curiosidades educacionais

 

Brasil “não tem espaço para todos, só para os melhores”, diz Weintraub a crianças.

Esta colocação do Sr. Sinistro da educação (é voluntária a escrita nesse molde) é, no mínimo, um atestado passado por algum Haras que nem deve ser dos mais famosos.

Só queria ter oportunidade de perguntar ao Sr. Sinistro qual é o conceito, ou a regra que ele usa para medir a capacidade de cada um. Tenho a certeza que eu, simples mortal que nunca estive entre os melhores em tantas coisas, o humilharia e lhe provaria que ele não tem moral intelectual para definir quem são esses tais “melhores”.

E acreditem-me, não precisaria buscar grandes teorias para provar que ele é um dos piores – é está SINISTRO de uma pasta, da qual não conhece nem o bê-á-bá.

É triste quando a pessoa se arvora de grande intelectualidade, mas não passa de um analfabeto nas coisas da vida, já que na academia se fala que ele não foi tão ilustre quanto mostra ser (a ver pelas besteiras que diz é de se acreditar).

Apenas para desafiá-lo (olhem lá eu me imaginando, crente que minhas palavras loucas vão chegar ao Éden!) coloco-lhe um simples desafio para me mostrar que é um dos melhores e que merece o lugar que ocupa: Sr. Sinistro, o Sr. tem dez (10) tentativas para conseguir colocar uma agulha de costura em pé no gargalo de uma garrafa. Coisa bem simples, mas que só os melhores conseguem fazer. E permita-me a avaliação antecipada, o Sr. Vai fracassar, mostrando assim que não merece estar no Brasil, pois aqui “não tem espaço para todos, só para os melhores”, segundo a sua privilegiada cabeça.   

Um pouquinho de humildade, outro tanto de reflexão, o dobro de estudo e principalmente dar dez (10) voltas com a língua na boca antes de dizer asneira é sinal de Inteligência de uma pessoa que ocupa esse lugar que Sr. inadequadamente ocupa. Não gaste muito sua língua (que parece presa) lambendo o outro incapacitado que ocupa o lugar acima do seu, pois amanhã poderá não mais estar nesse lugar e vir a precisar dela. Creia que apenas lhe desejo o melhor: limitar-se às suas reais capacidades e deixe quem sabe fazer trabalhar e mostrar serviço útil à nação. Por enquanto o s.r. só tem mostrado incapacidades e trazido prejuízos.

 

Fazer cortesia com o chapéu alheio

chapeu

 fonte da imagem: http://www.josepedriali.com.br/2019/06/licao-presidencial-o-que-e-fazer.html

Todos nós sabemos que é política do atual Governo Bolsominion desestruturar e desmonetizar a educação pública brasileira. É fato nítido e sem a menor sombra de dúvidas para qualquer pessoa minimamente consciente da situação que o país atravessa.

Ora pois muito bem, percebo, ao vasculhar as páginas do MEC, já que o site fala de educação e essa é a minha praia, que há um proposta de aumentar as atuais 230 mil vagas de ensino médio em tempo integral de mais 500 mil vagas, isto é, ao final teríamos o atual número de vagas triplicado. Confesso que me entusiasma essa ideia, mas ao mesmo tempo fico apreensivo com a notícia.

O entusiasmo parte da noção que tenho que o Brasil é um país de algumas centenas de profissionais altamente qualificados, via universidades (mas não são todos, tem muito analfabeto com o título de DR!), e uma massa amorfa de analfabetos ou sem profissão definida. Isso é, a meu ver, uma questão extremamente preocupante para quem pensa um Brasil traçando uma linha ascendente na sua qualificação entre as grandes potências do mundo.

A realidade nua e crua está posta na mesa: o governo federal não dá a mínima para o setor basilar da sociedade que é a educação. Todos estamos cansados e desestimulados com a situação que essa aberração a quem chamam de presidente tem criado, através de aberrações ainda mais graves que nomeia para ministros da pasta. É corte sobre corte nas finanças inicialmente destinadas á educação (que já não eram tão abundantes assim, se comparadas com o que havia sido previsto através das verbas oriundas do pré sal), é “projeto escola sem partido”, é redução das matérias obrigatórias, enfim... não quero ficar indisposto, por isso paro por aqui com as maldades dessa anta administradora de um país que tem tudo para ser um dos principais países do mundo, mas por sua culpa vive de esmolas e de favores de países menores e menos favorecidos que ele. É triste!

Esse ser inominável a quem chamam de presidente, após 500 dias ainda não apresentou um único projeto que eleve a moral do brasileiro. Nestes últimos dias tentou, então, o velho golpe de fazer cortesia com o chapéu alheio.

Quem vai se sujeitar a ser professor nessas escolas com o salário de miséria que lhe pagam, sem condições trabalhistas garantidas, sem o direito a uma aposentadoria? Ou será que para se aposentar como professor é preciso começar a ensinar ainda dentro do ventre materno? Essa criatura, por ventura tem noção (por mínima que seja) das incongruências que anda fazendo e dizendo)? E o povo brasileiro, será que tem noção que um país não se faz só com doutores, que são necessários técnicos capacitados para fazer o serviço que o “Dr.”  Não quer e nem sabe fazer? Será que só vamos ter donos de indústrias... e quem as vai fazer funcionar? Recordo de há uns anos atrás a Petrobras negar a refinaria ao Estado do Ceará jogando na cara do governador que ela não viria para cá porque não existia aqui uma mão de obra qualificada para o trabalho que era necessário fazer. Que bofetada sem luva!

Daí o meu entusiasmo! Claro que defendo a qualificação em nível superior, mas apoio e aguardo fervorosamente a qualificação em nível médio para que a situação de empregabilidade do povo brasileiro possa aumentar e levar o país ao patamar que merece. A falta dessa mão de obra qualificada é o único ponto negativo que vejo (por enquanto) numa possível separação do N/NE do resto do país, separação essa que eu defendo.

Finalmente, para voltar ao ponto principal desta anotação, recomendo prudência (pois você pode enfartar) ao ler o portal.mec.br (Política de fomento à implementação de Escolas de Ensino Médio em tempo integral) (EMTI).

É só um aparte, por hoje!

 

A ESCOLA COMO EU A VEJO (TAMBÉM).

A vida de um pretenso escritor/pesquisador às vezes nos traz surpresas nem sempre agradáveis, mas também nem sempre desagradáveis. Interessante como, em minhas andanças pela Net, na busca por novas sobre educação, caio sobre um texto de um companheiro/conterrâneo, da Universidade do Minho – Portugal que nos fala, nas páginas de um jornal português, (http://www.gfenlyonnais.fr/?page_id=1713) “Nos labirintos da educação”[1], poucos dias depois de eu ter descrito aqui mesmo, logo aí abaixo, uma metodologia de ensino que, no meu entender, é capaz de fazer a diferença no processo de ensino aprendizagem. Tenho, portanto, dois referenciais de peso para embasar este meu escrito, a partir da interpretação que faço das palavras de Afonso e do teor do Manifesto dos educadores franceses.

De Afonso, retiro principalmente duas citações que ele faz – uma de Adorno e outra de Pierre Bourdieu que de algum modo se complementam e nos ajudam a entender melhor a proposta do manifesto. De Adorno, diz Afonso: ““A liberdade consiste em não eleger entre branco e preto, mas em fugir de toda a alternativa preestabelecida.” Um conceito de liberdade que certa e seguramente não se registra em 90% das nossas escolas. De Bourdieu, fala o  minhoto:

A “violência mais visível” só pode ser diminuída se houver um “trabalho global de reduzir a violência que persiste em ser invisível (...), aquela que se exerce diariamente nas famílias, nas fábricas, nos escritórios, nas prisões, na polícia, e mesmo nos hospitais e nas escolas, e que é o produto da ‘violência inerte’ das estruturas económicas e sociais (...) que contribuem para as reproduzir”. (todas as aspas são do autor)

A violência simbólica tão decantada e que se transforma num dos maiores empecilhos ao processo educativo e evolutivo da ser humano, principalmente quando ela começa logo na infância.

José António Afonso traz-nos a sua leitura analítica de um documento que embora tenha sido elaborado em 2016, só agora parece ter sido divulgado, pelo menos essa é a minha leitura. Tive algumas dificuldades com o léxico lusitano – o meu, de origem - e por esse motivo tive que recorrer várias vezes ao chamado pai dos inteligentes, o dicionário. Nas foi excelente exercício, o de retornar um pouco ao português legítimo e não esta mixórdia que eu escrevo por aqui. O texto base do José António Afonso é o resultado desse Manifesto já anunciado, realizado na França, nos dias 16, 17 e 18 de setembro de 2016, organizado pelo Grupo Francês de Educação Nova, na cidade de Lyon. Confesso, em pleno acordo com o Prof. Afonso que “Este Manifesto é o retomar do lastro do Congresso de Calais, de 1921, da Liga Internacional da Educação Nova, contribuindo para o forjar, nos tempos presentes, da identidade do movimento pedagógico”.

Ora, uma de minhas lutas tem sido em prol de uma educação a que chamo (também) de libertadora, isto é que permita que o aluno aprenda aquilo que tem necessidade de aprender e não o famigerado beabá da escola que se diz progressista, mas que não dá um passo adiante rumo ao progresso, tal o engessamento a que está exposta. E é aí eu conclamo os meus pares, “pedagogos incrédulos” (MEIRIEU, como nos traz nosso companheiro Afonso) a que tomemos em nossas mãos uma escola capaz de inovar, de dar a quem a procura a possibilidade de construir por si mesmo um futuro que atenda suas necessidades.

Esta reconstrução não pode partir de uma escola que apenas trata todos os alunos de igual modo educativo. Há que trata-los como seres iguais em direitos e deveres, mas é preciso respeitar as diferenças intrínsecas a cada qual. É dito que precisamos de uma escola para “Todos Capazes”, reforçando aquilo que Afonso já havia dito ao falar de da Liga de 1921

Precisamos, sim, de uma Escola Nova, talvez não aquela dos tempos de Anízio Teixeira – que já se preocupava com o aluno, colocando-o no centro das atividades letivas – mas de uma Escola Nova que coloque em destaque a aprendizagem necessária ao combate às exigências do mundo presente, que a nosso atual escola parece ignorar. Não é á toa que alguém já disse que estamos vivenciando uma escola do século XIX em pleno século XXI.

Este texto já vai longo, mas ainda quero convidar a todo/as a virem ler o próximo, nesta mesma rubrica, no qual analisarei ponto a ponto o Manifesto de Lyon de 2016 (já está atrasado, mas ainda não tão longe quanto outros “modelitos” educacionais que por aí são empregados.

Obrigado pela leitura e pelo retorno.

 

[1] Este é o link informado. Caso não abra ao simples clic, copie e cole no seu provedor que dá certo, Eu tive que assim proceder.

 

QUE TAL RESPONDER EM VEZ DE PERGUNTAR?

Nesta rubrica cabe uma pequena experiência que certamente lhe trará resultados que o/a vão surpreender.

Vamos partir do princípio que nós professores não somos os donos do saber, mas temos que ter muitas respostas prontas para perguntas que nos chegam através dos nossos educandos, não é verdade? Pois bem, uma prática que você pode adotar, principalmente com crianças (embora você possa adotar o mesmo sistema com um pouco mais de sofisticação para o ensino fundamental e ir aumentando a importância dos conteúdos até chegar ao ensino superior), é esta que passo a descrever. Use 5?10 minutos de su tempo de aula para esta experiência.

Tome por práxis escolher aleatoriamente um estudante, pode ser uma criancinha ou um adulto, e com ar de alegria e satisfação ofereça-se para responder qualquer pergunta que ele/ela possa fazer. Se não der certo com um/a é porque, certamente não está à vontade para falar consigo. Passe para outro, ou outros, quantos forem necessários até que alguém lhe faça a pergunta. Você tem que estar preparado/a para dar uma resposta que não só atenda ao solicitado, como, se for caso, ir um pouco mais além, deixando o/a estudante bem à vontade para continuar perguntando se assim achar necessário. Não tema falar a verdade, não tema enfrentar tabus (lembrando que toda explicação deverá levar em conta a capacidade cognitiva de quem formula a questão), pois isso passará CONFIANÇA para seus alunos que passarão a olhar para si de outra forma quando você levantar uma pergunta. Eles terão já um pouco de confiança em você e certamente o relacionamento será bastante melhor, mais aberto.

Sei que nosso tempo é curto e não dá para atender todos ao mesmo tempo, aproveite para trabalhar a ordem e o respeito pelo seu vizinho, formando uma espécie de agenda que indicará qual será o estudante que fará a pergunta num determinado dia. Isso também os ajudará a se tornarem mais colaborativos, participativos e certamente que a aprendizagem só terá que agradecer.

Que tal fazer uma experiência? Lembre-se que precisamos reconstruir a imagem tão arranhada do professor. Precisamos voltar a ganhar alguma confiança em vez de agressões.  Mas não podemos esperar que a mudança venha só do outro lado e lembre-se, nós temos algumas respostas, mas para dá-las precisamos ser questionados. O nosso estudante está chegando à universidade (falo com conhecimento profundo de mais de 20 anos de prática) sem querer abrir a boca, usando aquilo a que vulgarmente chamo de linguagem do calango. Não seja só o perguntador que dá nota pela resposta... responda às perguntas que lhe forem feitas com toda a honestidade.

Um alerta!

Como não somos os donos do saber, diante de alguma pergunta para a qual não tenha resposta imediatamente, ofereça-se para estudar junto com a turma ou com o estudante, não invente, nem minta, os estudantes esperam isso de você: que os ensine a aprenderem.

Espero ter contribuído com algo afirmativo para a sua prática docente.

 

Uma análise da nossa atual conjuntura educacional por José Pacheco.

      

Um dos meus “maîtres à penser” nas questões da pedagogia deu no dia 15 de maio de 2019 uma entrevista ao UOL, por e-mail, da qual ressalto três pontos: i – “a educação não é para amadores”; ii – sobre os ataques a Paulo Freire ("como poderá ele sair das escolas, se ele nunca nelas entrou?") e iii – sobre a utilização do método fônico ("obsoleto modo de alfabetizar"), além de outros assuntos tão “quentes” quanto estes.

Segundo Pacheco, em recente entrevista ao UOL, em São Paulo, 15/05/2019, (devo admitir que estou 100% de acordo com ele) as proposta de alteração na BNCC (Base Nacional Curricular Comum) e as trapalhadas promovidas pelos dois incompetentes Ministros da Educação não causaram ainda grandes impactos no sistema, pois “Nada mudou, porque, onde deveriam prevalecer critérios de natureza científica e pedagógica, têm prevalecido critérios de natureza administrativa e burocrática. E de nada vale mudar de ministro, se as medidas de política educacional continuarem pautadas nestes critérios e no senso comum”. Desta forma, Pacheco assevera que “A educação não é para amadores”.

Quem como eu tem acompanhado a trajetória e o belo trabalho de Pacheco sabe muito bem ao que ele quer se referir quando fala em amadores: ele envolve todo o sistema num mesmo saco, amarra e joga aos tubarões, numa imagem figurativa. Esta constatação pode ser percebida em qualquer de suas obras (escritas ou palestradas). Logicamente que dentro do sistema se inclui o Ministro da Educação e suas posturas político-educativas. Os nossos dois últimos, em conjunto com o Presidente da República, têm estado para a educação como um choque de dois trens carregados de produtos tóxicos estão para a natureza circundante.

No segundo ponto que destaco novamente me coloco totalmente em sintonia com o seu pensar, pois é muito comum perceber por esse país afora “escolas piagetianas”, “escolas montessorianas” e o que pode parecer mais estranho “escolas freireanas”, mas que, a bem da verdade, são mais tradicionalistas que as “escolas tradicionais”. Daí o Pacheco questionar como alguém pode sair de um local de onde nunca entrou. Ao longo de sua imensa obra, Pacheco não cansa de enaltecer educadores brasileiros e de dizer que o Brasil não precisa tomar emprestados modelos educacionais ou teorias educacionais de quem quer que seja, pois está repleto de bons educadores e vai citando de um por um aqueles que lhe são caros exemplos. O que falta no Brasil, e aí eu faço um ponte com o ponto anterior, é que queira fazer educação profissionalmente, a sério. No meu fazer profissional, enquanto formador de docentes, tenho tentado praticar a prática que dá base à teoria que Pacheco desenvolve, ao mesmo tempo em que junto o saber fazer de outro lusitano que também sigo com igual interesse, António Nóvoa. Mas infelizmente, e nós sabemos bem disso, as universidades são as reprodutoras dos desejos do capital, com grandes pitadas de criticidade, mas nunca em grau suficiente para transformar essa realidade, e por isso o meu caso passa batido em meio a práticas ortodoxas de formação docentes oriundas do projeto de Valnir Chagas lá em 1960. Sou voz abafada, jamais silenciada e, aqui e ali vou fazendo aquilo a que chamo de seguidores de uma prática que se quer libertadora.

Por último, o terceiro dos pontos que destaquei da fala de Pacheco, a insistência no “método fônico de alfabetização”, que de forma alguma se consegue descolar dos dois pontos anteriores. Desde que entrei no sistema educacional como docente de ensino superior, (posso até mesmo justificar a escolha do curso de graduação em Pedagogia em função da não compreensão da formação dos professores no Brasil) que tenho perseguido e buscado incessantemente contribuir para alterar esse modelo essencialmente teórico que a maioria dos cursos oferece, e não falo apenas da Pedagogia, envolvo nesta rede todas as licenciaturas. Resultados, tenho tido alguns, não plenamente satisfatórios – do ponto de vista da prática efetiva em sala de aula, mas nas posturas diante da imposição que o sistema faz aos novos docentes para “adestra-los” ao modelo que é mais conveniente ao atual status quo. Mas é algo muito insipiente, reconheço, mesmo sem baixar guarda e me dispor a lutar cada dia com mais garra. Iniciei um projeto de extensão universitária, com meus bolsistas e voluntários do curso, junto a uma escolinha de primeiros anos do Ensino Fundamental. A diretora acolheu a nossa colaboração com o maior carinho e apoio, motivo pelo qual estávamos iniciando nosso trabalho com garra e determinação. A escolinha pertence ao sistema público municipal e uma das professoras da área de exatas (matemática, no caso), movida por sentimentos menos dignos, dirigiu à Secretaria Municipal de Educação uma queixa contra a diretora que nos acolheu, acusando-a de ter chamados estudantes da universidade para brincar com os alunos que não estavam aprendendo nada. Fui pessoalmente à SME e apresentei a ideia que parece ter agradado à Diretora (que já havia sido minha Reitora), mas assim mesmo, ante a insistência e o mal-estar causado pela postura da dita professora foi obrigada a transferir as duas profissionais. O meu projeto foi por água abaixo.

Precisamos nos conscientizar que é muito difícil fazer educação neste país, pois usando palavras de um ex-presidente da república “forças ocultas” se impõem de tal forma que nos tolhem quase totalmente as iniciativas. Tenho ciência que muito já se avançou nesse quesito, mas tenho a lamentar que entre idas e voltas, pouco tenhamos lucrado com tais avanços, considerando a avaliação externa que nos mostra a realidade da nossa situação educacional.

Quem quiser saber mais sobre a entrevista de José Pacheco poderá obter informações no site: https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/05/15/a-educacao-nao-e-para-amadores-diz-educador-portugues-jose-pacheco.htm?cmpid=copiaecola

 

Reflexões sobre um processo criativo

Normalmente ninguém gosta de escutar opiniões que não que não tenha pedido. É um direito pessoal ao qual eu chamo de “torto pessoal”. Já começo torto para tentar alinhar o meu pensamento. Todos nós – e muito mais o governo, ou quem está encarregado de comandar algo que atinja a população de modo geral deveria considerar/ponderar seus “tortos”. Um bom exemplo, são as pessoas que estão à frente do setor que comanda as políticas públicas de educação. Não basta ter ideias. É necessário que elas sejam ideias “tortas”.

Assim sendo, tortas, cria-se a necessidade e o bom hábito de discutir essas ideias com a finalidade de tentar alinhá-la, de tal forma que possam servir não apenas “aos meus interesses”, mas e de uma forma geral, aos interesses de toda a população ou de sua grande maioria. Quando essa tentativa de alinhamento não se realiza, acontece aquilo que mais vulgarmente estamos habituados a ver: a briga de ideias e as tentativas de denegrir os outros para fazer sobressair “a minha ideia”. Na nossa educação, infelizmente, essa é a mais retomada das práticas. Cada governo que entra achincalha com o modelo educacional dos governos anteriores e quer impor “o seu” modelo.

Primeira causa desse desencontro, desse desalinhamento de ideias é a falta de uma política educacional de Estado. A política educacional de governo conduz a essas brigas e a uma desorganização total do sistema (?) nacional (?) de educação. A segunda causa desse desalinhamento são os interesses omitidos na criação de cada uma das novas “regras” que o sistema deve seguir. Finalmente, desse desalinhamento nasce um deficitário sistema de formação docente. Vejamos o porquê dessas minhas interrogações no meio do paragrafo. A falta de alinhamento permite a “livre iniciativa”, descartando um sistema unificado e possibilitando aquilo que temos hoje: uma multiplicidade de sistemas. A lógica me obriga a considerar que, se em vez de um sistema temos vários, não lhes podemos chamar de nacionais e sim particulares.

Eu sei, tal como você, que a sociedade é múltipla, plural e que por isso seria até recomendada a utilização de múltiplos métodos de ensino. É preciso ponderar essa possibilidade dentro da realidade social do nosso país e não serei eu a dizer que essa ideia não esteja de acordo com a necessidade de contemplar a diversidade social, mas uma coisa são métodos, outras são teorias que permitam atingir os fins/objetivos. Analisemos a seguinte situação: duas escolas, para não alargar muito a explicação, têm como objetivo preparar seus alunos para a vida profissional (lembrando sempre que quem prepara para a vida social é a família). Uma delas utiliza o método A, e a outra o método B. Uma delas consegue um sucesso relativamente satisfatório no seu objetivo, a outra não obtém mais que o estritamente necessário e, assim mesmo, com alguma dificuldade. A pergunta que fica: Supondo que ambas têm um corpo docente suficientemente preparado, qual é, então, a razão dessa diferença absurda de resultados?

Tragamos esse exemplo para mais perto da nossa realidade: as mesmas duas escolas, com o objetivo de alfabetizar as crianças que lhes são confiadas, respeitando os mesmos quesitos do exemplo anterior. Uma delas consegue alfabetizar totalmente seus alunos, a outra consegue apenas alfabetizar, deficientemente, parte do seu alunado. A mesma pergunta final: qual é, então, a razão dessa diferença absurda de resultados?

Não vou responder de imediato para permitir a vossa reflexão por alguns instantes enquanto lanço o seguinte desafio/proposta: o Brasil precisa elevar o nível educacional de sua população, não de uma parte apenas, de toda ela, do Oiapoque ao Chuí, e em todos os patamares etários. É fato incontestável. No entanto, e para tanto, não adianta “importar” modelos prontos daqui ou dali, pois nós temos no país cabeças suficientemente pensantes capazes de estabelecer um plano educacional que atenda a todas as necessidades do país, bastando para tanto que se coloquem à margem todos os interesses pessoais, as diferenças partidárias e outras quezilas similares. Uma mesa grande, um grupo de pensadores de diferentes opiniões e, principalmente, uma forte representação daqueles que mais diretamente estão ligados ao produto final: os professores/educadores. Formule-se uma política que possa elevar a educação em todo país e desse-lhe um caráter de política de Estado e não uma política de governo A, B ou C. Teremos aí um fazer educação que promete um produto final com alguma qualidade. As melhorias, os diferentes sabores serão regidos pelas peculiaridades de cada região, de cada necessidade, de cada particularidade. Nisso entram os métodos: não posso querer educar adultos com o mesmo b+a=ba que utilizo com as crianças. Não posso ensinar uma criança a construir um muro como ensino a um adulto. Não posso utilizar a mesma abstração para crianças e adultos que uso, por exemplo, com jovens adolescentes que têm já uma mentalidade mais fértil e afiada. Aí surgem os métodos, as metodologias, ousaria até chamar de programas. E não falo em um programa, não falo em uma única metodologia, quem vive o dia-a-dia da sala de aula sabe muito bem que cada momento pode ser mais ou menos propício para utilizar partes deste ou daquele método.

Aprendi, durante o meu curso de formação, ao qual estão chamando de doutrinador, que todo e qualquer recurso que possa permitir a alfabetização do analfabeto deve ser perseguido pelo formador, independentemente de ideologias, crenças ou raças, pois cada um reage de forma diferenciada a um mesmo estímulo. O que não se pode perder de vista, jamais, é o tipo de ser que queremos formar, pois ele será o responsável, amanhã, pelo processo de sociabilidade da humanidade. É a partir desse paradigma de ser humano desejável que devemos traçar nossos planos educacionais. O homem não pode ser transformado num alienado, mas também não pode ser transformado num crítico “oco” que não consiga associar a sua crítica a uma prática eficiente e probatória de sua teoria. A crítica pela crítica é destrutiva. Não defendo o pragmatismo como único modelo educacional, mas concordo que sem uma parcela significante dele não passaremos de papagaios de pirata, repetindo aquilo que noutras oportunidades não trouxeram resultados esperados. Quem é da educação conhece bem (ou deveria conhecer) os resultados obtidos por diversos educadores construtores de teorias: John Lock, J.J Rousseau, Claparede, Maria Montessori, Lepelletier, Froebel, Pestalozzi, Herbart, cada qual com sua teoria e prática condizente, uns mais teóricos, outros mais práticos, cada um com seus motivos e perspectivas em relação à educação de crianças. Claro que os sucessos foram tão variados, quanto variadas eram as teorias. A estas e por estas outras surgiram, num processo de criação de novas possibilidades de educação. A evolução social pedia isso e os pensadores se dedicaram ao estudo de novas metodologias: Jean Piaget, Vigotsky, Paulo Freire (para falar apenas nestes), todos eles preocupados em educar a criança para atender a uma determinada sociedade. É esta, a sociedade quem, infelizmente determina o tipo de educação que devemos ter, por esse motivo, mantermos uma educação de governo, para que cada um possa fazer do jeito que lhe for mais conveniente e não com a preocupação do desenvolvimento social na sua totalidade. Não podemos continuar com este pensamento.

A educação infantil e os primeiros anos do ensino fundamental têm que respeitar as suas devidas etapas e conceitos: numa se encaminha a infância para um processo de aprendizagem da leitura/escrita/compreensão, no momento seguinte construímos uma base visando seu desenvolvimento futuro para sua inserção no mundo do trabalho. A maneira mais ou menos crítica/reflexiva que se deve adotar é aquela do pleno desenvolvimento do conhecimento dos processos de produção e como tal, só no contato direto com eles, a pessoa pode escolher e se tornar um profissional competente à altura que o capitalista deseja, mas sem que possa exercer a exploração sobre o profissional. O mundo, hoje, pertence a meia dúzia de exploradores sem coração que não hesitam em matar seu opositor para se dar melhor na sua vida privada.

Não temos como impor à criança que ela seja aquilo que ela não quer ser, será um pouco o forçar a teoria da vara de Paulo Freire. A resistência a determinada profissão pode conduzir obrigatoriamente um jovem à posição de um mau profissional ou a perca de tempo numa tentativa inútil de o fazer “gostar” de algo que detesta. É nesse sentido que eu defendo que o jovem jamais deve entrar numa faculdade/universidade sem realmente ter a convicção que é aquilo que ele quer ser. Assim mesmo, no transcurso de uma formação inicial, há a possibilidade de descoberta de incompatibilidades, mas estas serão certamente, mínimas.

Tudo até aqui parece muito teórico, na verdade é de teoria, sim, que falo, pois a prática é bem diferente e provem (ou deveria provir) de um acordo social entre os sistemas educacional e sistema produtivo. Nessa minha perspectiva, o estudante, ao completar uma idade que se perceba o início de um amadurecimento da compreensão das coisas do mundo, deveria começar a ter contato direto com esse mundo que o aguarda, lá fora das paredes de casa e da escola. O contato direto com a realidade social e principalmente da produção lhe daria “ideias” sobre seu possível futuro. Não se trata de exploração trabalhista de menores, mas da permissão de observação dos processos de produção em foco. À escola, após essa tomada de decisão por parte do aluno, deveria ter a possibilidade de trabalhar conteúdos humanizados voltados para a profissão desejada. Sempre me questionei por qual motivo o futuro médico precisa ter conhecimentos aprofundados de mecânica e de eletricidade. Não que essas disciplinas devam ser eliminadas, mas apenas estudadas na justa medida da sua aplicabilidade na futura profissão. Duas disciplinas que devem fazer parte obrigatória de qualquer “curso” são a filosofia, a sociologia, a matemática e o domínio da língua pátria. Claro que a história, a geografia e todas as demais disciplinas têm sua importância, mas reforço a ideia que, deveria haver pesos e medidas proporcionais a cada área do conhecimento que cada um queira abraçar.

Resumindo: o que eu quero significar com tudo isto é que o plano nacional de educação deveria estar centrado numa base mínima comum, para atender a todos de forma igualitária que serviria para uma avaliação, e uma parte diversificada que deveria poder atender as especificidades de cursos, regiões, áreas do saber. Pra essa segunda parte a sugestão é os estabelecimentos de ensino que compõem um município possam oferecer variadas alternativas para que o estudante possa escolher entre frequentar uma ou outra. Exemplificando: se um estudante tem mais tendência para as questões comerciais, que haja uma escola que possa melhor lhe preparar para essa área que para outra qualquer ou para uma generalização que desestimula o aprendizado. Se outro aluno tem inclinação para a área tecnológica, que possa ter uma escola que lhe ofereça um estudo mais direcionado para essa área, sempre respeitando o início pelas disciplinas do eixo comum a todas elas, composto pelas disciplinas apontadas acima. Ao final do curso, consideradas as suas avaliações gerais e tomada a média final, o aluno poderá tentar frequentar uma universidade que ofereça a área que ele pretende desenvolver é para a qual concorrerão todos aqueles que tiverem feito o “preparatório” e apresentem média de notas acima da linha de corte que a própria universidade imporá. Partindo dessa prática, asseguro que teremos um ser social crítico e preparado para enfrentar o mercado de trabalho com qualificação e pronto para participar do desenvolvimento da nação.

I’m a dreamer! Mas se cabe no meu sonho, pode caber nas políticas Educacionais de Estado. Sei bem que não descobri nada de novo, apenas tento reforçar uma ideia/força que me parece merecer algum crédito.

 

 

 

  

Embora esta imagem nos remeta quase involuntariamente à música "Another brick on the Wall, dos Pink Floyd, a representação mais singela que eu vejo neste momento é a proposta pelo "sinistro" da educação querendo que a escola seja "apartidária", mas formadora de sectários de extrema direita, obedientes a uma marionete do Tio Trump e com inclinação a nazifascista.

Eliminar do nosso sistema de ensino a Filosofia e a Sociologia corresponde ao desejo da formação de robôs preparados para seguirem as ordens de um doente mental que se apoderou do poder graças a uma causa encubada, existente na elite apodrecida do país. É ela e só ela a responsável pela atual situação que o país atravessa, pois" defende o seu direito de ser a única a ter direitos". O pobre, o negro, a prostituta e o LGBT são sub raças que ela. A elite pretende eliminar - via morte matada, se for o caso - ou via analfabetismo que possa permitir a maior exploração de um ser humano por um animal quase irracional que é esse ser desprezível que se diz pertencer a uma elite analfabeta política.

O autor da imagem (retirada da internet, sem referência à autoria, que eu gostaria de citar) capta de uma forma esplendorosa o novo sentido educacional que se pretende implantar no país, malgrado a imagem nos mostre uma data de 2000. Isto significa o desenvolvimento de um Projeto que há muito vinha sendo praticado e posto a serviço dos fascistas, mesmo com toda a "manipulação ideológica" que, segundo eles a esquerda faz.

Quero só deixar para reflexão: se trocar 6 por meia dúzia, qual a diferença de manipulação ideológica? Quem estará ideologizando mais, a esquerda que abre os olhos do cego político, ou a extrema direita que animaliza o homem para ser explorado feito burro de carga?

Tirem vossas conclusões neste dia consagrado ao trabalho livre e que deveria ser bem remunerado.