º- A Crise do Petróleo: Desde há 10 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são, porém, claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, Vai assistir a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste fator: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% a 20% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (... e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

 

3º- A Contração da Mobilidade: fortemente afetados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contração profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retração, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

 

4º- A Imigração: a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e melhor estatuto socioeconômico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

 

5º- A Destruição da Classe Média: quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa dos governos que por cá têm passado) está de fato a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

 

6º- A Europa Morreu: embora ainda estejam a projetar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projeto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objetivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Réquiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas.

 

7º- A China ao assalto! O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram já apresentados os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia... helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalho e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).

 

8º- A Crise do Edifício Social: As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projeto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e atuação comum...

 

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia: para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

 

10º- A Revolução Tecnológica: nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

 

Eis pois, a Revolução!

 

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez fatores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

 

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!

 

Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!

 

Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...

Peque um bom livro de História da Humanidade (sua melhor arma) e faça o seu grande combate.

 

CRÔNICA MENSAL OUTUBRO

Bem além da educação

Os dias estão passando a jato Gripen. Espero que não gripem, pois com esta nova onda da covid-19 pode ser perigoso para uma possível contaminação. Mas o maior perigo está vindo de outra direção e de forma esperada, não de modo invisível tipo coronavírus: o período eleitoral e a eleição propriamente dita.

Quem recordar de eleições passadas deverá lembrar das lambanças que os candidatos aprontam para servirem seu deu capital. Lembrou de alguma? Não é tão difícil assim lembrar, bem sei. Mas este ano, som a proteção e com a indicação de um jogo de “vale tudo” ordenado pelo mandatário maior da nação que armou e continua armando “o povo escolhido pelo Messias”, será fácil perceber a ação das milícias e os rios de sangue a escorrer pelas calçadas.

A impunidade será a pedra angular para todo tipo de crime que se cometa nesta ocasião que terá o reforço legal da proibição de prender alguém durante um certo período antes, durante e após as eleições. Tal como nas corridas de cavalos tem sempre um azarão que, corre por fora, vem estragar os prognósticos mais assertivos que possam ser elaborados para que as apostas possam ser ganhadoras. Lembro bem que na França, quando por lá arrastei o esqueleto, ia ao hipódromo (como forma de diversão e de arriscar um ou outro palpite em alguma corrida), tinha sempre um lugar na aposta para o azarão – Vai que ele ganhasse! Algumas vezes ele ganhou, melhor, nós ganhamos. Era lucro pequeno – a aposta era pequena, também, o dinheiro era curto – mas saia de lá satisfeito com uns trocados a mais nos bolsos. Para que eu falo nesta história que não interessa a ninguém?

É simples. Nas nossas eleições, principalmente nos pequenos municípios, vez por outra aparece esse famoso personagem, o azarão. Este ano e em 2022 ele será o vencedor, podem fazer vossas apostas. Só para tentar alertar o meu povo vou tentar construir uma narrativa curta, mas exemplar. Quem nunca, na paz do seu lar, teve o seu repouso interrompido por um toque de campainha e ao abrir a porta recebeu uma bíblia na cara de forma quase agressiva, insistente, pegajosa quase insultante? Pois é, o caminho estava sendo traçado. Vejam que essa prática vem de algumas eleições anteriores a esta. Hoje, no nosso Congresso temos, se ombreando, a Bancada da Bala e a Bancada da Bíblia. Para as próximas eleições temos como candidatos mais de cinco mil pastores. Significativo. Daí sairão os azarões, graças às forças externas do gado que. em união na fé de ganhar um pedacinho do céu vai votar naquele que já hoje lhe suga tudo que pode e sonha que o gado tenha.

O Brasil que um dia eu sonhei o país do futuro não está longe de se transformar em mais um local de intolerância religiosa sob o domínio das facções de traficantes pentecostais e outras religiões. Fico intrigado, aqui no meu cantinho sem mexer com ninguém nem com religião alguma, pois sou agnóstico – isto é acredito em todas, mas não sigo nenhuma – logo respeito todas elas, mas fica-me aquela angústia de perceber como é fácil criar uma “igreja”, colocar nela um “bispo” e sacar diuturnamente os poucos trocados que os “fiéis” (quantas vezes depois de serem humilhados e insultados) têm nos bolsos.

Se é verdade que posso ser recriminado por não acreditar em religião alguma, não é menos verdade que também me tem que se concedido o direito de criticar aqueles que, de forma acéfala, seguem quem simplesmente tem interesse em explorá-los e não se apercebem disso. Mas voltemos ao nosso azarão. Pela lógica que seguem as religiões acima citadas, podem fazer vossas apostas que logo, logo o país se transformará em um território de guerra entre facções religiosas. A sandice nos conduzirá a esse estado de sítio, a menos que realmente apareça um ser iluminado pelo saber, pelo conhecimento e pela prática do bem para os outros e dê uma voadora no status quo que aí temos implantado. Nós, os mais esclarecidos, temos um trabalho árduo a fazer e não podemos deixar para amanhã o que for possível fazer hoje. Vale lembrar que essa raça que aí está tentando implantar-se são piões que formigas de roça: por onde passam devoram tudo, mas pior, se colocarem veneno fraco, em vez e as matar as fortalece, por isso o tempo urge! As eleições vêm já aí. Façamos a nossa parte.      

 

CRÔNICA MENSAL SETEMBRO

MINHA FORTALEZA PROVISÓRIA

Transformei minha casa numa fortaleza protegida pelos super heróis e mesmo assim sinto que estou sendo ameaçado de ser assaltado. Para que isso não aconteça resta o isolamento, mas não sou o único que assim padece: grandes pensadores, pesquisadores, homens e mulheres de ciências e, admirem-se, até trabalhadores vivem esta prisão “voluntária”, muito mais em consequência da irresponsabilidade de quem poderia ter evitado o pior, num jogo de roleta russa que parece ter sido bem sucedido. Enquanto os gatos continuam trancados para não serem surpreendidos pelas armadilhas da vida, os ratos fazem a festa e ainda sobra um tempinho para brincarem de mandantes da situação.

Mas no final isto não passa de uma brincadeira, um pesadelo que breve se encerrará. Ora querem ver?

Quem dá as ordens, meio desordenadas, é o Capitão América, que tem vontade de comandar até a Liga da Justiça, mas quem está subjugado a ele é o Super Homem que quer mandar em tudo, principalmente naquilo em que somos mais vulneráveis: os nossos bolsos e entregar tudo aos banqueiros. Nos escalões inferiores temos, entre outros, o Homem de Ferro, seguido por um batalhão de soldadinhos de chumbo que por sua vez são um perigo para o Super Homem, tal como a Kriptonita que só o "Oicea Seven" tem o controle. A Mulher Maravilha que vê deus no “olho da goiabeira”. O Lanterna Verde que deixa desmatar a Amazônia. Não podia faltar o Batman, o justiceiro raivoso que encerra as reuniões de supetão e vai embora. O Homem Aranha que, pulinho daqui, pulinho dali vai tecendo seu império de empreendimentos imobiliários sem papai saber. O Thor, com sua capacidade para dominar tempestades esqueceu (voluntariamente) a sua proteção e hoje vive um dilema pessoal fazendo “bicos” aqui e ali, cometendo pequenos crimes que o podem levar a enfrentar o Wolverine e suas garras de aço na sala da justiça. Para animar o pessoal, mais conhecidos como “bobos da corte” temos um nhonho saído diretamente da série “Chaves”.  Do outro lado ainda nos aparece o Hulk que aparenta dominar tudo, mas às tantas perde os super poderes e fica caído na sala do senado aparentando ser um pobre ser humano que acabou de apanhar uma tremenda surra.

O curioso, com isso tudo, é que com tantos super poderes estamos perdendo a guerra para a milícia que incorpora o Homem Invisível e vai matando aos poucos ou de carrada, sem que nada lhe aconteça. Já passaram por este filme que vivemos: o cara do “Assalto ao trem pagador” que saiu distribuindo grana a granel pelos “Amigos da Onça”. O “Bom Doutor” que já salvou um esfaqueado, mesmo sem se ver uma só gota de sangue. E, para não me alongar muito termino falando da nossa SWAT que resolve todas as situações nem que seja na base da porrada e da bala.

Na verdade, o meu confinamento tem sido uma diversão reversa, mas não reclamo, prefiro assistir a esta comédia do malandro que ser atingido por vírus mortal carregado por algum desses alienígenas que parece terem vindo dominar este planeta.

 

CRÔNICA MENSAL JULHO/AGOSTO

Lançando âncoras

Nestes últimos dias venho produzindo e participando de lives – a febre do momento – e tenho percebido alguns detalhes que certamente não escapam a muita gente. Dentre tantos detalhes que tenho percebido um se destaca, contudo: poderia dizê-lo por outras palavras, mas prefiro a simplicidade deste ditado – parece que tem alguém querendo reinventar a roda.

Numa dessas lives em que participei agora há pouco, a fala do meu companheiro Tancredo Lobo traduziu bastante bem as minhas palavras quando afirmei que não se pensar um “Novo Normal” na ausência de uma normalidade anterior. A educação nunca viveu uma normalidade, a menos que consideremos a vontade da elite uma normalidade. É aí, que Tancredo arrasou quando trouxe para a conversa a palavra “normose” (doença que, segundo ele, faz com que o ser humano naturalize tudo: a morte, a fome, a exploração, a violência...).

Na educação, a “normose” transforma a maioria dos professores em “dadores de aula”, que se transforma em repetições dos erros do passado naturalizados pela ausência de criticidade dos próprios professores (assumamos a nossa culpa) e muito mais dos alunos que são conduzidos por eles a acreditar que estão sendo educados para a transformação, quando, em verdade, continuam a obedecer cegamente às necessidades do capital.

Por norma, a escola transforma. A pandemia que nos assola trouxe a oportunidade de se repensar o amanhã a partir das ações praticadas de imediato e outras esboçadas para depois serem realizadas. No entanto, e aqui volto à minha tese, como planejar o futuro de algo que sempre viveu de retrocessos em retrocessos, como nos mostra a História: vamos planejar retroceder ao tempo da pedra lascada? Não, claro que não, pois temos os salvadores da pátria que estão aí lutando contra os dragões da opressão e nos oferecendo a solução para este pandemônio em que se transformou a pandemia na educação. Hoje escutei que precisamos seguir as propostas de duas pessoas que trabalham para o “capital educacional” se passando de interessados no desenvolvimento da educação pública. Sobretudo agora que surgiu uma promessa de aumentar o tamanho do bolo, muitos mais candidatos surgirão na defesa do dinheiro público na educação, principalmente se desse bolo uma fatia generosa lhes for destinada. E eles sabem o que fazem e fazem direitinho, a ponto de haver muita gente defendendo os seus pontos de vista que, a bem da verdade, são os pontos de ambição da empresa que os sustenta nas posições que ocupam. Logicamente que eu não vou concordar com tais posicionamentos, mas repito, esta é uma posição minha e por ela respondo, nesse sentido não sigo as defesas de Sr. Daniel Cara e da deputada federal Tabata Amaral por, digamos questões de ordem ideológica, considerando-os eu apoiados pela Fundação Lemann uma das interessadas numa fatia do bolo que será ainda repartido por outras fundações. No compreendo como uma vitória, pelo menos não enquanto não puder constatar os resultados afirmativos, a quase aprovação do novo FUNDEB.

Sim, mas retomando a conversa das lives, dizia eu que alguém quer inventar a roda. Explico:

A nossa educação nunca foi um sucesso, mesmo quando era 100% presencial e os professores eram incentivados a obrigar os alunos a deixarem seus celulares sobre uma mesa existente na sala para essa finalidade. Celular = inimigo número um da educação de qualidade. Mas eis que de repente, as posições se invertem totalmente: “o professor ganha muito, só deve ganhar salário mínimo”, só deve estudar quem puder pagar”, e o malvado, o lobo mau do celular vira principal amiguinho do aluno. Quem está levando uma bolada nessa jogada?

O jogo é tão interessante que há quem defenda o ensino híbrido. Mas prestemos atenção às propostas: ¾ por ensino remoto ¼ de ensino presencial. Primeira grande interrogação: onde vai parar a distância entre pobres e ricos? Ela já se perde na imensidão do mundo, com esse sistema, podemos quase estimar que ela desapareça, mas não pelo melhor caminho, a redução e sim pelo pior o fim do ensino público, gratuito, laico e de qualidade que atenda a todos de forma igual, como ousou pensa-la, um dia, António Gramsci. Quem patrocinará e a que custo uma internet de qualidade e totalmente abrangente no “continente Brasil”? Qual será a comida ofertada ao aluno para que ele olhe o possível celular sem que tenha vontade/necessidade de o vender para comprar comida para a família? Quem conduzirá a mão do aluno no “riscado” dos primeiros traços que se assemelhem a letras?

Uma pergunta me persegue: se num processo educativo que vai de zero a seis anos não se consegue alfabetizar nem letrar uma criança, como alcançaremos êxito através de um modelo remoto? Não nego a importância que as TIC’s representam, como coadjuvantes para o processo educativo escolar, mas a proporção e principalmente a falta de qualidade na formação do professor são handicaps que não serão facilmente ultrapassados. Mas há quem prefira defender o que a mim parece indefensável. Não sou ninguém, sozinho, capaz de fazer a revolução educacional que hoje mas que nunca se faz necessário fazer eclodir. E para isso só existe um caminho, queiramos ou não: fora de partidarismos é preciso que se estabeleça uma educação fora do capital, isenta dessa nefasta influência. O caminho para se lá chegar e de pedras pontudas apontadas às solas de nossas chinelas, o menor descuido é perigoso, mas o caminho não é impossível de ser trilhado. Pode ter muitos obstáculos, mas se a consciência dos seres humanos pensarem em elevar o sentimento de humanismo, abandonando o individualismo que vivenciam, poderemos chegar lá.

Unidos somos mais fortes. Aproveitemos estes tempos de pandemônio para tecer alguma ideia que possa frutificar no sentido que gostaria ver a educação tomar.

 

CRÔNICA EXTRA - JUNHO 2020

ANSIEDADE

O estrago está feito, venceu quem tem dinheiro para comprar as consciências dos demais ávidos por uma conta mais gorda no banco. E assim vamos perdendo, um a um ou em pacotaço (que passe a ironia da palavra falada) os bens que constituíam a riqueza do nosso país que está, gradativamente, se tornando a mais rica colônia dos Estados unidos.

Infelizmente a ganância de meia dúzia de sanguessugas, de ignóbeis individualistas, de pobres seres que apodrecerão mais facilmente que outro que tenha aprendido a resistir às intempéries da vida, ao sofrimento social imposto por essas lesmas pegajosas que se arrastam neste planeta apenas em busca de vantagens pessoais, como se tudo e todos lhe devesse obediência e satisfação, como se eles fossem os senhores dominadores do pensar e refletir alheio, como se todos tivessem a obrigação de rezar pela cartilha que eles editam, apenas para sua satisfação, está nos levando para o caos social que já está instalado e apenas os cegos não podem ver.

Tudo eles estão privatizando em benefício próprio. Desta vez foi a água (todo o aquífero Guarani, como já foi a Embraer, como já foi a Petrobras, como já foram indústrias navais, o nióbio, a Amazônia, a Base de Alcântara, todos os aeroportos e portos do país... em breve teremos a privatização da Base da Barreira do Inferno, a nossa residência (por mais que você tenha suado quilolitros para pagar três casas e só receber uma (de péssima qualidade, quantas das vezes), enfim, fica-me uma enorme pergunta, para a qual espero uma resposta para bem breve: "Quando vão privatizar nosso sangue"?

Esta ideia me atormenta e me deixa ansioso, pois é muito possível que eles estejam pensando nessa possibilidade para alimentarem os robôs que estão desenvolvendo sob o pomposo nome de Inteligência Artificial. Quem sabe, nos tornemos em breve novos sacrificados como aqueles de Auschwitz, na Polônia nazista, em que o sangue das vítimas era usado para tentar salvar vidas dos soldados feridos na guerra.

O medo é grande, pois não se percebe neste povo um esboço de reação a tantos crimes que estão sendo praticados e a impunidade come solta por conta de um esquema de poder que se instalou no país e parece estar gostando de poder agir sem oposição. Em outros países esta situação já teria dado resultados totalmente diferentes e o país já estaria "em chamas", numa demonstração do desagrado populacional. Mas não aqui. Aqui o povo tem sangue frio, há quem diga sangue de barata, ao passo que por este mundo afora o sangue ferve com mais rapidez com resultados nem sempre satisfatórios, mas que demonstram que ali existem seres que pensam e não temem a imposição de meia dúzia de "Senhores Feudais" como estes que teimam em nos conduzir ao século XVI, depois que começaram a chegar os escravos negros.

Não quero incitar ninguém à revolução, mas se as cabeças parassem para pensar perceberiam que existem outras formas de oferecer resistência a esses senhores todos poderosos sem necessariamente haver uso de armas ou a tristeza de mortes:  Será que já ouviram falar na revolução das ideias? A região Nordeste começou muito bem, mas foi suficiente apenas que o tirano colocasse o pé sobre o cano do dinheiro e os ânimos esfriaram imediatamente. Sofremos, infelizmente, o mal das péssimas administrações (sempre foram voltadas para o benefício de algumas, ínfimas, famílias em detrimento do povo) que não desenvolveram  a nossa potencialidade, de forma a suprir as necessidades numa situação como esta.

A permissividade da persistência da seca e a consequente miserabilidade que ela produz torna-nos dependentes dos xenófobos que têm dirigido o país (à exceção dos anos de comando do PT) e que temem que a exploração das nossas riquezas possa dar oportunidade a outros de crescerem e terem direito a uma vida mais digna. Basta olhar o mapa do desenvolvimento nacional para perceber onde está a linha divisória entre a pobreza e a riqueza, ou talvez fosse melhor dizer, a linha divisória entre quem quer que continuemos a oferecer-lhes, sem resistência, o valor econômico de um Rio São Francisco, por falar apenas dele.

Enquanto isso, há quem venha colocar uma cortina de fumaça nos olhos dos menos esclarecidos e dominados gananciosos, dizendo que "teme que o filho cometa suicídio", numa tentativa de tirar o foco de outros fatos bem mais graves que estão acontecendo e podem (não só podem como devem) colocar em risco a sua permanência no cargo mais elevado da nação. Enfim, temos aquilo que permitimos que colocassem lá no alto da pirâmide, agora resta-nos amargar as consequências.

 

CRÔNICA INDUZIDA -JUNHO 2020

A história de um até logo

Domingo 07 de junho de 2020, pelas dezoito horas, o meu mundo ficou mais triste e reduzido. Mas que tolo que eu sou, não foi só o meu, como o de um punhado de alegres jovens, um dia tivemos o prazer (desculpem a contradição) de privarmos em grupo.

Tínhamos como lema um tripé que aos poucos vai se desfazendo (família, pátria, amizade). A família, aqui, não é composta apenas por consanguinidade, não, os laços que nos unem são bem mais abrangentes e não precisam ser permanentemente colocados à prova, assim é o caso da nossa irmandade de guerra.

Jovens, garotos, posso mesmo dizer, pois ao 17anos pouco mais somos que isso, nos encontramos num determinado local, no mesmo dia e horário muito próximo sem que tenhamos combinado absolutamente nada antecipadamente: a vida nos juntou, Nascia ali, para o resto de nossas vidas, um laço que só a “ceifeira” vem desfazendo. Fomos formando grupos por afinidades, por proximidade de origens, por interesses pessoais sobre aspetos da vida que vivíamos nos anos sessenta (’60) a ponto de chegarmos a ter ciúmes de nossas ricas cabeleiras que em breve tombariam por terra, primeiras vítimas de uma guerra que não criamos, desconhecíamos a origem, mas na qual sabíamos que precisaríamos defender nossa integridade – em nome da pátria – que tempos decorridos nos abandonaria ao nosso destino. Nascia ali uma irmandade: tão mais forte quanto mais nos percebíamos sós, isolados do seio nuclear de origem.

Passamos tempos de agonia, de paz e de alegria, momentos indefiníveis diante da diversidade de seres e de pensares distintos que parecia comungarem todos de um mesmo sentimento: a união. É certo que já ali encontramos outros membros a que chamarei de “mais afastados”, pois já se encontravam de partida e outros que que estavam por chegar um pouco distantes de nós. Digamos que éramos “gêmeos”, nascidos com quatro meses de diferença e lógico que da mesma mãe que a todos tratava por igual. Parecíamos passarinhos que no ninho aguardavam que a mãe nos viesse alimentar até ao momento de criarmos penas que guarneciam nossas asas e nos permitiam levantar voo para outras paragens. A irmandade começava a seguir cada um seu destino solo, muito embora se mantivesse acesa a chama da família construída em momentos anteriores.

Querendo ou não aceitar, sabíamos que mais tarde ou mais cedo iriamos nos juntar a outros “passarinhos” que já tinham ousado, mesmo que temerariamente, voado ou navegado ao encontro de um destino que cada qual tinha traçado: muitos foram, viajaram, cientes ou não do perigo que os aguardava, de tal forma que nem todos voltaram ao seio da família, ficaram por lá, como heróis vencidos pela brutalidade do caçador eu nos aguardava a cada instante e em qualquer esquina ou curva da picada que singrava mato a dentro, numa África que ao olhar, se mostrava tão acolhedora.

O perigo nos unia mais, fosse no solo ou nos ares, até mesmo os agnósticos (respondo por mim) tinham um pedido de boa sorte para a missão de guerra a cumprir. A mãe África a todos acolhia, mas não oferecia garantias de vida a todos: era uma guerra, mais do tipo guerrilha, e nesses casos sempre há mortos, muitos mortos inocentes que lutavam por uma causa que não era deles, mas de quem tinha interesses outros não revelados, que nos incentivavam “à defesa da Pátria”. E quantos de nós, inocentes, não morreram por aquelas terras distantes e áridas. As dificuldades que a cada dia pareciam aumentar eram para nós como um elo cada vez mais forte a consolidar nossa união: a família se fortificava e crescíamos como homens engajados numa vida que exigia cedo o nosso melhor para não sucumbirmos aos problemas que ela nos ia colocando à frente, na tentativa de barrar o nosso avanço rumo ao nosso destino.

“Estudamos, acredito eu, na melhor escola que um ser humano possa ter”, - Dizem que o exército é uma escola de homens – concordo e talvez por isso nos chamem de Especialistas. Embora cada qual tenha adotado ou recebido como imposição uma especialidade, todos tivemos o melhor curso de formação de homens. Os contraditórios sentimentos vivenciados (alegria-tristeza; coragem-temor, viver-morrer...) fizeram com que cada um à sua maneira pensasse na vida que possivelmente teria pela frente ao terminar este pesadelo. Entre nós havia aqueles que já nos ofereciam a existência de sobrinho/as e nós talvez sem nos apercebermos dávamos-lhe um pouco mais de proteção sem, como digo, muitas vezes o fazermos propositalmente, era algo natural, próprio na manutenção e defesa da espécie.

Tínhamos momentos de muita alegria, principalmente quando um dos nossos conseguia escapar às garras afiadas da ceifeira, momentos que eram contrariados quando algum dentre nós não resistia ao chamamento da morte disfarçada de sereia, de elemento do belo sexo ou de caixa de tesouro para nos atrair. E assim, numa permanente tensão, fomos vencendo o tempo que nos restava cumprir de uma missão que, se não era a impossível, era no mínimo bastante arriscada.

Retornamos cada qual ao seu ninho de origem para felicidade de nossos mais próximos parentes.  Infelizmente muitos não tiveram essa sorte de voltar a abraçar seus entes queridos: as terras africanas ainda guardam os restos que são verdadeiras relíquias pra quem lá tem alguém enterrado.

Para mim, já lá vão 54 anos que que esse sonho começou e 49 que terminou, pelo menos em tese. A pátria que fomos defender nos abandonou, cada um por si e se der certo, alguns por outros. O mundo ficou pequeno para acolher tanto português, especializado, que foi preterido dentro do seu próprio país. A separação voltava a acontecer, mas desta vez em busca do melhor bem estar para a família que fomos construindo com a mistura de sangues que amoldavam. Enquanto na primeira separação havia entre nós uma ligação permanente, por mais que fosse apenas espiritual, pois as distâncias eram imensas, agora a vida nos “impedia” essa ligação mais íntima, pois desconhecíamos o paradeiro dos outros, as suas condições de vida, o rumo que tomara. Pessoalmente passei mais de 30 anos sem ter notícias de qualquer um dos meus “irmãos” de guerra. Felizmente a novas tecnologias foram permitindo os reencontros. Pode parecer meninice ou estranho, mas sinto uma felicidade imensa na hora em que encontro mais um dos irmãos que unimos nossas carnes e sangues em defesa mútua. Eu tenho um pouco de cada um, em mim, embora não saiba quantos serão os que têm em si um pouco de mim. Quando falo de ter um pouco de cada um, refiro-me a recordações, histórias, momentos bons e aqueles um pouco mais ruins que vivenciamos e que nos tornaram membros de um mesmo corpo.

Quantos procurei e jamais encontrei? Por onde andam? Ou simplesmente já não andam mais? A idade, o tempo e porque não os resquícios desses tempos vividos em comunidade são inclementes. Quantos deles já estão tentando montar uma enorme Base Aérea sob as asas de Nossa Senhora do Ar? É isso, o tempo passa e nossa irmandade vai ficando cada dia menor sobre a terra e enorme na BASE MAIOR para a qual todos estamos nomeados para ir, e desta vez não será em rendição a nenhum sortudo que tenha cumprido seu tempo e esteja de volta. Iremos para ficar, para formar nova irmandade,

Dizia eu, quase perdi o rumo nas reminiscências e nas recordações de outras eras, que ontem recebi a triste notícia da partida de mais um irmão. Aos poucos vamos entrando em extinção. Quantos ainda restamos? Entramos num período de fim de missão, não devemos estranhar a partida de cada um. Aqui, ao contrário do primeiro momento na África, todos rogamos para que nos estendam o mais longe possível o “mata-bicho”. Mas a partida final está certa e para muitos de nós bastante próxima. Façamos, enquanto podemos, um pacto tácito de nos encontrarmos um dia qualquer e fazermos uma festa no Bar dos Especialistas que deve existir lá para onde nos mandarem na última missão.

Ontem partiu um dos irmãos com quem dividi, por vezes angústias, outras vezes alegrias, quantas vezes indiferenças a acontecimentos banais, mas com quem sempre podia contar em qualquer situação. Não choro a perda – e não é porque homem não chora – é pelo facto de saber que a esta hora estará já entrosado com o que de melhor possa ter havido aqui na terra. Ele merecia, logo terá. O meu pesar, neste momento, vai para aqueles que mesmo sabendo o caminho que os espera ostentam ares de superioridade para com aqueles que dividiram com eles o medo e a possibilidade de um fim antecipado da existência.

Sei da triste realidade de muitos dos nossos irmãos, mas pouco ou nada posso fazer a não ser usar da arma que ora empunho – as palavras – para tentar ajuda-los daqui deste fim de muno em que me encontro em relação àqueles que necessitam de apoio.

Mas deixo aqui meu compromisso de, na medida do possível, contribuir para a melhoria das condições de vida de tantos que, fiquei sabendo, estão vivendo em condições precárias. Triste da nação que não reconhece seus heróis e coloca num pedestal qualquer analfabeto que saiba dar dois chutes numa bola, ou, pior, consiga roubar mais daquilo que tanta falta a outros mais dignos de ajuda.

A História um dia dirá, acreditem, que embora sejamos pedras soltas na beira do caminho, logo mais estaremos constituindo um templo que dirá de nosso valor. Que nossos descendentes possam pelo menos sentir orgulho do seu Herói.

Abraço-vos fraternalmente

Manuel Pina – Ex OpMeteo da 2/66 – Missão em Moçambique de Jan 69 a Abril 71    

 

 

CRÔNICA MENSAL - JUNHO 2020

Há algum tempo que se se vem falando em superpovoamento do planeta que está voltando a ser azul. E o que se dizia já deixava prever algo que iria dizimar uma parte significativa da população para que que o restante pudesse continuar vivendo com um mínimo de condições. Previa-se uma terceira guerra mundial, pensou-se até em tsunamis consecutivos em várias partes do globo, e, não podemos esquecer o pavor que o tal do comenta que se chocaria com a terra provocou.

Houve quem construísse bunkers e outros tipos de residências à prova de energia atômica, quem procurasse casas prontas ou construísse casas no alto de montanhas para evitar inundações e coisas mais loucas para tentar escapar do “Bicho mau” – qualquer que ele fosse – que nos poderia matar. Mas eis que na calada da noite ou em plena luz do dia, nos mais nobre salões ou nas mais pobre barracas, um vírus se infiltra dentro de você e se não houver cuidados imediatos e adequados... já foi. E não vi sozinho, pois sem saber você se transforma em agente multiplicador transmissor da bestinha.

Não precisou de muito tempo pra correr o mundo. Já vai dando mais de uma volta e ainda não há conhecimento científico absoluto que garanta quando ele vai para de rodar o planeta. Uma coisa é certa: esperávamos coisa grade e algo microscópico fez todo mundo ficar dentro de suas casas por um período assaz longo (que ainda não terminou para muita gente boa, o que seria de louvar, não fossem as mortes registradas.

Pessoalmente vejo à minha frente um copo cheio, no qual tentam botar mais umas gotas, tenho a certeza que vai transbordar. E os que caiem foram são, normalmente aqueles que não têm uma tábua de salvação e morrem logo em seguida de inanição num mundo que queima florestas para produzir alimentos que são consumidos apenas numa proporção de 40% (talvez esteja exagerando para mais ou para menos) e o resto seja destruído, jogado no lixo, onde seres que se dizem humanos disputam com todo tipo de bicharada algo com que possam sobreviver, É a falta de humanismo mostrando suas garras afiadas para pegar suas presas com maior facilidade e para as dilacerar até à morte.

A natureza, sábia que só ela, resolveu intervir neste processo de auto destruição e colocou para funcionar um novo sistema de seleção natural do qual só sobressairão aqueles que ela julgar que ainda têm uma missão digna a cumprir neste planeta. Reparem que o nosso maior (parece piada!) inimigo do momento não escolhe suas vítimas: pode ser rico, pobre, velho ou criancinha, cai-lhe nas garras é difícil de sair delas. A sociedade tem oportunidade, nestes tempos de pandemia e paranoia de refletir sobres as relações sociais que tem vivenciado até este momento e perceber que é imperioso que se estabeleça uma maior igualdade entre os seres humanos, para que todos tenham um mínimo de dignidade no viver socialmente. Chegado é o tempo de a besta homem entender que vem até aqui sem nada e sem nada daqui sairá, talvez a sua herança maior sejam sete palmos da mesma terra em que ficará aquele eu ele maltratou em vida.

Precisamos parar um pouco mais com a ganância e lembrar que não precisamos de muito para viver, apenas o necessário que nos garanta a possibilidade de escutar o canto dos passarinhos, de ver o nascer e o por de sol e deitar nossa cabeça tranquila no travesseiro pra ter uma bela noite de repouso e sonho. Que alguns tenham mais que os outros é até natural. Aberrante e escrota a diferença que querem impor entre uns quantos e todos os outros que não têm onde cair mortos.

É tempo de pensar na insensatez que é observar os que mais têm, com a ganância que lhes é peculiar, irem para as ruas disfarçados de trabalhadores pedirem para que haja um retorno ao trabalho, enquanto o pobre do trabalhador que não tem o que colocar na mesa para seus filhos comerem permanecem em casa cuidando dos seus e de si. A burguesia não é solidária, nem humana, quando encontra uma brecha para abrir o seu negócio explora aquele que menos tem duplicando ou triplicando os preços de seus produtos.

Aloprados, malfazejos, ambiciosos, gananciosos, mas dizem-se cristãos tementes a um Deus. Esquecem de dizer que o Deus que eles mais temem chama-se DINHEIRO, o outro é apenas para enganar os trouxas e trazê-los até perto de si de forma a que possam retirar-lhe até o direito à vida, assim se acham poderosos.

Não me considero mau, mas gostaria de ver um milionário sofrendo com um mal incurável e sendo-lhe colocada diante de si toda a sua fortuna para ver a sua reação. Gostaria de ter a oportunidade de rir-lhe na cara para que ele perceba que nem toda a sua fortuna é capaz de lhe dar a vida que ele vê fugir-lhe entre os dedos cheios de anéis, enquanto o miserável de roupas rasgadas e fedendo a gambá continua n sua sofrência a tocar uma vida de honestidade e humildade que ele é incapaz, sequer, de olhar. Cada um tem o que merece. A Mãe natureza está nos mostrando isso. Se não aprendermos a conviver, não nos restará muita possibilidade de viver sem uma divisão mais equitativa dos bens que ela nos oferece.

O século XXI será o século da maior e mais recente revolução industrial. O mundo mudará ou irá a pique para as profundezas de algum buraco negro. E tudo depende do comportamento de quem não tem sido nada exemplar. Como costumo dizer, o tempo, mestre dos mestres, nos dirá.

E assim se passou o mês de Maria, sem que muitos nem se apercebessem! 

 

CRÔNICA PARA UM MÊS DE LUTO(A)

Amanhã será o antigamente famoso dia Primeiro de maio - dia que era dedicado ao trabalho. Disse bem era, ou melhor ainda, foi deixando de ser. As relações empregador e empregado foram sendo corroídas pelas péssimas políticas neoliberais que se foram fortalecendo, mesmo em pleno governo de "esquerda" e hoje estão no patamar mais crítico que jamais se havia alcançado.

No entanto e em meio a tantas desinformações jogadas às golfadas nas mídias pouco críticas do país, atingimos este mês de abril o índice de 12,2%. Admirai-vos nobres plebeus! Enfrentando uma crise sanitária que obriga ao fechamento até da venda de maconha ali da esquina, visto que não se deve sair de casa, o nosso desgoverno não tem vergonha de anunciar números mais baixos de desemprego que aqueles que eram propalados enquanto vivemos uma aparente calmaria, quando chegamos quase aos 14% (pelos números oficiais). É uma vergonha!

Façamos um cálculo superficial de quantas fábricas se não fecharam, reduziram seus efetivos de empregados a menos de 50%? Quantos trabalhadores autônomos foram chutados das calças (em seu próprio interesse sanitário, é verdade) e hoje se encontram nas filas da fome que o governo está ameaçando dar ao cidadão que não tem como ir trabalhar, lutar bravamente pela sua subsistência? Em qual base de dados o (desgoverno desta que já foi a pátria da alegria) se baseia para calcular o desemprego que tende a aumentar a cada dia que passa, de modo desenfreado. mas eles apresentam números que não convencem nem o mais trouxa dos trouxas que não saiba ler ou escrever um "O" com a ajuda de uma quenga de um coco?

Mas voltemos ao dia de amanhã: o que temos a comemorar? Creio que temos muito mais a lamentar que a comemorar. Deveria ser (e espero que seja) um dia de LUTO/A NACIONAL; de LUTO, em respeito a todos que faleceram pela incompetência deste ser abjeto que se diz ser quem manda no Brasil e podemos ir rezando pela alma de muitos outros que ainda se seguirão , pois o INCOMPETENTE não está tomando uma única medida acertada para combater a pandemia, ao contrário, ele e sua digníssima prole estão fazendo do Brasil em verdadeiro PANDEMÔNIO. Por fim, um dia de LUTA, pois necessitamos, com a maior brevidade possível nos desfazermos da jumentice que esses falso crente (mais falsos que o próprio Judas)elegeram para, sob as ordens e os desmandos dos famosos pastores (que estão mais para bois que para pastores) se sentirem úteis à "igreja" que os rouba até os deixar nus e pedindo esmola. Nunca fui de igreja, nem dessas nem de qualquer outra. O meu senso crítico me diz que devo respeitar o meu ser superior sem dar-lhe um nome ou uma imagem, pois que ninguém o conheceu. Respeito todas as verdadeiras religiões, mas abomino os pilantras metidos a santidade apenas para explorarem o povo besta que se deixa enrolar no canto do boto azul, ou da sereia.

Amanhã vestirei preto, sinalizarei minha casa com preto/luto e só não vou para as ruas para a luta por motivos de saúde que muita gente já conhece. No entanto, aos guerreiros que forem à luta, peço que lembrem que espiritualmente estou com eles.

Vou lançar um desafio: que amanhã, às doze horas, todo mundo pare o que estiver fazendo e faça um minuto de silêncio em todo Brasil. O respeito é bom e todo mundo gosta, Nestes momentos de agonia, os familiares certamente se sentirão um pouquinho reconfortados sabendo que os brasileiros não esquecem seus assassinados por um "governo da morte" como este que temos implantado aqui. Só não devemos deixá-lo criar raízes, à pergunta " E daí?" só podemos responder: RUA!

Que o MAIO, mês de Maria, nos traga a tranquilidade que precisamos.

 

CRÔNICA DE UM FUTURO PRÓXIMO

Não tenho bem visível o exto momento em que tal transformação vai consolidar-se, já me é difícil ver ai longe dado o cansaço dos meus olhos já usados por mais de setenta anos, mas pressinto em meu coração que finalmente vou ver a sociedade se transformar depois que tanto lutei para que tal acontecesse.

Não era exatamente isto que esperava alcançar com a minha contribuição mais que modesta, mas esperava e continuo esperando a transformação que passará uma régua de pedreiro nas diversas camadas sociais tentando nivelá-las. Ficaremos, pelo menos, mais próximos do plano das igualdades.

A minha transformação era pela educação que deveria acontecer. Pela transformação das formas de pensar dos seres sociais que deveriam tomar todos consciência do seu papel na natureza que o capital faz máxima questão de delapidar em proveito exclusivo. Foram anos, brigas, debates, escritos e ditos, mas em todos os momentos parecia com alguém pregando no deserto ou em plana planície onde o eco não acontece.

Fui aquilo a que se pode chamar um lobo solitário. Sedento, faminto e com o uivo cada dia mais fraco, mas fui resistindo, batalhando, vendo uma voz que se elevava um pouco acima das demais aqui e ali, mais longe percebia um movimento na multidão que se juntava para me vaiar ai final de minha exposição em prol d transformação, sinal que algo começava a perturbar, mas ainda não tinha forças para realizar a ação necessária ao sucesso do movimento.

Fui perdendo minhas esperanças de ver uma educação, quiçá uma outra sociedade que ficará para meus filhos e netos. Mas de repente uma onda se agiganta e coloca tudo a escorrer pelos vales rios, encostas de montanhas, vales, depressões do terreno, tudo, absolutamente tudo entra em movimento acelerado rumo ao desconhecido.

As famílias (começo por elas) passam a se ver com mais frequência, aqueles velhos laços que parecia se desfazerem se apertam um pouco mais; os filhos que raramente tinham oportunidade de questionar ou brincar com seus genitores passam a poder brincar de cavalo e cavaleiro; aquela palavra, amor, que estava sendo usada como sinônimo de sexo volta a ter o seu significado inicial a partir de um simples dar as mãos e ficar assistindo as besteiras da TV que ainda não caiu na real que a sociedade está mudando. A sociedade está começando a perceber (embora não queira admitir) que precisa mais ela dos outros, que os outros dela, está recebendo em troca a resposta do individualismo que prega... e contrai-se, encolhe-se em carreatas diminutas de carros enormes que lhe servem como auto afirmação, já que outra argumentação não tem, para pressionar o trabalhador à morte, só porque isso lhe dá lucro. Parece, finalmente, que a elite está se convencendo que só é alguma coisa às custas do suor dos outros. Parece convencer-se, ainda com muita certeza, que o seu muito dinheiro não lhe compra a vida eterna: um simples bichinho, ao que dizem bastante frágil por sinal, está colocando o mundo no eixo do qual se havia retirado.

Não saio de casa, mas tenho o privilégio de ver pela janela a natureza a agradecer o fim (temporário, pelo menos no momento das agressões, vejo as plantas crescerem e florirem depois de quase terem entrado em estado terminal, até animais que não via há bastante tempo voltaram a deixar marcas no caminho que trilham. O ar que respiro parece mais pesado de oxigênio, até a minha pele já craquilhenta parece rejuvenescer nestes dias em que o homem não pode jogar toneladas de lixo na atmosfera que nos envolve.

Você já olhou para o firmamento hoje? O azul parece mais claro, as nuvens parecem sorridentes com a qualidade do vapor de água que carregam, o sol brilha mais. Eu diria que esta nossa quarentena foram umas benéficas férias para o planeta que, como um todo, agradece a gentileza. E o patrão é um bichinho bem frágil, de uma classe não tão poderosa quanto se julgam nossos riquinhos. Olhe-o aí:

 

 

Sei que para muitos, incluo-me nesse grupo, é difícil ficar em casa sem “nada para fazer”, por conta de um ser tão índimo que sequer tem o dom de pensar, por isso paro e penso: se ao final desta experiência, que a mãe natureza nos permite como lição de bom viver, não tivermos aprendido nada é melhor praticarmos o suicídio geral, pois estaremos repetindo mais violentamente os erros que cometemos até hoje. Em contrapartida, se prendermos a lição de humildade, de humanismo, de amor ao próximo e acabarmos com as fronteiras imaginárias que só a ganância humana pode criar e que impedem que todos tenhamos condições muito próximas umas das outras, o mundo está quase preparado para receber essa nova sociedade. Faltam poucos dias aos quais temos que resistir como prova de que queremos algo diferente.

Está aí a diferença pela qual tanto lutei quase solitariamente (passe o exagero) sem sucesso e um animalzinho destes consegue em poucos dias e sem esforço algum realizar. Pode parecer estranho, mas agradeço a colaboração, em benefício da humanidade.

E não adianta vir me criticar por agradecer a um vírus que matou alguns milhares de pessoas. Pois se ele o não fizesse de uma forma biológica, o bicho homem mataria muito mais de forma egoísta e sem possibilidades de defesa. O vírus, pelo menos oferece a possibilidade da proteção tanto individual quanto coletiva, o homem fará a “terra arrasada”.

Você que discorda só precisa escolher!

 

CRÔNICA EXTRA - MARÇO 2020

Eu sei!

Tempo de quarentena por conta do covid19 e nós aqui muito sem saber o que fazer. Sinceramente, eu penso. Penso um monte de coisas boas e outro tanto de besteiras, como diria Roberto Carlos “Coisas da Vida, Choque de opiniões”, na sua canção, “A Janela”.

Mas antes de entrar em linha de choque com alguém façamos uma pequena análise da situação social mundial. Vou dividir essa análise em duas partes, como sempre uma boa e outra péssima. Não é novidade para ninguém que muitas mortes têm acontecido e vão continuar acontecendo até que o “problema” se resolva. Não está fácil!

Essa é a parte ruim da coisa, ajuntando-lhe o medo, o pavor, as fobias e tudo que vocês possam imaginar, não esquecendo as manias de estocar tudo que pode vir a não precisar se “o mundo vier a acabar” (imagem de linguagem, bem entendido).

A segunda parte é um pouco mais animadora menos para certo grupo que se considera terraplanista. Para esse a segunda parte é talvez pior que a primeira. Você já parou para pensar no lado bom da quarentena para a “Mãe natureza”? Já pensou quanto menos de gás carbónico e outros lixos estão sendo deixado de jogar na atmosfera? Já penso no que devem estar “pensando” os animais selvagens (os poucos que ainda habitam o nosso planeta e têm quatro patas)? Já pensaram que as águas dos rios vão poder, enfim, ter um momento de renovação e nesse momento quiçá os peixes voltem? Você mesmo, já reparou que consegue respirar mais profunda e tranquilamente se a presença de tanto lixo na atmosfera?

Estou no grupo de risco dessa pandemia que se instalou a nível mundial, mas tenho meu lado sensível e até poético que me deixa ver a parte melhor da coisa ruim.

Aproveite meu amigo, minha amiga, coloque alguma leitura em dia, escreva aquela sua memória que o tempo teima em apagar (acredite que este é um momento que ficará para a história!), cuide um pouco do seu jardim que andava um tanto abandonado e não se esqueça de regar a Rosa que divide com você as agruras e o mel da vida a dois. Mesmo em meio ao frisson que é viver perigosamente em luta contra um inimigo desconhecido e invisível, aproveite o lado bom da vida, tire o pé do acelerador e dê uma relaxada em seu coração. Curta seus filhos e/ou netos, abra grande a janela da vida e de casa e dê uma arejada geral.

Sabe, tem horas em que eu penso que há males que vêm para o bem, pelo menos o nosso planeta deve estar em pleno delírio. Veja se ao final consegue tirar alguma lição deste mau pedaço da vida.

Não posso terminar sem deitar um olhar clemente sobre os pobres que vivem nas ruas e em condições de miserabilidade absoluta. Juro-lhes que me dói o coração só de pensar o quanto devem estar sofrendo, não só na saúde, mas de fome e frio com esses temporais que andam por aí soltos, sem querer pensar nas horríveis ações de outros bichos que se dizem seres humanos. Mas vou continuar acreditar num provérbio que escutei muitas vezes minha santa mãe dizer: “Quando se fecha uma porta, abre-se sempre uma janela”. Que ela se escancare para os nossos pobres de todo o mundo, que o povo aprenda a ser um pouco mais humano.

 

CRÔNICA MENSAL – MARÇO 2020

Quando a velhice chegar (Roberto Carlos)

Este é o meu mês, antes mão fosse! Não é que eu não queira ficar mais velho, quero sim até porque envelhecer é um dom que não é dado a todo mundo. Quantos tentaram e não conseguiram chegar lá aonde eu vou chegar em breve: 71 anos? Por esse lado sinto-me um privilegiado, pois fará todo esse tempo que nasci, mas quando alguém me pergunta a idade revelo que vou completar três anos, apesar de estar crescidinho e (há muito) com os cabelos todos branquinhos da cor da neve que muitas vezes me cobriu as madeixas castanhas escuras, quase pretas dos bons anos da minha mocidade.

É o caso de dizer que já “estou no lucro”. A mocidade não quer saber disso e nem se preocupa com o que podem vir a sofrer e muito menos com quem sofre. Temos que registrar, infelizmente, o péssimo comportamento dos mais jovens que não pensam no dia de amanhã em relação aos chamados idosos. Abandonam-nos em “lares” de idosos sem sequer se preocuparem em saber o significado da palavra lar e a relação que se pode fazer entre esse vocábulo e o depósito de velhos para aonde atiram com seus ancestrais mais próximos (seus pais e avós).

Só quem como eu e outros que tais que conseguimos chegar a esta idade com a saúde relativamente em condições de nos podermos manter em condições de independência física e financeira compreendemos o sofrimento que devem passar aqueles a quem a sorte não bafejou e sofrem hoje essa agrura de ter de viver no abandono dos depósitos de corpos cansados das muitas lutas travadas ao longo da vida.

Quando atingimos certa idade, a paciência começa a ficar curta, o corpo se torna um rebelde à solta e o cérebro começa a não querer mais se esforçar para lembrar aquilo que aconteceu há poucos instantes: não sabemos mais onde colocamos os óculos ou os aparelhos de audição, os compromissos que assumimos (sejam pagamentos ou de ordem social), chegamos mesmo a ter que consultar mais de uma vez ao dia o calendário para sabermos que dia é este em que estamos.

De minha parte, apesar do tratamento (ou será sofrimento?) que faço a cada dois dias, ligado a uma máquina a quem já apelidei de meu vampiro de estimação, pois ela me suga todo o sangue para lavá-lo (como quem lava roupa que depois estende no varal) posso dizer que vou bem, obrigado. Mas não posso exagerar na dose de otimismo, pois outros sinais de falência corporal começam a dar sinais muito fortes de falência: os olhos (no meu caso o olho, pois perdi um em serviço lá pelos anos 80 do século passado – como estou velho, já dobrei um século!) já foram operados e mesmo assim a visão teima em escurecer ou ficar embaçada – sabe como fica o para-brisa do carro em dia de chuva e você segue viagem com todos os vidros fechados? Pois é mais ou menos assim que ás vezes o meu olho se comporta diante da minha insistência de permanecer muito tempo diante da tela do computador. As pernas começam a apresentar artrite; as costas me ofereceram de presente uma espondilite e por último, não menos “agradável” vem o silêncio provocado por um processo de surdez que os médicos ainda não conseguiram descobrir o motivo de ser.

Mas estou feliz por estar no meio de vocês e em condições que, apesar de tanta mazela que atinge quem chega à minha idade ou uma idade mais avançada, não conseguem manter. Sei, reconheço que um pouco mais ranzinza (já o era antes, mas agora está se agudizando), gosto de dormir até mais tarde, me alimento super bem e só não faço melhor (ou pior?) por conta de uma dieta que me é exigida para manter alguns níveis do sangue em condições que garantem a melhor qualidade de vida nas minhas condições. Ah! Quero deixar claro para os meus amigos que ainda espero festejar mais alguns aniversários! Isto que aqui escrevo não é um adeus, como já chegaram a dizer que eu tinha o hábito de fazer, muito menos uma queixa contra quem ou o quer que seja muito menos contra mim mesmo. Não me arrependo de nada do que fiz, teria até prazer de voltar a fazê-lo, trago apenas notícias minhas e vou prestando contas do que vou realizando. Por exemplo, e para que vejam que não estou na ociosidade: tenho um livro para lançar nestes próximos dias e acabo de terminar a escritura do 5º. A mente continua a funcionar a 99% (não mais aos 100%) porque a preguiça que me é já facultada me deixa em ritmo mais lento (no meu tempo de jovem diria mais “slow”).

Portanto, eu repito depois que meus rins pararam estou comemorando meu terceiro aninho de sobrevida com uma qualidade excepcional enquanto aguardo (espero que para bem breve) o transplante que me garantirá mais uns aninhos aí pela frente. Deixo aos jovens um alerta: Cuidado com os exageros. Vivam vossas vidas intensamente, mas proíbam-se os exageros, pois tudo que é exagerado hoje, você sentirá o peso mais tarde.      

 

CRÔNICA MENSAL FEV 2020

Afinal, de que valem as tendências pedagógicas?

Enquanto o sistema de gerenciamento econômico que predominar na terra for o capitalismo selvagem, explorador e concentrador de rendas e lucros, a educação não poderá jamais respirar aliviada e fazer o seu trabalho de modo a atender os desejos das populações. Esta é uma regra basilar em qualquer parte deste planeta que um dia disseram ser azul.

Os nossos pedagogos terão muito trabalho infrutífero a estudar e criar métodos e técnicas de ensinagem que não atingirão jamais a meta, pois não existe uma unicidade de aplicação do conhecimento construído, nas diversas camadas sociais (algumas até mesmo antissociais) e principalmente face aos desejos mais diversos e obtusos que cada faceta desse tal capital possa exigir. É condição sine qua non para o sucesso do capital que a população tenha o menor grau de desenvolvimento intelectual possível, para não causar transtornos ao processo exploratório da mão de obra que carece, ainda mais, ser barata.

Se pararmos um minuto para examinarmos algumas dessas técnicas e métodos de ensinagem, veremos nas suas entrelinhas a existência de uma exigência capitalista para formar o homem na justa medida da sua necessidade produtiva, nada mais. Eu insisto na ensinagem, pois percebe-se que não existe desejo de fazer a pessoa aprender, ela precisa apenas repetir o que lhe ensinam a fazer e a não questionar o resto. É o famoso caso do colocador de parafusos de roda nos carros da Ford, ele só aprendeu a fazer aquilo, é o que faz e não deve questionar outros saberes. Essa é a nossa escola: treinar mão de obra barata e não questionadora para atender ao capital. Este, por sua vez, prepara antecipadamente o caminho para que os futuros trabalhadores não estranhem o trajeto. É o que estamos protagonizando atualmente com as famosas Escolas Técnicas de índole militar. Elas são hoje, a menina dos olhos de nossos desgovernantes, servos do tipo vira-latas da grandes potências mundiais que ditam o regime produtivo de cada um, não importa se ao custo do desmatamento da Amazônia, ou  dos acidentes de Brumadinho e Mariana.

O Capital, como se costuma dizer na gíria sábia do nosso povo, não dá ponto sem nó. A popularização, podemos até dizer a inundação de telefones celulares está diretamente ligada a um dos desejos do capital: ter pessoal minimamente entrosado com o que chamam de Novas tecnologias, visualizando lá na frente a utilização da Inteligência Artificial – IA – na qual o capital está apostando grande parte de suas fichas.

Portanto, as nossas tendências pedagógicas com base na filosofia, na Sociologia e na Psicologia não atendem, desde os primórdios da consolidação do capital, os desejos mais recônditos deste. Tem muito pedagogo defendendo o “aprender a fazer, fazendo”. Ora esse é o lema do capitalismo e não vai mais além: “Aprenda a fazer o que eu preciso e não vá mais além, venha para o chão da fábrica, produzir o lucro que eu quero ter”. Será essa uma boa técnica de ensinagem? Será esse um bom método de aprendizagem, quando sabemos que 90% dos saídos da escola não conseguem colocação no campo de trabalho? Essa, aliás, é outra estratégia do capital: ter trabalhadores de reserva em abundância, pois isso ajuda a baratear o custo da mão de obra.

O nosso sistema produtivo é vil, a tal ponto de se desfazer do seu próprio produto final para forçar a subida do custo ao consumidor, isto é, para produzir mais lucros. O mundo está ficando cada dia mais lotado de pessoas que beiram a morte por causa da fome, mas é fato que nos países maiores exportadores de produtos de consumo humano são frequentes as cenas em que se vê o produtor do leite jogar o leite no asfalto, mas não o dá a quem carece tanto dele; o produtor de batata e milho joga a produção no chão e passa com o trator por cima, enquanto ali ao lado, na assistência tem gente morrendo de fome.

A nossa escola nos ensina a olhar para essas cenas e pensar capitalistamente, “se você trabalhar bem não terá necessidade que ninguém lhe dê nada, basta fazer a sua parte”, mas se olharmos atentamente, nem isso ela nos ensina direito. Perceba: “Eva viu a uva”, mas jamais, “Eva comeu a uva”, porque se Eva comer a uva, o capitalista terá um tremendo de um prejuízo: o produto que não lhe renderá lucro, e o tempo que a Eva perdeu para comer o tal produto.

O meu repto aos nossos pedagogos e sociólogos, entre outros pensadores da situação populacional é o de provocarmos o capital a enveredar por um caminho que o conduza ao lugar de onde mais não possa sair para praticar mais maldades, quase a aplicação de uma armadilha. Marx já um dia no passado disso que o capital por si só se destruirá. Podemos dar uma ajudinha? Olhemos, para tanto, à nossa volta e percebamos a desgraça que avança sobre a esmagadora maioria da população mundial e digamos não ao consumismo, unamo-nos para consumirmos menos: dois professores (já que se fala em escola) podem ir no mesmo carro para a escola, não precisam ir cada um no seu; um pode emprestar o seu livro ao colega, não precisa que cada um tenha o seu; passe mais um ano com seu carro usado, antes de comprar um outro, use os produtos que a natureza lhe dá e deixe de comprar produtos fabricados: use flores naturais em ves de aromatizantes. Compre menos um celular última geração e utilizem o seu velhinho por mais uns tempos. E tantos exemplos que aqui poderíamos dar.

O nosso mundo ainda pode ser salvo, só depende de nós. O capital precisa de consumidores, se estes começarem a rarear ou mesmo a desaparecer, ele precisará se repensar. Então, um dos deveres maiores da nossa escola é preparar o cidadão para a sua autossuficiência e o capital se precipitará nas profundezas do inferno. Não é fácil, eu sei, mas depois do primeiro passo quase sempre vem o segundo e os seguintes se houver coragem e incentivo para isso.

Façamos a nossa parte.

 

CRÔNICA MENSAL JAN 2020

Por mais que esteja atrasado quero desejar a todas e todos, um Feliz Ano Novo. É um dever de praxe do qual até os mais hipócritas botam mão por esta época do ano. Esses passam o resto do ano te cortando, te tirando do sério, te maldizendo, te desejando o mal, mas nesta época são todos(as) bons moços e moças para encherem todos os espaços de falsos desejos. Tá dito, não homem de meias palavras.

O atraso que estou anotando teve uma boa causa. Creio que já havia anunciado muito superficialmente que estava preparando a minha produção literária para ser publicada, Isso me consumiu bastante tempo, Revisar, reescrever uma ou outra parte, modificar tal ou outra foto, enfim, fazer os ajustes finais demorou mais que todo o resto. Mas finalmente, hoje posso mostrar a minha primeira produção solo. A seguir mostro a capa do livro em duas tomadas.

  

Devo advertir que não é nenhum Best Seller e que apenas se aproxima, de longe, de uma pequena autobiografia na qual vou mostrando como fui acumulando conhecimentos ao longo destes meus quase 71 anos de idade. A intensão é mostrar a esta nossa mocidade que por ventura tenha acesso ao livro, uma técnica que pode resultar no traçado do seu caminho, jamais esquecendo que o caminho se faz ao caminhar.

O percurso que faço da maneira mais didática possível é aquele que vem praticamente do meu nascimento até estes dias de agonia na expectativa da aposentadoria. Mostro um pouco das andanças por este mundo grande e redondo, embora tenha imbecis dizendo que ele é plano, e vou mostrando como ia aprendendo com a minha simples existência.

Claro que passo pela escola, depois, bastante novo enfrento uma guerra durante um período assaz longo, a desilusão do pós guerra, o caminho de cavaleiro errante até, finalmente, fixar o arraial e me tornar que sou hoje, principalmente naquilo que já fui efetivamente e hoje sou só de título, considerando que não exerço mais minhas funções das quais sinto imensas saudades.

Gostava de viver no meio da garotada de não importa qual nível de aprendizagem. Nunca me fiz um “ser amado por todos”, pois nem todos entendiam que o que eu desejava era passar a minha experiência para que eles pudessem construir o seu saber, de um modo parecido com o meu. Mas repito, eu amava aquela algazarra. Na universidade, adorava fazer os alunos pensarem. É algo muito difícil na população brasileira, mas alguns conseguiram acompanhar meu passo e hoje tenho orgulho de dizer que já tenho ex-alunos com a minha mesma titulação de Doutor. Alguns poucos Mais estão no caminho, no Mestrado, e essa é, Para mim, a maior alegria e o maior reconhecimento que eu posso ter: saber que ajudei alguém a crescer, a ganhar importância na área acadêmica.

Enfim, por este mês posso dizer que me sinto realizado na maior plenitude. Que o resto do ano seja tão bom ou melhor do que está a ser este Janeiro 2020.

 

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CRÔNICA MENSAL - DEZEMBRO 2019

Quando a gente pensa que a coisa vai mal, eis que surge a prova que vai muito pior.

 

Falo do lugar do educador preocupado com a qualidade do ensino no país, lugar que não é, de per se um lugar que deveria manter a otimização das condições de trabalho para que possamos desenvolver nossas atividades profissionais com o maior zelo e aprimoramento.

A situação sócio-política que o país atravessa, no entanto, está alinhada com o fim da nossa profissão, com o desmantelo da coisa pública e da manutenção da ignorância do povo, tal qual lhes convém, para obterem dele aquilo que mais desejam: seu suado dinheirinho nem que seja com práticas que se assemelham muito àquelas da Igreja Universal: prometendo um cantinho no céu a troco de cada vez mais dinheiro.

Segundo a publicidade, veiculada abaixo por mim, coletada da internet, o MEC promete “milagres” em seis meses, como se pode verna reprodução abaixo:

 

Faseb EaD

6 de setembro ·

A OFERTA VOLTOU!!!

Formação Pedagógica e Segunda Licenciatura em 6 meses com mais de 45% de desconto para pagamento à vista.

Oferta válida até dia 20 de setembro para pagamento à vista: De R$ 4.780,00 por apenas R$ 2.600,00.

Programa do Conselho Nacional de Educação – Resolução MEC 02, de 1º de Julho de 2015. A nossa primeira oferta foi um sucesso.

Confesso que andei a vasculhar no site da oferta e, no meu modesto entender, não se trata que de mais um golpe, pois não dão maiores informações online, é preciso que a pessoa ligue para um determinado número Whatsapp para que eles forneçam maiores detalhes. Nãso é procedimento de quem faz a coisa séria. Não dizem, por exemplo, quem vai validar e expedir o diploma (aí tem gato!). Uma licenciatura seja a primeira ou a segunda, em seis meses, quando nós sabemos que quatro ou até cinco anos não são suficientes para “formar quem quer que seja, a menos que seja como ladrão. Este ladrão que aqui aponto não é aquele que anda armado te assaltando nas ruas ou pula o muro da tua casa, não, o ladrão que eu falo é aquele que usa roupa social, se apresenta como portador de um diploma de nível superior e rouba uma possível vaga de quem efetivamente está preparado para ocupar aquela vaga. Isso é, sempre no meu modesto entender, um duplo crime, pois para além desse diploma ter sido meramente comprado por R$ 2.600,00 (aproveite a oferta) a sua presença no campo de trabalho faz baixar o salário de quem dedicou toda uma vida ao magistério (por exemplo e no exemplo) e noutros cursos ofertados.

Vi, por exemplo, curso de Psicologia, de Artes, de História... Pelo amor dos estudiosos! A pessoa não consegue construir minimamente a sua história, mas quer se formar em História. Outra não consegue colocar sua cabeça em ordem, mas quer fazer Psicologia e é desses inocentes úteis, desses babacas, desses alienados que a “educação superior” amiga do nosso inimigo (MEC, Sinistro da Educação, capitalistas sem vergonha) vai viver no país. Enquanto isso – e creio que título de consolo – o Sinistro da Educação acena com a miséria de 125 milhões para que as federais façam a pesquisa que ele quer sobre energia solar. Confesso meu crime: eu, no lugar de um reitor de federal que fosse contemplado com alguma miséria desse dinheiro aí não produziria que fake projetos e entregaria resultados mais fakes ainda.

Nem o MEC, nem o Sinistro, nem seu chefe merecem o mínimo respeito da Educação para valer. Que se contentem com os formados nesses cursos EaD que seus apaniguados estão oferecendo.

 

CRÔNICA MENSAL - NOVEMBRO 2019

ATENÇÃO PROFESSORES INOVADORES!!! https://www.facebook.com/tieduca.com.br/posts/2856680817890313

Li, entre admirado e preocupado o texto de Peter Fisk versando sobre a educação 4.0. E, sejamos honestos, motivos para tanta preocupação não nos faltam, Antes mesmo de adentrar a análise do texto que acabo de reler (atónito), é preciso cair na realidade educacional brasileira que ainda não conseguiu ultrapassar a cartilha do Zé e da Ana e das lousas do tempo da pedra polida para poder escrever nela com algum utensílio capaz de deixar marca na lousa (quantas que não mais saiam!).

De repente cai-me na rede em que tentei durante muitos anos pescar um peixe médio, um presidente analfabeto, inimigo do saber e dos professores, A situação vai de mal a pior. Muito mais veloz Hamilton na F1, o sinistro da educação (lamento, mas não consigo trata-lo pelo título que merece quem ocupa a pasta do ministério da educação) tenta emplacar um campeonato com a técnica da “Escola sem Partido”, tendo nos boxes uma cambada de alienados que mal sabem descobrir onde colocar a roda do carro. A tristeza se abate sobre quem peleja para elevar o Brasil ao pódio, lugar mais que merecido por si mesmo, mas não, infelizmente, pelas cabeças que comporta, que por natureza alienante mais parecem com gado, literalmente.

Voltando ao texto que me aponta para uma Educação 4.0 – o primeiro sentimento é de revolta, pois sei que por estas latitudes ainda não chegamos, sequer, no 0 (zero). Como posso imaginar-me num estágio evoluído em que ela a Nossa Senhora da Educação possa atingir o estágio que Peter Fisk já apelida de 4.0?

Mas não falta muito para chegarmos lá:

1 – Derrubamos um estado que não se importava minimamente com a educação do povo;

2 – Derrubamos a democracia encurtamos todos e quaisquer direitos dos trabalhadores;

3 – Roubamos o financiamento destinado à manutenção das escolas e universidades;

4 – Solapamos todo o investimento em pesquisa que se desenvolvia no país;

5 – Aumentamos exponencialmente o desemprego, em nome da autonomia de trabalho independente e por conta própria;

6 – Rebaixamos um salário mínimo que já era de miséria, a tal ponto que é quase impossível continuar vivendo;

7 – Demos (tive dúvidas entre demos e vendemos, escolhi o primeiro) todas as maiores riquezas do patrimônio nacional.

8 – colocamos militares caducos, com problemas de visão futurista e sentido desorientado de progresso nas escolas para fazer os estudantes marcharem aos sons dos tambores que anunciavam a guerra e o terror.

9 – Estamos loucos por ter de volta a ditadura com seus paus de ararara, mortes sem limite ou justificativa;

10 – entregamos nossa alma ao bicho do mal, pois o “deus” que nos enviaram é bem pior que ele, o Cão perto dele é aluno de creche;

11 – cometemos crimes a céu aberto e plena luz do dia e dizemos que é em defesa da pátria sem que ninguém nos incomode.

!2 – Trocamos a famosa “carteirada”, pelo tiro no meio dos olhos “para que aprendam a não mexer com gente de bem;

A lista continua... Eu que não tenho mais paciência para fazer a relação!

Olhe-me bem nos olhos, Mr. Peter Fisk, e me responda a seguinte pergunta:

Quando nós atingirmos a Educação 1.0, em que nível vocês já estarão?

E sabe, Mr. Fisk, o porquê desta pergunta apenas pela sensação que me causam estas suas palavras:

De fato, muitas das mudanças em andamento evocam palavras do poeta irlandês William Butler Yeats de que “a educação não é apenas encher um balde, mas acender um fogo”.

A tecnologia tornou-se integrada em praticamente todos os aspectos do trabalho. E porque passamos tanto tempo trabalhando, o trabalho realmente é o lugar onde sentimos mais diretamente o impacto do desenvolvimento de tecnologias.

Da colaboração à produtividade; desde novas formas de abordar o design do espaço de trabalho até a capacidade crescente de trabalhar virtualmente em qualquer lugar; e da contratação e recrutamento a novos conjuntos de habilidades - é um momento de experimentação para empresas e organizações à medida que as tendências na tecnologia convergem para mudar o que significa trabalhar.

Veja que nós não acendemos um fogo, Queimamos a nossa maior fonte de pesquisa.

Repare, Mr. Fisk, que a nossa tecnologia não atingiu ainda nem 10% da população.

Saiba o senhor que a maioria de nossa população trabalha na informalidade e quem tem curso de fritador de hambúrguer quer ser embaixador nos EUA.

Os nossos professores, malgrado contra mim mesmo me pronuncie, mal sabe ler e interpretar um texto... Como ler algoritmos ou compreender o funcionamento de algo que embora pareça uma “máquina” aos seus olhos, faz coisas incríveis como impressão em três dimensões? Ou pegar uma arma escolher o alvo certo e atirar no centro do alvo?

No meu país no velho continente tem um ditado que diz: “Quem nasceu para burro, jamais chega a jumento”!

Fiz a minha parte. Poucos conseguiram pegar o fio da meada e estão a caminho, o resto virou rês.

 

CRÔNICA MENSAL - OUTUBRO 2019

Bom dia.

Desculpem a ausência, mas ela se justifica por dois bons motivos, um dos quais foi tratar da saúde, primordial. Nesse caso tive que me deslocar a uma grande cidade para fazer alguns exames ditos de rotina para nos ajudarem a manter a forma dentro dos limites que a idade impõe. O segundo caso foi bem mais agradável, pelo menos para mim, que o foi o “recolhimento” para fins de análise e correção do meu primeiro livro que em breve estará à disposição de quem quiser conhecer-me um pouco mais. Deu muito trabalho, são 160 páginas de, para mim, pura emoção e revelação de coisas que acredito que nem eu sabia. Não se trata de uma pura autobiografia, mas fica muito perto.

O maior foco que em certa forma aparece dissimulado, como não poderia deixar de ser, é a educação, não esta que aí temos, desmoralizada, anarquizada, entregue a quem só entende (?) de balas e outros artifícios mortais, , que querem militarizar como se desejassem preparar a juventude para outra guerra que não a ideológica pessoal, o livre pensamento e agir como seres racionais capazes de escrever nossa própria História. Querem a todo custo amordaçar o povo, cercear-lhe a liberdade conquistada com sangue suor e lágrimas que hoje são desprezadas e vista não como fruto de uma dor, de um sentimento pela perda de um ser amado.

Transcorreu ontem um dia que era, normalmente, bastante celebrado: o dia do professor, mas o que eu vi foi o silêncio preocupante daqueles que deveriam ser os primeiros a empunhar a bandeira da liberdade, da igualdade e da fraternidade (não aquela proposta pelos franceses, pois também não passou de um engodo), mas aquela que efetivamente irmane os homens e as mulheres de todas as raças, credos, cores, sexos – finalmente, seres humanos.

Se é uma enorme verdade que nada, absolutamente nada temos a comemorar, temos por esse motivo razões para abrir uma frente de luta em prol da classe e da sociedade em especial. O nosso silêncio não passa de um consentimento a essa política da tabula rasa que querem fazer da educação escolar neste país que, com apenas um pouquinho de investimento da riqueza que estão doando criminosamente a outras nações, poderíamos nos tornar um dos principais líderes mundiais. Já sentimos esse gostinho por um escasso período de 15 anos, no entanto as forças retrógradas associadas à direita, à ultra direita e aos escroques pentecostais a quem um povo abestalhado, acéfalo, ignorante e principalmente ignorante político (não, não vou trazer aqui o poema de Brescht) não percebe o mal que se auto inflige. Será sado masoquismo, será a mais pura declaração de embrutecimento o fato de não perceber que está apoiando tudo que há de pior para a sua própria vida?

Não acredito muito projeto “precisamos tirar o PT”. Essa é, no meu fraco entendimento, a mais covarde atitude para satisfazer antigos e recalcados desejos animalescos que parte significativa da população guardava dentro de si desde os tempos imemoriais. Por mim, o Brasil está vivendo uma farsa pela supremacia de Homens de visão curta, egoístas e principalmente animalescos, mesmo se as contas em bancos for do país estouram pelas costuras. São eles que, ainda insatisfeitos estão vendendo tudo que querem e podem com a finalidade de se locupletarem ainda mais.

Infelizmente, estamos ficando, todos, embrutecidos ao ponto de u já ter escutado de alguém de quem nunca esperei tal reação a seguinte expressão: “O coiso é que tem razão”, nesta hora queria ter uma arma na mão”! – Parei, olhei o agora ex-companheiro, arrumei uma desculpa e saí sem fazer a menor alusão ao que acabara de ouvir. É inútil continuar uma conversa com alguém que começa a internalizar o mal, a prática criminosa da lei pelas próprias mãos, a aceitar a política do crime que compensa que este novo governo está colocando em prática. Não sou, nem desejo ser a melhor pessoa do mundo, pois mais que muitos cometo erro e desacertos, mas neste quesito sinto-me verdadeiramente superior a totalidade de eleitores que sequer refletiram no perigo para o qual estavam caminhando a passos largos.

Hoje, depois de ter refletido bastante, eliminei de vez a minha conta no facebock (outra miséria a serviço única e exclusivamente do capitalismo e que elimina alguma postura sua mais radical, sem lhe dar explicações e sob a batuta dos mestres banco/carniceiros) retorno às minhas fracas publicações, pois ela ainda são uma forma de tentar me manter sadio no meio desta floresta de dementes que me rodeiam. Não escrevo para agradar “A” ou “B”, escrevo para me manter ocupado e longe do nefasto contágio, afastado o quanto mais puder desse vírus que está dominando, não só o Brasil, mas o mundo de um modo quase geral. Confesso o meu pecado: eu já era um tanto antissocial, mas acredito que estou caminhando para o ermitão. Em terra de sapos, de cócoras com eles.

 

CRÔNICA MENSAL - SETEMBRO 2019

Ilmo. Sr. Camilo Santana

Fui, até agora há poucos minutos, um de seus fervorosos defensores e apoiadores, inclusive para futuro presidente deste torrão tão vilmente tratado pela classe política que aí está instalada e parece querer ganhar raízes mais profundas. Mas, disse fui. Neste momento sinto no peito a punhalada que V. Ex. acaba de desferir não só em mim, mas em tantos quantos como eu acreditaram que o Ceará iria tornar-se, quiçá, um Estado modelo, considerando seu crescimento acima, bem acima da média nacional, dos exemplos de aplicação de grande parte dos nossos alunos que participam das mais variadas Olimpíadas e deste povo que mesmo ameaçado pelo terror importado de outros estados da federação e das inclemências do tempo não abaixa a cabeça e parte para a luta.

Olhando o futuro que sentia promissor nestes rincões abandonados dos homens das mão largas para arrepanhar o suor do pobre, mas miseráveis na distribuição do produto resultante do vergar de corpos cansados e desmerecidos, tornei-me PROFESSOR. Sim, escrevo professor com letras maiúsculas (e não o suficientemente grandes para traduzirem a nobreza do nosso fazer) para lhe ajudarmos a tornar a nossa terra cada dia mais digna de ser vivida. Já lá vão anos, mas me orgulho de dizer que da maioria dos meus ex-alunos muitos já são doutores, outros são dignos cidadãos que preferiram submeter-se às regras do capital, sempre na linha da boa conduta pelejando pelo seu próprio progresso e, por simpatia, pelo progresso do Ceará e do Brasil. Alguns se encaminharam para o mau destino, coisas da vida que nem sempre podemos evitar, principalmente num país onde o ser humano não é a peça mais rara e merecedora de todo apoio.

Aos trancos e barrancos, fomos conquistando sempre os primeiros lugares no ranking nacional, o Ita, um bom exemplo (para falar só dele), conseguimos um governador que de forma clara nos foi mostrando que poderíamos ir crescendo mesmo remando contra a maré. Estão aí os dados do crescimento econômico do Estado que não me deixam mentir. Foi em parte trabalho nosso, professores, que soubemos até nas piores situações dar a volta por cima para tirarmos o Estado do ostracismo acadêmico que vivia. Sei, alguém vai dizer que poderíamos ter feito muito mais: é lógico, mas gostaria que quem assim pensa venha até a escola pública e veja as condições em que a enorme maioria de nós trabalhamos. Para alcançarmos mais resultados (que já não são tão ruins) precisaríamos de ter nossas escolas aparelhadas, nosso professores bem remunerados (eu sei, tem quem esteja em pior situação que nós, mas isso não é satisfação nem incentiva ninguém a abandonar pelo menos um dos três turnos em que trabalha, pois já seria suficientemente remunerado para ter uma vida minimamente digna), se as nossa universidades fossem estimuladas a formar professores mais competentes ainda, mas não só, a dar-lhes a assistência na pós formação inicial. Sei... são tantas coisas que eu sei e o Sr. Sabe também... Mas em vez de cuidar desses pormenores prefere construir mais presídios (a que custo Sr. Governador?) e a adotar um sistema militarizado, hitleriano, nazifascista de ensino. Espera com isso que os militares vão conseguir dominar as facções crescente e que crescerão ainda mais quando tiverem seu território tomado por militares professores? Espero estar errado, mas creio que muitos deles vão tombar sob a revolta de quem quer pão para comer e não tem um local onde o possa ganhar honestamente, pela revolta daqueles que vão ver ainda com mais clareza que a vida boa é só para marajá e que ao pobre está destinada a escravidão imposta por esse sistema capitalista contra o qual V. Ex. dizia combater. Lembro com profunda tristeza que marcará para sempre os meus últimos dias de vida que o Ceará que abracei em 1978, foi o único Estado a adotar tal sistema de educação. O senhor perdeu meu apoio e de tantos quantos sabem o que essa sua tomada de posição representa na sociedade conturbada que vivemos atualmente. Por favor, não frequente mais o clube dos nordestinos, pois todos o olharam de soslaio e terão pouca confiança em V. Ex. E com razão!

Abomino quem dá uma no cravo, outra na ferradura!

 

CRÔNICA MENSAL - AGOSTO (3) 2019

 

Ainda sobre “a crise na educação”, com Hanna Arendt

Prosseguindo a análise do texto indicado, vamos hoje tentar descobrir como Arendt propõe a transição entre o "mundo antigo" e o "mundo novo". Reparem que só esporadicamente aparece o tema que nos interessa mais: a educação!

Quem quiser seriamente criar uma nova ordem política através da educação, quer dizer, sem usar nem a força e o constrangimento nem a persuasão, tem que aderir à terrível conclusão platônica: banir todos os velhos do novo estado a fundar (p. 4).

 

Leio estas palavras e sou assaltado pela imagem do “novo” governo implantado em janeiro p.p. no Brasil. A regra se aplica como uma luva. Tenho a nítida impressão que atual ocupante da cadeira de presidente do país está colocando em prática, acriticamente, os escritos de Arendt.

 

As primeiras iniciativas foram de ataque ao trabalhador, eliminando a segurança e a garantia de direitos trabalhistas e depois lhe cortando aquilo que poderá garantir-lhe uma sobrevida após a vida útil ao capital – a aposentadoria. Com esta medida a população brasileira em breve decairá dos atuais 203 milhões para menos de 180 e, depois, continuará a decair por conta das restrições ao trabalho, à segurança, a tudo que possa permitir ao brasileiro constituir uma família em segurança e com garantias mínimas de poder sustenta-la. Mas essa será a Nova Ordem política de que nos fala Arendt – só existirá vida digna para quem for dono do capital e se enquadrar na Nova Ordem Mundial (NOM).

 

Não estou inventando nada, não! Pensem em países como Portugal, por exemplo, que passaram quarenta e dois anos tentando construir essa NOM e hoje está pagando para que os portugueses e – o que é pior – os estrangeiros imigrados tenham filhos para que possam repovoar novamente o país. Já por aqui abordei esse assunto das vilas inteiras à venda por não terem um único habitante. É este o novo modelo societal que querem construir? Mas fica no ar a pergunta: E a educação, qual terá que ser o seu papel?

 

Faz parte da natureza da condição humana, segundo a autora, que cada nova geração cresça no interior de um mundo velho, de tal forma que, preparar uma nova geração para um mundo novo, só pode significar que se deseja recusar àqueles que chegam de novo a sua própria possibilidade de inovar.

 

Nesses casos preparamos as pessoas para viverem num mundo sempre velho e para as quais jamais ele será novo. Pressuponho que Arendt quer dizer que o mundo só é novo para quem acaba de nascer, passando, de imediato à condição de velho. Não sei se concordo muito com esta afirmação, muito embora aceite, sim, que o passado é agora, o presente é uma infinitesimal parte de tempo e o futuro estará diante de nós após cada segundo. Não sei se é por aí que vou me convencer das palavras da autora. Nesse sentido a escola, que supostamente prepara a pessoa para o futuro, perde o seu sentido, pois quem nela entra já é velho e embrenhado no passado, por mais recente que ele seja. É, na minha opinião, uma visão completamente distópica. Voltando a Arendt podemos ler:

 

(...) o fato ainda que, aqui, se de ajudam efetivamente as pessoas a abandonar um mundo velho e a entrar num novo, tudo isto dá força à ilusão de que o novo mundo está a ser efetivamente construído através da educação das crianças (sic) (p,4).

 

Podemos iniciar a análise do paragrafo por “(tudo isto dá força e ilusão)” sendo que “isso” não passa de outra coisa que a educação das crianças que parece prometer um mundo novo. Mas volto a reprisar, não há um espaço capaz de permitir maiores transformações (seguindo a analise que Arendt faz), pois a criança logo após o nascer já se torna velha. Bem, aqui, se a minha leitura não me engana, ou Arendt se contradiz ou ela atribui à mudança de mundo o surgimento de um "novo" que, na realidade, pode ser muito mais velho que aquele que a pessoa “acaba de deixar”. Sempre na minha análise, Arendt não conseguiu explicar convincentemente a transição entre o velho e o novo e muito menos, pelo menos até aqui, explicar a tal “crise da educação”. Tudo que temos visto até este momento nos remete quase exclusivamente às ações da sociedade política que orienta os povos para os seus interesses pessoais deixando de lado as relações que estas populações podem e devem estabelecer entre elas e a natureza em forma de harmonia reprodutora daquilo que o ser social precisa para a sua sobrevivência, sem agredir de morte a quem conhece por “mãe natureza”.

 

É Arendt quem nos diz que

 

Mas a ilusão é aqui mais forte do que a realidade porque emerge diretamente de uma experiência americana básica: a de que é possível fundar uma nova ordem e, mais ainda, a de que é possível fundá-la com a consciência profunda de um continuum histórico. Na verdade, a expressão «Novo Mundo» só ganha sentido face a um Mundo Antigo, mundo que, se bem que admirável por outras razões, foi rejeitado por não ter podido encontrar solução para os problemas da pobreza e da opressão (p. 5).

 

Ou seja, qualquer que seja a atitude humana será sempre uma ilusão, que se despedaça em fumaça em pleno ar, por mais que ela seja fundada com “consciência profunda”. Não fica claro, pelo menos ao meu olhar, qual dos dois mundos apresenta problemas não resolvidos e por quais “razões”, e por isso eu me permito dizer que os dois estão em igualdade de situação enquanto não houver mudança política capaz de fazer a diferença, pois a partir dessa premissa apresentada por Arendt, qualquer um elabora o "seu plano existencial" deixando de lado a saudável experiência da convivência entre seres de igual natureza, mas de condições financeiras expressamente criadas para aumentar o fosso entre os “dois mundos” e não será isso um problema que a educação poderá resolver. Esse é, como aqui referi, um problema societal e não educacional que, aliás a nossa autora parece evitar abordar de uma forma aberta, apesar do título da obra.

 

Há ainda muita lenha para queimar nesta fogueira em posso ser o principal elemento combustível, mas necessito expressar a minha visão sobre um assunto tão gritante quanto esse que Arendt nos traz, por isso aguardem novas análises.

 

CRÔNICA MENSAL - AGOSTO (2) 2019

Prosseguindo com a minha análise da pressuposta crise educacional, retiro de Arendt (1957, 3) que a situação educacional atingiu patamares elevados de dificuldade/crise a partir de um determinado momento que já lá vai longe no tempo. Vejamos nas suas palavras:

 

Foi a partir desta fonte que se constituiu um ideal de educação, mesclado de rousseauismo — e, de facto, influenciado diretamente por Rousseau — de acordo com o qual a educação se transformou num instrumento da política e a - própria atividade política foi concebida como uma forma de educação.

 

Nos meus estudos históricos, o que se teve a partir de Rousseau foi uma requalificação do conceito de criança, logicamente que teve de haver adequações do sistema educacional, mas jamais isso constituiu uma crise, mas reformulação de modelos educacionais. Se o velho ditado que diz que a educação é o processo de adequação do homem à sociedade em que está inserido, tem valor, nada mais normal que numa nova sociedade que se estava construindo houvesse um novo modelo educacional que atendesse suas necessidades. Esse era o jogo que ainda hoje se joga (embora com jogadas bem mais violentas sob a capa da democracia). Nesse sentido, vale frisar, que mais uma vez a “crise não é da educação que, ordeira, segue os caminhos que lhe traçam, mas da sociedade que, revolta, não sabe que rumo dar ao seu destino”. Usando de um linguajar popular e pouco academicista direi que é muito cacique para pouco índio: tem mais quem mande “mal” do que quem “obedeça” bem, considerando que as sociedades hodiernas já são compostas de pessoas que pensam no amanhã, tendo os pés bem firmes no hoje, depois do que passaram no ontem.

 

Mas Arendt parece jamais se convencer do que quer afirmar, pois logo em seguida nos diz que

 

No que diz respeito à política há aqui, obviamente, uma grave incompreensão: em vez de um indivíduo se juntar aos seus semelhantes assumindo o esforço de os persuadir e correndo o risco de falhar, opta por uma intervenção ditatorial, baseada na superioridade do adulto, procurando produzir o novo como um fait accompli, quer dizer, como se o novo já existisse.

 

Encontro neste parágrafo alguns pontos de discórdia sejam eles filosófico, sociológicos ou políticos coletivos ou individuais. Partamos do principio de JJRousseau que tenta com sua proposta diferenciar a criança do adulto, o que pressupões de per se uma separação de pensares, seres e fazeres. Pensemos que estamos em pleno desenvolvimento industrial, que exige a cada dia que passa uma nova forma de ver as relações de existir e produzir do próprio ser humano. Mas continua a nossa autora no mesmo paragrafo:

 

É por esta razão que, na Europa, a crença de que é necessário começar pelas crianças se se pretendem produzir novas condições tem sido monopólio principalmente dos movimentos revolucionários com tendências tirânicas, movimentos esses que, quando chegam ao poder, retiram os filhos aos pais e, muito simplesmente, tratam de os endoutrinar.

 

Mais uma vez eu quero pedir desculpa a Arendt pela discordância, partindo inclusive de quando ela diz que é através das crianças que se deve produzir o novo. se assim é, como Arendt diz, que as crianças serão sempre o único novo, não resta ás populações que que colocar as crianças para produzir afim de se conhecer o novo. Logo, não sei por que Arendt chama de “movimentos tirânicos, revolucionários” àqueles que querem conhecer o novo que ela chama, contraditoriamente de “endoutrinamento”. Esta postura reforça ainda mais que a crise não é da educação e sim, então, desses movimentos endoutrinadores que não têm noção do que querem ou esperar do “novo” que a criança possa trazer, e desejam incutir-lhes o “velho” como “verdade”.

 

No prosseguimento do seu discurso, Arendt (1957, p 4) afirma em tom quase jocoso “Ora, a educação não pode desempenhar nenhum papel na política porque na política se lida sempre com pessoas já educadas”. Sinceramente, eu gostaria de saber de onde Arendt vai pegar esse conceito afirmativo de que quem entra na política é uma pessoa educada. Há algo que me incomoda muito nesta afirmação de Arendt, pois se não é a primeira opção que aponto aquela que vinga em seu pensamento, só posso pensar o inverso, que quem entra na política é analfabeto, burro e incapaz de compreender as coisas da educação. O meu dilema talvez ela mesma o desfaça mais adiante. Veremos.

 

A seguir, logos nas próximas linhas, podemos destacar o seguinte:

 

Aqueles que se propõem educar adultos, o que realmente pretendem é agir como seus guardiões e afastá-los da atividade política. Como não é possível educar adultos, a palavra «educação» tem uma ressonância perversa em política — há uma pretensão de educação quando, afinal, o propósito real é a coerção sem uso da força.

 

Um primeiro senão, que ressalta aos olhos do leitor é a falácia de que não é possível educar adultos. Creio que se trata de um momento de infelicidade acadêmica da autora, diante dos resultados que têm sido obtidos na EJA. Num segundo senão, a nossa querida autora se contrapõe frontalmente ao nosso estimado Paulo Freire. Mas retomemos as suas palavras seguindo o seu raciocínio de que só os jovens são educáveis. Há nesta colocação, novamente algo que me deixa contrariado, partindo do principio que a própria autora diz que momentos após o nascimento já se não é mais jovem, já não se representa efetivamente o novo. Passo a pensar que a educação é impossível, pela compreensão que tenho do pensar de Arendt. Há uma possível educação ao nascer, mas logo após se passa ao adestramento em que  “O propósito real é a coerção sem uso de força”. A própria Arendt chama a esse processo de perverso; quem sou eu para desdizê-la! A única certeza que vou construindo até agora é aquela que me diz que nunca houve crise na educação, que tudo que se passou e continua a passar não vai além de uma crise enorme social e política e que a educação, como bem aconselhada, educada e “filha” que é dessa sociedade segue os passos que lhe pedem que ela vá trilhando. Recordo agora que no governo anterior se atingiu o patamar de elevar a educação à condição de formação de homens livres, reflexivos e capazes de escrever a sua própria história; hoje, temos a escola sem partido, na qual até falar de gênero pode dar prisão ao professor, imaginem se ele ousa falar, fazer apologia e “doutrinação” (como lhe estão chamando) em favor de um homem livre.

 

Faz parte da natureza da condição humana que cada nova geração cresça no interior de um mundo velho, de tal forma que, preparar uma nova geração para um mundo novo, só pode significar que se deseja recusar àqueles que chegam de novo a sua própria possibilidade de inovar (p.3).

 

Há na citação acima uma concepção de mundo que é, aparentemente imutável, a condição de negar aos novos a condição de mudarem o mundo velho, mas essa condição se impõe apenas até ao momento em que, se os “velhos” quiserem eles também vivenciar o novo (ou pelo menos o menos velho”) basta-lhes permitirem e colaborar para que esses mais novos construam suas “verdades”. Se meu neto me chama de ultrapassado, de cota, de uma série de novos adjetivos que eles já criaram e que que não são da minha época, só porque não quero ir ao Show de Sandy e Jr., é apenas porque eu não permito que o meu “saber” se confunda com as novas sabedorias e nisso Arendt tem razão, só os mais novos podem ser educados (para viverem a sua existência que se distingue daquela dos mais anciãos e é muito velha em comparação com os que estão chegando.

 

Cabe aqui, mais uma vez a pergunta: "A crise" é da educação, ou é social e política?

 

PS:

A seguir (ainda há muito que analisar no texto de Arendt.

CRÔNICA MENSAL - AGOSTO 2019

 

Há discursos que me são realmente ofensivos a meus ouvidos já cansados e fatigados das “lutas“ que têm travado contra os ruídos da vida. Por outro lado os olhos já não são aqueles tão perspicazes que foram outrora, cansados velhos de guerra, mas em meio a tanta dificuldade uma das minhas faculdades ainda parece reagir de modo satisfatório: a memória que se casou em regime comunhão de bens com o raciocínio.

Em meio a este “caos” todinho, por Mais que me faça de surdo, continuo a ouvir falar de “crise na educação” e isso deixa todos os fracos sentidos alerta, pois de há muito que venho pelejando contra essa situação. Também Não será agora que vou transformar a vossa maneira de pensar e muito menos alterar meu ponto de vista a menos que me provem que estou completamente errado. E o que eu penso é o seguinte: “NÃO EXISTE, NEM NUNCA EXISTIU CRISE NA EDUCAÇÃO”.

Vou iniciar minha argumentação afirmando que enquanto estamos inseridos em “seu seio” não temos a possibilidade de olhar para o lado para pensar o diferente daquilo que nos desejam impor. Ex.: Hoje preferem dizer que a educação está em crise para desviar o foco para outro lugar que a alguém interessa mais. Dizem isso tantas vezes e em tantos lugares que nós, papagaios, acabamos repetindo a mentira como se verdade ela fosse.

Quero prosseguir a argumentação questionando aos meus leitores quem ouviu falar de falar de crise educacional até aos alvores do século XX, muito embora se saiba que já nos finais do XIX as bocas interesseiras já apontavam para essa crise? Poderia ainda questionar para aqueles mais letrados no conhecimento dito marxista, quando foi que Marx falou da crise na educação, ou, se preferirem, quando foi que Gramsci apontou para ela? Mas tem outro grupo que eu também quero questionar: os freireanos. A estes eu pergunto, qual foi a crise que Paulo Freire viu na Educação Popular quando criou o seu famoso método?

Já têm uma resposta? Não, certamente que não. Por isso, o nosso olhar tem que ser dirigido noutro sentido. Tenho tido um pouco de tempo e por isso me deleito outras vezes me irrito com a releitura de certos autores (grande parte de consagrados) e tenho chegado a conclusões que me assustam. Esta é uma dela. Não existe crise na educação, como nunca existiu. O que existe, isso sim, é uma enorme crise social e política. Entre as minhas releituras incluí um tema que tem tudo a ver com o que aqui passo a defender: “A crise da Educação” de Hanna Arendt. E ou eu já estou decrépito, ou o que eu li nela me assustou, pois é primeira vez que vejo que alguém assumiu essa realidade da falsidade da crise educacional. E o fez de modo tão explícito que me arrasou completamente, tendo precisado de uma boa noite de sono para tentar digerir tudo aquilo.

Logicamente que não vou começar minha dissertação com a briga entre Arendt e Marx sobre a categoria trabalho, precisaria de muito mais tempo, mais estudo, mais paciência e discernimento. Mas é conveniente lembrar essa luta entre eles. Na “Condição Humana”, Arendt afirma que Marx vê o homem como um ser econômico, um ser que apenas se distingue dos outros pelo trabalho. Mas eu quero pegar em mãos outra obra de Arendt para discutir a crise da educação – educação esta que acredito para todo mundo – esteja direcionada ao homem, ao ser humano pensante.

«The crisis in Education» foi pela primeira vez publicado na Partisan Review, 25, 4 (1957), pp. 493-513. E esta versão (traduzida)[1]. 

Começo a análise, ligeira e leve, com a leitura do primeiro parágrafo que, no meu entender é a melhor das defesas que posso ter para a minha tese: Diz Arendt na p. 2 de seu artigo: 

Na América, um dos aspectos mais característicos e reveladores é a crise periódica da educação a qual, pelo menos na última década, se converteu num problema político de primeira grandeza de que os jornais falam quase diariamente. Na verdade, não é necessária grande imaginação para se avaliarem os perigos decorrentes de uma baixa constante dos padrões elementares ao longo de todo o sistema escolar. (O destaque é meu).

 

Permita-me dona Arendt, mas o mundo não é a América, a senhora mesmo vai dizer isso com todas as letras e da forma (no meu ponto de vista) mais preconceituoso que pode existir. Mas voltemos às suas palavras lendo-as da forma mais correta: Um problema político de primeira grandeza de que falam os jornais falam diariamente é a crise que se está gerando na educação. Não é uma crise da educação, ela está sendo ali gerada por um problema político. E que problema político é esse? Ela mesma, Arendt nos responde, sempre na segunda página do seu tratado; nas suas palavras:

 

(...) a onda revolucionária posterior à Primeira Guerra Mundial, os campos de concentração e extermínio, ou mesmo o profundo mal-estar que, sob a aparência de prosperidade, se espalhou por toda a Europa depois do fim da Segunda Guerra Mundial, toma-se difícil dedicar-se se na educação toda a atenção que ela merece. (O destaque é meu).

 

Então, por princípio e se até então não havia registros graves de “crises na educação”, podemos concluir que foi a sociedade, com o desenvolvimento e a lógica macabra da I grande guerra, quem começou a trazer problemas para a educação. Vou arriscar um pouco mais, de imediato, pois sei o que vem a seguir: quem gera as crises na educação é a ganância do homem. Percebamos, a partir de um conceito pessoal do que seja a educação que acredito não trará discórdia entre os leitores: “Educação é um processo através da qual a sociedade prepara o homem para servi-la, a ela, sociedade”. Este tem sido o conceito aceito por todos os países liberais do mundo, pois eles só enxergam a sociedade do capital e não a sociedade do ser humano dos seres com direitos e deveres iguais. Mas vamos continuar com Arendt ao encerrar essa sua segunda página (ou coluna, como queiram chamar):

 

Com efeito, é tentador considerá-la como um mero fenômeno local, desligada dos problemas mais importantes do século, fenômeno cuja responsabilidade seria necessário atribuir a determinados aspectos particulares da vida dos Estados Unidos, sem equivalência noutros pontos do mundo.

 

Eu gostaria que Arendt tivesse explicitado melhor, de forma mais clara, qual era a superioridade do EUA sobre o restante do mundo para merecer essa deferência. Que os amantes de (no sentido acadêmico) de Arendt, me perdoem, mas para uma alemã que teve que terminar seus dias entre EUA e Canadá, isso me parece uma forma pouco republicana de analisar os problemas educacionais.  Espero que me perdoem por ter interrompido a dona Arendt, pois nesse mesmo parágrafo ela continua:

 

Mas, se isso fosse verdade, a crise no nosso sistema escolar não se teria transformado numa questão política e as autoridades responsáveis pela educação não teriam sido, como foram, incapazes de tratar o problema a tempo. Sem dúvida que, para além da espinhosa questão de saber porque razão o Joãozinho não sabe ler, a crise na educação envolve muitos outros aspectos. Somos sempre tentados a admitir que estamos perante problemas específicos, perfeitamente delimitados pela história e pelas fronteiras nacionais, que só dizem respeito a quem por eles é diretamente atingido.

 

Retomo meu raciocínio e começo a tecer uma pequena (por enquanto) teia na qual vai cair o inseto mau: a crise. Segundo o pensamento da autora, depois da catástrofe da Europa, parece que caberia aos EUA a redenção de todos os povos. Mas como ela diz, não é um problema local. Quero destacar que das suas palavras “se isso fosse verdade, a crise no nosso sistema escolar não se teria transformado numa questão política”. Continuando a minha análise parcial posso começar a dizer que a crise que chamam de crise “da educação” não passa de uma crise política, principalmente considerando que a educação é um processo dependente das políticas públicas. Dentre essas políticas públicas nossa autora, Arendt, afirma categoricamente que:

Ora, a crise força-nos a regressar às próprias questões e exige de nós respostas, novas ou antigas, mas, em qualquer caso, respostas sob a forma de juízos diretos. Uma crise só se torna desastrosa  quando lhe pretendemos responder com ideias feitas, quer dizer, com preconceitos.

 

Quando Arendt diz que educação exige de nós respostas, significa dizer claramente que a crise, qualquer que ela seja, não é da educação, a crise é nossa e Arendt deixa isso bastante claro.  Não concordo em absoluto, pois a educação é princípio meio e fim de todo o desenvolvimento em qualquer parte do mundo. Não concebo esse americanismo educacional da Sra. Arendt, apenas porque vivia naquele país. Peço licença para voltar ao começo e dizer que a educação jamais esteve em crise, quem sempre esteve em crises, maiores ou menores e nela se refletiram, foram as sociedades. Sempre na página 2 (ou quarta coluna) podemos ler esta sentença que me parece descabida e cruel para com o mundo ao redor dos estados unidos: “Na verdade, a educação desempenha na América um papel diferente, de natureza política, incomparavelmente mais importante do que nos outros países”. Se eu quisesse ser sarcástico, já o sendo, perguntaria: “onde isso está escrito na bíblia”? Quanto mais são os EUA ‘inteligentes’ que a China ou a Índia? Não é isso uma ação de arrotar prepotência, diante da realidade que tende a mostrar justamente o inverso, isto é, que os EUA têm um dois piores sistemas educacionais do mundo? Podemos até abrir uma exceção considerando o período em que o texto é escrito, mas somos reprimidos, de imediato se continuarmos a análise comportamental desse país.

 

Nestas circunstâncias, é óbvio que só a escolarização, a educação e a americanização dos filhos dos imigrantes pode realizar essa tarefa imensamente difícil de fundir os mais variados grupos étnicos — fusão nunca completamente bem sucedida mas que, para lá de todas as expectativas, está continuamente a ser realizada. Na medida em que, para a maioria dessas crianças, o inglês não é a sua língua mãe, mas a língua que têm que aprender na escola, as escolas são necessariamente levadas a assumir funções que, em qualquer estado-nação, seriam naturalmente desempenhadas em casa.

 

Eis um dos males do mundo: AS FRONTEIRAS! Sem elas todos teriam (em princípio direitos iguais de ir e vir e explorar os mesmos territórios e benesses que o planeta terra oferece ao nosso mundo). A "construção de divisões muradas, isoladas umas das outras traz graves consequências à vida do homem no mundo. Se o meu entendimento não é falho, segundo Arendt, a crise na educação é provocada pelo desconhecimento do Inglês”. Ora faça-me um favor!

 

 

OBS:

Este texto terá continuação, pois o texto que lhe dá origem tem 14 paginas (28 colunas) e apenas adentrei a segunda página ou a terceira coluna.

 

[1] https://www.esquerdadiario.com.br/A-critica-de-Hannah-Arendt-a-Marx-a-questao-do-trabalho

 

CRÔNICA MENSAL - JULHO 2019

     

A imagem, apesar do ar cômico que carrega, traz em si um monte de mensagens que cada um poderá interpretar livremente o seu belo prazer. De minha parte quero trazer alguns questionamentos que me parecem pertinentes, apesar de eu viver dizendo que não gosto de discutir religião e de continuara dizendo que, apesar dos questionamentos e das críticas, respeito todas elas.

É verdade, não há quem possa dizer que eu respeito esta ou aquela, pelo simples fato de ter a minha (que me satisfaz) e que não existe, por isso me digo agnóstico. Mas vamos ao fato retratado. Eu imagino essa situação se passando com a minha pessoa (já aconteceram outras, parecidas, mas nunca fui interpelado nesses termos).

Primeiro, as duas pessoas (ditas testemunhas) abordam uma pessoa desconhecida com um questionamento que permite (à boa maneira do seu Lunga) uma resposta como essa que levaram da terceira personagem da história (a trabalhadora). Sinceramente achei pouco, poderia ter sido mais incisiva. Segundo, será que a pessoa entra numa religião, assim, por um simples convite? Qual o poder cativante que essas duas pessoas pensam exercer sobre a terceira para tentar convencê-la a aderir a algo que não conhece, com uma simples pergunta/resposta?

Do outro lado há outras tantas ou mais perguntas a serem respondidas. Quantas pessoas “aderem” de imediato ao convite? O que as motiva a tomarem essa atitude de adesão sem maiores esclarecimentos, sem mais detalhes? O que elas veem de diferente nessa religião que não conseguem ver nas outras? Quais os atrativos que ali encontram?

Sabemos muito bem que há quem ofereça lotes no céu a troco de tudo que a pessoa tenha na terra – escroques. Conhecemos quem venda cura até contra cartões de crédito desde que fornecida a senha. São frequentes os abusos sexuais em nome do “senhor” (só não dizem qual senhor). A polícia já está cheia de reclamações de pessoas que de um momento para o outro passaram de uma situação financeira e social dita mediana para uma estado de pobreza absoluto em troca de promessas mirabolantes que canetas ungidas podem fazer ao assinarem as doações; de água milagrosa vinda dos céus “torneirais” do casarão do bispo e de quantas artimanhas que essas mentes doentias por poder e dinheiro conseguem inventar.

A afirmação que esse povo extorquido não quer entender é que só há (?) um único deus que habita dentro de si mesmo e ao qual deve obediência. É a esse seu deus (e insisto em escrever com letra minúscula) que cada um deve consultar antes de cometer qualquer ação que depois, mais tarde possa arrepender-se. A esse deus interior que cada um tem dentro de si (por isso quando me perguntam eu digo que tenho o meu deus!) eu chamo de consciência. Possa haver quem lhe chame de tirocínio, de intuição de tudo que queiram, mas que tem uma característica única: é só seu!

Há quem pregue a idolatria (seja a imagens, seja a ideias, seja a conceitos concebidos com terceiras intenções, seja com interesses pessoais) e eu não vou condená-los. Seguem seu destino que preparam cuidadosamente (outros nem tanto face à facilidade com que o dinheiro chega) e pensam que sempre haverá trouxas para escutar palavreado cuidadosamente estudado para ludibriar as mentes menos reflexivas e mais susceptíveis de serem induzidas. Um crime em nome de um deus.

Desejaria mostrar a essas pessoas que o seu deus vive dentro delas e é suficientemente bom ou relativamente mau a partir das ações que cada um pratica, mas palavras loucas não conseguem penetrar na consciência de quem já está dominado pela ação de verdadeiros demônios que apenas querem seus agires alienados em nome da salvação que nada mais é que a queda á pobreza enquanto eles navegam em verdadeiros mares de dinheiro e luxúria.

A educação, a compreensão das coisas da natureza e dos homens é um bom antídoto para essa moléstias que se espalha à velocidade do relâmpago, mas infelizmente até ela está sendo dominada por quem tem desejos ardentes de levar uma nação ao mais profundo do poço fundamentalista dita cristão.

Oremos ao nosso deus interior para que consigamos resistir por muito tempo á tentação que o deus capital nos estende a cada segundo que passa. De todos os deus, esse – o capital – é o mais chifrudo – na representação pictóricas que se faz dos agentes religiosos de todas as religiões.

 

CRÔNICA MENSAL - JUNHO 2019

A crônica deste mês é uma não-crônica, pois tudo está sendo mais que dito e quase nada resta a dizer, pois se falar não vou dizer novidades, mas se me calar me anulo e contribuo para que outros possam seguir pelo mesmo caminho.

O mundo continua sua saga de fábrica de lixo. Qualquer dia, teremos que ser reciclados e passados a tal categoria. Vale dizer que já há muito desse material espalhado na superfície do lixão onde alguns humanoides teimam em sobreviver.

Na politicagem, há muito não se sabe o que é fazer política de verdade e os simulacros não passam de teatro bufo ou de tragicomédia.

Na sociedade em que somos obrigados a viver, bem ou mal inseridos, infelizmente e a contragosto, o destaque é a alucinação que parece ter-se apoderado dos celerados neofascistas que imaginam poder voltar a dominar o lixão.

Do resto (ainda sobra alguma coisa?), talvez possa deixar uma palavra sobre o circo em que nos fazem de palhaços e dos loucos que habitam o hospício maior. Dizia o velho Rousseau que “todo o poder emana do povo”, pena que o povo não tenha lido esse autor, mas pior, se o leu, esqueceu a lição, pois a nossa educação se desenvolve na base da decoreba que logo a seguir se esquece. Uma pena!

Razão tinha-a, também, Rui Barbosa que afirmou lá nos idos dos dezenovecentos e bolinhas, “Que de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. E como ele tinha razão!

Terrível, contudo, é percebermos que estamos entrando no âmago da quarta revolução industrial, que chegou para impactar o mundo em todas as suas formas de ser e estar e ainda encontramos seres pré-históricos que nos desejam remeter ao passado longínquo, vivido nos dezoitocentos, ou até um pouco antes.

A nossa história terá uma nova página que será escrita este dia 14 de junho de 2019. Precisamos deixar nossa impressão digital nessa página ou perderemos nossa identidade por um longo e tenebroso período.

Depende de nós!  

Crônica Mensal - Maio 2019

O MUNDO ESTÁ DOENTE, QUASE MORIBUNDO

Há algo no ar, na água, na comida das pessoas que as está deixando esquizofrênicas. Outra explicação não encontro para tamanho desastre social que se vem abatendo sobre este velho planta que um dia já foi chamado de azul. Hoje, diante das atuais circunstâncias, chamá-lo de cinzento é ser bondoso. Ele está negro de tanto mal que tem sofrido.

Antigamente, estudar era uma defesa contra os governos que sob a ingenuidade do povo ia "comendo a papinha" e ninguém abria o bico. A evolução dos tempos, felizmente, nos trouxe o progresso, principalmente através da educação superior e das pesquisas. Doenças até então incuráveis passaram ao role de pequenas maleitas graças ao desenvolvimento do estudo de remédios produzidos nas universidades que se espalharam, com muita rapidez pelo velho planeta. A tal ponto de a indústria farmacêutica brigar entre si para ver quem vende mais e cura menos.

Não fosse suficiente ver qual farmácia "cria mais dependência de drogas", tem que aparecer um governo (até este momento ainda não provou que o seja) para além de viciar no mau caminho, pretende acabar com parte da população na base da bala. Um sujeitinho mesquinho, abobalhado a quem um ministro compara com Deus e outro (que pensa que já foi o herói nacional via lava jato, acaba de chamar de pastor. Só por isto já dá para sentir o clima pesado que o mundo vive.

Não podemos esquecer a cruzada contra o ensino público superior pelo nosso ministro da economia, mas precisamos perceber que onde há fumaça, há fogo: a quem interessa o desmantelo da educação pública e gratuita? A uma senhora chamada Elizabeth Guedes, que por sinal não mais ninguém que a irmão do ministro Paulo Guedes e é a diretora da Associação dos estabelecimentos de ensino superior privados. Estamos acertados.

Mas temos muito mais: Na França os jilets jaunes não dão trégua a outro malandro de direita chamado Macrom. Portugal está desfazendo um governo que nos últimos anos foi o único que deu menos prejuízo à população portuguesa, apenas porque querem que ele (governo) pague sozinho os pecados de todos os governos passados, principalmente contra os professores, mas não só. Não havendo o que fazer, está anunciada a renúncia de António Costa!

O nosso povo, pela vontade dos ladrões que assumiram o governo não vai mais se aposentar. Vai valer a máxima "Bandido bom é aquele que pega 40 milhões para votar a previdência". Estamos feitos na vida conhecendo o mau caratismo do brasileiro.

No campo da religião duas noticias que incomodam este pobre agnóstico: A perseguição ao Papa Francisco, chamando de herege e colocando a cabeça dele a prêmio, não literalmente. Por outro lado a fim de um monumento de alguns séculos: Notre Dame, em Paris: aí dois casos chamam a atenção: primeiro, quem jamais teve um centavo para matar a fome de um seu irmão doa milhões para reconstruir o que uma fatalidade destruiu. Horrendo! do outro lado, apesar de já ter sido chamado a atenção, não resisto à tentação de de pessoas sem  senso de ridículo, a pessoas como a velhinha freira que sabendo que não falta mais dinheiro para reconstruir Notre Dame, coloca na internet a sua castidade à venda.

No Brasil, "quebrado", sem dinheiro para a educação e para a saúde há 224 MILHÕES para enviar para a oposição venezuelana.

É... a saúde deste mundo está precisando, URGENTE de internamento num manicômio que use o tratamento de choque como forma de "recuperar" as aptidões necessárias ao desenvolvimento... ou explodir de uma vez.

 

Crônica Mensal – Abril 2019

 

Uma pessoa sensata adotaria, neste momento, uma postura defensiva. Não sei se será o caso do nosso (queiramos ou não) presidente da república. Depois de se confessar inapto ao cargo, creio que seria de bom alvitre que ele se fizesse circundar de pessoas esclarecidas e esquecesse as mesquinhezas que o têm orientado nos primeiros 100 dias de seu desastroso mandato.

 

Feito um balanço geral, além das malvadezas já perpetradas só conseguiu um ponto positivo (mas não podemos falar muito ou ele volta a trás e nega que o tenha feito) que foi acabar com o horário de verão. Não tenho autoridade e nem conhecimentos técnicos suficientes para tal, mas acredito que tenha sido um bom ato, pois essa mudança de horário não trazia todos os benefícios que um dia se imaginou poderia trazer. Trouxe foi muita desordem e confusão por conta de existirem no país dois horários diferenciados. Quem não lembra, por exemplo, dos alunos quer perderam exames, provas, seleções, por conta do tal horário de verão? Quem não lembra da correria aos bancos que fechavam em horário pouco conveniente? Então, por isso tudo, um pontinho, minúsculo, mas positivo para o homem.

 

Em contrapartida, o seu Ministério da Educação, tem sido uma fábrica trituradora de ossos, desmanteladora de processos que estavam começando a dar certo, de ruina para a academia brasileira. A pesquisa acabada (e sem pesquisa o país não se desenvolve), o ensino seletivo, logo excludente, forçando a população a permanecer na ignorância – que é o que lhes interessa para poderem manobrar à vontade as massas ignaras – e as mentiras que não têm por finalidade nada mais que destruir a história escrita com sangue, suor e lágrimas.

 

Dar vazão a um sentimento cruel, de vingança e repressão, contido por anos de progresso e avanço social tem sido a bandeira de uma quantidade alarmante de mentes doentias que negam a tortura de seus antepassados, a violência, a morte e o escárnio de cidadãos que apenas aspiravam a um mundo melhor. Foram chamados de comunistas, de PeTralhas e de tantas outras coisas que dá raiva só de pensar. Mas esses ignóbeis não param, um instante sequer para refletir nos fatos reais. Enquanto eles propões a morte por inanição à população menos favorecida, através da destruição da previdência edificada com o nosso dinheiro, o melhor salário pago a um professor – aquele que luta incessantemente para que os outros sejam alguém na vida – é justamente um governador que bate no peito e levanta bem alto a bandeira do comunismo (falo do Governador Flávio Dino, no Maranhão) que tem elevado aquele Estado a um patamar que a direitona mais tradicionalista nunca admitiu aceitar, pois as riquezas da região eram insuficientes para “alimentar” a ganância de um clã que ali se havia apossado do Estado como se fosse deles.

 

O Brasil tem inteligência capazes de elevar o país ao lugar mundial que lhe é devido, mas precisa, antes de mais nada, mandar exilar na Sibéria mais gelado, falos pensadores como o tal Olavo de Carvalho e seu séquito, sem a menor exceção. Se o presidente tiver a honradez de se rodear de pessoas que embora pensem diferente dele, mas o podem ajudar a dar um rumo ao país, talvez haja uma possibilidade de salvação para o que está quase definitivamente perdido – entre outras coisas, a credibilidade do país em relação a outros -, caso contrário, se ele insistir em permanecer no lugar em que se encontra, não falo só da presidência, mas do local social que ocupa, pobres de nós. Restam-lhe, portanto, duas alternativas: a primeira, essa apontada acima, a segunda, renunciar e promover novas eleições para que o povo dono deste cantão bonito e produtivo possa decidir os rumos que deseja seguir. Acredito que estes cem dias de experiência foram suficientes para mostrar ao brasileiro que não é fazendo arminha que se comanda um país que é um continente e que tem, como tal, imensas responsabilidades até para com os seus vizinhos.

 

O Brasil, mais propriamente, o brasileiro tornar-se-á eternamente responsável pelos desmandos de um louco – pelo menos foi assim que ele foi expulso do exército – e de seu clã, pois a experiência tem mostrado que rodos eles são pessoas cujos relacionamentos não os creditam de muita boa fé.

Para resumir: dizer que tivemos a possibilidade de ter um professor, diplomata, à frente do país! Mas o que está acontecendo e vai piorar até à tomada de uma decisão, se encarregará de mostrar aos mais fanáticos com quantos paus se faz uma cangalha.

 

CRÔNICA MENSAL - MARÇO 2019

Estou um pouco adiantado, mas como pretendo retirar-me para o meu aconchego neste dias loucos que se avizinham, deixo desde já a minha crônica do mês de março que é, entre muitas outras coisas, o meu mês.

 

Está chegando o reinado de Momo! A série histórica dos últimos anos tem mostrado um quadro de violência no trânsito assaz assustador quando se fala de segurança, de violência e principalmente do número de vítimas. Confesso-me preocupado com o que pode acontecer este ano.

 

A rivalidade política ainda está à flor da pele. Os sentimentos mais sórdidos têm tomado o lugar da complacência, da tolerância e da sensatez, da educação. O povo estará armado este ano. Armado em valente atrás da boca negra de revólver calibre 38 ou de uma pistola .40. Alguns foliões, já o mostraram, vão pra a forra, neste momento de euforia e de desleixo, gritando aquele velho refrão que cantaram em pleno Maracanã para Presidenta Dilma. Uma marchinha já faz sucesso nos blocos que já estão saindo às ruas do país: “Doutor eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano”. Esse poderá ser, em alguns casos o estopim para as mais diversas atrocidades: brigas de fanáticos de ambas as partes e, o que será certamente mais lamentável dada a truculência com que agem normalmente, a reação das “força da ordem” que vão estar sedentas de baixar as cassetetes nos costados dos foliões. Temo o pior.

 

Temos um presidente que se tem mostrado incapaz de resolver seus problemas, mas quer resolver, com a guerra, os problemas de um país vizinho com quem o Brasil sempre teve boas relações. Um homem que afirmou que se preciso for mata uns trinta mil e que vai metralhar a “PeTezada”. Os ânimos estão acirrados e só aguardando a primeira oportunidade para explodir. Qualquer faísca vai acender o estopim e o sangue vai jorrar fácil.

 

Podia ser mais um carnaval, mas repito-me, tenho medo que este seja “O carnaval”, marcado da pior maneira possível para muitas famílias. Eu, que sou agnóstico, vou pedir a todos os santos de todas as religiões que cuidem da nossa juventude, pois é ela a mais ameaçada neste próximos dias. Não que os “mais adiantados” na idade não estejam também sujeitos ao nefasto efeito da violência, mas algo me diz que a juventude corre mais riscos. São mais aventureiros, mais atrevidos, mais ousados e, muitas vezes, por esses motivos, menos reflexivos sobre os riscos que os espreitam a cada dobrar de esquina ou até mesmo no meio do salão.

 

Roubar beijo virou crime. Não se deixar roubar pode significar a agressão à bala. O álcool. Que corre rápido e solto nestes dias, é mau conselheiro. O uso/abuso de produtos entorpecentes mostra dados bem mais arrepiantes. A libertinagem vai estar à solta. Todo cuidado é pouco. Sugiro a prudência, a precaução e a sensatez. Divirta-se, é um direito todo seu, mas saiba escolher onde, quando e com quem. Se puder andar acompanhado/a não ande sozinho/a.

 

Dois velhinhos que gostam de andar de mão juntas me pedem para deixar o recado deles: “Se for beber, não dirija” e “se for transar não rasgue a fantasia”.

 

Espero estar sendo pessimista e ter que me retratar na quarta-feira de cinzas.

 

A todos/as os meus desejos de uma brincadeira sadia! E Viva Momo!

 

CRÔNICA MENSAL - FEVEREIRO 2019

Eita, Sô!, vamos ter muitos meses assim difíceis de acabar como foi este janeiro? Pelas barbas do profeta, como diria o filósofo, foi mês para mais de um!

Abriu com uma grande gala (não, não estou falando de pompa, ostentação, estou falando de outro produto), a tomada do poder por ineptos e acéfalos. Só isto já daria muito o que falar, mas para quê gastar saliva e neurônios para falar de algo tão banal, malgrado o processo litigioso com que culminou. Não recomendo nem a rememorização de coisas tão banais e caricatas como ver um pretenso presidente da república acenar para a grama, imaginando uma hipotética multidão que o deveria aclamar.

Vivemos dias de expectativa com a composição do “novo governo”, pois assim nos havia sido prometido. Um governo enxuto – que acabou se mostrando mais inchado que o anterior, e mais velho que o Ford Corcel I, ver mesmo do Ford Bigode. As mesmas raposas, matreiras e experientes para tomar conta de um galinheiro que difere apenas um pouquinho na orientação religiosa do anterior: enquanto no anterior tínhamos um capetinha que ordenava a gastança abastada em nome da proteção contra os trabalhadores que sustentam os pilares, com indignação, temos agora um país católico em que a Daoceâniaíndica, pois não é maior que isso, protesta contra os holandeses, esses malvados satânicos que masturbam criancinhas após os seis meses de idade.

Das estrelas desse desgoverno, uma das mais brilhantes (afora o principal e sua sombra de quem tem um medo terrível), é o Sr. Sinistro que se ocupa da pasta da Educação. A ver pelas notas que emite o MEC, dá para entender a regressão a que vamos estar expostos, pois, a meu aviso, os elementos que as redigem não passariam sequer no ENEM, que dizer numa universidade.

As catástrofes também não nos deram trégua neste primeiro mês de algo que espero seja curto: vou citar apenas as quatro maiores. A primeira aconteceu em Davos. Todos sabemos que o mundo tremeu (de indignação) ante a posição assumida pelo brazil (assim mesmo), pois faltou o clown máximo, e o seu baba-ovo não conseguiu articular duas ideias em seis minutos. A segunda, o rebentamento de mais uma bolsa de bosta, entendam que estou falando de Brumadinho/MG e do descaso da Vale para com o povo brasileiro. Enquanto isso, um senhor de certa idade vive seus momentos de lazer num magnífico apartamento na Avenue Champs Elysées. A terceira, a vergonha de constatar que um legítimo eleito pelo povo se vê obrigado a deixar o país para não ser morto. Quem iria mata-lo, não se sabe, mas quem ia mandar parece não haver grandes dúvidas. Por fim a quarta, que é nada mais que uma afronta ao direito civil de qualquer cidadão, penitenciário ou não, de enterrar seus entes queridos. Lula, o maior e melhor presidente que o Brasil já teve até este dia, prisioneiro político por ordem e conta de seus adversários políticos que, de incompetentes, jamais ganhariam dele a eleição, foi proibido de velar seu irmão Vavá acometido de morte por conta de um câncer. A imprensa do mundo apercebeu-se do fato. Não creio necessitar de mostrar maiores detalhes, e apenas dizer que dá vergonha dizer que se é brasileiro.

Mas acabou! Terminou esse malfadado mês, mostrando provas da “honestidade de membros da 'famiglia' Bolsonaro”. O mês que ora começa já dá sinais de mais bagunça. Basta que se tenha em consideração o show de horrores que foi ontem, dia primeiro, a tentativa de eleger o presidente do Senado. Desculpem a comparação, mas pareciam as velhas madames iniciando as novatas nas casas da luz vermelha. Na Câmara, os velhos ratos fazem a festa.

O que vier, veremos. Estou de olho!

 

CRÔNICA MENSAL - JANEIRO 2019

 

Vou começar plagiando voluntariamente Umberto Ecco no Filme “O Nome da Rosa”, quando ao cair do pano sobre a cena ele diz, como narrador que é do acontecimento: “Agora, que já estou velhinho [...]”, posso dizer que já vi outras, muito parecidas e que acabaram em tragédia. Vamos primeiro ver a notícia veiculada pelo Uol neste dia 3 de janeiro 2019:

 

“Bolsonaro editou decreto que organiza a estrutura do novo MEC (Ministério da Educação). O texto diz que um dos objetivos da pasta é promover e propor a adesão das escolas municipais e estaduais ao modelo "cívico-militar" de ensino [....]”[1]

 

E quando eu digo que já estou velhinho (quem me conhece sabe que a minha idade já é respeitável, 70 anos) e que já vi outras, lembro dos meus bons tempos de estudante da educação básica, lá no meu “puto”[2], quando as escolas imitavam a “juventude hitleriana” e nos faziam acompanhar aulas de conduta militar (marcha uniformizada, cânticos patrióticos, participação de alguma modalidade esportiva, principalmente na área das corridas pedestres, a divisão dos alunos (por meritocracia) em postos similares aos do exército, para os quais era exigido o respeito hierárquico.

 

Tudo isto com o fim último de proceder a uma militarização alienante ao sistema ditatorial que o país passava sob o tacão de António de Oliveira Salazar. Corriam os anos 50/60. A juventude – naquela época chamada de Mocidade Portuguesa – foi “educada” (pessoalmente prefiro o termo adestrada) nos moldes que em pleno século XXI esse novo ditador brasileiro quer implantar na educação do país. Ele não é tão abestado quanto se possa imaginar, aliás, nesse sentido e malgrado a péssima escolha que faz, ele foi mais inteligente que o partido que foi expulso do Planalto – o PT – que não soube preparar a nação ao desenvolvimento menos dependente do capitalismo selvagem que sempre campeou nas terras tupiniquins e que agora ganha força com a chegada desse ditador ao poder. Ele está preparando aquilo que nós nos cansamos de dizer, mas nunca fizemos, que é preparar as novas gerações para o tipo de sociedade/estado que eles querem e estão conseguindo implantar.

 

A juventude hitleriana gritava “Heil Hitler”, a Mocidade Portuguesa gritava “Salve Salazar” a criançada brasileira vai ser induzida a gritar “Salve Mito”. Se se confirmar a imposição do modelo militarista de educação, caros companheiros professores, preparem-se para adquirir, às vossas custas, o fardamento militar e preparar o espírito para praticarem a “ordem unida”, a “marcha forçada”, o “acampamento de campanha” e a dizer as palavrinhas de ordem “Sim, Senhor” enquanto batem continência a qualquer um que apareça na sua frente. Basta começarem a seguir o exemplo do novo “chefão” que “bate pala”[3] até a quem não é devido.

 

Falo porque vivenciei a Mocidade Portuguesa, cheguei a ter posto de destaque, não dos mais elevados, mas se fizermos um comparativo com as patentes do exército teria sido, talvez, um major. Vivi essa experiência, não por vontade, mas por imposição: primeiro do sistema (que me obrigava a participar das atividades); segundo, da família que queria que o seu filhinho desfilasse como herói nos momentos cívicos; terceiro, pela sociedade que dizia que quem não participava ou era incompetente, ou tinha algum defeito físico. Resolvi: já que tenho que ser, que seja alguém aqui dentro. E fui. Não me arrependo, mas sempre digo e repetirei onde for: havia outras maneiras de preparar a juventude para o futuro. A tragédia a que aludo, acima, foi a guerra que se decretou em 1961 contras as ex-colônias africanas. E a prova disso repercute nos dias atuais: Portugal é considerado “o oco do mundo” se é que me entendem. Um país europeu que merecia bem estar na América do Sul, na África, qualquer lugar, menos no chamado velho mundo – aliás creio que o “velho” remete justamente a Portugal, pois o resto é o mundo.

 

Neste sentido, o Brasil acabou errando o caminho e engatou uma marcha à ré. Estava no caminho do desenvolvimento, mas agora, com a ré engatada, precisa saber onde irá parar, o quão longe no passado iremos conseguir frear esse bonde desgovernado.

 

Que todos os filósofos, sociólogos e historiadores se juntem para tentar parar este trem fantasma que depois de ter abrigado um vampiro tem agora no comando um tresloucado militarista.  

 

[1] Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/01/03/em-2-dias-governo-aumenta-minimo-muda-ministerios-faz-anuncios-e-ameacas.htm?cmpid=copiaecola.

[2] Forma carinhosa de tratar Portugal.

[3] Colocar-se em posição de sentido e executar o gesto de continência a pessoas de patente superior, no exército – forma popularizada entre os militares (bater pala)

 

 

CRÔNICA MENSAL - DEZENBR0 2018

 

Antes de tudo deveria mudar o título da página: deixaria de se chamar Crônica Mensal e passaria a se chamar Crônica anual, mas não vem ao caso. pois meus amigo(as) leitores(as) sabem dos problemas que enfrentei este ano de 2018. Em tudo e por tudo deveria ser, também, um ano a esquecer para todo sempre, mas também não posso, pois foi durante ele que tive a chance de viver mais um dia a cada dia, graças à tecnologia. Não vou me aprofundar nisso, pois já o fiz suficientemente noutro lugar neste site.

Hoje queria falar sobre algo que finda e outro algo que (re)começa - sei, estão pensando que me refiro ao espaço tempo a denominamos de ano velho e ano novo. Não, refiro-me a valores bem mais complexos e, por que não, mais difíceis de entender: a vida. Você jovem, mocinho ou mocinha que me lê, até mesmo você, meu respeitável senhor e minha digníssima senhora, já pararam, por um momento que tenha sido, para pensar na vulnerabilidade desse tempo que nos é concedido e que chamamos de vida? Há quem chame de ciclo vital, eu chamo de possibilidade única de ser. De ser: humano; fraterno; digno; merecedor de habitar um lugar (qualquer que ele seja, do mais humilde ao mais opulento) com dignidade; um ser em permanente evolução, graças ao seu esforço em progredir rumo a uma perfeição que jamais alcançaremos e a uma verdade que jamais será revelada.

A vida, essa nossa desconhecida, na qual somos passageiros, transitórios, não nos ensina tudo de uma vez só, não é que aos poucos que ela nos vai ensinando (a quem quer aprender, pois não está a fim de prender, nem a vida nem nada/ninguém conseguirá ensinar). Quantas vezes, ao aprendermos mais uma lição já temos esquecido a anterior, apenas porque naquele momento não nos é útil? Mas tal como na educação escolar, chega o dia da avaliação (pode ser anual, pode ser decenal, de meio em meio século, ou diária e você tem que resolver suas situações/problemas práticos. Muita gente acredita que basta ficar na teoria, mas é aí que a tal vida vem e nos passa uma rasteira. Enquanto a primeira prova não vem, sentimo-nos os maiorais, nada nos impede, nada nos é difícil, tudo termina em sorrisos e balada, mas a vida está ali, ao seu lado e ao menor escorregão, você cai. E ela não lhe ajuda a se levantar: afinal, você não é autossuficiente? E você reerguer-se e não consegue na primeira tentativa, por vezes nem na segunda e há os casos em que jamais a pessoa se reerguerá, ficando à mercê de terceiros (humanos ou tecnológico).  É aí que você para pensar no que fez, no que deixou de fazer, no que gostaria de fazer e não lhe é mais possível.

Hoje ainda é tempo de pensar que só o hoje é importante. Hoje você tem essa oportunidade que talvez não tenha mais amanhã e que é impossível voltar ao ontem para fazê-lo. A humildade diária pode ser a garantia da humildade de amanhã, a soberba de hoje pode ser o fim do seu sonho a curto ou longo prazo. Nós não precisamos de mais que o suficiente para vivermos uma vida regalada e sem problemas. Quando na rua você cruzar com alguém que parece sorrir sozinho (para si mesmo), acredite, ali vai certamente uma destas duas pessoas: aquela que é feliz com a vida que está vivendo, que não tem problemas de maior, ou aquela outra que acabou de praticar alguma ação que a ela parece cômica, vantajosa, mas com a qual acabou de retirar o sorriso do rosto de outro alguém. A estes últimos chamo de canalhas, aos primeiros tem quem chame de louco. Ainda prefiro a loucura calma e tranquila de poder passar por qualquer lugar causando admiração nos outros (só porque ando sorrindo para as paredes) que não poder ir onde desejo sem que a preocupação me assalte a todo instante, pois alguém querer "cobrar" algum mal praticado.

Também eu vivi, por uma temporada, uma espécie de "vida louca" na qual eu postergava tudo para a infinitude: "amanhã eu faço", "para o ano eu prometo que será prioridade" e assim deixei muito por realizar, apesar de não poder me queixar de não ter vivido o que muitos nem sonham ser possível viver, mas podia ser muito mais. Não, não é egoísmo, é sinceridade. Um amigo meu , Paulo Pedro, disse um dia destes que nós não sabemos ser felizes. Concordo! Temos tudo e não aproveitamos nada. Meu velho e saudoso pai, que repouse em lugar aprazível, me ensinou um ditado que ele já aprendera com seu avô: "Mais vale um passarinho na mão, de muitos voando". Pensava para comigo: que maldade prender o passarinho! Só bem mais tarde, quando já quase não me resta mais tempo para muitas coisas, reconheço esse "passarinho" como sendo a oportunidade que tive nas mãos em contrapartida àquelas que apenas passaram ao largo.

É por isso que ao terminar este mês de dezembro e continuar o ciclo numa nova folhinha que eu desejo aos meus amigos que não façam promessas apenas porque, segundo a lenda, estamos iniciando um novo ano: faça tudo, mas tudo que puder e quiser na hora que for conveniente e lhe dê prazer. Não esqueça jamais que o amanhã. é hoje! Lembre-se que as guerras de hoje não terminarão amanhã; a chuva que veio hoje, talvez não venha amanhã quem hoje está do seu lado, talvez não esteja amanhã!

Viva o hoje e se puder continue melhor amanhã, mas não postergue nada.

Feliz segunda feira.

 

CRÔNICA MENSAL - SETEMBRO 2017

A cada dia que passa fico mais convencido que a educação não é tratada com o devido respeito e o zelo que ela merece. Para começar esta crônica vou tentar inventar um ditado: “Da panela em que muitos mexem, o arroz sai queimado”!

 

Não sou o único a pensar dessa forma – nem sequer posso ter essa pretensão, embora já tenha falado neste assunto por diversas vezes – mas, repetindo-me, afirmo que enquanto a educação não passar a ser assunto de Estado, ficaremos nessa desandar rotineiro e nefasto. A educação, como assunto de governo fica à mercê de todo e qualquer interesseiro que veja nela a mínima possibilidade de levar vantagem pessoal, seja pela via direta ou indireta. Torna-se objeto, entre outras coisas, de corrupção. Esta é a panela em que tantos mexem.

 

Se lembrarmos do passado mais próximo vamos lembrar, dentre outros detalhes do PNE que deveria estar em aplicação desde 2011, mas só chegou em 2014... em seguida temos que atentar para a Resolução 002/2015 que obriga os cursos de formação docente (as licenciaturas de um modo geral) a adequar os seus currículos ao “sonho erótico” de alguns iluminados. O tempo vai passando e lá vem a discussão que aporta, em alguns casos, mais elementos e(x)óticos ao sonho de cada um – e o coletivo que se dane! – Estes são o muitos a mexerem na panela.

 

Representantes legítimos de um governo ilegítimo aportam suas ideias “jeniais” e querem enfiar goela abaixo uma tal de “escola sem partido” e outros raios que os partam, mas, como dizem “Deus é brasileiro”, então vamos tripudiar sobre as demais religiões e impor Um Pai que é só Nosso, deixando de fora, o dos outros. Aí temos alguns dos grãos de arroz que vão sair queimados dessa panela. E a escola que já é: depósito de crianças, babá, enfermeira, conselheira, parque de diversão, hospital, prisão, mercado de ilícitos, pode agora transformar-se em CAGADA (Centro Assistencialista Grandes Almas Dogmaticamente Afetadas).

 

A “nova política de formação de professores” promete (pela força das circunstâncias) “preparar os professores que já trabalham nas redes pública e privada a implementar a Base Nacional Comum Curricular [...]” já estou vendo um bocado de cédulas  voando com rumo certo. Num segundo objetivo, “enfatizar na formação inicial, aspectos como a residência pedagógica, o estágio supervisionado e a relação teoria e prática”. Onde é que eu vejo o maior esturro? Justamente aqui, nas palavras que cito, do MEC, pois como sempre se pensa NO que fazer, mas jamais se pensa no COMO fazer.e em QUEM vai fazer. Resultado: o arroz colado no fundo da panela serão sempre os professores.

 

CRÔNICA MENSAL - AGOSTO 2017

Este primeiro dia de setembro me trouxe várias reflexões e certezas algumas que desejo partilhar com meus amigos leitores.

 

À guisa de boas vindas fica uma questão que me parece pertinente, digo bem, parece, não se trata, portanto, de caso fechado:  se o mês é (sete)mbro, por que recebe o número nove...? deveria ser o sétimo mês do ano, deixando o nono para (nove)mbro. Isto não passa de devaneio de minha parte, mas que (nove)mbro seja o décimo primeiro mês do ano, me faz coçar a caraminhola.

 

Da parte das certezas é preciso registrar que estamos caminhando, a passos largos, para o final de mais um ciclo que nos reforça a ideia de idade, de mudança, de projetos, de aspirações... Cada um(a) vai começando a traçar novos planos de ação para alcançar a sonhada felicidade plena. Conseguiremos, no próximo ano?

 

Da minha parte já estou servido. Este primeiro dia do mês de setembro do ano de 2017 marca o começo da minha terceira fase existencial: é o meu primeiro dia como um dos agraciados com o direito de ainda me aposentar e poder usufruir um pouco mais de tempo dos muitos sacrifícios que a vida me foi impondo ao longo da minha existência. Não fui, certamente, dos mais sofredores (afinal o sofrimento pessoal é sempre um fato muito subjetivo que cada um registra apenas para si mesmo). Trocando em miúdos, estou agora consciente de uma realidade que até alguns dias atrás me era um tanto difícil admitir: Já sou ativo na conta da terceira idade. Sempre me julguei (não por vaidade, juro) bastante mais novo que a realidade que o meu registro insistia serenamente em me mostrar. Hoje, a partir de não importa qual ponto de visto (aí incluso o emocional) percebo que já cumpri a maior parte da minha missão. Usando as palavras de um humorista local, falta agora “fechar a conta e passar a régua”!

 

Este processo de transição vinha sendo preparado havia já algum tempo, no entanto, aconteceu de forma meio inesperada em virtude de uma “maleita” que me atingiu. Embora não se trate de nada de gravidade extrema, pois que perfeitamente controlável e, a depender de determinadas condições de possibilidade de transplante, até perfeitamente contornada, impede-me de continuar no ritmo em que vinha habituado, sendo inclusive um dos motivos que pode levar qualquer cidadão a passar ao estado de aposentado. Trata-se de uma DRC conjugada com as respectivas crises agudas de gota, também reconhecido como ácido úrico. Dói! Acreditem que essas crises são doloridas e impeditivas até de andar.

 

Vai ser um pouco difícil sair da rotina acadêmica: o convívio com o jovens, com os companheiros de luta, com os problemas que sempre surgem, com as soluções que nem sempre são as mais fáceis ou melhores, as contradições, os aprendizados... tudo isso vai sortir um efeito negativo nestes primeiros dias/meses da nova situação. Do lado da moeda, sempre elas têm dois lados, a maior liberdade para fazer algumas coisas que me eram fazer de modo tão assíduo e, principalmente, sem a pressão de ter, no dia seguinte que estar apostos para o magistério e suas exigências. Vou passar por um período de adaptação, tal como aquela ave que de repente se vê livre para voar e partir em busca da sua liberdade. Só receio que, tal como o encarcerado por muitos anos, não consiga me adequar a uma nova vida de liberdade. Quem fumou cachimbo durante muitos anos, já tem a boca torta.

 

Mas não quero pensar muito nisso agora, afinal este é apenas o primeiro dia. Embora já tenha batido saudade, logo pela manhãzinha – acordei no horário normal de quem vai dar sua aula, mesmo sendo hoje um dia feriado loca – levantei e só depois lembrei que não preciso mais cumprir essa rotina. Acabei voltando para o mar de lençóis e adormeci novamente, para o merecido repouso dos guerreiros.

 

Fica-me, agora, apenas uma obrigação, não cair no tédio, pois ele mata! Um abraço de um ex-trabalhador que agora terá mais tempo para se dedicar a um de seus hobbies preferidos: escrever!

 

Amplexos gerais e irrestritos

 

CRÔNICA MENSAL - JULHO 2017

Tout va très bien Madame La Marquise

Sim, fui um tanto longe para escolher meu título para esta nova crônica, fui, exatamente a 1935 e na voz do inesquecível Sacha Distel (https://www.youtube.com/watch?v=T5WdpSPeQUE). Haverá, no entanto, algum motivo para essa recordação?

Bem, no cenário político do Brasil, neste momento, está mais que propício a uma reinterpretação do sentido que a música nos apresenta: a hecatombe sendo anunciada de modo suavisado. O Palácio governamental caindo de podridão, mas as notícias são bastante animadoras:

     Tout va très bien, Madame la Marquise,
     Tout va très bien, tout va très bien.
     Pourtant, il faut, il faut que l'on vous dise,
     On déplore un tout petit rien:
     Un incident, une bêtise,
     La mort de votre jument grise,
     Mais, à part ça, Madame la Marquise
     Tout va très bien, tout va très bien.

Da parte pessoal nada mais que possa assustar quando você recebe, com tranquilidade, a notícia que "Tout va très bien, Madame la Marquise". É assim que tem que acabar recebendo a notícia que uma parte importante de seu corpo corre o risco de parar de funcionar e, com ela, a sua integralidade. Mas escute a canção. Sorria e continue seu trabalho.

"Tout va très bien, Madame la Marquise" no campo educacional; na saúde, na segurança e, principalmente, na política. Só um pequeno "nada" que é preciso lamentar: os ladrões levaram todo o dinheiro que atendia essas e outras pastas ministeriais, menos aquela que concede aumento aos políticos e permite a compra dos votos necessários à permanência do status quo criado. Como nos é dito na música, fora isso, está tudo às mil maravilhas.

Só um último comentário final: esta música era o "prenúncio artístico" da segunda grande guerra mundial. Quem dera fosse aqui o anúncio da revolução popular que destronaria esses bandidos que hoje se locupletam com o suor dos trabalhadores, porque além disso: "Tout vá trés bien..."

 

CRÕNICA MENSAL - JUNHO 2017

Nas voltas que o tempo dá

Não há como correr atrás do tempo, a história não para. O homem não para, por mais que ele esqueça de avançar ou regredir, apenas estagna no aguardo de oportunidades de seguir sua viagem. O destino? Quantas vezes o acaso. Sem rumo!

Estive nesse estágio letárgico entre março e este mês, o junino. Falta do que dizer? Não! Antes excesso do que dizer/fazer! Tudo ao mesmo tempo! Embora eu consiga manobrar vários assuntos a um tempo só, momentos vivencio em que o silêncio me é mais proveitoso... é algo pessoal, subjetivo, quase uma marca registrada: silenciar para, depois, poder gritar mais alto.

Retomo meus escritos, cada dia mais cheio de vazios, de incertezas, de dúvidas e de questionamentos. Isso me ajuda a viver e, principalmente, a tentar entender os outros, já que a mim, decididamente, não entendo.

Do ponto de vista profissional posso garantir que estou cada dia mais convicto de que tenho uma missão a cumprir (e cumprirei) mesmo se o caminho está armadilhado, minado e se torna perigoso. Afinal, a vida sem aventuras seria monótona por demais.

Do ponto de vista social confesso estranhar meios e fins praticados por seres que deveriam ser, por princípio moral e ético, semelhantes e irmanados num mesmo ideal: o bem viver dentro das possibilidades conquistadas. O TER, contudo, impõe barreiras cada dia mais intransponíveis ao bom relacionamento entre seres teimam em separar o que deveria ser indissociável.

Na política prefiro esforçar-me (apenas não garanto lograr êxito) para entender as contradições e aberrações que se espalham pela cena de forma assustadora. O país está nitidamente à deriva: o timoneiro foi acometido de loucura súbita e irreversível; a tripulação passou a sofrer de crises agudas de cleptomania que se caracterizam por um transtorno incapacitante pertencente ao grupo de patologias que atingem tanto os homens quanto as mulheres. O tratamento para político cleptomaníaco, no meu ponto de vista, deve ter por base umas férias merecidas em algum presídio de segurança máxima e mordomia mínima em que estejam "hospedadas" celebridades do crime, evitando-se, assim, mais prejuízos financeiros e sociais ao povo brasileiro.

No pessoal, só a lamentar o deterioramento do estado de saúde de minha genitora, que muito me inquieta! São quase 93 anos e algumas sequelas de um (ou vários) AVC. Vivo um suspense!

 

CRÔNICA MENSAL - 03 MARÇO 2017

O mês já se apresenta lépido e fagueiro. Começou ontem e já estamos a 12 - quase metade dele já se foi. Irá mais rápido com os acontecimentos previstos: aos 15 dias uma greve de proporções que se esperam assustadoras a tal ponto que façam ruir devaneios de governo do ilegítimo; encontros acadêmicos de alguma monta no plano intelectual; festinha de "parabéns a você" - para mim - e a comemoração fora do tempo/dia dos 10.000 acessos a este humilde local que se pretende de partilha de algum saber/experiência.

 

De algum modo toda essa "notoriedade" me assusta. Fazendo pequenos cálculos percebo que este meu pequeno site consegue, não sei como, estabelecer uma média de 750 a 800 acessos por mês. Nem por isso lhe dou mais assistência (pai ingrato - desculpem a metáfora!). Não coloquei outros "gadgets" de mensuração que aquele de acessos, por esse motivo não consigo estabelecer uma "fronteira" para o alcance que esses números, modestos, podem representar. No entanto posso afirmar que eles são suficientes para que me façam criar mais ânimo para "prestarmaistenção" (que eu não presto) a algo que se agiganta diante de mim, me trazendo responsabilidades.

 

Antes de tudo mais só preciso agradecer a todos(as) que me visitam e de uma forma ou de outra interagem comigo. Não consegui (sou inábil com estas coisas das tequinologias) colocar um ponto geral de troca de ideias - chamam de bate-papo e outros nomes parecidos - não tenho feedback que oriente minha "linha editorial", por isso esta colcha de retalhos. Posso, contudo, dizer que o que aqui "posto" é, em sua maioria, uma lavagem de alma sob qualquer dos aspectos que se observe o publicado. Simples, mas "Honestino da Silva". Talvez pouco profundo, mas não uma "vulgata qualquer". Sou eu falando àqueles que compõem meu ambiente natural, sem fantasias, máscaras ou hipocrisias; sou o eu, verdade.

 

Assustado, sim, diante dos acontecimentos que estão se precipitando a uma velocidade estonteante, mas jamais desnorteado. Olho em volta, um pouco mais longe que costumeiramente, e o que vejo me arrepia bastante. O mundo está em franco processo de desintegração. É um processo que nasce (infelizmente) no social, perpassa a política e assenta na moralidade. Não é só na minha "casa", é assim de igual forma na casa do vizinho, na rua lá no final da cidade, no país lá do outro lado do mundo.

 

Tenho, por isso tudo, um sentimento ruim que não me deixa focar mais além da minha visão cansada: como será a reação de quem um dia, após a miséria, se apercebeu na possibilidade de ter uma vida melhor e que, agora, lhe querem retirar forçando-o a retornar ao nível que um dia desejou abandonar? Nosso povo é ordeiro, pacato e acomodado, mas me causa pavor saber que do acúmulo de sofrimento pode nascer a revolta. Desejo-a, mas temo-a; temo-a, mas incentivo-a! Ninguém merece nada a menos que uma condição digna de vida, principalmente se isso acontecer em detrimento do bem estar próprio e no benefício escandaloso/vergonhoso de outros que deveriam nos representar e evitar, justamente, que sejamos humilhados e vilipendiados por terceiros. Lamentável é constatar que esses terceiros são exatamente aqueles que deveriam estar do nosso lado.

 

A nova ordem - que de nova só tem velharia - ainda não deu o seu cheque-mate, mas o rei está perigosamente ameaçado. nesse combate, só resta uma esperança, única e não garantida, de sucesso: a revolta dos peões. As torres estão sendo facilmente derrubadas; os bispos são coniventes com a marcha dos eventos; os cavalos, coitados, de famintos estão caindo pelas tabelas do tabuleiro e a rainha, vítima de violência contra a mulher, está prostrada, em pré coma, e com a ventilação artificial comprometida pela pelegagem que teima em não respeitar o tubo de oxigênio sobre o qual pisa com a consciência dos danos produzidos. Resumo da ópera: ou lutamos aguerridamente, com unhas, dentes, inteligência e desapego ao pessoal em benefício do coletivo, ou logo mais não passaremos de cachorrinhos encoleirados, treinados e domesticados a servir de brinquedo aos capitalistas. O perigo aumenta quando você começa a não mais oferecer alguma coisa diferente, uma diversão nova para seu dono, pois ele lhe deixará morrer à míngua ou, num golpe de misericórdia, utilizará qualquer dos meios ao seu dispor para se desfazer de sua incomoda presença.

 

Sem aposentadoria. 

 

CRÔNICA MENSAL - 02 FEVEREIRO 2017

A minha reflexão mensal – mais uma vez um pouco atrasada – tem por base as notícias veiculadas neste site do MEC, no qual (não) são respondidas as dúvidas sobre o novo ensino médio: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361#nem_01

 

O site começa conceituando o novo modelo de ensino que está sendo preparado para o futuro próximo (visto que só em meados deste ano se terá uma definição da Base Nacional Comum Curricular – a BNCC) e que a sua implantação se dará apenas a partir de 2018 – tal é uma das duas respostas sistematicamente repetidas pelo MEC ao final do artigo.

 

Quem me conhece, principalmente meus alunos, sabe que eu tenho defendido o fim daquilo que alguém, um dia, classificou como o saber desnecessário. Que saber seria esse? Vejamos a situação do futuro médico que, enquanto aluno do ensino médio, tem que aprender muita matemática, muita física e muita eletricidade. Pergunto: a que serve, neste caso específico, o aprofundamento do saber nestas áreas para esse futuro profissional? Isto não significa, contudo, que esse saber não deva ser ofertado na medida do interesse pessoal do aluno. Esta situação assim apresentada é apenas um exemplo e o meu leitor encontrará com muita facilidade outras que tais. Para todas eles não consigo encontrar a lógica.

 

No entanto, também não encontro nenhuma justificativa para a retirada das disciplinas que nos ensinam a pensar, a refletir, a questionar não só o que está posto, mas e principalmente, aquilo que nos querem obrigar a fazer. Afirmo com toda a convicção que é uma estupidez sem fim levar adiante essa proposta que aí está sendo discutida. É de tal modo estúpida que o próprio MEC não tem resposta mais convincente que aquela que apresenta a quase todas as dúvidas que se “compromete” responder nesse site que indico acima.  A resposta a qualquer questão é, quase que invariavelmente, a mesma:

 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelecerá as competências, os objetivos de aprendizagem e os conhecimentos necessários pra a formação geral do aluno. A previsão é que, até meados de 2017, a BNCC para o ensino médio seja encaminhada ao Conselho Nacional de Educação, que terá de aprová-la para depois ser homologada pelo MEC.

 

A grande questão que sobressai desta resposta é a seguinte: qual será o milagre que o MEC aguarda que aconteça para efetivar essa “formação geral do aluno” se as disciplinas que o ensinam a pensar estão, senão excluídas, pelo menos se encontram colocadas como opcionais?

 

Como educador e formador de novos educadores, também estou sendo convidado a colaborar na discussão/elaboração dessa BNCC, no entanto, por discordar totalmente dos processos adotados para realizar essa discussão, sinto necessidade de permanentemente demonstrar minha total desaprovação ao modelo inicial (que certamente não será alterado uma vez que, pessoalmente, considero essa manobra de chamar as pessoas para alterar algo que foi previamente elaborado por quem tem interesses maiores em que assim permaneça como uma pantomimice), pois tudo está preparado de acordo com o figurino do golpe que está sendo perpetrado.

 

O MEC (não a instituição em si, mas as almas enegrecidas que circulam envoltas em finos trajes dentro de refrigerados ambientes) está perdido na permissividade do culto à corrupção e torna-se defensor de um sub programa educacional para a população de um país que tem tudo para ser uma das potências do mundo, apenas pela necessidade de conluiar-se com a gangue que tomou de assalto o poder estabelecido legalmente, mas colocou em risco suas lindas cabeças; perdido por não ter respostas; perdido por não ter, sequer, perguntas às quais possamos dar nossas respostas; perdido, pois não há situação que para sempre dure e nem pedra dura que resista a muita água mole. A água jamais discute com seus obstáculos, ela simplesmente os contorna. Perdido, pois esquece que o povo ainda é quem mais ordena, pode até demorar a reagir, mas, e por essa razão mesmo, é imprevisível. De repente acontece. Estamos chegando ao ponto de esgotamento da enorme paciência de que somos dotados e catástrofes podem acontecer.

 

As minhas palavras, loucas, não têm o dom de chegar aos céus, mas assim mesmo quero deixar um recado, pois possa ser que ganhe movimentação própria: Estamos ficando saturados de tanta mentira e de tanta hipocrisia, lembrem-se senhores políticos que a mentira tem pernas curtas e, por outro lado, que vocês estão dependendo de um único dedo da classe trabalhadora – aquele dedo que aperta a tecla que registra o nosso voto. Vocês não passam, ressalvadas as honrosas exceções, de pequenas gotas de concentrado de fedor que um dia foram alçados a perfumes franceses contrabandeados e pobremente falsificados. Isto é, o vosso cheiro não dura muito tempo... nós continuaremos aqui!

 

Muito mais haveria para dizer, refletir, mas espero que estejam em condições de fazerem esse pequeno esforço de, junto comigo, somarmos para levar adiante nossa indignação pela situação que se está criando.

 

 

CRÔNICA MENSAL - 01 JANEIRO 2017

Não vi nada novo começar, vi apenas continuísmo de um processo degradador das conquistas historicamente consignadas numa conta dos trabalhadores que nunca encerra, que nunca bate certo. É o caos da desordem – assim mesmo parecendo redundante.

 

Olho em volta e percebo que, infelizmente, não somos os únicos a sofrer com a calamidade política e com a nova cara que querem dar ao capitalismo (em processo de falência) no contexto mundial. Há alguns anos se falava de uma tal de Nova Ordem como se ela fosse apenas mais uma teoria da conspiração. Iluminatis, maçonaria, invasões alienígenas e “tutti quanti” não cansaram de anunciar mudanças (algumas verdadeiras previsões catastróficas absurdas, convenhamos) que o mundo estaria por sofrer. De algum modo a história está aí provando que o mundo entrou em processo de declínio. Não se trata (ou pelo menos ainda não se pode afirmar) do fim do mundo – não que eu acredite nessas teorias da conspiração – mas para quem viveu a segunda metade do século XX e está, neste momento, vivenciando o retrocesso a patamares anteriores à década de 50 (pós guerra) compreenderá que têm sido outros os valores que não só os financeiros que estão despencando: são os valores morais, afetivos, sociais, éticos, estéticos, comportamentais, familiares e cívicos.

 

Perdeu-se o respeito por tudo, exacerbou-se a prática do individualismo desrespeitoso: ninguém mais respeita nada, nem ninguém. A atual sociedade está, sim, precisando passar por um processo de renovação, pois o atual modelo está saturado e não tem mais retorno. À medida que vou escrevendo estas linhas cheias de insipidez tenho na mente, a rodar em slow motion, Mad Max e a Tina Turner cantando “we don't need another hero”.

 

O ser humano parece ter entrado em rota de imbecilização. A prática do pseudo domínio da ciência desumaniza os seres. A apropriação – por parte de alguns – de tudo aquilo que a maioria precisa produz a nefasta exclusão e o aprofundamento das crises sociais. A uns tudo é permitido – mesmo o proibido – a outros tudo é cobrado mesmo o que lhe não é fornecido.

 

Não vejo mais a ação dos “anarquistas graças a Deus” e só percebo aquelas dos cristãos “feitos o diabo”. Não vejo muito mais sentido na educação, nessa educação que serve para aprofundar o fosso entre pobres e ricos. Não vejo mais valor na justiça que se diz cega, mas que enxerga mais de olhos vendados que nós com eles abertos – principalmente aquilo que a ela interessa. Não acredito mais no futuro quando olho para o passado e não consigo me ver no presente.

 

O mundo precisa ser reinventado.

Onde ficou a caverna do Platão? Quem guardou o fogo aceso?

Tenho medo dos mamutes.

 

E o carnaval ainda não passou...

 

 

 

 

CRÔNICA MENSAL - 12 DEZEMBRO 2016

Hoje é o começo do fim mais esperado de algo que sequer devia ter começado: o ano de 2016. Começou rabugento – ou “maussade” (como dizem os franceses) –, mas também  pudera, se fizermos um balanço (coisa que eu não vou fazer, por motivos que não chegam a ser tão óbvios quanto deviam) veremos que pouco fica do lado afirmativo da história que, voluntária ou involuntariamente ajudamos a escrever.

Bom marinheiro, antes de entrar no mar, prepara-se em terra. Depois de tudo e tanto que passamos, ainda existem pessimistas que afirmam (chegam mesmo a jurar de pés juntos) que o 17 será pior. É aí que entra a teoria do marinheiro apontada aí atrás. Vamos preparar mais uma travessia que se aproxima e que traz, envolta em manto espesso, a dúvida que sempre nos é colocada pelo futuro. O que será?

Mas, meu nobre Fernando Pessoa, para além do “Navegar é preciso, viver não é preciso”, permita-me que eu diga que, apesar do mistério que se avizinha, “Viver é preciso, basta saber passar pela tormenta”. Essa travessia está ficando, a cada dia, mais difícil considerando o mar aborrascado, proceloso que nos encara e convida a avançar destemidamente. Todo cuidado é pouco, pois o tridente de Neptuno anda afiado e de haste mais longa para poder, assim, submergir qualquer tentativa de alcançar a costa oposta. E como ele tumultuou nossa travessia neste período que se encerra!

Vimos de tudo um pouco e nada disso foi (pré)visto nem pelos mais renomados praticantes da quiromancia e outros quetais chutadores de previsões catastróficas: fome, peste e guerra! Saímos do conforto do Progresso para sentirmos, na carne, a força da Ordem; vimos nossas crianças nascerem e serem abandonadas devido à má formação, por conta de um mosquitinho de nada; vivemos (passado e presente) a chamada guerra das torcidas – paneleiros contra esquerdopatas – patos contra mortadelas, para, no fim, quem se ferrou foi o peru.

Ao longo desta travessia que gostaria de “olvidar” relembrei múltiplas vezes a mensagem de um fado bem antigo entoado por um fadista lusitano que acredito já não esteja mais entre nós O fadista se chamava António Mourão e o fado que ele perpetuou foi “Ó tempo volta pra trás” escute em: (https://www.youtube.com/watch?v=jTfPYsX7WTA).

Quanto ao futuro que dizem vai começar em dois dias, bem esse só pode ser encarado como um turbilhão de incertezas. Não fosse o contexto sócio-político-econômico do mundo um argumento válido por si só, precisávamos que a igreja viesse dizer que o sangue de Santo Tirso que deixa prever que alguma catástrofe pode acontecer neste ano que se avizinha, face a um fenômeno raro (veja em http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2016-12-23/milagre-sao-januario.html).

Como se fala em São Januário, que a catástrofe não seja mais cruel que uma nova caída para a segundona do Vasco. Pior que isso só uma eleição indireta. Já vais tarde, muito tarde, 2016.

Mas e apesar de tudo... que venha 2017.

 

CRÔNICA MENSAL - 11 NOVEMBRO 2016

O compasso é de espera. Espera ansiosa pelo fim de tanta coisa que mais parece um começo. O começo do fim, que neste caso não deve ser o fim do mundo. Mas anda perto.

Nesta minha já cansada vida não têm sido poucas as ocasiões em que senti que algo se findava, que um ciclo terminava para outro começar - nem sempre de modo mais satisfatório, mas portador de alguma esperança - deste de agora esperamos apenas o fim, não temos sequer - eu pelo menos não tenho - esperança de que dias melhores possam surgir.

Não, não se trata de pessimismo. É uma cruel realidade que se nos apresenta escura, profunda, inimaginável e caótica. Para lutar contra tal estado de pensamento faltam-me armas mais poderosas, não basta que eu seja crítico e tenha uma compreensão mais progressista da questão social, preciso de companheirismo, de protagonismo das massas que sinto anestesiadas, adormecidas, como se nada fosse com elas. Devemos estar lutando, involuntariamente, contra alguma nova droga ou poder que ainda desconhecemos, mas que tem esse poder de entorpecer as mentes humanas.

Estamos sendo vilipendiados, abusados, assaltados em nossos direitos, mumificados em serviço, depauperados, mas inertes, apáticos, robotizados e consentâneos. Esta situação me aflige, me assusta e me revolta.

Continuo na busca por um antídoto contra este novo inimigo social. Conseguirei, pelo menos me manter lúcido, ou duplicarão a dose para me derrubarem de minha postura crítica e não alienada?

 

CRÔNICA MENSAL - 10 OUTUBRO 2016

Com algum atraso motivado dos desdobrar incessante das novidades no campo educacional trago para vocês o meu desabafo do mês que tenta entrar e consonância com a discussão que está sendo feita a respeito da reforma do ensino (que não é só médio) no Brasil. Boa leitura e, se assim o desejarem, estamos à disposição para maior debate sobre o assunto:

 

Mudar é preciso! Mudar o modelo educacional oferecido, seus objetivos e metodologias. Esta é uma verdade incontestável e o governo TEMEROSO teria acertado em cheio se tivesse consultado as bases em vez de nos enfiar goela abaixo a “sua reforma”.

 

Mudar é preciso e consultar as bases mais necessário ainda, mas aí pode morar outro perigo: aquele de patinarmos no solo escorregadio que constitui a mentalidade da maioria da base. Esta análise não é resultado de uma mente menos atenta feito a minha, dirão, mas resultante de análises que vêm sendo feitas e que eu corroboro. Assim, num estudo feito pelo economista e professor da USP Hélio Zylberstajn, em que é feito um cruzamento de dados coletados no Censo do Ensino Superior e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho fica fácil perceber que parte bastante significativa dos nossos diplomas de ensino superior são quase inúteis[1].

 

Temos um excesso de formados em áreas ditas concentradas, nas quais a relação formados números de vagas ofertadas é desproporcional. Estão nesse caso, segundo a mesma fonte, os formados em: Direito, Administração, Professores (e aqui é preciso dar um destaque mais adiante), Saúde e Computação. As causas principais dessa busca incessante pelo curso superior localiza-se, principalmente, na falta de uma conscientização da população que a faça refletir que em vez de um diploma em alguma área saturada é melhor um curso técnico numa área emergente na qual falta mão de obra especializada. Nisso o Brasil está muito bem definido, como diz um antigo ditado popular: “Ou é calça de veludo, ou é bunda de fora”; ou a população é analfabeta funcional (desempregada) e a grande maioria, ou vira “doutor” e cai no subemprego causado pela excepcional oferta de mão de obra, tão ao agrado do capital. No Brasil o desemprego é muito mais pela falta de qualificação do trabalhador que pela falta de oferta de vagas que é a segunda razão do desemprego.

 

Pode parecer contraditória a relação que se estabelece entre os formados em professores – e acima elencados como área de concentração na formação – e a informação de que no Brasil estão faltando, pelas últimas estatísticas, cerca de 170.000 (cento e setenta mil) professores só na educação básica[2]. Claro que não vamos aqui entrar em detalhes sobre todos os motivos que conduzem a essa escassez, mas um desses motivos precisamos esclarecer para que não pairem dúvidas. O conjunto fechado – falta de reconhecimento socioeconômico, a falta de políticas de valorização, a falta de melhores condições de trabalho (para falarmos apenas netas) – é a razão do descrédito que tem atingido a área e que, queiramos ou não, só atrai os menos qualificados. Esta inferior qualificação permite ao empregador (particular e/ou estado) oferecer cada vez mais péssimos salários que não são atrativos. Cria-se uma espécie de círculo fechado (mau pagamento – mau professor – mau trabalhador – mau estudante – mau professor – mau pagamento).   

 

Para Hélio Zylberstajn: “Estamos carentes de técnicos. No ensino médio, deveríamos formar mão de obra em cooperação com as empresas”[3]. Ótimo, talvez esteja aí um caminho, porém, não podemos entregar a galinha para ser engordada pela raposa. A formação de mão de obra qualificada pode e deve percorrer esses caminho desde que ele seja “aplainado” por uma prática educacional, crítica, humanística que consiga perceber muito mais que a simples satisfação do Deus mercado de trabalho. Países da Europa que utilizam, com algum sucesso, esse tipo de formação – estão listados entre aqueles ditos do primeiro mundo e, mesmo enfrentando crises como esta que nos assola no presente garantem à sua população um nível de satisfação de vida considerado aceitável mesmo para aqueles que recebem o famigerado salário mínimo que deveria ser apenas um ponto de referência, mas que acabou se transformando numa prática salarial, principalmente ao sul do equador.

 

A mim me aflige perceber a baixa idade dos nossos estudantes que estão adentrando a universidade, não se trata de capacidade de aprendizagem ou algo parecido o motivo da minha preocupação, não. O que mais me inquieta é saber que esse tipo de estudante – não posso generalizar, mas é sempre possível afirmar que se trata de uma maioria – não tem ainda lustração para fazer escolha de uma profissão que poderá desenvolver pelo resto de sua vida – ou não. Muitos se frustram durante o curso ou, o que é pior, ao final do mesmo e ter que enfrentar o mercado de trabalho. Tudo isto falta de uma abordagem – por mais que superficial ou de nível técnico – que o nosso sistema de ensino não proporciona. Vive-se a ilusão – amplamente difundida pelo capital – que quanto mais estudo, mais facilidade de encontrar o trabalho dos sonhos, a realidade, porém, é bem diferente considerando que uma porcentagem elevada de formados não consegue exercer as funções dentro daquilo para que se formou. Pensando nisso e ainda segundo a mesma fonte, diz Tania Casado, do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP: "É preciso olhar para o lado e ver que há muitas posições não preenchidas, porque as pessoas não têm estudo específico. Os jovens precisam saber disso ao se lançarem em um curso".

 

Então, vamos fazer uma discussão aberta, ampla, com a sociedade; vamos mostrar onde estão os pontos de estrangulamento na busca por um emprego; vamos desmistificar a compreensão de que o povo precisa ser todo “Doutor”; vamos mudar conceitos e práticas; vamos mudar esse governo fajuto que aí está e que demonstra ter um olhar enviesado para o capital em detrimento da melhoria das condições de vida de toda a população.

 

Mudar é preciso, mas não da forma como está sendo feito.

 

[1] http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37867638

[2] ttp://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2015/08/20/internas_educacao,680122/desinteresse-cresce-e-faltam-170-mil-professores-na-educacao-basica.shtml

[3] http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37867638

 

CRÔNICA INICIAL - 01

Surge-me a ideia de lançar, aqui, uma página que resuma, um pouco do trabalho prático/teórico/reflexivo que desenvolvo ao longo do tempo. Considerando que não sou pessoa de remoer muito tempo as ideias - para não perdê-las ou para acabar desistindo delas por considerar que serão causa discutível - nasce, então a Crônica Mensal.

Talvez erroneamente, não determino data exata para a esta vir a lume, pois tal como qualquer outra atividade esta também estará sempre sujeita aos percalços que surgem na vida do seu idealizador. A promessa (Quem promete não quer cumprir - diz um ditado bem velhinho!) é que ao final de cada mês eu produza um "apanhado" das atividades as mais diversas que por aqui tenha veiculado.

Janeiro já se foi para dar lugar ao apressadinho! Sim, apressadinho por ser menor que os outros, parecendo estar com urgência de ver o Março chegar. Mas é uma camaradinha meio perigoso, disfarçado de bonzinho; vejam só, além de apressado é, normalmente, o encarregado de trazer encomendas "nem sempre muito desejadas". Momo ajuda nessa tarefa! Aos descuidados, essas duas peças - Fevereiro e Momo - costumam trazer surpresas um tanto fora dos planos pessoais de cada um, mas para isso há solução - preservar é preciso. Tudo isto para dizer que já estamos no segundo mês do ano e que, portanto, já estou devendo uma publicação.

As notícias, principalmente aqueles que nos envolvem de mais perto, não são muito auspiciosas e em quantidade suficiente para fazer uma publicação específica. Enfrentamos mais um movimento paredista - a que também chamam de greve. Este estado, de coisas sempre emperra um pouco (ou muito) o bom andamento de nossos projetos institucionais e, pela via mais reta os projetos pessoais. Professores que se afastam, alunos que não estão em contato direto com a instituição de forma regular, uma carência de atualização das decisões e das possibilidades de desenvolvimento coletivo e/ou individual.

Temos o caso das bolsas que estão sendo ofertadas: não vou dizer que se corra o risco de não serem colocadas em prática, aponto, tão simplesmente, para a precariedade de seleção de alunos que podem, de alguma forma, ser cerceados no seu legítimo direito de concorrer a elas pelo fato de não estarem em contato com a instituição de modo usual. Quantos deles têm problemas de transporte - do qual dependem para chegar à universidade e que, em ocasiões como este de movimento paredista são suspensos? É desses, principalmente que falo, é deles, principalmente que lembro quando vejo as condições exigidas para que o aluno possa participar. Mas a vida deve continuar.

Do ponto de vista do trabalho interno, continuamos, aqueles que não são apologistas do atual movimento - entenda-se essa particularidade da atualidade - estão a postos para atender, principalmente, a alunos que se submeteram a concursos e passaram. Esses não podem, nem devem ser prejudicados, isto é, não mais que os outros, pois prejudicados todo mundo é, mas esta é uma condição que precisa ser compreendida como parte do processo de formação, de aprendizagem, de construção coletiva de ideias.

As discussões de documentação necessária ao melhoramento das condições de trabalho continuam a acontecer, mesmo se com um público reduzido, mas não menos comprometido com o debate das ideias lançadas por quem tem a incumbência de fazer as regras. Eles fazem as regras e nós somos quem tem que segui-las, por isso, somos responsáveis pela sua análise e possíveis correções das distorções que possam aparecer, de modo a que se tornem viáveis e executáveis. Pena que nem todos estão presentes para fazer essa discussão, fato que poderá, amanhã gerar desentendimentos entre quem discutiu e quem vai dizer que não participou da discussão. Bem, as discussões são abertas e estão acontecendo... cada um terá que entender que prazos são para serem cumpridos e que "quem quer peixe, deve ir pescar". Desculpem a metáfora, mas me pareceu oportuno utilizá-la.

Por hoje pouco mais me resta dizer, no plano da concretude, especulações há muitas, mas não serei eu a alimentá-las. O concreto me dá bastante que fazer.

Continuo sempre aberto ao diálogo e à troca de ideias. Sabem como me encontrar!

Um feliz Fevereiro e já conhecem o surrado bordão: "Se forem brincar, vistam a camisinha"!

 

CRÔNICA 2 - FEVEREIRO

E o mês de fevereiro passou bissexto.

Essa característica específica desse mês do ano faz dele um mês especial, pois permite, de quatro em quatro anos, que fiquemos menos velhos durante um dia. Apesar de não ser o meu mês, sou de março, sempre tive bons motivos para considerar fevereiro um excelente mês. Tempo de realizações, de concretizações, de avanços na vida. Este não foi diferente e com vantagens.

Foi num mês de fevereiro (2013) que concluí o meu doutorado: alegria sem par e a concretização de um sonho que muita gente acreditava que eu não conseguiria realizar. De feliz dancei “O Quebra Nozes” e fiz inveja aos bailarinos do “Bolshoi”.

Fevereiro foi, também, um ponto final num estado de greve que se prolongava por mais de dois anos, na instituição em que trabalho. Não quero entrar, aqui, no mérito ou demérito da ação, pois creio que não deve ser este o foro mais legítimo para fazer essa discussão: quero apenas deixar meu ponto de vista, rápido e rasteiro – fui contra ESSA greve, não sou contra a greve, mas fui contra essa que julguei (e tenho o direito de ter opinião própria) descabida. Só!

Foi também um mês de desilusões do ponto de vista profissional. Não por algo mais abrangente, mas por atitudes que considero menos dignas da parte de quem decide. Tive um projeto de extensão recusado pela incompetências de algun(s) dos meus pares. Negaram-me o direito de continuar trabalhando (de forma institucional) num projeto que vimos desenvolvendo há aproximadamente um ano, do qual temos apenas elogios e resultados relevantes para a educação de uma população mais carenciada. “C’est la vie”, dirão os franceses.

Mas tivemos, também, boníssimas e reconfortantes notícias: Meu parceiro, meu ex-aluno e ex-companheiro nesse projeto que cito acima, o PP (Pedro Paulo), teve sucesso na sua tentativa de ingressar no mestrado em educação na UECE. Parabéns e o maior sucesso, sempre; A também minha ex-aluna e colega de profissão, Cicera Cosmo, foi outra guerreira que também logrou aprovação no mestrado em educação da UFPB. A estes dois, em especial, deixo minha maior força, pois sem falsas modéstias posso afirmar que tenho uma ínfima parcela de contribuição para o sucesso deles, mas o grande mérito é, sem dúvida, dos dois. Quero estender as minhas congratulações com outras ex-alunas que também passaram nas suas tentativas de ingressar no mesmo programa de mestrado. A todos, os meus mais sinceros parabéns.

Mas a cereja do bolo eu deixei para última notícia: Já não é segredo nem novidade para ninguém: foi em fevereiro (decorridos 20 dias dos 29) que recebi a confirmação da minha primeira publicação em revista classificada pelas CAPES como A1 – a top das classificações. Muita felicidade para um recém-doutor (afinal são apenas três anos na categoria) que luta contra um mar imenso e sem fundo determinado de detrações. Mais uma vez faço inveja ao “Bolshoi” e além d’“O Quebra Nozes” dancei também o “Cisne Negro”!

Março, sejas bem vindo! És o meu mês, quero muitas alegrias!

Próximo mês eu conto!

 

CRÔNICA MENSAL 3 – MARÇO

A retomada das atividades docentes, depois de um período assaz longo de greve traz sempre algum desconforto. Não é do ponto de vista da retomada do trabalho, mas muito mais da retomada de um período letivo interrompido abruptamente e a distância entre pontos (de suspensão e de retomada) que obriga a um recomeçar do zero e complicar a carga didática destinada à disciplina. Mas a capacidade de adaptação que somos obrigados a desenvolver nos permite, sem traumas maiores, resolver satisfatoriamente a peleja.

 

O meu mês começava, portanto no sacrifício geral, mas mal sabia eu que as recompensas estavam por chegar. A quantidade de trabalho avolumada que nos aguardava após a greve fez com que quase abandonasse por completo este meu cantinho tão estimado. Cansaço deveria ser o adjetivo que melhor traduzisse o meu estado ao longo do mês, mesmo se com o desenrolar dos dias a tempestade tendesse a amenizar-se. Mas neste Março eu completei a belíssima idade de 65 anos (um jovem, diria!) e essa carga de tempo não costuma perdoar com facilidade os abusos.

 

Felizmente nem tudo são dificuldades! O cenário geral pode até parecer de guerra (veja-se a situação caótica que se estabeleceu na política nacional), a realidade nos chamando à reflexão e nos deixando entre atônitos e paralisados, diante das decisões que se faz urgente assumir. Toda cautela é pouca para não avançar algum sinal de forma imprudente, considerando a intermitência amarela que o sinaleiro nos envia. Foi assim, vagarosa e prudentemente que as instituições avançaram (será que houve algum avanço) num rumo não muito definido, cheio de incertezas, A vida, em sua generalidade se recente desse processo.

 

Cheguei, assim entre indecisões e temores, ao único dia que me dava uma certeza inquestionável em meio a tanta insegurança – o dia do meu natalício. Era fato consumado, completava-se mais um ciclo de minha vida e outro de imediato se iniciava.

 

Atentava durante todo mês para possíveis apontamentos que me dissessem que, pelo menos a educação estava ainda VIVA, mas nada me dava sinais de reação. Parecia que os seus órgãos vitais também haviam sido atingidos com a mesma violência que sofre o pobre fígado do boxeador durante os primeiros momentos do combate, período em que cada um dos contendores tenta minar a resistência do adversário. Inquietava-me! Lembrava constantemente que há um velho ditado que diz que “Quando não há notícias, não há más notícias”. Mas em educação, a falta de notícias tem, para mim, um gosto amargo de quietude, de paralização, de inoperância, de comodismo que me gela a espinhal medula e me causa aquilo que os franceses chamam de “gêne”[1] e o velho ditado é regularmente desmentido.

 

Escolas sem lotação docente efetuada, atraso no início do ano letivo, docentes sem receberem os parcos salários que lhe oferecem em troca de tanta dedicação, a incerteza incomodativa da possibilidade de se dar continuidade a um trabalho iniciado, as crianças servindo permanentemente de joguete entre as práticas diferenciadas de programas aos quais se estavam habituando e com os quais estavam obtendo resultados superiores aos esperados... angústia! A educação não é mesmo uma prioridade, não importa o que digam ou o que propalem aos sete ventos como “desejos” para a área através de discursos vazios de sentido prático e abortados de gestações voluntárias e desejadas. A sua existência está muito próxima daquela da criança abandonada na roda do mosteiro, ou herdeira do acaso, dependente de boas ações praticadas por “estranhos” que dela não querem mais que se aproveitar-se para seus fins mais ou menos escusos!

 

Tenho medo, pois, que também a educação esteja caindo na cilada dos mercadores de negociatas estapafúrdias com o fim último de se locupletarem de uma jovem senhora que tem pouco mais de 55 anos de idade numa existência que se deseja que atinja a longevidade.

 

Não busco recompensas, quando muito algum reconhecimento que nos faz um bem danado ao ego. Este mês foi, nesse aspecto, profícuo e me deixou assaz feliz pela espontaneidade dos acontecimentos. De um lado sou agraciado com uma homenagem pela escolinha na qual venho, tanto bem quanto mal, oferecendo alguns motivos de reflexão na prática docente tendo em vista a formação de seres críticos e socialmente enquadrados. Por outro lado, recebi no decurso deste mês recém-findo, a honraria de cidadão cratense concedida pela Prefeitura desta comarca do Crato/CE. Não sei o que tanto fiz para merecer todas estas honras, mas confesso que as recebo com o coração transbordante de paz, felicidade e, principalmente agradecimento.

 

Que o Abril seja de mais trabalho e resultados afirmativos.

 

[1] Desconforto (T. do A.)

 

CRÔNICA MENSAL 4 - ABRIL

 

Queria muito não ter que fazer esta Crônica mensal. Mas preciso fazê-la até como forma para procurar ultrapassar um momento que a todos entristece, a todos deixa profundas saudades e nos traz à mente momentos inesquecíveis – a passagem para outra dimensão de um ser mais que querido – o pai. Hoje se completam dois anos que o meu foi ao encontro do descanso eterno após uma vida de muita luta, muito esforço e algumas recompensas neste nosso plano. Que ele esteja na paz merecida e que enquanto puder faça cais sobre a nossa família as bênçãos que todos merecemos.

 

Sempre mantive com a morte uma relação respeitosa, mas jamais de medo ou de deboche. Entendo-a como uma fase obrigatória a ser atingida ao fim do cumprimento de uma tarefa que para muitos é, infelizmente, breve e para outros se prolonga por tempos quase imemoráveis, não devendo, portanto, representar uma ruptura na história de um ser. O homem – aqui visto como ser genérico – pode passar de um plano ao outro, mas a sua história sempre permanecerá na mente daqueles com quem teve a oportunidade de privar em vida. Por isso eu não lamento a perda de meu pai, lamento sim, a falta da possibilidade do contato físico, mas me fortaleço no nosso contato espiritual.

 

E nesse fortalecimento que busco a força necessária para encarar as múltiplas facetas que a vida nos prepara. Nesta nossa luta cotidiana somos, muitas vezes, esquecidos, em algumas delas lembrados e noutras até reconhecidos. Somos na natureza, raiz que fixa no chão da nossa luta o tronco, quantas vezes vergado por diversos pesos e ventos agrestes; somos, ocasionalmente, os ramos fortes ou fracos que à sua maneira e capacidade se estendem em resposta à solicitação de apoio; somos, talvez, as folhas que na sua fragilidade respondem pela produção de materiais necessários à sobrevivência que evita, o quanto pode, a ação de dona morte.

 

O meu mês (aquele do meu niver) foi o passado, o mês de março, bem no seu desfecho, por isso e com bastante alegria recebi uma homenagem vinda da escola em que trabalho voluntariamente – a Júlio Joel –, já em pleno mês de abril. Foi emocionante. É sempre uma enorme massagem no ego o fato de sermos reconhecidos e agraciados por aqueles que em nós encontram algo que possa ser útil à sociedade. Só posso agradecer. Valendo-se de pequenos textos que publico aqui e nos meus blogues montaram uma aula, nos moldes que defendo, na qual todos participaram: os alunos, os funcionários, os docentes e o corpo administrativo. Só posso dizer algo simples, pois para o resto sou suspeito: Foi lindo! Tive a presença de minha esposa, de uma das minhas filhas (a outra estava sendo submetida a uma pequena cirurgia) e a presença marcante de minha neta que também poderia ser uma das alunas daquela escolinha, não fosse a distância que nos separa.

 

Mas o mês, para minha surpresa, ainda me reservava mais emoção. No dia 12/04/16 tive a honra de ser agraciado com o “Título de Cidadão Cratense”. Através da iniciativa de um dos vereadores da cidade, nosso amigo e correligionário nas fracas lides políticas em que me envolvo, a Câmara Municipal de Crato concedeu-me esse título. Na cerimônia de entrega estavam presentes, além de toda a vereação local, familiares e amigos, dentre os quais destaco a presença agradável de uma representação da escola supra citada.

 

No meu país costumamos dizer que “não há duas sem três”, talvez não se encontre muita lógica no dizer, mas para nós é bastante emblemático: Algo mais teria que acontecer. Claro está que esse algo (a partir do nosso ditado) é sempre algo mais desagradável, o que talvez justifique a inversão da regra (creio que seria mais lógico dizer que não há três sem duas, mas cada uma sabe o que diz e o porquê diz). Na política sofremos uma quase derrota com os encaminhamentos do processo de impedimento da Presidenta Dilma. Quem acredita na possibilidade de transformação e numa sociedade mais igualitária não pode ter ficado indiferente ante o crime que está sendo perpetrado bem nas nossas barbas e nos percebemos quase que manietados, senão por maiores motivos, pelo baixo quilate do golpe em curso. Nada está perdido, ainda, mas temos que ter consciência que a situação está perigosa. Corremos seríssimos riscos do retorno de uma ditadura que nos trará, principalmente, o retrocesso em todos os patamares em que já tínhamos conseguido grandes vitórias. A classe trabalhadora – a mais carenciada da nossa sociedade – será alvo de perdas que jamais se imaginou que pudessem acontecer.

 

A opinião internacional tenta forçar a declaração do fim do golpe e da permanência da Presidenta Dilma no comando da nação, mas também ela parece insuficiente para atingir o resultado que se espera, talvez por milagre, venha acontecer. Não será fácil e se por acaso vier a acontecer só resta à Presidenta tomar uma atitude diante da impossibilidade que terá de continuar a governar: defender a democracia e convocar eleições diretas, gerais e irrestritas antecipadas. Esse, no fraco entender, o preço que a Presidenta terá que pagar pela incompetência em formar uma equipe vencedora capaz de apoiar as suas decisões. Este não é, em todo o caso, motivo para se pedir o seu impedimento. Motivos maiores para levar as barras dos tribunais e às grades da prisão há em relação aos seus opositores – criminosos reconhecidos e identificados – e no entanto são eles, mais sujos que pau de galinheiro, quem quer e vai julgar alguém que o máximo que se pode dizer é que foi honesta e proba. No Brasil, o crime compensa, principalmente se você for amigo do rei.

 

Hoje somos os “bobos da corte”, os “palhaços” do resto do mundo.  Bem que o general De Gaule dizia: “O Brasil não é um país sério”! Tinha lá as suas razões!

 

CRÔNICA MENSAL 5 - MAIO

 

Maio de Maria, das flores...

 

Mas, como nos diz Djavan, "E o meu jardim da vida / ressecou, morreu / do pé que brotou Maria / nem margarida nasceu".

 

Maria, Marias, foram escorraçadas, espezinhadas, violentadas, estupradas, afastadas e quase depostas. As flores passaram longe do nosso jardim que bem rápido vai ressecando, depois de um período de florescimento que deixava antever o surgimento de um modelo gestacional da economia e da política que se aproximava do recomendável para a coexistência pacífica de todas as classes sociais.

 

Nos campos a sementeira não quer brotar, por falta de insumos; nas cidades o floresce é a violência urbana nos seus mais diversos modelos e práticas; nos corações floresce um sentimento ruim, de raiva, de revolta e ao mesmo tempo de impotência diante dos assaltos vis e sem escrúpulos a que o cidadão vem estando submetido. Na política a deduração que tem, tal qual a moeda, duas faces. Neste caso, as duas faces podem muito bem representar o bem e o mal. Se por um lado ela coloca sob holofotes a porcaria, a sujeira e o roubo deslavado que corrói as entranhas do Brasil, pelo outro lado traz à tona o mau caratismo e o individualismo abjeto de que as pessoas se deixam apossar.

 

O meu jardim da vida está em franca degradação. O tempo foi se encarregando de absorver os nutrientes mais essências à sua robustez deixando-me, agora, com a possibilidade de ir escolhendo entre os restos, aqueles necessários apenas à manutenção de um status minimamente aceitável para dar continuidade a velejar ao sabor da brisa que tomou o lugar dos ventos fortes que sempre enfunaram minhas velas. Lá ao longe, mas embora mais nítida, já dá para perceber a linha do horizonte, o ponto de chegada onde a corrida se encerra. Vou, pois, perdendo o pique para as grandes aventuras. Sigo minha sina de ser sempre sincero e passo a recomendar a quem me aborda que se estiver com medo das minhas respostas, que não faça a pergunta, pois meu lema continua sendo “antes grosso do que falso”!

 

Na vida particular, que ninguém me exige explicações, apenas o registro de um tremendo susto com a saúde de minha genitora, coisas próprias dos seus noventa aninhos, mas que conseguem nos perturbar, mesmo tendo consciência que tudo se pode esperar neste momento. Mas foi só isso, apenas um susto, para felicidade enorme da família. Mas sabemos que as linhas do horizonte começam a convergir.

 

O mundo vive uma agitação ímpar. O homem perdeu o controle sobre si mesmo e não consegue mais estancar o curso tumultuado da história. Já alguém disse que “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”, esse alguém sabia muito bem o que dizia, pois, queiramos ou não, estejamos distantes ou próximos, pensemos liberal ou pós modernamente, Karl Marx foi, é e ainda será “o cara”. A tragédia já foi vivenciada, a farsa está aí a querer impor sua face metade alegre metade triste – indefinível – e nós ineptos e impávidos assistimos, tal qual zumbis, ao desmoronamento das instituições que fomos construindo com gosto de suor e sangue, como se lá na frente algo melhor nos estivesse sendo prometido. Não vislumbro futuro mais promissor que aquele que teve a Fênix. Acredito que teremos, no longo prazo e depois de um caos generalizado, que renascer das cinzas. Arrepiar caminho e refazer a jornada novamente.

O futuro está bem aí...

 

CRÔNICA MENSAL 6 - JUNHO

Corpos e mentes humanas são passíveis de cansaço. Quando o primeiro já se encontra e adiantado estado de uso, a segunda, por mais que deseje manter-se jovial começa a dar sinais de pequenas interferências provenientes da parcial falta de sintonia entre eles. Nesse momento o ser humano reclama as tão merecidas férias.

 

O nosso semestre teve a exata duração daquilo que anuncia (pela primeira vez na minha vida acadêmica esta é a primeira vez que tal acontece). Eis aí, talvez, um motivo a mais para justificar esta fadiga que todos (funcionários, estudantes e professores) apresentamos ao final de mais esta jornada de trabalho.

 

O mês, em si, mais uma vez foi palco de contendas no campo da política que não conseguiram extinguir-se como as chamas das fogueiras das festas juninas. As únicas fogueiras que foram sendo apagadas foram aqueles dos políticos corruptos que “dona justa” foi pegando no seu caminhar um bom bocado tendencioso, mas foi!

 

A educação, nosso interesse maior ficou mais uma vez à deriva com as (des)medidas que "seu Mendoncinha" vem aplicando – a mando desse presidente interino e temporário (que espero o seja por bem pouco tempo mais) que só tem feito besteira e eu por isso mesmo vai ganhar o olho da rua. Como é que a pessoa tem a possibilidade e ser diferente (como dizia querer ser) e o que faz se transforma na maior das possibilidades detratoras do que seja uma administração honesta?

 

Acabou-se mais um programa que estava dando certo – o “Educação Sem Fronteiras”. Um tremendo tiro no pé, mesmo se somos obrigados a aceitar como verdadeiro que havia os protegidos, principalmente no quesito seleção nas áreas abrangidas que não se pode considerar equânime. O FIES, mais um programa que ajudou muitos pobres a alcançarem o sonhado curso superior foi outro dos jogados por terra por esse simulacro de administração, O povo, sempre ele, o mais prejudicado. Não fosse pelo povo, eu iria rir a bandeiras despregadas com essa medida drástica do “temeroso” e sua quadrilha, pois quem viu a maioria dos estudantes com bolsa do programa gritarem “FORA DILMA” e os vê hoje reclamarem o retorno do FIES... não tem dinheiro que pague. É, para mim e para tantos outros que pensam de modo similar, um orgasmo vingativo perceber essas imagens.

 

Tentando, finalmente, construir uma imagem do Brasil neste virar da metade do ano, diria que ele se assemelha a cachorro em dia de São João, no momento em que as bombinhas (algumas verdadeiras bombas de TNT, pesadas) são “espocadas”. Nessa hora, todos os cachorros dobram o rabo para dentro das pernas e se escondem, ganindo sua raiva, mas inofensivos do ponto de vista ferocidade. Assim são nossos políticos ficam ganindo sua raiva, apenas como uma tentativa de defesa dos maus atos praticados. Muitos chegam a beirar as raias da loucura (Bolsocachorro, Felicachorro, Malacachorro) e outros quadrupedes (caninos ou não) mais.

 

CRÔNICA MENSAL 7 - JULHO

Desculpem imodéstia: o editor estará de férias!

 

CRÔNICA MENSAL 8 - AGOSTO

Agosto desgosto, ou nem tanto?

 

Diz o ditado popular que o mês de agosto é aquele do desgosto, terá o povo razão? Bem sei que são crendices, mas até que se prove o contrário, para uns e para outros pode até ser que o adágio se aplique. Não sou superior a ninguém e faço aqui, de público a minha análise da questão. No entanto, antes de chegar agosto, permitam que fale ligeiramente sobre o Julho, das férias para as quais havia traçado planos de retornar sobre mim mesmo, sobre a minha história, os tempos idos e vividos com alguma (há quem diga que é bastante) intensidade.

Explico um pouco melhor esse "retorno sobre mim mesmo". Antes de viajar para a Europa (meu torrão natal), imaginei poder fazer uma espécie de "regressão" tão cara aos psicólogos. Voltar nos tempos passados (se isso é possível) através de reencontros com pessoas, lugares, sabores... história. Missão cumprida com sucesso e tenho imagens que demonstram isso (inauguro hoje a crônica com imagens, um possível avanço!), senão vejamos.

O primeiro e mais importante dos encontros foi com a minha genitora, linda criança no alto de seus quase 91 aninhos. Uma doçura imersa em seu quase total esquecimento. Não me reconheceu, mas isso só fez aumentar ainda mais o amor que sinto por ela. Já que iniciei com um ditado, permitam que passe mais um que traduz bem melhor que qualquer palavra o que acontece: "De velho se volta a menino". Pronto, essa é a minha genitora que em tempos conheci guerreira como poucas.

Esta é a imagem que vou guardar para sempre na minha memória: a serenidade de quem não tem mais problemas na vida a não ser viver seus dias que ainda lhe resta com a melhor condição possível.

Na sequência dos encontros previstos devo relacionar o volta ao convívio pessoal com antigos companheiros de guerra e de resistência a um regime que não soube, jamais, nos respeitar. Podemos registrar em nossos memoriais que somos ex-combatentes, muitos dos quais entregues à própria sorte que, em muitos casos é a sorte dos abandonados, desprotegidos, ignorados que morrem à mingua em qualquer esquina das cidades em que arrastam suas miseráveis vidas. Nem todos pudemos ou soubemos dar um bom encaminhamento ao nosso destino. Dos que pude encontrar deixo registro, dos que por algum acaso nos impediu o reencontro deixo saudades e a promessa de em breve tentar nova aproximação. Nas imagens abaixo o registro de alguns bons momentos:

   

 

 

CRÔNICA MENSAL 09 - SETEMBRO

Eu pertenci a uma força armada chamada Força Aérea: talvez, daí, o motivo que muitos me chamam de voador. Reconheço que muitas das vezes puxo o manche em direção ao ventre – para elevar o nível do meu voo deixando para baixo aquilo que pretendo não me atinja. Não chega a ser, em aeronáutica, uma manobra arriscada, principalmente se se ainda temos teto a atingir. Colocamo-nos bem acima daquilo que, medianamente, pretende nos atingir, independentemente do que seja, de onde venha e qual a intenção.

 

Nessa mesma analogia é possível dizer que o céu não está para brigadeiro. Nuvens pesadas têm surgido, ultimamente, no horizonte distante de nossa imaginação democrática. Voar por instrumentos nunca foi meu forte. Prefiro a liberdade de escolher rotas, planos de voo, altitude, velocidade de cruzeiro e, principalmente, a tripulação. Sobre passageiros deixo registrado que somos todos, salvo o piloto e o pessoal de bordo. Traçar um plano de voo requer conhecimento e razão. Escolher os melhores e mais apropriados locais para pousar e, se necessário, fazer o reabastecimento de todo tipo de insumos pode requerer tempo, saber e poder.

 

A troca de equipe nem sempre ocorre da forma mais sincrônica possível. Em determinadas ocasiões chega a ser traumática. Apenas relembrando o fato de que substituir (06) seis por meia dúzia não é exatamente trocar Paulo Freire (por muito que eu tenha algumas barreiras contra) por Alexandre Frota (de quem só escrevo o nome com maiúscula por imposição da norma linguística). Relembro, permitam-me um devaneio, uma analogia, com a indústria da discografia nacional em que uma das maiores “produtoras” tinha por selo “A voz do dono”. Inocentes, todos nós, como acreditávamos que ali estava o que melhor existia em se tratando se “som”. Pare. Analise a expressão: “A voz do dono”.

 

A voz é de quem manda e quem manda tem status de quem é “dono”. Dono de quê?

Dono da sua vontade.

Dono do seu futuro.

Dono do seu bem-estar.

Dono de nada que seja dele, mas do qual ele pretende se beneficiar.

Dono de promessas que jamais cumprirá em defesa do seu – leitor – direito de não dizer nada porque ele comprou o seu direito dizer de dizer.

 

Pior:

VOCÊ vendeu seu direito de reclamar;

VOCÊ entregou nas mãos de outro um direito inalienável;

VOCÊ se vendeu por um benefício imediato contra uma penúria constante;

VOCÊ é cego, pois não consegue ver que o voto errado de hoje representa sua miséria amanhã.

 

Na educação – aparelho ideológico de Estado – a crise atinge um patamar de retrocesso que só pode ser comparado com aquele vivenciado no início dos anos 60 – com o sistema militarista – que evidenciava a adesão da elite brasileira aos contornos da ditadura fascista. Outras áreas vitais para a sociedade brasileira estão sendo, igualmente, vilipendiadas por esse governo e esses partidos políticos corruptos e sem a menor vergonha. Precisamos tomar posições firmes. Assumir a revolta popular se isso for necessário.

 

“Submeter-se é preciso, resistir e progredir não é preciso” – é uma boa sátira ao pensar do poeta lusitano Fernando Pessoa que dizia, em seu saber: “Navegar é preciso, viver não é preciso. Importante é manter o capital crescente, mesmo se às custas do mal-estar da população em geral. Mas os tempos são outros. Em poucos anos sem mordaça o povo aprendeu a dizer sua vontade. É nesse povo que eu ainda confio para sair deste emaranhado de fazeres/dizeres que mais confunde (vontade expressa) que ajuda a sair para a luz do progresso (tão caro, ao que parece, na nossa bandeira) e à vontade de um povo por séculos explorado sem a menor chance de mostrar seu real valor. Quando, esporadicamente (ou por acidente) o povo consegue dizer sua palavra, essa palavra é LIBERDADE.

 

#FORATEMER      #CADEIATEMER      #CADEIACUNHA